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4 CRENÇAS E CONCEPÇÕES SOBRE MATEMÁTICA, EDUCAÇÃO

5.4 Tratamento e análise dos dados

Após a aplicação dos questionários e da realização do estudo dos memoriais, transcrevi os depoimentos e fatos observados na íntegra para posterior classificação e análise. Durante a análise dos dados, trabalhei com classes e categorias. As classes e categorias surgiram no curso da investigação, a partir dos depoimentos e observações que realizei, conforme trechos sublinhados.

Entendo por classe uma primeira separação dos dados brutos, com base nas suas similaridades, os quais foram oriundos dos depoimentos dos acadêmicos investigados e das observações feitas. Por categoria, entendo os conceitos fundamentais extraídos dos depoimentos pelo pesquisador e observações da práxis estabelecidas nas ações acompanhadas, que refletem os aspectos mais gerais e essenciais da realidade estudada sobre o aprender a profissão docente.

6 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS

Neste capítulo, procuro identificar os saberes docentes existenciais – crenças e concepções – dos quatro acadêmicos interlocutores desta pesquisa, a partir das suas narrativas autobiográficas, bem como das entrevistas e observações realizadas durante a disciplina de Estágio Supervisionado IV, onde eles desenvolveram regência no Ensino Médio.

Inicio caracterizando e justificando esta pesquisa no espaço-tempo ao qual ela ocorre, levantando informações importantes sobre os interlocutores, o curso de Matemática e a cidade onde está instalado, observando aspectos relevantes para a constituição acadêmica e profissional dos futuros professores.

Na sequência apresento as análises e interpretações a partir das entrevistas e observações realizadas com os estudantes A, B, C e D, durante a disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino Médio, com base nas ideias de Gómez Chacón (2003), Roseira (2010), Thompson (1997), Manzini (2003) e Garnica (2008), apresentando suas contribuições teóricas a respeito das crenças e concepções dos futuros professores de Matemática.

Ao longo do texto, indico os dados coletados e categorizados, bem como os procedimentos metodológicos agrupados de forma que o leitor visualize as ideias e os focos principais do estudo. Interpreto qualitativamente as informações obtidas à luz das teorias descritas nos capítulos anteriores.

Para Fiorentini e Lorenzato (2009), a etapa de análise de dados e informações obtidos no decorrer da investigação é uma fase fundamental da pesquisa. Eles destacam que, para analisar e interpretar dados e informações, são necessárias algumas etapas de organização e categorização das mesmas.

Conforme mencionado no Capítulo 5, procuro interpretar as respostas antes e depois da realização do Estágio Supervisionado, de quatro acadêmicos/futuros professores sobre suas crenças e concepções acerca da Matemática, seu ensino e sua aprendizagem, e sua influência no contexto social, confrontando-as com a prática desenvolvida por esses acadêmicos em sala de aula da Educação Básica, durante o cumprimento da carga horária de atuação docente dentro do ES referente ao Ensino Médio.

Analiso as informações e os dados coletados nesta investigação, tecendo algumas interpretações a partir dos estudos de Gómez Chacón (2003), López Górriz

(2008), Roseira (2010), Manzini (2003), Garnica (2008) que me auxiliaram a compreender as respostas dos participantes, suas atitudes enquanto professores ancorados nas suas experiências ao longo de suas vidas, identificadas nas narrativas autobiográficas.

Conforme Barguil (2015), é importante que o professor durante a formação inicial (e continuada) investigue as suas experiências, as quais o influenciarão(am) na sua prática, pois elas alimentam, continuamente, os seus saberes docentes.

Quais as vivências matemáticas que foram marcantes – brincadeiras, brinquedos, jogos, livros, músicas... – nos espaços-tempos múltiplos da infância, adolescência e da vida acadêmica dos futuros professores? O que sentiam e

aprendiam nesses momentos? Estas indagações me levaram a elaborar o primeiro

instrumento (APÊNDICE A) usado nesta pesquisa, que pretendia conhecer um pouco mais os quatro acadêmicos da disciplina de Estágio Supervisionado IV, do Curso de Matemática da URCA em Campos Sales, mediante suas histórias de vida e formação.

Orientei-os a produzir um texto narrativo, ampliando o roteiro de Barguil (2015) com a inclusão da 3ª parte, o qual deveria conter: i) Identificação pessoal, com características de suas famílias e breve descrição da sua vida atual; ii) a Matemática nas suas vidas, com apresentação de brincadeiras, brinquedos, jogos, livros e músicas marcantes da infância e adolescência, situando-os no espaço- tempo e as companhias dos folguedos, relacionando-os com a Matemática, explicitando, a todo momento, o que sentiam e aprendiam nesses momentos; e iii) o que mais gostam atualmente na Matemática e Educação Matemática, de acordo com sua aprendizagem durante o Curso de Matemática e, principalmente, nos Estágios Supervisionados.

À medida que os memoriais eram construídos, os estudantes apresentavam para o grupo e, após debate e indicações coletivas, cada um procedia as alterações indicadas para aproximá-lo Os outros momentos da disciplina foram destinados para planejamento, seleção, estruturação, organização e realização da regência nas turmas de 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio, bem como a produção do relatório dessas atividades desenvolvidas nas escolas campo de estágio.

Os textos produzidos permitiram conhecer, compreender e compor o perfil dos participantes fornecendo informações fundamentais da relação de cada futuro

professor com a Matemática e a Educação Matemática. Permitiu, também, compreender algumas especificidades que acredito terem complementado a constituição desses acadêmicos enquanto futuros professores de Matemática, o que interfere sobremaneira nas suas futuras atuações docentes e na constituição de suas filosofias pessoais.

As entrevistas (APÊNDICE B) realizadas antes da atuação dos estagiários e a observação dessa atuação possibilitaram-me desvelar algumas crenças e concepções dos futuros professores sobre Matemática, seu ensino e sua aprendizagem, bem como sua influência no contexto social, o que me permitiu identificar a visão dos futuros professores acerca de si e da relação que possuem com a Matemática e a Educação Matemática, expressa nos seguintes aspectos:

 O perfil pessoal e acadêmico dos futuros professores;  Os motivos pelos quais escolheram o Curso de Matemática;  A compreensão deles em relação à formação e atuação docente;

 A composição de suas concepções a partir de suas crenças em relação à temática desta pesquisa;