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Este etapa se baseou em meu distanciamento da aplicação da proposta, quando foi possível analisar e visualizar onde já se havia chegado, procurando aprimorar e ajustar o estudo de caso aos objetivos maiores da pesquisa.

O tratamento de dados se deu baseado em uma análise de conteúdo a partir do

diário de bordo e dos registros por mídia de vídeo das aulas práticas aplicadas com os

alunos da UMEI Vila Estrela.

No processo de tratamento de dados, fez-se necessário “[...] buscar uma lógica peculiar e interna do grupo em que estamos analisando, sendo esta a construção fundamental do pesquisador” (MINAYO, 2012, p.27).

Assim, a descoberta de seus códigos sociais, seja por meio de falas, registro escrito, símbolos e observações, acontece e se colocam à disposição das reflexões do pesquisador. Este deve estar atento, no entanto, para a noção de um produto provisório quando se trata de uma pesquisa qualitativa, uma vez que a provisoriedade é inerente aos fenômenos e processos sociais, os quais estarão impressos em suas construções teóricas. (MINAYO, 2012).

As análises realizadas nos Diários de bordo foram de suma importância para rever e reavaliar quando necessário a prática aplicada, o modo de condução das aulas, bem como retomar a interação dos alunos com a proposta aplicada.

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5 A DANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA DANÇA DE “MIM”

O aprendizado do ensinante ao ensinar se verifica à medida em que o ensinante, humilde, aberto, se ache permanentemente disponível a repensar o pensado, rever-se em suas posições; em que procura envolver-se com a curiosidade dos alunos e dos diferentes caminhos e veredas, que ela os faz percorrer. Alguns desses caminhos e algumas dessas veredas, que a curiosidade às vezes quase virgem dos alunos percorre, estão grávidas de sugestões, de perguntas que não foram percebidas antes pelo ensinante. Mas agora, ao ensinar, não como um burocrata da mente, mas reconstruindo os caminhos de sua curiosidade – razão por que seu corpo consciente, sensível, emocionado, se abre às adivinhações dos alunos, à sua ingenuidade e à sua criatividade – o ensinante que assim atua tem, no seu ensinar, um momento rico de seu aprender. O ensinante aprende primeiro a ensinar mas aprende a ensinar ao ensinar algo que é reaprendido por estar sendo ensinado (FREIRE, 2001, p. 259).

Compreendendo todo meu histórico numa perspectiva macro dos

acontecimentos, se tornou-se necessário fazer deste espaço uma possibilidade para se entender a criança em todo seu potencial, como aquela que tem condições de vivenciar outros modos de dançar e também vivenciar experiências estéticas que contribuam para este ser corpo.

Na primeira etapa da pesquisa, como foi dito anteriormente, pude vivenciar na prática as especificidades do trabalho com a Linguagem Corporal: Dança na Educação Infantil, a partir do contato com o Projeto Linguagem Corporal. Este contato propiciou o despertar da pesquisa na busca por um ensino de Dança que instigue o protagonismo da criança.

Numa segunda etapa a pesquisa se pautou no objeto de estudo, procurando analisar os dados decorrentes da aplicação da proposta pedagógico/artística na UMEI Vila Estrela, considerando as especificidades que a Educação Infantil demanda e oportunizando um redirecionamento quando necessário das ideias e ações que levaram à construção desta proposta no conduzir da criança à busca do adolescer de seu protagonismo, na proposição de movimentos extracotidianos23, a partir do ensino de Dança.

A proposta pedagógico/artística não tem como objetivo se tornar um método fechado, mas sim que a partir do primeiro momento de sua aplicação seja morada da

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Movimentos extracotidianos, como o próprio nome já diz, são os movimentos que não fazem parte do cotidiano da criança. Em seu dia a dia, a criança participa de brincadeiras de correr, de chutar, de pular, de manipular massinhas. O extracotidiano vai além dessa movimentação, ele extrapola essa barreira e permeia a construção estética.

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intuição, da sobriedade, da criatividade e caminho para o recomeço, para idas e vindas, espaço da escuta que vem de dentro e também de fora.

A intenção é que conforme as crianças tenham contato com as atividades da proposta, as quais foram pensadas com um objetivo, elas passem por essa experiência adquirindo conhecimento em relação aos conteúdos da Dança e que possam fazer escolhas de movimento que se distancie dos movimentos do cotidiano, como por exemplo, o correr, o chutar e que nessas escolhas, os fatores Peso, Espaço, Fluência e Tempo possam fazer contrastes em suas movimentações.

Para atuar dentro dessa concepção, é preciso compreender também que as crianças passam por um acelerado processo de desenvolvimento e quando estas ingressam na escola elas já trazem consigo a sua “bagagem” de movimento, de seu corpo, de sua cultura e costumes (ZORZO & COUTO, 2006, p. 12).

Sendo assim, é importante considerar as influências socioculturais que impactaram na escolha dos movimentos das crianças, respeitando também os diferentes códigos que cada uma produziu de acordo com suas experiências.

A Dança permite constituir uma gama de códigos diferentes, já que as leituras podem ser diversas, tanto para quem a executa e para quem a assiste, estabelecendo dessa forma uma rede de comunicação entre a criança e o mundo por meio do seu corpo em movimento.

Dessa forma, respeitou-se a escolha das crianças em sua movimentação, considerando como amplo o leque de movimentações extracotidianas que cada uma optou, não partindo de uma estética já construída ou vivenciada pela pesquisadora, pois a partir da experiência da criança com as atividades da proposta pedagógico/artística cada criança teve liberdade em pesquisar e escolher seus próprios movimentos.