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Tratamento das Variações de Valor Decorrentes da Revalorização

4. Análise Comparativa das Normas e Práticas Contabilísticas em Portugal e no Reino

4.1 Activos Fixos Tangíveis

4.1.7 Tratamento das Variações de Valor Decorrentes da Revalorização

O tratamento das variações positivas e negativas decorrentes da revalorização é conduzido de forma diferente no normativo português (POC e DC 16) e no normativo britânico (SORP-HE/FE e FRS 15).

Quadro 4.10 - Tratamento das Variações de Valor Decorrentes da Revalorização

Normativos Nacionais SORP-HE/FE (FRS 15) POC (e DC 16) POC-Educação

Os aumentos de valor decorrentes da revalorização são reconhecidos: directamente nos capitais próprios, em reserva de reavaliação.

O modelo de revalorização não está definido.

Nota: Como regra geral, os bens de imobilizado não são susceptíveis de reavaliação, todavia o POC- Educação prevê no seu plano de contas a conta 56 - «Reservas de Reavaliação» e nas notas explicativas esclarece que a conta serve de contrapartida aos ajustamentos monetários.

Os aumentos no valor decorrentes da revalorização são reconhecidos: - em reservas de revalorização (statement of total recognized gains and losses);

- em resultados (income and expenditure account), na medida em que esses aumentos revertam perdas de reavaliação nesse mesmo activo (que podem também ter sido imparidades) que tenham sido previamente reconhecidas em resultados (income and expenditure account).

As diminuições de valor decorrentes da revalorização são reconhecidas: -Como uma diminuição da reserva de reavaliação, enquanto não a ultrapasse; e

- Como um custo extraordinário do período, na Demonstração dos Resultados, nos restantes casos.

As diminuições de valor decorrentes da revalorização:

- a) Se forem causadas por um claro consumo dos benefícios económicos: são reconhecidas nos resultados (income and expenditure account).

- b) Outras diminuições na valorização (não causadas por um claro consumo dos benefícios económicos):

- i) primeiro devem ser registadas contra prévios

excedentes de reavaliação para esse activo, ou seja, até que o valor escriturado atinja o custo histórico depreciado;

- ii) Depois disso, devem ser reportadas nos resultados (income and expenditure account), a menos que possa ser demonstrado que o valor recuperável do activo é maior que o seu valor de reavaliação, casos nos quais a perda deve ser reconhecida na demonstração de alterações no capital próprio (statement of total recognised gains and losses) na medida em que o valor recuperável do activo seja maior do que o seu valor de reavaliação.

121 Em ambos os normativos (DC 16 e FRS 15), os aumentos de valor são, regra geral, reconhecidos directamente nos capitais próprios, em reservas de reavaliação. Porém, o normativo britânico inclui uma pequena alteração à regra geral e reconhece os aumentos de valor em resultados (income and expenditure account), na medida em que esses aumentos revertam perdas de reavaliação nesse mesmo activo que tenham sido previamente reconhecidas em resultados.

Os mecanismos de reconhecimento das diminuições de valor são bastante mais complexos, principalmente no normativo do Reino Unido.

Em Portugal, as diminuições de valor decorrentes da revalorização são reconhecidas como uma diminuição da reserva de reavaliação, enquanto não a ultrapasse, e como um custo extraordinário do período, nos restantes casos.

No Reino Unido, o principal critério que vai determinar o tratamento contabilístico da diminuição de valor decorrente da reavaliação diz respeito à diferenciação entre diminuições de valor decorrentes de um consumo de benefícios económicos futuros e diminuições de valor que são devidas a outros factores, tal como uma alteração dos preços dos activos. De acordo com PricewaterhouseCoopers (2008), o princípio geral é que as diminuições de valor devidas a um consumo de benefícios económicos futuros (Ex.: deterioração física, contaminação, obsolescência) são semelhantes às depreciações e por isso devem ser reconhecidas em resultados.

Para além desta primeira diferenciação, a FRS 15 impõe ainda outros critérios, a serem tidos em consideração para a definição do tratamento a utilizar, que se encontram descritos no quadro anterior.

Uma outra diferença a assinalar entre o normativo português (POC e DC 16) e britânico (SORP-HE/FE e FRS 15) diz respeito à forma de utilização da reserva de reavaliação. No normativo português é obrigatória a utilização da reserva de reavaliação pela sua realização total ou parcial, ou seja, à medida que o activo for sendo amortizado, a

122 diferença, entre a amortização baseada no valor reavaliado e a amortização que seria contabilizada pelo custo histórico, deve ser transferida da reserva de reavaliação para resultados transitados. No caso do normativo britânico esta transferência é opcional, excepto no momento do desreconhecimento (ou eliminação) do activo.

Quadro 4.11 - Tratamento das Variações de Valor Decorrentes da Revalorização (continuação)

Normativos Nacionais SORP-HE/FE (FRS 15) POC (e DC 16) POC-Educação

Reserva de revalorização: deverá ser transferida directamente para resultados transitados quando realizada, isto é, na medida em que o activo for utilizado pela entidade e objecto de amortização e no momento do seu

desreconhecimento/eliminação.

Reserva de revalorização: poderá ser transferida directamente para resultados transitados quando realizado, isto é, na medida em que o activo for utilizado pela instituição e for objecto de amortização. Note-se que tal transferência não é obrigatória. No momento do seu

desreconhecimento/eliminação, a reserva deverá ser transferida para resultados transitados (independentemente de tal transferência ter vindo a ser efectuada aquando da amortização).

A opção, de não utilização da reserva de reavaliação, preconizada no modelo britânico pode conduzir a que o valor registado na reserva de reavaliação de um dado activo divirja do seu excedente de reavaliação. Esta é provavelmente a razão explicativa para a diferença de terminologia encontrada na redacção do tratamento das diminuições decorrentes da revalorização, a qual toma a seguinte forma:

• No normativo português: As diminuições de valor decorrentes da revalorização são reconhecidas como uma diminuição da reserva de reavaliação, enquanto não a ultrapasse (…);

• No normativo britânico: (…) as outras diminuições na valorização (não causadas por um claro consumo de benefícios económicos), primeiro devem ser registadas contra prévios excedentes de reavaliação para esse activo (…).

Ou seja, no normativo britânico há um cuidado e especial necessidade de efectuar a distinção entre reserva de reavaliação e excedente de reavaliação, uma vez que em virtude da opção de não utilização da reserva de reavaliação, esta pode ser de valor superior ao excedente de reavaliação.

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