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3. O NOVO CONTEXTO E AS PRÁTICAS ACTUAIS

3.7. UM ESTUDO SOBRE AS MELHORES PRÁTICAS EM TT

Um estudo levado a cabo pelo “Oxford Centre for Innovation” tentou compilar as melhores pratica que facilitam a transferência de tecnologia, a partir dos dados recolhidos para um concurso aprovado em 1995 pelo então Ministro da Ciência e Tecnologia, realizado pelo “Department of Trade and Industry” para premiar os intermediários que facilitam (e efectivam com sucesso) a transferência de tecnologia entre a academia e a industria [OXF95].

O estudo realçou um conjunto de “processos” de transferência de tecnologia e tarefas a serem desempenhadas pelas estruturas de interface de forma a facilitar o desenvolvimento de tais processos (processos e tarefas não mencionados nos formulários de candidatura aos prémios não foram considerados no estudo).

Foram também compiladas as mensagens chave mais importantes a partir dos dados recolhidos e processados dos intermediários que participaram deste evento.

3.7.1. Mensagens chave

Em primeiro lugar, a mensagem mais importante é que a Transferência de Tecnologia pode ser um processo recompensador tanto financeira como intelectualmente. O sucesso na Transferência de Tecnologia aumenta indubitavelmente o status de qualquer universidade ou instituição de investigação [OXF95].

Também, como mensagens chave, temos as seguintes:

 Transferir tecnologia pode ser um processo muito complexo e, assim sendo, é vantajoso haverem estruturas de interface – intermediários, que tenham uma boa percepção da legislação, do negócio e ao mesmo tempo ter alguns conhecimentos técnicos da área em causa.

 O processo requer quase sempre paciência e um pensamento estratégico desde o projecto conceptual até a comercialização.

 Spin-outs podem ser muito eficientes para: o Levar novas tecnologias ao mercado,

o Gerar retornos significativos à instituição e aos indivíduos envolvidos e

o Retornar informação importante sobre a qualidade da investigação.

 O licenciamento de propriedade intelectual para utilização num negócio em funcionamento também pode valer a pena, e até é preferível se facilitar a sua entrada no mercado mais rapidamente.

 Acções de formação profissional voltadas à indústria e outras empresas constroem uma relação academia-indústria de longo prazo, proporcionando assim uma excelente via para a Transferência de Tecnologia em variadas circunstâncias e/ou oportunidades.

3.7.2. Os processos mais utilizados

Dez diferentes processos de transferência de tecnologia foram identificados dos dados retirados das candidaturas dos participantes do concurso. Na Tabela 7 vemos estes processos listados e ordenados de acordo com a frequência em que foram empregues pelos participantes.

Tabela 7 – Processos de Transferência de tecnologia segundo “Oxford Centre for Innovation” Uma análise posterior da informação recolhida pelo “Department of Trade and Industry” e reorganizados de acordo com os resultados ponderados das melhores instituições de interface (chamados de intermediários), levou a identificação dos 4 seguintes processos de transferência de tecnologia como sendo as melhores praticas:

 Criação de Spin-out,

Consultoria Uma equipa técnica de uma universidade ou instituição de investigação produz um documento de aconselhamento em troca de um pagamento.

Investigação por contrato

Tipicamente trabalhos efectuados por uma equipa de

investigadores da universidade ou instituição de investigação que são financiados por uma empresa que explora a tecnologia em causa.

Licenciamento de

tecnologia Usualmente baseado em patentes e “know-how” de propriedade da universidade ou instituição de investigação.

Transferência de pessoal

Normalmente uma transferência de pessoas com conhecimento da tecnologia em causa para a empresa que explora e utiliza uma ideia.

Iniciativas de grupo Programas que juntam vários parceiros e que produzem trocas de conhecimentos e transferência de tecnologia entre os parceiros.

Promoção de vendas Actividades de conscientização sobre uma tecnologia ou as tecnologias (ou produtos, conhecimentos, etc.) disponíveis para comercializar/transferir.

Contactos

interdisciplinares Processos específicos em que aquelas interacções são chaves para resolver um problema ou criar uma nova tecnologia.

Programas de

formação Tipicamente programas para explicar o valor de uma tecnologia e como poderia ser usada.

Marketing directo Marketing pro-activo de uma tecnologia aos potenciais exploradores/utilizadores.

 Investigação por contrato,  Licenciamento de tecnologia e  Contactos interdisciplinares.

Muito se pode dizer sobre este estudo. Mas o mais importante para nós é que devemos ter em mente que o estudo realizado, para começar, foi feito num cenário e região específicos, além de ter sido feito numa época em que a grande revolução das TICs ainda estavam no início. Acreditamos, por isso, que não podemos dizer que as “melhores práticas” aqui mencionadas valem para todos.

Acrescentamos ainda que não falaremos em “melhores práticas”. Antes, preferimos as “práticas mais adequadas” para um dado cenário ou as “práticas actuais”.

3.7.3. O papel do intermediário no processo

Vários estudos têm vindo a confirmar o importante papel das estruturas de interface nos processos de transferência de tecnologia. Inclusive o estudo que estamos a comentar.

Mais uma vez, da informação retirada dos dados recolhidos, foi possível identificar 15 procedimentos genéricos. Na Tabela 8 vemos estes procedimentos (ou tarefas a cargo das estruturas de interface) listados na sequência em que eram empregues.

Uma análise posterior mostrou que as tarefas mais empregues eram as seguintes:

 Atrair investidores,

 Desenvolver planos e estratégias,  Avaliação de mercado e

Aconselhamento Inclui o aconselhamento aos investigadores que desenvolvem a tecnologia e outros actores envolvidos no processo de TT. Identificação de clientes Para as novas tecnologias e/ou novos processos, e para aqueles que poderiam beneficiar dos serviços disponíveis. Publicitar a tecnologia No meio empresarial, nas redes de TT e em sectores empresariais seleccionados. Assegurar direitos de

propriedade intelectual Inclui a gestão dos processos de patentes e resolução de problemas de propriedade intelectual.

Preparação de contratos Inclusive aqueles necessários para iniciar projectos de investigação e os ligados à exploração de novas tecnologias. Disponibilização de

meios (“facilities”)

Meios que permitam a continuidade de actividades de investigação em parcerias ou meios para exploração da tecnologia.

Identificação de Propriedade Intelectual

Frequentemente através de processos de auditorias

tecnológicas em busca daquelas com propriedade intelectual com bom potencial comercial.

Assegurar fundos de apoio ao

desenvolvimento Inclui a busca de fundos de fontes públicas e privadas. Negociação de acordos Tarefa essencial que deve anteceder as investigações em colaboração, e também na altura do licenciamento de uma

tecnologia ou criação de um nova empresa.

Formação Normalmente para esclarecer os procedimentos mais importantes, a legislação aplicável e processos de negociação. Gestão de projectos Tipicamente coordenar as actividades das diversas partes envolvidas. Promover a tecnologia

pró activamente Especificamente fazer contactos pessoais com potenciais clientes (em contraste com a publicidade da tecnologia).

Atrair investidores Especialmente quando a formação de “Spin-out” for a alternativa escolhida. Desenvolver planos e

estratégias Produção de planos de desenvolvimento e estratégias de exploração.

Avaliação de mercado Identificação e avaliação das oportunidades do mercado mais apropriadas para a tecnologia em questão.