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TRATADOS E CONVENÇÕES SOBRE OS DIREITOS HUMANOS E O DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA

Após o terror instaurado pela Segunda Guerra Mundial, momento este em que a pessoa humana foi tratada em condições de seres totalmente descartáveis, sem valor, é que se dá o início e surgimento dos direitos humanos.

O princípio da dignidade da pessoa humana resguarda a dignidade existencial do indivíduo, onde temos elencados a partir deste momento, os direitos fundamentais na Constituição Federal Brasileira:

Visando assegurar direitos fundamentais firmam-se pactos e convenções internacionais sob o patrocínio da ONU, reconhecendo: (a) que tais direitos derivam da dignidade inerente à pessoa humana; (b) que, com relação à Declaração Universal de Direitos Humanos, não pode realizar-se o ideal de homem livre, no desfrute das liberdades civis e políticas se não se criarem condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus direitos civis, como econômicos, sociais e culturais; (c) que a Carta das Nações Unidas impõe aos Estados a obrigação de promover o

53 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na

respeito universal e efetivo dos direitos fundamentais do homem [...].54

Com o propósito de consolidar um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no respeito dos direitos humanos essenciais; nasce o Pacto de San Jose da Costa Rica.

Este pacto reconhece os direitos da pessoa humana, razão de proteção internacional. Seus princípios foram consagrados na Carta da Organização dos Estados Americanos, na Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos internacionais, tanto de âmbito mundial como regional;55

Contudo, não somente a Constituição Federal do Brasil, mas também os acordos internacionais garantem os Direitos Humanos e a inviolabilidade do direito a vida. O Pacto de San Jose da Costa Rica em seu art. 4º dispõe:

Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente. 56

Baseada na ideia da aceitação brasileira da teoria concepcionista, é que o pacto afirma que a vida deve ser protegida desde a concepção.

Reconhecendo que a vida inicia-se pela concepção o Código Civil Brasileiro, de acordo com a Constituição Federal e com o Pacto de São José da Costa Rica, afirma em seu artigo 2º que: “A personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. 57

54 AFONSO DA SILVA, José. Curso de Direito Constitucional Positivo. 39ª. ed. São Paulo:

Malheiros, 2016.

55PACTO DE SAN JOSE DA COSTA RICA. Disponível em:

<http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm>. Acesso em 09 de abril. 2017.

56Ibid.

57Código Civil Brasileiro. Disponível em: <

O art. 17º da Convenção dispõe ainda “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado”.

Complementando o art. 19 do Pacto de San Jose da Costa Rica, fala dos direitos da criança “Toda criança tem direito às medidas de proteção que a sua condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do Estado”.

Com os preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, surge a necessidade da correta administração da justiça em garantir a efetividades destes direitos.

O §3º acrescido ao artigo 5º da Constituição Federal pela Emenda Constitucional nº 4558, relata o controle de convencionalidade das leis, onde podemos ver através da leitura de Valério de Oliveira Mazzuoli, a possibilidade do controle das leis:

Tal acréscimo constitucional trouxe ao direito brasileiro um novo tipo de controle à produção normativa doméstica, até hoje desconhecido entre nós: o controle de convencionalidade das leis. À medida que os tratados de direitos humanos ou são materialmente constitucionais (art. 5.º, § 2.º, CF) ou material e formalmente constitucionais (art. 5.º, § 3.º, CF), é lícito entender que, para além do clássico controle de constitucionalidade das leis, deve ainda existir (doravante) um controle de convencionalidade das leis, que é a compatibilização da produção normativa doméstica com os tratados de direitos humanos ratificados pelo governo e em vigor no país.59

Em razão da Declaração Universal dos Direitos do Homem é que o Brasil determinou a necessidade de previsão legal quanto aos direitos fundamentais do cidadão, devendo ainda o Estado, garantir as medidas de direito interno, tornando possível a harmonia e interação entre as jurisdições, concretizando os direitos da condição humana, expressos nos tratados e Convenções a que faça parte.

58 § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados,

em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.

59 MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Teoria Geral do Controle de Convencionalidade no Direito

Brasileiro. In. ______ (Org.). Controle de Convencionalidade: um panorama latino-americano:

Assim, percebe-se a amplitude na proteção a vida, salvaguardando os direitos da criança e o dever da família e Estado com o menor.

Ainda nesta tese, Fábio Konder Comparato relata que:

As declarações de direitos norte-americanas, juntamente com a Declaração francesa de 1789, representaram a emancipação histórica do indivíduo perante os grupos sociais aos quais ele sempre se submeteu: a família, o clã, o estamento, as organizações religiosas.60

Nesta esteira, entende-se que estes direitos exercem uma função de defesa contra qualquer tipo de discriminação.

Contudo, diante das informações relatadas, se a lei põe a salvo os direitos do nascituro, consequentemente põe a salvo o direito a vida. Seria contraditório caso a lei defendesse todos s direitos do nascituro, não abordando assim o direito a vida.