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3 Metodologia de Investigação

3.6 Tratamento dos dados

Sendo a presente investigação de natureza qualitativa, considerou-se a análise de conteúdo a técnica mais adequada para analisar os dados recolhidos. Segundo Bardin (2004) esta técnica de análise procura indicadores que permitam inferir conhecimentos sobre mensagens, envolvendo um conjunto de diferentes instrumentos metodológicos ou técnicas de análise em constante aperfeiçoamento. De acordo com este autor, a análise de conteúdo e a interatividade entre os instrumentos utilizados e o corpus dos dados possibilitam a explicitação e a sistematização do conteúdo descrito, que permite passar da descrição à interpretação até que esta ganhe significado.

Relativamente ao tipo de análise implementado, foi aplicada uma análise de conteúdo categorial e indutiva. De acordo com Bardin (2004), uma análise categorial funciona por operações de divisão do texto em unidades e em categorias segundo reagrupamentos analógicos.

47 Posteriormente operou-se à seleção do tipo de categorização a implementar. A categorização definiu-se como uma análise temática, por ser “rápida e eficaz na condição de se aplicar a discursos diretos (significações manifestas) e simples.” (Bardin, 2004, p.147).

No presente estudo, nos questionários, nas entrevistas e nas observações, numa primeira fase de análise procedemos à organização e sistematização da informação obtida, de acordo com as dimensões e respetivas categorias que resultaram, da análise de conteúdo efetuada. Após uma leitura em profundidade, foi construída para cada uma delas uma grelha de categorização e subcategorização onde foram sistematizados as dimensões, as categorias e as subcategorias, sendo operacionalizados através de um conjunto de indicadores e unidades de registo. A escolha das categorias decorreu assim do trabalho desenvolvido no campo e baseado no guião da entrevista, nos registos do diário de bordo e nas respostas dos questionários, a partir dos objetivos que o investigador definiu. Também a partir dos objetivos delineados, as unidades de registo (segmentos específicos de conteúdo que se caracterizam por serem associadas a uma categoria) definiram-se de tipo proposicionais. Os critérios para a seleção das unidades de registo basearam-se na contextualização das unidades de sentido nas categorias definidas de antemão, sendo que os indicadores formaram-se posteriormente a essa seleção.

Para analisar a dimensão conceções de supervisão dos formandos nos questionários, antes da ação de formação, teve-se em conta os indicadores nas seguintes categorias e subcategorias (tabela 2).

48 Tabela 2- Categorias e subcategorias relativas à Dimensão conceções de supervisão dos formandos

Categorias Subcategorias

Papéis da Supervisão Facilitar o desenvolvimento

profissional Estratégias de Supervisão Observação Avaliação Ambiente afetivo-relacional Partilha de experiências Perfil do Supervisor Mediador de conflitos Clareza na comunicação Experiência Capacidade de diálogo Apoia/Encoraja Espírito crítico Espírito de Liderança Inovador

Para analisar a dimensão expetativas e necessidades dos formandos, teve-se em conta os indicadores nas seguintes categorias e subcategorias (tabela 3):

Tabela 3-Categorias e subcategorias relativas à Dimensão “expetativas e necessidades formativas”

Categorias Subcategorias Estratégias Formativas Partilha de dúvidas Partilha de experiências Reflexão Abertura a práticas Abertura a pontos de vista Orientação

Aprendizagem sobre o modelo

Conhecimentos teóricos Conhecimentos práticos Instrumentos de Pilotagem

49 Para analisar as práticas formativas das formadoras, teve-se em conta os indicadores nas seguintes categorias e subcategorias (tabelas 4 e 5).

Tabela 4- Categorias e subcategorias relativas à dimensão “Modos de ação pedagógica das Formadoras na Oficina”

Categorias Subcategorias

Apresentação dos

conteúdos das sessões

Expõe sem solicitar a participação da turma Dá exemplos

Dá explicações

Utiliza as aquisições anteriores, combina as informações

Organização da situação de aprendizagem

Define a tarefa

Levanta o problema/situação Apresenta material para observação

Disposição para a

aprendizagem

Questiona

Reforça positivamente Reforça negativamente Clarifica/ Esclarece dúvidas Explora o contributo das formandas Encoraja

Orienta

Dá imediatamente respostas às perguntas feitas Estimula a reflexão

Ambiente afetivo-relacional Expressa satisfação

Tabela 5- Categorias e subcategorias relativas à dimensão "Modos de ação pedagógica dos Formandos na Oficina"

Categorias Subcategorias

Sistema de aprendizagem: receção do conteúdo

Escuta

Não toma atenção Dá uma resposta Tira notas

Reflete sobre a informação dada

Sistema de aprendizagem: expressão- produção

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Contribui com ideias Fala das dificuldades Dá a sua opinião

Estes indicadores vão servir para caracterizar as práticas das Formadoras ao longo do processo supervisivo para os educadores formandos.

As abordagens supervisivas serão analisadas de acordo com as abordagens definidas por Alarcão (2003) e caracterizadas na tabela 6:

Tabela 6-Caraterísticas fundamentais das Abordagens supervisivas (Alarcão e Tavares, 2003)

Abordagens Caraterísticas fundamentais

Artesanal  Coloca o professor perante um mestre;

 Imitação de um modelo;  Cariz transmissivo.

Behaviorista  Existência de um corpo de conhecimentos profissionais;

 Técnicas a dominar pelo professor, independentemente dos contextos.

Clínica  Sala de aula como espaço clínico;

 Prática reflexiva em detrimento de aspetos técnicos do modelo.

Reflexiva  Metodologia formativa na reflexão (ação e reflexão sobre a ação);

 Permanente interatividade entre ação e pensamento;

 Natureza construtivista

 Relação de proximidade, co-

responsabilidade e colaboração entre professor e supervisor.

Ecológica  Interação entre o sujeito (professor) e o meio que o envolve;

 Experiências diversificadas em contextos diferentes;

 Supervisor organizador e gestor de contextos de desenvolvimento.

Dialógica  Valoriza o papel da linguagem (análise do discurso dos professores em situação de

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ensino);

 Supervisores e professores como parceiros;

 Intenção de inovar e mudar os contextos;  Verbalização do pensamento reflexivo.

Pessoalista  Atende ao grau de desenvolvimento dos professores em formação, às suas perceções, sentimentos e objetivos.

Psicopedagógico  Atende ao desenvolvimento da

capacidade de resolução problemas e de tomada de decisões;

 O supervisor encoraja o formando;  O ciclo da supervisão consiste em

preparação da aula com o formando, discussão da sessão e avaliação do ciclo de supervisão.

Cenário da aprendizagem pela descoberta guiada

 Conhecimento analítico dos modelos de ensino;

 O professor deve observar vários professores em interação com os alunos.

As sessões de formação foram analisadas de acordo com Ghiglione e Matalon (1997), onde a análise de conteúdo deve ser realizada num plano horizontal e vertical. No plano vertical analisa-se cada caso e as suas particularidades, e no plano horizontal identificam-se semelhanças e diferenças em cada caso (práticas das três formadoras). Para o balanço do processo formativo, a meio da formação, analisou-se os indicadores das seguintes categorias e subcategorias (tabela 7):

Tabela 7- Categorias e subcategorias relativas à Dimensão Balanço do Processo Formativo

Categorias Subcategorias

Reconhecimento da formação

Ao nível afetivo

Ao nível da organização e funcionamento Ao nível cognitivo

Ao nível das colegas

Ao nível dos resultados da aprendizagem do educador

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Ao nível dos resultados da aprendizagem dos alunos Aspetos negativos Grupo Formadoras A nível da organização Formadoras Experiência Competências comunicativas

Explicação e apresentação de conteúdos Competências de orientação do formando

Constrangimentos e dificuldades

Mudanças de dinâmicas de trabalho Distribuição das atividades no tempo Projetos

Dinamização dos instrumentos de pilotagem

Falta de recursos humanos Ensino centrado no aluno

Insegurança para trabalhar com o modelo Horário da entrada dos alunos

Número de crianças

Apropriação do modelo pelos alunos Criar autonomia no trabalho das crianças Construção do portfólio

Falta de tempo para reflexão

No que concerne ao Questionário de Avaliação do Programa de Formação, e para cada uma das dimensões, os resultados foram organizados em tabelas. Estas tabelas apresentam os parâmetros de cada uma das dimensões e o grau de satisfação dado por cada um dos professores-formandos a cada um dos parâmetros.

Para a análise destes dados teve-se em conta o grau de satisfação expresso pelos educadores formandos quanto aos diferentes parâmetros das dimensões do questionário, de acordo com as escalas dadas.

Para a análise dos aspetos do modelo pedagógico do MEM que os formandos gostariam de aprofundar e as sugestões para aperfeiçoamento da ação de formação analisaram-se os indicadores relativos às seguintes categorias e subcategorias (tabela 8):

53 Tabela 8- Categorias e subcategorias relativas à dimensão “Resposta às expetativas”

Categorias Subcategorias Estratégias formativas Apoio/Encorajamento Partilha de experiências Ambiente afetivo-relacional Reflexão Apoia/Encoraja

Aprendizagem sobre o modelo Conhecimentos teóricos/práticos

Desempenho profissional

Prática Pedagógica Motivação

Para a análise dos aspetos que os formandos gostariam de aprofundar no modelo do MEM, no futuro, analisaram-se os indicadores das seguintes categorias e subcategorias (tabela 9):

Tabela 9- Categorias e subcategorias relativos aos “aspetos que os formandos gostariam de aprofundar”

Categorias Subcategorias Princípios estratégicos Processo educativo Desenvolvimento do trabalho de projeto Avaliação formativa Instrumentos de pilotagem

Aspetos organizacionais Conceções estratégicas Participação da família e

outros parceiros

Para a análise das sugestões para aperfeiçoamento da ação de formação que os formandos escreveram no questionário, analisaram-se os indicadores das seguintes categorias e subcategorias (tabela 10):

54 Tabela 10- Categorias e subcategorias relativos às “Sugestões da ação de formação”

Categorias Subcategorias

Princípios estratégicos

Processo educativo

Desenvolvimento do trabalho de projeto Avaliação formativa

Instrumentos de pilotagem

Aspetos organizacionais Conceções estratégicas

Participação da família e outros parceiros

Para avaliar a ação de formação, de uma forma mais aprofundada, analisaram-se os indicadores das seguintes categorias e subcategorias de quatro formandos entrevistados (tabela 11). Também se relacionou cada prática formativa com a perspetiva supervisiva dos formadores.

Tabela 11- Categorias e subcategorias relativas à dimensão “Avaliação do processo formativo”

Categorias Subcategorias

Aspetos Positivos da Formação

Ao nível afetivo

Ao nível do sucesso da aprendizagem dos alunos

Ao nível da organização e funcionamento Motivação

Reflexão Projetos futuros

Aspetos Negativos da Formação

Calendarização da formação

Ao nível da organização e funcionamento

Metodologia /Estratégias Formativas

Reflexão Avaliação

Relação afetivo-relacional Partilha de experiências

Perfil das Supervisoras

Experiência

Capacidade de diálogo Apoia/Encoraja Sentido crítico Mediador de conflitos

55 Constrangimentos e dificuldades

Grupo

Distribuição das atividades no tempo Envolvimento

Isolamento

Dinamização Dos Instrumentos De Pilotagem Organização do Espaço Educativo

Recursos Humanos Sobrecarga de Trabalho Excesso de Informação

Insegurança para trabalhar com o modelo Tempo de serviço

Para avaliar o impacte da formação nas mudanças em relação às conceções de mudança sobre as práticas educativas, dos quatro formandos entrevistados, analisou-se os indicadores das seguintes categorias e subcategorias (tabela 12):

Tabela 12- Categorias e subcategorias relativas à Dimensão” Mudança do Educador”

Categorias Subcategorias Razões da mudança Desenvolvimento Profissional Sentimento afetivo Inovação Motivação Mudanças Realizadas Processo Educativo A Nível Pessoal Perceção de Educação

Organização do espaço educativo Organização das atividades no tempo Intencionalidade Educativa

Para avaliar as mudanças das conceções de supervisão, compararam-se os indicadores relativos à dimensão das conceções de supervisão das entrevistas, antes da ação de formação com os indicadores relativos à dimensão das conceções de supervisão das entrevistas após a formação.

56 No final procurou-se analisar em conjunto os dados obtidos das entrevistas no início da formação, a meio do processo formativo e as entrevistas após a ação de formação, com os dados da observação do processo formativo e com os questionários de avaliação da ação de formação.

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