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TRIAGEM, COMPOSTAGEM E RECICLAGEM DOS RSDC

No documento MATO GROSSO DO SUL (páginas 46-53)

Define-se triagem, compostagem e reciclagem como formas de procedimentos destinados a reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos. A adoção de

um sistema de segregação dos RSDC, seja pela iniciativa de cada cidadão, pela coleta seletiva ou nas usinas de triagem de resíduos, traz benefícios ao meio ambiente, reduzindo a carga de material disposto nos vazadouros a céu aberto e aterros sanitários, além de possibilitar a geração de renda às pessoas que dependem da segregação desses resíduos para sobrevier, proporcionando uma melhor qualidade de vida.

Para que haja um tratamento eficiente são necessários estudos preliminares dos municípios, determinando características que interferem na produção de resíduos. Uma das principais características é a composição gravimétrica, que consiste nos quantitativos percentuais dos componentes dos resíduos gerados para cada município.

A fim de destacar os possíveis dados quantitativos dos resíduos secos passíveis de reciclagem gerados no Polo 02 foram utilizados os dados de composição gravimétrica para diagnosticar o potencial de geração diária de resíduos recicláveis (ver subcapítulo 4.2). Neste sentido destaca-se o município de Dourados/MS com 15.971,67 toneladas anuais de resíduos potencialmente recicláveis. Já com relação à estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem foi utilizado um estudo do IPEA, também utilizado no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de São Paulo (2014), no qual foi estimado que apenas 2% dos resíduos passíveis de reciclagem são reciclados (ABRAMOVAY & MENDONÇA, 2013). Com isso a estimativa de destinação anual de materiais recicláveis à reciclagem é de 556,46 toneladas (Tabela 2).

Tabela 2 – Estimativa da geração de resíduos recicláveis e passíveis de reciclagem para o Polo 02 – Região da Grande Dourados.

Municípios Quantidade de RSDC (t/ano) Potencial da Geração de materiais recicláveis (t/ano) Percentual Estimado de recuperação dos recicláveis (%) Estimativa da destinação de materiais recicláveis à reciclagem (t/ano) Caarapó 8.468,00 1.278,67 2,00% 25,57 Deodápolis 2.190,00 211,77 2,00% 4,24 Douradina 547,50 175,20 2,00% 3,50 Dourados 65.700,00 15.971,67 2,00% 319,43 Fátima do Sul 7.197,80 1.484,91 2,00% 29,70 Glória de Dourados 1.401,60 448,51 2,00% 8,97 Itaporã 5.522,45 833,89 2,00% 16,68 Jateí 186,15 59,57 2,00% 1,19 Maracaju 13.950,30 3.963,28 2,00% 79,27 Rio Brilhante 13.344,40 2.752,95 2,00% 55,06 Vicentina 2.007,50 642,40 2,00% 12,85 Total 120.515,70 27.822,82 556,46

A partir das estimativas apresentadas, verifica-se que Dourados/MS e Maracaju/MS geram os maiores quantitativos de materiais recicláveis. Neste sentido, no que tange às Unidades de Triagem de Resíduos Sólidos, apenas o município de Caarapó possui este sistema em funcionamento. O que reflete em uma maior possibilidade de melhoria dos percentuais e quantitativos, de resíduos efetivamente encaminhados para reciclagem.

A UTR que se encontra localizada no vazadouro a céu aberto do município de Caarapó (Figura 13) é operada por uma empresa terceirizada através de contratação direta da Prefeitura Municipal, a qual possui a origem dos resíduos triados a partir da coleta convencional.

Ademais, os municípios de Dourados, Fátima do Sul, Maracaju e Rio Brilhante/MS possuem Galpão de Triagem (GT) de resíduos sólidos operadas, respectivamente, pelas Associações de Catadores de cada município.

Com relação ao município de Dourados, o Galpão de Triagem está localizado no pátio da Associação de Catadores com a origem dos resíduos triados a partir da coleta seletiva e doações. Já para Fátima do Sul, o GT do município está localizado no vazadouro a céu aberto (Figura 14), sendo os resíduos triados oriundos da coleta convencional. Ainda, como as estruturas do GT necessitam de reparos, grande parte da segregação dos materiais ocorre no local de descarte dos resíduos. Para o município de Maracaju é o pátio da Associação de Catadores que abriga o Galpão de Triagem. Ademais, os resíduos são coletados pelos associados em comércios, indústrias, fazendas e residências que realizam a separação dos materiais. Por fim em Rio Brilhante o GT localiza-se no vazadouro a céu aberto do município e possui a origem dos resíduos a partir da coleta convencional.

Figura 13 – Estrutura física da UTR localizada em Caarapó/MS.

Neste sentido, uma parcela dos municípios que não apresentam Unidade de Triagem possuem projeto para implantação de Unidades de Triagem. Em Dourados existe planejamento para a construção de uma UTR em uma área do aterro sanitário, que será operada pela Associação de Catadores com o auxílio da empresa terceirizada que gerencia o aterro sanitário. Já os municípios de Deodápolis, Glória de Dourados, Jateí, Novo Horizonte do Sul, Fátima do Sul e Vicentina/MS, contarão com uma Unidade de Triagem no aterro sanitário consorciado localizado no município de Glória de Dourados.

Contudo, em todos os municípios do Polo 02 ocorre uma triagem informal e reaproveitamento dos materiais recicláveis, realizado por catadores informais que posteriormente realizam a comercialização deste material (ver Figura 17).

Neste sentido, um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal n° 12.305/2010) estabelece em seu Art. 8° inciso IV a iniciativa para criação e desenvolvimento de cooperativas ou de outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. Entretanto, apenas os municípios de Dourados, Fátima do Sul, Maracaju e Rio Brilhante/MS possuem Associação de Catadores de Materiais Recicláveis (Figura 15).

Figura 15 – Galpão da Associação de Catadores localizado no município de Maracaju/MS.

Fonte: Deméter Engenharia Ltda., 2013.

No intuito de identificar a existência de triagem, características das estruturas de triagem dos municípios tais como a presença de galpão, prensa, esteira, mesa separadora, Figura 14 – Estrutura física do Galpão de Triagem

localizado em Fátima do Sul/MS.

baias para acondicionamento e rampa para descarte de resíduos, foi elaborado o Quadro 5.

Quadro 5 – Existência de triagem, característica das estruturas de triagem e estruturas presentes em cada uma para os municípios do Polo 02.

Municípios Existência de Triagem Característica da Estrutura de Triagem Estruturas Presentes G al o P rens a Es teir a M es a Baia s Ramp a

Caarapó Sim UTR – em operação

Deodápolis Sim Não possui

Douradina Sim Não possui

Dourados Sim GT – em operação

Fátima do Sul Sim GT – em operação

Glória de Dourados Sim Não possui

Itaporã Sim Não possui

Jateí Sim Não possui

Maracaju Sim GT – em operação

Rio Brilhante Sim GT – em operação

Vicentina Sim Não possui

Fonte: a partir de informações de vistoria técnica in loco nos municípios do Polo 02 – Região da Grande Dourados. Legenda:

Estrutura em condições de uso

Estrutura em péssimas condições de uso UTR – Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos GT – Galpão de Triagem

Quanto à recuperação de materiais compostáveis, foi verificado que é praticamente inexistente nos municípios do Polo 02, apesar de todos os levantamentos gravimétricos realizados apontarem para percentuais superiores a 50% da geração do total. Tais resíduos orgânicos são passíveis de reaproveitamento seja por meio de processos de compostagem ou utilizando-se biodigestor com reaproveitamento do biogás, seja por outras formas de reutilização desta fração dos resíduos, assim atendendo ao Art. 4º inciso II da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), que visa à redução das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em relação às suas diferentes fontes. Atualmente esses resíduos são dispostos diretamente nos locais de disposição final de RSDC, incorrendo na redução da vida útil destas localidades.

Desta forma, apenas os municípios de Caarapó e Rio Brilhante/MS apresentam Unidades de Compostagem (UC) em funcionamento, possibilitando assim a recuperação da fração orgânica dos resíduos gerados. Destaca-se que no município de Caarapó a UC localizada no vazadouro a céu aberto é operada por uma empresa terceirizada e possui a origem dos resíduos compostáveis a partir da triagem da coleta convencional, posteriormente o composto orgânico é destinado a jardins do

município e produtores rurais (Figura 16). Quanto ao município de Rio Brilhante, a Unidade de Compostagem é de uma empresa particular, localizada no Distrito Prudêncio Thomaz. Ainda, a origem dos resíduos é de indústrias da região.

Observa-se que para o municípios de Maracaju e Rio Brilhante existem planejamento proposto para implantação de uma Unidades de Compostagem.

Figura 16 – Unidade de Compostagem localizada no município de Caarapó/MS.

Figura 17 – Situação da triagem, reciclagem e compostagem dos RSDC.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Quanto à comercialização dos materiais segregados (Figura 18), a capital do Estado de Mato Grosso do Sul configura-se como o principal destino para os materiais recicláveis comercializados pelos municípios integrantes ao Polo 02 – Região da Grande Dourados recebendo cargas diretamente de Caarapó, Dourados, Fátima do Sul, Glória de Dourados,

Maracaju e Rio Brilhante, bem como indiretas de Deodápolis, Itaporã, Jateí e Vicentina/MS. Ademais, em menor quantidade, há comercialização de materiais recicláveis para os municípios de Angélica, Ivinhema, Ponta Porã e Nova Andradina, existindo também comercialização para o Estado de Santa Catarina (Quadro 2).

Ressalta-se que nos municípios do Polo 02 as ações referentes ao manejo dos resíduos recicláveis são apenas de triagem (segregação dos materiais) e enfardamento, portanto não existem mecanismos de reciclagem propriamente ditos, pois segundo a Resolução CONAMA n.º 307/2002 este processo consiste na transformação dos materiais recicláveis.

Figura 18 – Principais fluxos dos materiais recicláveis do Polo 02 – Região da Grande Dourados.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Nota: Não foi informado no PMGIRS de Douradina o fluxo de materiais recicláveis.

No documento MATO GROSSO DO SUL (páginas 46-53)

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