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IV. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

3. G RUPOS DE TRABALHO TURMAS

3.1. Turma de Aldoar (BB)

3.1.1. Caraterização geral

A turma foi constituída por 9 alunos, 8 (88.9%) do sexo feminino e 1 (11.1%) do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 74 e os 89 anos de idade (tabela 1).

Turma de Aldoar (BB) Sexo Feminino Sexo masculino Total

Média ±DP Média ±DP

Idade (anos) 83,3 6,09 84,0 83,4 5,70 Peso (kg) 64,4 9,23 80 66,4 10,00 Estatura (m) 1,51 0,05 1,66 1,53 0,07 IMC (kg/m²) 28,2 3,74 29,0 28,3 3,51 Legenda - Kg - quilogramas, m - metros, kg/m² - quilogramas por metros quadrado. DP Desvio Padrão

Tabela 1 – Caracterização da turma de Aldoar - Boby & Brain (BB)

Da análise da figura 2, verificamos que 90% da turma tem excesso de peso ou obesidade.

Figura 2 - Distribuição do IMC de acordo com os valores normativos da OMS da turma de Aldoar - Boby & Brain (BB) 10% 90% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Normal Excesso peso/Obesidade

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Os valores obtidos na avaliação inicial da condição física e funcional da turma Aldoar relativamente aos valores da população portuguesa do Livro Verde de Aptidão Física, encontra-se refletido na tabela 2.

Turma de Aldoar (BB)

Sexo Feminino - Grupo etário 65 - 74 anos Testes IMC FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Média 36,3 -25,0 -11,0 9 8 7,48 40 Percentil 85 - 95 ↓25 ↓25 ↓25 ↓25 ↑75 N/A

Sexo Feminino - Grupo etário 75 - 84 anos Testes IMC FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Média 28,03 -25,8 -18,8 12 7,3 11,3 87,7 Percentil 50 - 75 25 - 50 ↓25 25 - 50 ↓25 50 - 75 N/A

Sexo Feminino - Grupo etário ≥ 85 anos Testes IMC FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Média 24,7 -38,2 -17,0 12,5 11 20,93 71,5 Percentil 25 - 50 ↓25 ↓25 50 - 75 50 - 75 ↑75 N/A

Sexo Masculino - Grupo etário 75 - 84 anos Testes IMC FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Média 28,9 -38,0 -20,0 12 7 14,23 80 Percentil 50 - 75 ↓25 25 25 ↓25 ↑75 N/A Legenda: Flexibilidade = cm = centímetros; força = reps = repetições; agilidade = seg. = segundos; aptidão = metros =

m; Bold (significância estatística); IMC - Índice massa corporal, KG/m²- Quilogramas por metro quadrado, cm – centímetros , reps – repetições, seg. – segundos, FL.M.S. – flexibilidade de membros superiores, FL.M.I. – flexibilidade

de membros inferiores; FO. Força; AG Agilidade; A.CARD Aptidão Cardio

Tabela 2 - Análise comparativa do percentil médio da turma de Aldoar – Boby & Brain (BB), relativamente á população portuguesa

De uma forma geral podemos observar que a turma apresenta valores abaixo do percentil 50 particularmente na flexibilidade de membros superiores e inferiores e força de membros inferiores. Por outro lado, apresenta valores bastante positivos no teste de agilidade.

Patologias

Esta turma faz parte do projeto “Body & Brain”, apresentando como característica o facto dos idosos terem demência. É essencialmente constituída por idosos inativos, e todos institucionalizados. Neste âmbito a adequação do treino a esta população, consideradas as suas patologias, foi concordante com os objetivos do referido projeto.

40 Plano anual da turma Aldoar (BB)

O programa teve a duração de 9 meses, com treinos bissemanais de exercício multicomponente, realizados no decorrer do período da manhã, com uma duração de 60 minutos.

Conforme apresentado na figura 3, as aulas foram divididas em 3 partes. O aquecimento com 5 minutos de caminhada, a parte fundamental da aula constituída por resistência aeróbia (20 minutos seguidos ou alternados 10 mais 10) e exercícios de força (10 a 15 minutos), seguido do trabalho de equilíbrio e coordenação com uma duração de 10 minutos (exercícios com orientação espacial, corporal e lateralidade), e por último o relaxamento, envolvendo exercícios de flexibilidade dos membros superiores e inferiores (5 minutos).

Apesar das avaliações iniciais foi privilegiado o trabalho da resistência aeróbia e de força, dada a sua importância para a autonomia do idoso. No início existiu um período de adaptação de duas semanas para familiarização com os exercícios e socialização.

Justificação do plano

O plano anual da turma de Aldoar foi estruturado consoante o descrito no artigo Feasibility and Impact of a Multicomponent Exercise Intervention in Patients With Alzheimer’s Disease: A Pilot Study (Borges-Machado et al., 2018).

O programa teve a duração de 6 meses com 2 sessões por semana, de 60 minutos, em dias não consecutivos, realizadas no período da tarde. Cada uma das sessões é dividida em três partes, 8 a 10 minutos de aquecimento, 40 a 45 minutos de treino específico, incluindo 10 a 15 minutos de exercícios aeróbicos, 10 a 15 minutos de treino de força, 10 a 15 de treino de coordenação/equilíbrio e por fim 5 a 10 minutos de retorno à calma com exercícios de respiração e alongamento.

O planeamento seguido e disponibilizado pela investigadora responsável pelo programa e o que esta descrito de seguida. Este planeamento e referente a uma investigação em curso que procura otimizar um programa de exercício físico a

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idosos com demência e rege-se pela literatura atual e anteriormente apresentada na revisão da literatura.

Figura 3 - Programa de exercício Turma Aldoar (BB)

3.1.2. Analise de resultados

Numa primeira análise foi avaliada a evolução dos resultados entre o momento inicial e o final, através do cálculo da percentagem de alteração simultaneamente enquadrados face à população portuguesa. No final da tabela serão apresentadas as diferenças obtidas entre o momento inicial e final em cada componente do SFT.

Quando analisamos os elementos da turma com uma frequência igual ou superior a 50%, não são verificadas melhorias estatisticamente significativas entre a primeira e a segunda avaliação. Esta ausência de resultados estatisticamente significativo pode dever-se a vários fatores como o reduzido número de elementos que constituíram a amostra ou não cumprimento do estímulo preconizado nas diretrizes do FITT-VP recomendadas pelo ACSM 2018 (American College of Sports Medicine, 2018), particularmente ao nível da intensidade e frequência semanal. Na verdade, o planeamento anual previsto não foi cumprido nas suas intensidades dada a ausência de resposta favorável por parte dos idosos.

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No entanto podemos verificar algumas melhorias ligeiras, através da % média de alteração, em grande parte dos testes, que mesmo que pouco expressivas são importantes na medida em que não se verificou redução da capacidade funcional respetiva (Matsudo et al., 2008) como seria expectável.

Legenda: Flexibilidade = cm = centímetros; força = reps = repetições; agilidade = seg. = segundos; aptidão = metros = m; Bold (significância estatística); IMC - Índice massa corporal, KG/m²- Quilogramas por metro quadrado, cm – centímetros , reps – repetições, seg. – segundos, FL.M.S. – flexibilidade de membros superiores, FL.M.I. – flexibilidade

de membros inferiores; FO. Força; AG Agilidade; A.CARD Aptidão Cardio

Tabela 3 - Comparação entre a 1ª e 2ª avaliação do Senior Fitness Test da turma de Aldoar - Boby & Brain (BB)

Verificaram-se melhorias com impacto na alteração de percentis, quando comparados com a população portuguesa (Observatório Nacional da Actividade Física e do Desporto, 2011), em todos os escalões etários na força de MI e MS. Houve ainda ligeiras alterações positivas de percentil na flexibilidade de MI nos homens e nas mulheres com ≥85 anos. Importa notar também a recessão na agilidade das mulheres do grupo etário mais avançado.

Estes resultados devem ter, contudo, em conta a capacidade de compreensão dos testes por parte da turma que poderá ter afetar em parte estes valores.

Turma de Aldoar (BB)

Sexo Feminino - Grupo etário 75 - 84 anos

Testes FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Avaliação 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª Média -25,8 -26 -18,8 -18 12 14 7,3 9,5 11,3 10,4 87,7 112,5 Desvio padrão 2,3 7,9 19 1,4 1,2 0,5 2,4 1,1 7,9 2,5 % Méd. alteração -0,8% 4,3% 16,7% 30,1% 8,7% 28,3% Percentil 25-50 25-50 ↓25 ↓25 25-50 50 ↓25 25-50 50-75 50-75 N/A

Sexo Feminino - Grupo etário ≥ 85 anos

Testes FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Avaliação 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª Média -38,3 -44 -17 -5 12,5 20 5 11 13 10,7 71,5 120,0

Desvio padrão 7,8 7 1,5 5 40,5

% Méd. alteração -14,9% 70,6% 60,0% 120,0% 21,5% 67,8% Percentil ↓25 ↓25 ↓25 25-50 50-75 ↑75 25-50 50-75 50-75 25-50 N/A

Sexo Masculino - Grupo etário 75 - 84anos

Testes FL.M.S. FL.M.I. FO.M.S. FO.M.I. AG. A. CARD. Avaliação 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª Média -38 -46 -20 -11 12 17 7 9 14,2 14,8 80.0 118,0 % Méd. alteração -21,1% 45,0% 41,7% 28,6% -4,1% 47,5% Percentil ↓25 ↓25 ↓25 25-50 25 50-75 ↓25 25-50 ↑75 ↑75 N/A Valor P. 0,109 0,109 0,180 0,109 0,593 0,102

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Desta forma, parece que o trabalho de força mostrou melhores resultados, na nossa opinião, porque os idosos permaneciam maioritariamente sentados ou com apoio durante a execução destes exercícios. Contrariamente, o trabalho de agilidade e aeróbio, poderá ter sido afetado pela insegurança que os idosos reportavam ao permanecerem de pé e em movimento, impedindo-os, o medo de cair, de realizar uma boa parte dos exercícios. Será então importante refletir sobre as possibilidades de trabalho aeróbio com este tipo de população, como por exemplo recorrer a bicicletas manuais.

Como referido anteriormente, acreditamos que o estímulo possa não ter sido o suficiente para vermos melhorias mais significativas. Por exemplo a frequência semanal por grande parte da turma foi inferior a 2x semanais impossibilitando assim o cumprimento das recomendações para melhoria da aptidão cardiorrespiratória de 150 minutos semanais (American College of Sports Medicine, 2018).

Contudo, e de acordo com as recomendações para pessoas com demência (American College of Sports Medicine, 2019) procuramos aumentar o tempo em atividade física de acordo com as capacidades dos idosos. Conseguimos aumentar o tempo reportado em movimento e em pé e diminuímos o tempo que passavam sentados (U.S. Department of Health and Human Services, 2018). A intensidade das aulas foi ajustada de acordo com o nível inicial dos alunos, no entanto o estímulo poderá não ter sido o mais adequado uma vez que os idosos não atingiam a intensidade moderada necessária particularmente nos exercícios aeróbios e relatavam dores nas articulações ombros e joelhos e, levando-nos a diminuir a intensidade e até suspender o treino. Apesar dos idosos relatarem uma intensidade moderada através da escala de borg, as expressões faciais mostraram que estariam a praticar uma intensidade leve.

Assim na nossa opinião para este trabalho ter maiores resultados seria importante reduzir o tempo total passado sentado e intercalar sessões curtas e frequentes de permanência de pé e de exercício físico entre períodos de atividade sedentária ao longo do dia (U.S. Department of Health and Human Services, 2018). Outra sugestão, seria realizar as sessões da parte da manhã uma vez que a investigação nos diz que será o período onde apresentam menos sintomas (American College of Sports Medicine, 2019).

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