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ual and gender diversity in the university environment

No documento REVISTA COMPLETA (páginas 74-76)

Roberto Alves Reis

Professor do Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una, Belo Horizonte Jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Coordenador do projeto de extensão Una-se contra a LGBTfobia

robertocomunica@yahoo.com.br

Jacson Dias

Graduando em Cinema e Audiovisual pelo Centro Universitário Una, Belo Horizonte Integrante do projeto Una-se contra a LGBTfobia.

jacsonbaco@hotmail.com

Gael Benitez

Graduando em Jornalismo Multimídia pelo Centro Universitário Una Integrante do projeto Una-se contra a LGBTfobia.

gaelcbenitez@gmail.com

Resumo: O presente artigo resgata a trajetória do Una-se contra a LGBTfobia, projeto de extensão

vinculado ao Instituto de Comunicação e Artes do Centro Universitário Una, de Belo Horizonte. Desde 2011, o projeto promove ações em prol de uma cultura de respeito à diversidade sexual e de gênero no ambiente universitário.

Palavras-chave: LGBT, Direitos Humanos, Universidade.

Abstract: In this article the author describes the trajectory of “Una-se contra a LGBTfobia”, an exten-

sion project situated in the Institute of Communication and Arts of Una University Center. Since 2011, this project promotes actions for a respect culture for sexual and gender diversity in the university.

Keywords: LGBT, Human Rights, University.

Recebido em: 01/10/2016 – Aceito em: 06/01/2017 Introdução

E

studiosos têm apontado a escola no Brasil como uma das instituições em que situações de homo- fobia e transfobia são frequentes no dia a dia de estudantes. Pesquisas evidenciam que a escola e a família “se revezam como o primeiro e o segundo pior espaço de discriminação homofóbica” (PRADO; JUNQUEIRA, 2011, p. 59). “Consentida e ensinada na escola, a homofobia expressa-se pelo desprezo, pelo afastamento, pela imposição do ridículo” (LOURO, 1999, p. 29). Homofobia e transfobia mani- festam-se de diferentes maneiras no cotidiano escolar de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, ou seja, dos estudantes LGBT.

Tratamentos preconceituosos, medidas discriminatórias, ofensas, constrangimentos, amea- ças e agressões físicas ou verbais têm sido uma constante na vida escolar e profissional de jovens e adultos LGBT. Essas pessoas vêem-se desde cedo às voltas com uma “pedagogia do insulto”, constituída de piadas, brincadeiras, jogos, apelidos, insinuações, expressões desqualificantes – poderosos mecanismos de silenciamento e de dominação simbólica (JUNQUEIRA, 2009, p. 17).

Miskolci (2010, p. 79) ressalta que, “durante muito tempo, a escola e, em especial, a sala de aula foram encaradas como locais sexualmente neutros. A formação de educadores e o comportamento que deles se esperava enfatizavam seu caráter supostamente sexuado”. No entanto, para o autor, a escola nunca foi neutra. Um indicativo seria o silêncio dos educadores frente a estudantes que não se ade- quariam ao comportamento da maioria. “O silêncio e a tentativa de ignorar o diferente são ações que denotam cumplicidade com valores e padrões de comportamento hegemônicos“ (MISKOLCI, 2010, p. 80). O silêncio quer eliminar o incômodo causado por aquele que escapa da norma.

Na verdade, o que se estabelece no espaço escolar é algo mais complexo e violento do que se pode parecer à primeira vista. A identidade e a classificação dos ‘estranhos’ revelam a certeza de que as crianças e os jovens aprenderão a ser ‘normais’ não apenas por meio de bons exemplos, mas também pelo reconhecimento e pela rejeição daqueles que constituem ‘maus exemplos’. A escola ensina a estranhar aqueles que manifestam interesses sexuais por colegas do mesmo sexo, portanto, tem papel ativo na transformação de sua diferença em algo que espera que os outros estudantes venham a identificar como incorreto, inaceitá- vel e até mesmo desprezível (MISKOLCI, 2010, p. 80).

Vale salientar que pesquisas recentes indicam que o quadro não é muito diferente no ambiente universitário: persiste um alto grau de preconceito entre os estudantes e o tempo passado na universi- dade interfere pouco em ideias pré-concebidas referentes à diversidade sexual e de gênero, embora o nível de preconceito varie de acordo com características sociodemográficas e crenças religiosas1.

Como pano de fundo, na sociedade brasileira, encontra-se um quadro de intensa violência contra pessoas LGBT. Apenas em 2015, 318 LGBT foram assassinados por crimes de ódio, de acordo com o Grupo Gay da Bahia, ONG responsável por levantar esses números2. O país ocupa o primeiro lugar no

ranking de assassinato de travestis e transexuais, de acordo com a ONG Internacional Transgender Eu-

rope. De janeiro de 2008 a dezembro 2015, foram 802 assassinatos3. Ao lado da violência física, outras

formas de violência – humilhações, exclusões, silenciamentos e negação de direitos – ainda vicejam em várias instituições do país. “Cada insulto proferido evoca, assim, a existência de uma ordem sexual e de uma hierarquia. Portanto, a primeira tarefa pedagógica consistiria em questionar essa

ordem heterossexista e em enfatizar que a hierarquia de sexualidades é tão detestável quanto a de raças ou de sexos.” (BORRILLO, 2010, p. 109). Esse trabalho de des- construção reverbera e reforça a própria noção de democracia presente nas sociedades contemporâneas.

Na realidade, a homofobia constitui uma ameaça aos valores democráticos de compreensão e respeito por outrem, no sentido em que ela promove a desi-

1Para mais informações ver:

COSTA, Angelo Brandelli et al. Prejudice toward gender and sexual diversity in a Brazilian Public Uni- versity: prevalence, awareness, and the effects of Education. Sexuality Research and Social Policy, v. 12, p. 261-272, dez. 2015.

2Disponível em: <https://homofo-

biamata.wordpress.com/>. Acesso em: 11 set. 2016.

3Disponível em:

<http://tgeu.org/transgender-day- of-visibility-2016-trans-murder- monitoring-update/>. Acesso em: 11 set. 2016.

gualdade entre os indivíduos em função de seus simples desejos, incentiva a rigidez dos gêneros e favorece a hostilidade contra o outro (BORRILLO, 2010, p. 106).

Fica, portanto, a questão formulada por Miskolci (2010, p. 84): “Diante do exposto, o que a es- cola e mais especificamente, os educadores podem fazer? Quebrar o silêncio sobre a sexualidade e suas modalidades é um bom começo” .

No documento REVISTA COMPLETA (páginas 74-76)