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2.3 A CONTEXTUALIZAÇÃO DO TURISMO NA REALIDADE BRASILEIRA

2.3.3 Florianópolis

2.3.3.2 Turismo e entidades de classe

A falta de dados, números de cada setor, dificulta comparativos entre baixa e alta temporada de turismo em Florianópolis, mas a experiência das entidades faz com que estatísticas, feitas por observação, sejam utilizadas.

A ABIH/SC (Associação Brasileira da Indústria Hoteleira de Santa Catarina) mostra que, na temporada de verão, a ocupação nos hotéis da praias chega a quase 100%; já na baixa temporada, até 1998, a ocupação era praticamente um traço nas estatísticas. Esta sazonalidade foi amenizada pela construção do Centro de Convenções de Florianópolis, inaugurado em junho de 1998. Hoje em dia, muitos hotéis de Florianópolis estão sobrevivendo graças ao grande número de eventos que vem acontecendo na Ilha. Muitos destes hotéis mudaram as instalações para se adaptar ao novo hóspede: o do turismo de eventos, que é mais exigente.

Criaram espaços para reuniões, seminários, workshops, tudo voltado ao turismo de negócios. Muitos dos grandes eventos abrigados pelo Centro de Convenções de Florianópolis acabam refletindo em pequenas reuniões de empresas ou grupos empresariais nos hotéis. O Costão do Santinho Resort aposta que hoje de 70 a 80% do movimento são frutos dos eventos. O hotel Engenho Velho e o Praiatur, ambos localizados em praias, são dois exemplos de adaptação, construíram espaços para eventos anexos aos hotéis. O turismo de eventos influenciou também no aumento de leitos que, em 2003, já somavam 1.800. Como as temporadas de verão estão cada vez mais curtas, o que os hoteleiros ainda reinvindicam é um espaço para eventos no norte da Ilha, já que os hoteleiros alegam que os hotéis das praias do norte não são beneficiados com os eventos que acontecem no CentroSul. Mas os números apontam uma sensível diferença, um acréscimo de aproximadamente 10% na ocupação dos hotéis da região da orla norte na baixa temporada. No centro, o aumento é bem mais significativo: cerca de 30%. O turismo de eventos foi a salvação para a rede hoteleira, tendo em vista que permitiu aos hotéis do centro da cidade trabalhar acima da média brackpoint. E assim como os restaurantes, os hotéis também se profissionalizaram, investiram na qualificação da mão-de- obra e do equipamento, mas, mesmo assim, os hoteleiros reconhecem que nem todos estão preparados para receber turistas estrangeiros, falta adequação. O turismo de negócios forçou a hotelaria a se modernizar e qualificar pessoal, mas ainda faltam serviços 24 horas e atendimento bilíngue. As escolas de hotelaria e turismo, que se instalaram nos últimos anos na região da Grande Florianópolis, estão qualificando a mão-de-obra, mas ainda faltam profissionais qualificados de nível médio, como: porteiros, camareiras e mensageiros.

A ABRASEL/SC (Associação Brasileira de Bares, Restaurantes e Empresas de Entretenimento de Santa Catarina) saiu na frente e criou um guia de restaurantes e bares em Florianópolis, onde o turista pode encontrar os serviços oferecidos em cada estabelecimento associado à entidade, o que significa que um reduzido número de empresas está representado

neste material, somente aquelas que fazem parte da ABRASEL/SC. O esforço da entidade vem melhorando os serviços.

Depois da intervenção do turismo de eventos na Ilha, os restaurantes da região vivem uma nova fase. Antes, os proprietários se preparavam só para a temporada de verão; agora, com o turismo de eventos, que movimenta a Ilha exatamente no período de baixa temporada, foram feitas algumas adaptações. Este novo público, mais exigente, requer novos investimentos.

O que se observa hoje nos restaurantes da capital é uma melhoria nas instalações, na qualidade de mão-de-obra, um melhor cardápio com pratos mais elaborados e cozinhas internacionais, funcionários aptos nas funções correspondentes devido aos treinamentos que vêm sendo ministrados. Tudo isto devido à exigencia do turismo de eventos, pois estes turistas pagam melhor, mas são bem mais exigentes.

Como não existem dados atualizados, não se tem como fazer um comparativo, mas segundo o presidente da ABRASEL, Luciano Bartolomeu, é visível a abertura de novas casas em Florianópolis depois da instalação do CentroSul.

O processo vem se aprimorando a cada dia, já que antes é necessário conhecer o perfil deste novo turista que, desde 1998, tem estado com freqüência na Ilha. Os donos de restaurantes observaram ainda que, na época que antes era considerada de baixa temporada, de março a dezembro, os lucros já aumentaram bastante: foi um acréscimo de 40% se comparado ao mesmo período de 1997.

Mesmo com o lucro garantido, alguns problemas ainda são detectados pelos turistas de eventos: o primeiro é o grande número de casas fechadas durante grandes eventos, muitas vezes ocasionados pela falta de informação, já que abrir a casa neste período só para a população de Florianópolis não é lucrativo e se o proprietário do restaurante não for comunicado do evento, muitas vezes, o estabelecimento é encontrado fechado. Outro

problema facilmente detectado é o grande número de restaurantes que não aceitam cartão de crédito. Segundo o presidente da ABRASEL, as empresas de cartão de crédito não são parceiras e cobram taxas médias de 5%, sendo que o lucro de algumas casas é muito pequeno, valendo mais a pena perder o cliente do que aceitar cartão. O maior lucro hoje em Florianópolis, entre os restaurantes associados da ABRASEL, é de 20%, segundo o presidente da entidade.

A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis) vê o turismo como um grande filão para o incremento da economia e defende o turismo não sazonal, aquele que ocorre durante o ano todo, independente da estação. Segundo a CDL, o número de turistas que visitam a cidade por motivo de eventos ainda é muito pequeno, no entanto, é fato que estes turistas deixam aqui mais recursos que as pessoas que vêm para o lazer, uma situação que merece ter mais atenção e projetos específicos, segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis, Kissao Thais. Incentivar o turismo de negócios é um dos objetivos da CDL, que pretende trazer as pessoas de volta para o coração da cidade – o centro, onde se encontra a maior concentração de lojas de Florianópolis. “Isso trará conseqüências diretas para o comércio, como incremento nas vendas e a geração de empregos”, finaliza Thais.

A função básica dos Convention & Visitors Bureau, em qualquer cidade, é atrair eventos para os municípios para que estes atraiam turistas e gerem receitas, uma fórmula simples de não depender apenas dos turistas de verão, que, em Florianópolis – devido às belezas naturais e ao marketing externo – já vêm com freqüência e em grande volume, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Um cálculo que parece simples, mas em Florianópolis tem se mostrado bem complexo e não vem acontecendo com êxito. Para o diretor executivo do Convention Bureau de Florianópolis, Leopoldo Fiewski, o que falta é uma pesquisa prévia por parte dos organizadores de eventos para conhecer as necessidades e os anseios do público que está vindo para Florianópolis. Não existe hoje uma atitude pró-ativa

para atrair clientes por parte dos organizadores de eventos – maior fonte de riqueza de turismo na nossa cidade atualmente. Eles chegam na Ilha e se sentem desamparados. “O que falta é espírito de corpo em Florianópolis, em todos os segmentos, para encadear o processo e fazer com que todos os segmentos faturem mais”, explica Fiewski.

A solução para estes problemas parece mais simples do que se possa imaginar. Primeiramente, colocar todas as entidades interessadas no incremento turístico na mesma mesa para que conversem e cheguem a um denominador comum de transmissão de informação para o turismo de eventos começar a fluir como um negócio lucrativo para os mais diversos segmentos que a Ilha possui. O Covention & Visitors Bureau de Florianópolis serviria como um órgão de suporte e atuaria ainda na promoção institucional entre prefeitura e governo.

Hoje, o Covention & Visitors Bureau de Florianópolis possui 51 associados e o maior prejuízo para estes empresários pode vir pela falta de apoio do governo do Estado, que, atualmente, não está dando o devido valor para o turismo de negócios da capital.

Não obstante ter-se apresentado a contextualização do turismo na realidade brasileira, é necessário, para que se compreenda melhor o propósito deste estudo, que se conceitue o que é Turismo. Desse modo, a seguir, apresenta-se a concepção dos autores selecionados neste trabalho.

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