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CAPÍTULO III – ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

5. Tratamento e Análise dos Dados

No que concerne à forma de tratamento e análise dos dados, julgou-se ser indicado dedicar este espaço à sua caracterização, pela importância que estes itens assumem no desenvolvimento deste trabalho. Neste sentido, e dadas as técnicas usadas no presente trabalho, a análise foi feita com auxilio à análise de conteúdo e a um tratamento e análise estatística de dados com recurso ao programa SPSS.

Como foi já anteriormente mencionado, as duas componentes, qualitativa e quantitativa complementaram-se o que permitiu, desta forma um enriquecimento dos dados obtidos. Nesta sequência de ideias, faz sentido, em primeiro lugar entender o que é a análise de conteúdo.

Segundo Amado (2013: 302), a análise de conteúdo, na definição dos seus criadores, consiste numa técnica de pesquisa documental que procura `arrumar´ num conjunto de categorias de significação o ´conteúdo manifesto´ dos mais diversos tipos de comunicações (protocolo de entrevistas e histórias de vida, documentos de natureza vária, imagens, filmes, propaganda e

publicidade). Assim, a análise de conteúdo é vista como “um método de tratamento e análise de informações, contidas em textos escritos ou de qualquer comunicação reduzida a um texto ou documento” (Chizzotti, 1991: 98), como um “conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens” (Bardin, 1995: 38). A análise de conteúdo revela-se, então, como um procedimento adequado que permite “compreender criticamente o sentido das comunicações, o seu conteúdo manifesto ou latente, as significações explícitas ou ocultas (…) subjacentes nas declarações prestadas pelos inquiridos” (Chizzotti, 1991: 98).

A análise de conteúdo possibilita “tratar de forma metódica informações e testemunhos que apresentam um certo grau de profundidade e de complexidade” (Quivy & Campenhoudt, 1998: 227).

O primeiro propósito da análise de conteúdo consiste em proceder à descrição objetiva, sistemática e, eventualmente quantitativa de conteúdos/discursos. Portanto, é um processo de análise do discurso dos atores que incide sobre o conteúdo das mensagens e consiste em verificar o significado atribuído, os modos de construção ao discurso, a frequência dos termos utilizados pelo sujeito produtor da mensagem, permitindo tratar metodicamente a informação contida em testemunhos complexos. Pode incluir uma análise de frequências e de dignificações visando destacar os aspetos implícitos do discurso.

Tendo em conta a natureza qualitativa dos dados que se pretende obter neste estudo através de entrevistas, inquéritos e conversas, a opção pela análise de conteúdo fundamenta-se, precisamente, porque se pretende proceder a uma sistematização e posterior categorização dos conteúdos/discursos de modo a torná-los analisáveis e interpretáveis. De facto, a análise de conteúdo abarca a determinação de categorias e de unidades de análise, para reunir características do fenómeno, permitindo analisar e examinar sistemas de valores, representações e aspirações dos actores, reacções a factos ou acontecimentos, sentimentos, ou mesmo atitudes face a fenómenos determinados(Quivy & Campenhoudt, 1998: 227).

Neste trabalho a análise de conteúdo será de tipo categorial. A análise de conteúdo, de facto, assumiu grande importância neste estudo, pois foi através desta técnica que foi feita a análise das entrevistas. Desta forma, Bardin (1977: 32) evidencia que:

“(…) Desde mensagens linguísticas em forma de ícones, até «comunicações» em três dimensões, quanto mais o código se torna complexo, ou instável, ou mal explorado, maior terá de ser o esforço do analista, no sentido de uma inovação com vista à elaboração de técnicas novas”.

Como refere Bardin (1977: 30) a análise de conteúdo, na sua aplicação, é detentora de duas funções que:

“(…) a metodologia qualitativa, e mais concretamente a análise de conteúdo, mesmo quando é movida por intenções de descoberta de índole exploratória, apresenta uma “função heurística”. Sendo feita como um modo de verificação de hipóteses, de questionamentos e de afirmações provisórias, a análise de conteúdo apresenta uma “função de administração da prova”.

Bardin (1977: 31) refere que: para a efetivação da análise de conteúdo “não existem leis mas apenas algumas regras essenciais adequadas aos objetivos do estudo”. É uma técnica que pela sua diversidade pode ser encarada “não só como um instrumento” mas também como um leque de apetrechos (…) marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as comunicações”.

Ainda na linha de Bardin (1977), há um conjunto de etapas que foram tidas em consideração neste trabalho: “as diferentes fases da análise de conteúdo (…) organizam-se em torno de três pólos cronológicos: 1) a pré análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação” (Bardin, 1977: 95).

Quanto ao tratamento e análise estatística dos dados, assumiu também grande importância no tratamento e análise dos dados obtidos, através da aplicação de um inquérito por questionário. Para tratar os dados recorreu-se ao programa SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Este programa permitiu tratar e analisar os dados. Tendo em conta as potencialidades que a análise estatística detém, Quivy e Campenhoudt (1998: 222) referem:

“a precisão e o rigor do dispositivo metodológico, que permite satisfazer o critério de intersubjectividade; a capacidade dos meios informáticos, que permitem manipular muito rapidamente um grande número de variáveis (…) a clareza dos resultados e dos relatórios de investigação (…)”.

Porém,

“(…) a estatística descritiva e a expressão gráfica dos dados são muito mais do que simples métodos de exposição dos resultados. Mas esta apresentação diversificada dos dados não pode substituir a reflexão teórica prévia, a única a fornecer critérios explícitos e estáveis para a recolha, a organização, e, sobretudo, a interpretação dos dados, assegurando, assim, a coerência e o sentido do conjunto do trabalho”.