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3.1 Inglaterra

3.1.1 TRL386

A primeira etapa do dimensionamento em restauração é a avaliação da via a ser restaurada, de modo que alguns requisitos devam ser atendidos para que se obtenha condições ideais para aplicação da reciclagem profunda, como indicado no fluxograma da Figura 3.2.

Figura 3.2 – Avaliação da possibilidade de reciclagem profunda in-situ (adaptado de Milton & Earland, 1999)

O conhecimento das diferentes estruturas ao longo da rodovia permite verificar a homogeneidade do pavimento e se usualmente a fresagem dos materiais existentes

SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM SIM NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO NÃO

O RAP produzido é uniforme?

É economicamente viável remanejar ou proteger as interferências

existentes?

Centralizar usina de reciclagem na qual o RAP é processado

É possível se dimensionar uma mistura com resistência adequada?

A extensão do trecho justifica a

técnica de reciclagem? Reabilitação estrutural por reconstrução total

Estrutura existente possui espessura suficiente? É possível alterar o greide? O subleito é passível de ser incorporado ao RAP e possui CBR>2%?

Importar agregado para complementar mistura de RAP.

O pavimento possui materiais adequados à fresagem e produção

de agregados reciclados?

Utilização como material alternativo

Reabilitação estrutural por reciclagem profunda in-situ

gera ou não agregados reciclados de qualidade. O RAP produzido deve ser uniforme, sem grande variabilidade. Tal situação é difícil de ser encontrada no Brasil.

Caso não seja permitido alterar o greide, a estrutura de pavimento deve possuir espessura tal que produza material fresado suficiente para a nova camada de base. Do contrário, uma camada do subleito poderá fazer parte da mistura desde que tenha granulometria adequada e tenha resistência suficiente (CBR>2%). Também há critérios econômicos, como no caso de extensão mínima do trecho e de necessidade de remoção ou proteção de interferências subterrâneas, como redes de água, esgoto ou gás, por exemplo.

Atendidos os requisitos, procede-se o cálculo da espessura da camada reciclada, cujo valor mínimo é 0,15 m e máximo é 0,33 m, de acordo com o agente estabilizador escolhido e o tráfego estimado.

A via a ter o pavimento reciclado é classificada inicialmente segundo o tráfego estimado para um período de projeto de 20 anos, conforme indica a Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Classificação das rodovias (adaptado de Department for Transport, 2010) Classe (Número de repetições do eixo padrão) Tráfego no período de projeto

1 107< N ≤ 3 x 107

2 2,5 x 106 < N ≤ 107

3 5 x 105 < N ≤ 2,5 x 106

4 N ≤ 5 x 105

A Figura 3.3 mostra o fluxograma para dimensionamento para a reciclagem profunda com espuma de asfalto. O módulo de resiliência, cujo ensaio deve ser realizado de acordo com a norma DD213 (British Standard Draft for Development, 1993), precisa ser superior a 2.000 MPa para rodovias de tráfego leve (Classe 4) e maior que 2.500 MPa para as rodovias de tráfego mais intenso.

Figura 3.3 – Roteiro para dimensionamento de pavimentos com bases recicladas com espuma de asfalto pelo método do TRL386 (adaptado de Milton & Earland, 1999)

Para rodovias de tráfego menor (Classe 3 e 4) as condicionantes para determinação da espessura da base são a espessura do revestimento escolhido e o índice de suporte Califórnia do subleito (CBRSL), listadas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Determinação das espessuras das camadas do pavimento na reciclagem profunda in-situ utilizando espuma de asfalto para rodovias de baixo tráfego (adaptado de Milton &

Earland, 1999)

Espessura da camada reciclada com espuma de asfalto (mm) Classificação

da rodovia Classe 3 Classe 4

Esp. revest. (mm) CBRSL (%) TS 40 100 TS 40 100 2 – 4 n.r. 310 (n.r.) 250 320 (n.r.) 280 195 5 – 7 330 (n.r.) 290 230 300 260 185 8 – 14 315 (n.r.) 275 215 285 245 160 > 15 285 245 185 255 215 150 TS: tratamento superficial n.r.: não recomendado Módulo de resiliênciamín 2000 MPa Módulo de resiliênciamín 2500 MPa

Módulo de resiliência mínimo 2500 MPa

Espessura governada pela espessura do pavimento

existente e condição do subleito. Utilizar Tabela 3.2.

Espessura governada pelo volume de tráfego e espessura do pavimento remanescente.

Utilizar ábacos da Figura 3.4. N ≤ 5x105 5x105 < N ≤ 2,5x106

2,5x106 < N ≤ 5x106 5x106 < N ≤ 107 107 < N ≤ 2x107 2x107 < N ≤ 3x107

Rodovia

Classe 4 Classe 3 Rodovia Classe 2 Rodovia Classe 1 Rodovia

Observa-se que para espessuras superiores a 300 mm, a reciclagem in-situ não é recomendada, em virtude da dificuldade de se obter compactação suficiente e uniforme ao longo de toda a camada.

No caso de rodovias classes 1 e 2, assume-se que após a fresagem o pavimento existente terá capacidade de suporte equivalente às combinações de CBR do subleito (CBRSL) e espessura da sub-base da Tabela 3.3:

Tabela 3.3 – Características da infraestrutura remanescente para rodovias Classes 1 e 2 (adaptado de Milton & Earland, 1999)

Espessura remanescente mínima (mm)

2% < CBRSL ≤ 4% 5% ≤ CBRSL≤ 7% 8% ≤ CBRSL≤ 14% CBRSL≥ 15%

Sub-base granular 300 250 200 150

Sub-base tratada 85 70 60 40

Nas rodovias de tráfego elevado não se recomenda a incorporação de material do subleito ao RAP. Logo, a espessura a ser fresada deve ser tal que se mantenha uma camada entre o subleito e a base.

Não existindo material suficiente para atuar como sub-base, é possível compensar com o aumento de espessura da camada reciclada, sendo a diferença de espessura necessária transformada através de fatores de equivalência.

Contudo, o aumento da camada reciclada reduz ainda mais a espessura da camada de sub-base remanescente. Para corrigir este contrassenso, os fatores de equivalência estrutural são majorados, sendo definidos como fatores de déficit de espessura. Para a reciclagem com espuma de asfalto, o fator de déficit de espessura é de 0,65.

Em resumo, a espessura da camada reciclada é dada por:

( ) (14)

Onde:

= espessura total da camada reciclada [mm];

= espessura da camada reciclada definida por meio de ábaco [mm];

= espessura mínima da sub-base remanescente, de acordo com Tabela 3.3

= espessura da sub-base remanescente [mm]; = fator de déficit de espessura.

Os ábacos da Figura 3.4 permitem dimensionar as espessuras do revestimento e da camada reciclada (hREC) quando são atendidas às condições de suporte mínimas da

estrutura remanescente.

Figura 3.4 – Ábacos do TRL386 para determinação das espessuras das camadas do pavimento na reciclagem a frio in-situ utilizando espuma de asfalto para rodovias de tráfego elevado

(adaptado de Milton & Earland, 1999)

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