Conforme a ANA (2013), a turbidez representa uma característica física da água que é afetada pela presença de sólidos em suspensão na água e que faz com que seja reduzida a transparência da água. O tamanho das partículas de suspensão depende da quantidade da presença de partículas inorgânicas (areia, silte e argila) e pode variar dependendo da movimentação do ambiente, dessa maneira, a presença de partículas provoca uma dispersão e absorção de luz, o que faz com que a água fique com uma aparência turva.
Na Figura 9 são apresentados os valores médios de turbidez das amostras de água nas estações de monitoramento em estudo. A resolução CONAMA nº 357/05 exige que o valor máximo para corpos d‟água de Classe 1 e Classe 2 sejam até 40 e 100 NTU, respectivamente. De acordo com os resultados analisados, a estação E9 foi a que apresentou a maior média de 56,8 NTU e também o maior desvio padrão (Tabela 11). Dessa maneira, todas as estações em conformidade com a legislação.
Figura 9 - Valores médios de turbidez
Tabela 11 - Quantidade de amostras, valores máximos, mínimos e de desvio padrão para turbidez
Turbidez
Estações Número de amostras Média Máx Min Desvio Padrão
E1 11 29,2 71,4 8,5 29,09 E2 12 49 140 7,1 61,56 E3 11 45,5 168 3,7 76,18 E4 12 20,9 73,5 3,5 31,50 E5 10 42,7 42,73 3 21,10 E6 10 37,8 101 4,4 44,28 E7 11 43,4 115 5,8 50,30 E8 12 26,8 107 1,7 47,87 E9 11 56,8 263 16 119,31 E10 11 28,8 124 7,6 54,89 FONTE: ANA (2019)
Danelon e Rodrigues (2013) notaram que existe uma grande relação entre os valores de turbidez e dias chuvosos, uma vez que, exposto a essas condições, houve um aumento nos valores de turbidez do estudo realizado pelos autores, valores esses que chegara a exceder os limites exigidos pela Resolução CONAMA nº 357/05. Além disso, um escoamento superficial na bacia e o carregamento de sedimentos podem ocorrer como consequência desses eventos chuvosos e contribuir para o aumento da turbidez.
Considerando-se todos os parâmetros de qualidade da água analisados para a Bacia do Alto Ivaí, obtidos a partir das estações de monitoramento disponíveis, observou-se que apenas os trechos de corpos hídricos das estações E1, E5, E8 e
29,2 49,0 45,5 20,9 42,7 37,8 43,4 26,8 56,8 28,8 0,0 15,0 30,0 45,0 60,0 75,0 90,0 105,0 E 1 E 2 E3 E 4 E5 E 6 E 7 E8 E 9 E 10 N .T .U
E10 estiveram em conformidade com o que estabelece a Portaria SUREHMA nº 019/92 (Tabela 12).
Tabela 12 – Siglas e códigos das estações fluviométricas, e seus respectivos rios e comparação das classes de enquadramento
Siglas Estações Fluviométricas Rio Classe1 Conformidade2
E1 QUINTA DO SOL Rio Mourão 2 2
E2 UBÁ DO SUL Rio Ivaí 2 3
E3 PORTO ESPANHOL Rio Ivaí 2 3
E4 ETA – PITANGA Rio Ernesto 1 2
E5 TEREZA CRISTINA Rio Ivaí 2 2
E6 RIO DOS PATOS Rio dos Patos 2 3
E7 PORTO BANANEIRAS Rio Ivaí 2 3
E8 BARBOSA FERRAZ Rio Corumbataí 2 2
E9 ETA – CAMPO MOURÃO Rio do Campo 2 3
E10 SALTO NATAL Rio Mourão 2 2
FONTE: ANA (2019)
1Classe do Corpo Hídrico conforme a Portaria SUREHMA Nº019/92 2Conforme todos os parâmetros de qualidade analisados no trabalho
Em relação aos parâmetros de qualidade de água, os valores de coliformes termotolerantes nas estações E2, E3, E4, E6 e E7 apresentaram-se em desacordo com os valores estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/05 para as Classes estabelecidas (Tabela 4).
Tabela 13 - Tabela resumo dos resultados analisados para parâmetros de qualidade de água
Estação Rio Classe
Parâmetro de Qualidade da Água
NT NO3- N-NH3 pH P DBO E. coli OD SDT Turbidez
E1 Rio Mourão 2
E2 Rio Ivaí 2
E3 Rio Ivaí 2
E4 Rio Ernesto 1
E5 Rio Ivaí 2
E6 Rio dos Patos 2
E7 Rio Ivaí 2
E8 Rio Corumbataí 2
E9 Rio do Campo 2
E10 Rio Mourão 2
NT: nitrogênio total; NO3-: nitrato; N-NH3: nitrogênio amoniacal; P: fósforo total; DBO: demanda bioquímica de oxigênio; E. coli: Escherichia coli; OD: oxigênio dissolvido; SDT: sólidos dissolvidos totais.
De acordo com a Classe de enquadramento. Em desacordo com a Classe de enquadramento. Em desacordo com a Resolução CONAMA nº 357/05
5 CONCLUSÃO
Nas condições que foram analisadas na Bacia Hidrográfica do Alto Ivaí, os parâmetros de nitrogênio total, nitrato, nitrogênio amoniacal, pH, fósforo total, DBO, oxigênio dissolvido, sólidos dissolvidos totais e turbidez apresentaram suas médias em conformidade com os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/05, com exceção do coliformes termotolerantes (E. coli) que em uma única estação (E2) em apresentou uma média de 4016,25 NPM, estando em desacordo com a legislação.
Em relação a Portaria SUREHMA nº 019/92, apenas as estações E1, E5, E8 e E10 estiveram em conformidade com as classes estabelecidas para o enquadramento dos corpos d„água.
Dessa maneira, conclui-se que os parâmetros que por ventura tiveram alguma alteração nesse valor, teve seu valor possivelmente explicado por diversos motivos, entre eles estão os fatores climáticos, dias chuvosos ou dias secos, além de muito dessas serem provenientes de ações antrópicas, como: lançamento de efluentes sem tratamento adequado, fertilizantes e agrotóxicos provenientes de práticas agrícolas, falta de práticas conservacionistas do solo etc. Apesar dos resultados não terem se apresentado fora das condições permitidas, seria interessante uma maior fiscalização nesses locais, a fim de evitar que essas situações aconteçam.
REFERÊNCIAS
ANA - Agência Nacional de Águas. Panorama da qualidade das águas
superficiais no Brasil. 2005. Disponível em: http://biblioteca.ana.gov.br/asp/prima-
pdf.asp?codigoMidia=116574&iIndexSrv=1&nomeArquivo=20100601100047%5Fcad ernos%5Fde%5Frecursos%5Fhidricos%5F1%2Epdf. Acesso em: 21 set. 2018 ANA – Agência Nacional de Águas. Panorama do Enquadramento dos Corpos
D’água. 2007. Disponível em: http://biblioteca.ana.gov.br/asp/prima-
pdf.asp?codigoMidia=116630&iIndexSrv=1&nomeArquivo=PanoramaDoEnquadram entoDosCorposDagua%2Epdf. Acesso em: 21 set. 2018
ANA – Agência Nacional de Águas. Monitoramento da qualidade da água em rios
e reservatórios. 2013. Disponível em:
https://capacitacao.ana.gov.br/conhecerh/handle/ana/76. Acesso em 23. Set. 2018 AGUASPARANÁ – Instituto das Águas do Paraná. Descrição e diagnóstico da
unidade hidrográfica do Alto Ivaí com vistas à criação do comitê de Bacia.
2012. Disponível em: http://www.recursoshidricos.pr.gov.br/arquivos/File/CERH_- _20_RO/descricao_diagnostico_alto_ivai.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019
AGUASPARANÁ – Instituto das Águas do Paraná. Bacias Hidrográficas do Paraná
– Bacia do Rio Ivaí e Paraná I. Disponível em:
http://www.aguasparana.pr.gov.br/arquivos/File/BACIAS/ivai.pdf. Acesso em: 06 nov. 2018
ALLEN, S.E., GRIMSHAW, H.M., PARKINSON, J.A. & QUARMBY, C. 1974.
Chemical analysis of ecological materials. Oxford: Blackwell Scientific Publication ARANTES, A. G. S. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E DO SEDIMENTO
NO RESERVATÓRIO DE ABASTECIMENTO PÚBLICO DO RIBEIRÃO JOÃO LEITE – GO. GOIÂNIA: UFG, 2017. 187 p.
BARROS, R. V. G.; SOUZA, H. M. de L.; SOUZA, C. A. Determinação do índice de qualidade da água (IQA) na sub-bacia do Córrego André em Mirassol D‟Oeste, Mato Grosso. Engenharia Ambiental, Espírito Santo do Pinhal, v.8, n.3, p.138 -153, 2011. Disponível em:
http://ferramentas.unipinhal.edu.br/engenhariaambiental/include/getdoc.php?id=1766 &article=584&mode=pdf. Acesso em: 23 out. 2019
BRASIL. Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Disponível em:
http://pnqa.ana.gov.br/Publicacao/RESOLUCAO_CONAMA_n_357.pdf. Acesso em: 08 jul. 2019
BRASIL. Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de
dezembro de 1989. Diário Oficial da União Federativa do Brasil - DOU, Brasília, 9 de janeiro de 1997.
BRITES, A. P. Z. Enquadramento dos corpos de água através de metas
progressivas: probabilidade de ocorrência e custos de despoluição hídrica.
205 p. Tese (Doutorado em Engenharia Hidráulica) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010
BRITO, L. T. de; SRINIVASSAN, V. S.; SILVA, A. de S.; GHEYI, H. R.; GALVÃO, C. de O.; HERMES, L. C. Influência das atividades antrópicas na qualidade das águas da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v.9, p.596-602, 2005.
COSTA, D; KEMPKA, A; SKORONSKI, E. A Contaminação de Mananciais de Abastecimento pelo Nitrato: O Panorama do Problema no Brasil, suas
Consequências e as Soluções Potenciais. Rede – Revista Eletrônica do
PRODEMA, Fortaleza, v. 10, n. 2, p. 49-61, jul. 2016. Disponível em:
http://www.revistarede.ufc.br/rede/article/view/338/105. Acesso em: 22 out. 2019 CONSTANTINOV, G. N. Novos paradigmas dos créditos ambientais. In: FARIAS, Talden; COUTINHO, Francisco Seráphico da Nóbrega (Coord.). Direito Ambiental:
o meio ambiente na contemporaneidade. Belo Horizonte: Forum, 2010
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Relatório de qualidade das
águas interiores do Estado de São Paulo 2002. São Paulo: Cetesb, 2003 (Série
Relatórios).
D'AGUILA, P. S.; ROQUE, O. C. C.; MIRANDA, C. A. S.; FERREIRA, A. P.
Avaliação da qualidade de água para abastecimento público do Município de Nova Iguaçu. Cadernos de Saúde Pública, Nova Iguaçu, p. 791-798.
DANELON, J. R. B; RODRIGUES, S. C. Avaliação da qualidade da água e do uso da terra da bacia hidrográfica do córrego Terra Branca – Uberlândia – MG. Revista
Geográfica Acadêmica. v. 5, n. 2, 2011, p. 66-75. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/3955. Acesso em: 22 out. 2019
DANELON, J. R. B; NETTO, F. M. L; RODRIGUES, S. C. ANÁLISE DO NÍVEL DE FOSFORO TOTAL, NITROGÊNIO AMONIACAL E CLORETOS NAS ÁGUAS DO CÓRREGO TERRA BRANCA NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA (MG). REVISTA
GEONORTE, Edição Especial. v. 1, n. 4, 2012, p. 412-421. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/geografia/article/view/3955. Acesso em: 22 out. 2019
FINOTTI, A. R.; FINKLER, R.; SILVA, M.D.; Cemin, G. (2009). Monitoramento de
recursos hídricos em áreas urbanas. Caxias do Sul – RS.272p.
FINKLER, R., 2012. Planejamento, manejo e gestão de bacias. Disponível em: http://www.planejamento.mppr.mp.br/arquivos/File/bacias_hidrograficas/planejament o_manejo_e_gestao_unidade_1.pdf. Acesso: 10 set. 2018.
FURLAN, N.; CALIJURI, M. C.; CUNHA, C. A. G. Qualidade da água e do sedimento avaliada a partir da concentração de nutrientes totais. Minerva, v. 6, n. 1, p. 91-98, 2011. Disponível em: http://www.fipai.org.br/Minerva%2006(01)%2011.pdf. Acesso: 24 out. 2019
IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná. Cartas Climáticas do Paraná - Série
Histórica. 2000
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2010.
LIBÂNIO, M. Fundamentos de Qualidade e Tratamento de Água. 2ª ed. Campinas: Átamo, 2008.
MARMONTEL, C. V. F.; RODRIGUES, V. A. Parâmetros Indicativos para Qualidade da Água em Nascentes com Diferentes Coberturas de Terra e Conservação da Vegetação Ciliar. Floresta e Ambiente, v. 22, n. 2, 2015
MERTEN, G. H., MINELLA, J.P. Qualidade da água em bacias hidrográficas
rurais: um desafio atual para a sobrevivência futura. Agroecologia e
Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v. 3, n. 4, 2002. 33-38 p. MEYBEC, M.; HELMER, R. An introduction to water quality. In: CHAPMAN, D. Wate
Quality Assessments – A Guide to Use of Biota, Sediments and Water in
Environmental Monitoring. 2nd Edition Cambridge: University Press, 1996.
PEREIRA, R. S. POLUIÇÃO HIDRICA: CAUSAS E CONSEQUENCIAS. Revista
Eletrônica de Recursos Hídricos, Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSUL), v.
1, n. 1, p.20-36, 2004
PEREIRA-SILVA, E. F. L. PIRES, J. S. R., HARDT, E., SANTOS, J. E., FERREIRA, W. A., 2011. Avaliação da qualidade da água em microbacias hidrográficas de uma Unidade de Conservação do Nordeste do estado de São Paulo, Brasil. Revista
bras. Bioci. 9, 371-381.
PEREIRA, L.P.F.; MERCANTE, C.T.J. A amônia nos sistemas de criação de peixes e seus efeitos sobre a qualidade da água. Uma revisão. Boletim do Instituto de
Pesca, v. 31, n. 1, p. 81-85, 2005
SANTOS, A.C.S; MAIA, T.M.P; KROM, V. ÁGUA: UMA FONTE DE VIDA QUE VEM
CAUSANDO PREOCUPAÇÕES. VIII Encontro Latino Americano de Iniciação
Cientifica e IV Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba, 2004, 695-699 p.
SÃO PAULO (Estado). Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental.
Relatório de qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo 2002. São
Paulo: Cetesb, 2003 (Série Relatórios).
SARDINHA, D. S.; CONCEIÇÃO, F. T.; SOUZA, A. D. G.; SILVEIRA, A.; JULIO, M.; GONÇALVES, J. C. S. I. Avaliação da qualidade da água e autodepuração do
ribeirão do meio, Leme (SP). Engenharia Sanitária e Ambiental, v.13, p.329-338,
2008.
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Bacias
Hidrográficas do Paraná – Série Histórica, Curitiba, 2010.
SILVA, D.S. da; GALVÍNCIO, J.D.; ALMEIDA, H.R.R. de C. Variabilidade da qualidade de água na bacia hidrográfica do Rio São Francisco e atividades
em: http://revista.uepb.edu.br/index.php/qualitas/article/view/687. Acesso: 22 de out. 2019
SILVA, V.B da. A Qualidade Da Água No Alto Curso Do Rio Do Campo,
Município De Campo Mourão-PR. Maringá: UEM, 2014. 81 p.
SOUZA, J.R; MORAES, M.E.B; SONADA, S.L.Z; SANTOS, H.C.R.G. A importância da qualidade da água e os seus múltiplos usos: Caso Rio Almada, Sul da Bahia, Brasil. REDE-Revista Eletrônica do Prodema v. 8, n. 1, p. 26-45, 2014
SPERLING, M. V. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de
esgotos. 3ª Edição. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Editora
da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG – Belo Horizonte, 2005. SUDERHSA - Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e
Saneamento Ambiental. Atlas de Recursos Hídricos do Estado do Paraná. 1998. SUREHMA – Superintendência dos Recursos Hídricos e Meio Ambiente. Bacia do Rio Ivaí - Portaria SUREHMA Nº019/92 de 12 de maio de 1992. Portarias de
Enquadramento dos Cursos D`Água do Estado do Paraná. 1992.
TOMITA, R.Y; BEYRUTH, Z. Toxicologia de agrotóxicos em ambiente aquático. Biológico 2002; 64:135-42.
TUNDISI, J.G. Novas perspectivas para a gestão de recursos hídricos. Revista USP, n.70, São Paulo, 2006.