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PARTE I – ANÁLISE TEÓRICA

1.6. Turismo

1.6.2. Turismo Cultural e de Natureza

Para este projeto interessa definir melhor dois tipos de turismo, o Cultural e o de Natureza, que Cunha (2001, pp. 49, 51) descreve da seguinte forma:

Turismo Cultural – “Dada a impossibilidade de separar a cultura da história, o turismo cultural inclui as viagens provocadas pelo desejo de ver coisas novas, de aumentar os conhecimentos, conhecer as particularidades e os hábitos doutros povos, conhecer civilizações e culturas diferentes, do passado e do presente, ou ainda a satisfação de necessidades espirituais (religião).

Os centros culturais, os grandes museus, grandes monumentos religiosos (catedrais, mesquitas, templos budistas), os locais onde se desenvolveram no passado as grandes civilizações do mundo, os grandes centros de peregrinação, o pitoresco ou «cor local» (Smith, 1989) ou a cultura camponesa constituem as preferências dos turistas que se deslocam pelos motivos acima referidos. Podemos ainda incluir neste tipo as viagens de estudo.”

Para Leeuwen e Nijkamp (2011) a herança cultural é um ativo firme para qualquer destino turístico e menos sujeito à sazonalidade causada pelo tempo e pelo clima. Uma significativa parte da história cultural do mundo está retratada nas relíquias construídas pelo homem no passado que têm um valor social nobre e único a que muitas vezes se chama herança cultural. Este é um conceito amplo que não inclui apenas castelos, museus ou igrejas, mas também valores mais complexos como paisagens históricas e outros. Também o Turismo de Portugal, I. P. (2012) considera que o turismo é, cada vez mais, um importante fator dinamizador da preservação, fruição e valorização do património cultural e artístico de Portugal. De entre os diversos elementos patrimoniais, os museus e monumentos são vetores essenciais da oferta turístico-cultural, contribuindo para a diferenciação dos destinos e para o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio turístico. O Turismo Cultural assume-se como um produto estratégico que fomenta a fruição do património cultural, mas, também, gera outputs económicos relevantes para os diferentes agentes da cadeia de valor da atividade turística.

Para Cunha (2001), a Cultura sempre foi um dos mais importantes fatores de desenvolvimento do turismo e tem vindo a acentuar-se cada vez mais. De acordo com o autor grande parte das viagens realizam-se para destinos que dispõem de fatores culturais notáveis, como por exemplo os locais históricos, monumentos, centros arqueológicos, centros de peregrinação, concentrações de caráter étnico e muitos outros. Os museus representam assim, para o autor, uma forma de criar artificialmente alguns dos fatores culturais. Também Baptista (2003) refere a importância do património histórico [muitas vezes representado em museus] e arqueológico como componente das atrações turísticas.

Turismo de Natureza – “O turismo de natureza manifesta-se de duas maneiras diferentes: o turismo ambiental e o turismo ecológico (Graburn, 1998). O ambiental

relaciona-se com os vários aspetos da terra, do mar e do céu e com o seu estado de pureza; por sua vez, o turismo ecológico ou ecoturismo inclui as viagens para as áreas naturais com o fim de observar e compreender a natureza e a história natural do ambiente tendo o cuidado de manter inalterável a integridade do ecossistema (Ecoturism Society).

A motivação dominante reside no desejo de «regresso à natureza», na contemplação do meio natural e na evasão ao meio urbano. Os visitantes apreciam atravessar as montanhas e as florestas e observar as relações entre as pessoas e a terra. Inclui as visitas ou atividades relacionadas com a agricultura, tais como a produção de chá e criação de animais exóticos. Os destinos típicos são o Grand Canyon ou o Yellestown, nos EUA, os Picos da Europa em Espanha, o Gerês em Portugal ou o Pantanal no Brasil e em geral todos os locais que possibilitam a fotografia, o alpinismo, a canoagem, a observação das aves (bird watching), etc.”

Para Baptista (1990) o meio ambiente constitui um dos fatores essenciais a ter em conta para a atração dos turistas. O autor refere ainda que o meio ambiente não é constituído apenas pelo sol, pelo clima, pela praia, pela montanha ou pelo rio, além da natureza, existem importantes partes do meio ambiente criadas pelo Homem, como o património histórico e arquitetónico. Cunha (2001) refere que não existem barreiras ou separações entre os diversos tipos de turismo, existindo destinos turísticos onde coexistem vários tipos de turismo.

Para Ruschmann (2008) a interação entre turismo e natureza é incontestável pois a natureza constitui a matéria-prima da atividade. Devido à deterioração dos meios urbanos, as pessoas procuram cada vez mais nas suas férias e fins de semana regiões com belezas naturais, mas é fundamental analisar os possíveis efeitos negativos deste tipo de turismo e criar condições para os evitar. Para o autor é muito importante um turismo organizado e bem pensado, para que os turistas e o turismo de natureza não afetem a própria natureza. Este tipo de turismo carateriza-se pelo envolvimento físico dos seus participantes durante a viagem e divide-se em hard (com participação intensa) e soft (com participação leve, sem grandes desgastes físicos).

Definição de Museu

De acordo com o ICOM (2007) um museu é uma instituição permanente sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o património material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite.

A Lei Portuguesa14 define museu como uma instituição de caráter permanente, com ou sem personalidade jurídica, sem fins lucrativos, dotada de uma estrutura organizacional que lhe permite:

a) Garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e valorizá-los através da investigação, incorporação, inventário, documentação, conservação, interpretação, exposição e divulgação, com objetivos científicos, educativos e lúdicos;

b) Facultar acesso regular ao público e fomentar a democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da sociedade.