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TRIAGEM, COMPOSTAGEM E RECICLAGEM DOS RSDC

No documento MATO GROSSO DO SUL (páginas 48-53)

Define-se triagem, compostagem e reciclagem como formas de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos. A adoção de um sistema de segregação dos RSDC, seja pela iniciativa de cada cidadão, pela coleta seletiva ou nas unidades de triagem de resíduos, traz benefícios ao meio ambiente, reduzindo a carga de material disposto nos vazadouros a céu aberto e em aterros sanitários, além de possibilitar a geração de renda às pessoas que dependem da segregação desses resíduos para sobrevier, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Para que haja um tratamento eficiente são necessários estudos preliminares dos municípios, determinando características que interferem na produção de resíduos. Uma das principais características é a composição gravimétrica, que consiste nos quantitativos percentuais dos componentes dos resíduos gerados para cada município.

A fim de destacar os possíveis dados quantitativos dos resíduos secos passíveis de reciclagem gerados no Polo 03 foram utilizados os dados de composição gravimétrica para diagnosticar o potencial de geração diária de resíduos recicláveis (ver subcapítulo 4.2). Neste sentido destaca-se o município de Três Lagoas/MS com 10.771,30 toneladas anuais de resíduos potencialmente recicláveis. Já com relação à estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem foi utilizado um estudo do IPEA, também utilizado no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de São Paulo (2014), no qual foi estimado que apenas 2% dos resíduos passíveis de reciclagem são reciclados (ABRAMOVAY & MENDONÇA, 2013). Com isso a estimativa de destinação anual de materiais recicláveis à reciclagem é de 440,18 toneladas (Tabela 2).

Tabela 2 – Estimativa da geração de resíduos recicláveis e passíveis de reciclagem para o Polo 03 – Região do Bolsão. Municípios Quantidade de RSDC (t/ano) Potencial da Geração de materiais recicláveis (t/ano) Percentual Estimado de recuperação dos recicláveis (%) Estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem (t/ano) Água Clara 2.872,55 790,53 2,00% 15,81 Aparecida do Taboado 5.796,20 2.054,75 2,00% 41,10 Brasilândia 1.200,85 330,47 2,00% 6,61 Cassilândia 3.467,50 1.229,23 2,00% 24,58 Chapadão do Sul 6.489,70 2.122,13 2,00% 42,44 Inocência 1.883,40 472,92 2,00% 9,46

Paraíso das Águas 1.251,95 744,91 2,00% 62,83

Paranaíba 10.570,40 3.141,52 2,00% 14,90

Santa Rita do Pardo 525,60 131,98 2,00% 2,64

Selvíria 872,35 219,05 2,00% 4,38

Municípios Quantidade de RSDC (t/ano) Potencial da Geração de materiais recicláveis (t/ano) Percentual Estimado de recuperação dos recicláveis (%) Estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem (t/ano) Total 68.590,80 22.008,79 440,18

Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir das estimativas apresentadas, verifica-se que Três Lagoas e Paranaíba/MS geram os maiores quantitativos de materiais recicláveis que, se corretamente gerenciados, serão encaminhados para reciclagem. Neste sentido, no que tange às unidades de triagem, apenas os municípios de Chapadão do Sul, Paranaíba e Três Lagoas possuem este sistema em funcionamento. A disponibilidade de infraestrutura específica para segregação dos resíduos reflete em uma melhoria na eficiência do processo e consequentemente dos percentuais e quantitativos de resíduos efetivamente encaminhados para reciclagem.

Em Chapadão do Sul a prestação de serviços da Unidade de Triagem (UTR) localizada no antigo vazadouro a céu aberto é realizada pela Prefeitura Municipal, a qual possui a origem dos resíduos triados através da coleta convencional. Já em Paranaíba a Cooperativa de Catadores é responsável pela operação da UTR localizada no Bairro Santa Rita e os resíduos triados são originários da coleta seletiva e convencional. Quanto ao município de Três Lagoas, a Unidade de Triagem, equipada pela Prefeitura Municipal e operada pela Cooperativa de Catadores, fica localizada em uma área específica e recebe os resíduos oriundos apenas da coleta seletiva (Figura 13).

Figura 13 – Pátio da Unidade de Triagem de Três Lagoas/MS.

Fonte: Deméter Engenharia Ltda., 2014.

Ainda, foi verificado que no município de Brasilândia, existe um Galpão de Triagem (GT), operado pela Associação de Catadores, que recebe resíduos oriundos da coleta seletiva (Figura 14). Ademais, a Prefeitura Municipal arca com os custos operacionais do GT, a citar: contas de energia elétrica e água e custos com o transporte (abastecimento e manutenção do caminhão e salário do motorista).

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

CAP 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES, COMERCIAIS E DE PRESTADORES DE SERVIÇOS

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Figura 14 – Galpão de Triagem localizado no município de Brasilândia/MS.

Fonte: Deméter Engenharia Ltda., 2014.

Já nos municípios de Cassilândia e Paraíso das Águas/MS, existem respectivamente Unidades de Triagem e Galpão de Triagem, localizadas em seus respectivos vazadouros a céu aberto, contudo ambas encontram-se abandonadas (Figura 15). Ainda, em Cassilândia/MS, um casal de catadores utiliza o local para armazenamento de seus materiais coletados.

Contudo, em todos os municípios do Polo 03 ocorre uma triagem informal e

reaproveitamento dos materiais recicláveis, realizado por catadores informais que posteriormente realizam a comercialização deste material.

Neste sentido, um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal nº 12.305/2010) estabelecidos em seu Art. 8º inciso IV é o incentivo à criação e desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Entretanto, apenas os municípios de Brasilândia, Paranaíba e Três Lagoas contam com tais cooperativas/associações formalizadas.

Em Brasilândia existe a Associação Brasilandense de Agentes Ambientais (ASSOBRAA), já Paranaíba conta com a Cooperativa Recicla Paranaíba (COOREPA) e em Três Lagoas existe a Cooperativa de Reciclagem Arara Azul (CORPAZUL). Nota-se que conforme exposto anteriormente, em ambos os casos as cooperativas e/ou associação são responsáveis pela operação das respectivas Unidades de Triagem e/ou Galpão de Triagem sem instrumento formal de responsabilização (contratação).

Figura 15 – Unidade de Triagem abandonada em Cassilândia/MS.

No intuito de identificar a existência de triagem, características das estruturas de triagem dos municípios, tais como a presença de galpão, prensa, esteira, mesa separadora, baias para acondicionamento e rampa para descarte de resíduos, foi elaborado o Quadro 5.

Quadro 5 – Existência de triagem, característica das estruturas de triagem e estruturas presentes em cada uma para os municípios do Polo 03.

Municípios Existência de Triagem Característica da Estrutura de Triagem Estruturas Presentes G al o P rens a Es teir a M es a Baia s Ramp a

Água Clara Sim Não Possui

Aparecida do Taboado Sim Não Possui

Brasilândia Sim GT – em operação

Cassilândia Sim UTR – abandonada

Chapadão do Sul Sim UTR – em operação

Inocência Sim Não Possui

Paraíso das Águas Sim GT – abandonado

Paranaíba Sim UTR – em operação

Santa Rita do Pardo Sim Não Possui

Selvíria Sim Não Possui

Três Lagoas Sim UTR – em operação

Fonte: a partir de informações de vistoria técnica in loco nos municípios do Polo 03 – Região do Bolsão. Legenda

Estrutura em condições de uso

Estrutura em péssimas condições de uso UTR – Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos GT – Galpão de Triagem

Quanto à recuperação de materiais compostáveis, foi verificado que é praticamente inexistente nos municípios do Polo 03, apesar da maioria dos levantamentos gravimétricos realizados apontarem para percentuais superiores a 50% da geração do total. Tais resíduos orgânicos são passíveis de reaproveitamento seja por meio de processos de compostagem ou utilizando-se biodigestor com reaproveitamento do biogás, seja por outras formas de reutilização desta fração dos resíduos, assim atendendo ao Art. 4º inciso II da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que visa à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes. Atualmente esses resíduos são dispostos diretamente nos locais de disposição final de RSDC, incorrendo na redução da vida útil destas localidades.

Uma possibilidade para a recuperação destes materiais é através de Unidades de Compostagem. Contudo, nenhum município do Polo 03 – Região do Bolsão conta com tal infraestrutura em funcionamento. Ademais, conforme consta o PMSB de Chapadão do Sul, até meados de 2007 era operada uma unidade de compostagem no município, entretanto, devido ao insucesso neste processo, o projeto foi abandonado.

DIAGNÓSTICO SITUACIONAL

CAP 4 – RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES, COMERCIAIS E DE PRESTADORES DE SERVIÇOS

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A partir dos dados apresentados referentes às Unidades de Triagem e de Compostagem fora elaborada a Figura 16, na qual são apresentadas ilustrativamente as informações referentes ao tema.

Figura 16 – Situação da triagem, reciclagem e compostagem dos RSDC.

Quanto à comercialização dos materiais segregados, a capital do Estado de Mato Grosso do Sul configura-se como o principal destino para os materiais recicláveis comercializados pelos municípios integrantes ao Polo 03 recebendo cargas diretas de Água Clara, Brasilândia, Cassilândia, Chapadão do Sul, Paranaíba e Três Lagoas, bem como indiretas de Aparecida do Taboado, Inocência e Santa Rita do Pardo (Figura 17). Nota-se que o município de Campo Grande/MS também recebe cargas de Costa Rica/MS.

Ressalta-se que nos municípios do Polo 03 as ações referentes ao manejo dos resíduos recicláveis são apenas de triagem (segregação dos materiais) e enfardamento, portanto não existem mecanismos de reciclagem propriamente ditos, pois segundo a Resolução CONAMA n.º 307/2002 este processo consiste na transformação dos materiais recicláveis.

Figura 17 – Principais fluxos dos materiais recicláveis do Polo 03 – Região do Bolsão.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Nota: É importante observar que o município de Campo Grande/MS recebe cargas de materiais recicláveis de Costa Rica/MS. Ainda, Costa Rica destina para os Estados de Santa Catarina e São Paulo.

No documento MATO GROSSO DO SUL (páginas 48-53)

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