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Um pouco de nossa história como EI

No documento o sínodo da Palavra de Deus (páginas 93-97)

Risco, confiança e profecia ...

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padre Cláudio Perani, sj, primeiro superior do Distrito dos Jesuítas da Amazônia (1995), foi quem ajudou a iniciar a experiência da EI. Durante dois anos se fez um processo de discernimento. Recolheram-se dados com bispos, ins-tituições, organizações e pessoas conhecedoras da região amazônica. Identifica-se como prioritária a necessidade de acompanhamento dos povos do interior, isto é, acompanha-mento e formação in loco - e a formação de suas lideranças.

Para isso era necessário liberar pessoas para ir ao encon-tro das comunidades e visitá-las periodicamente. Liberar pessoas com tempo suficiente para estar nas comunidades partilhando a vida cotidiana, aprendendo com elas o modo de acompanhá-las e servi-las, apoiando seus processos de formação crítica.

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Interinstitucionalidade: o nosso tão importante quanto o meu

Emjaneiro de 1998 nasceu a pequena EI com dois jesuítas:

o padre Albano Ternus, sj, homem com grande experiência na região, e o padre Paulo Sérgio Vaillant, sj, companheiro com energia e juventude, que chegava do Espírito Santo para somar na região. Eles iniciaram o trabalho da equipe nas periferias urbanas e com os ribeirinhos. Em outubro do mesmo ano se somaram à experiência o padre Fernando López, sj, do Paraguai, e a irmã Arizete Miranda (Congre-gação de Nossa Senhora - Cônegas de Santo Agostinho), religiosa amazônida que colaborou nos primeiros dois anos em tempo parcial, liberada pela e,scola municipal em que trabalhava e que compreendia a presença nas áreas indígenas como extensão de sua prática pedagógica.

Iniciaram o trabalho junto aos povos indígenas na equi-pe' articulando-se com o Conselho Indigenista Missionário

(CIMI). Assim, foram definidos os três rostos com os quais Deus nos convida a gastar e a complicar nossas vidas com uma justiça socioambiental, onde a humanidade e a criação possam viver em liberdade, em harmonia, 'em fraternidade cósmica, como o Deus Pai-Mãe sonhou desde o "começo".

Ao longo destes dez anos da história da EI, houve pessoas que fizeram experiência mais curta (um mês) ou mais longa (oito anos), num total de sessenta, pertencentes a cerca de 28 instituições, congregações ou grupos. Nos anos 2006-2007 foi composta por vinte pessoas de 14 instituições. Em agosto de 2008, a equipe estava formada por 12 pessoas pertencen-tes a dez instituições. Dos membros atuais, cinco pessoas são leigas de quatro instituições diferentes e oito são religios@s que pertencem a oito congregações diferentes. Concreta-mente, as instituições e congregações são:

• Instituições leigas: Conselho Indigenista Missionário (CIMI): 2, Comissão Pastoral da Terra (CPT): 1, Co-munidade Cristã BIDARI (Espanha): 1 e Jesuítas da Amazônia (BAM): 1.

• Congregações religiosas: Servas da Santíssima Trindade (1), Servas do Espírito Santo (1), Franciscanas do Co-ração de Maria (1), Ursulinas de São Carlos (1), Provi-dência de Gap (1), Catequistas Franciscanas (1) e Jesuítas (BAM,l).

Ao longo destes dez anos de caminhada, a equipe esteve bastante equilibrada na questão de gênero, o número de ho-mens sempre mais ou menos igual ao número de mulheres.

Atualmente, está totalmente desequilibrada: 11 mulheres e um homem.

Neste momento a Equipe está com dois núcleos formados: o núcleo Trindade, com base em Manaus, Amazonas, com três pessoas, e o núcleo com base em Tabatinga, Amazonas, com seis pessoas, na tríplice fronteira amazônica Brasil-Peru-Co-lômbia. Há um terceiro em formação, com base em Boa Vista, Roraima, com três pessoas, na tríplice fronteira de Brasil-Ve-nezuela-Guiana, que é acompanhado pelo núcleo de Manaus.

Também temos a alegria de partilhar que, dentro das pers-pectivas de futuro, estamos acompanhando o processo de encontros das igrejas da tríplice fronteira Brasil-Peru-Bolí-via, onde, dependendo dos recursos humanos interinstitu-cionais que venham a ser enviados, como as Irmãs Catequis-tas Franciscanas, por exemplo, que já estão em processo de pertença e estarão dispondo de pessoas para somar nesta ex-periência no ano 2010, o novo núcleo passará a ser realidade.

Os "i" do projeto: riqueza e complexidade

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projeto foi construído e continua sendo tecido com vários componentes "i": itinerante, inserido, interdiscipli-nar, interinstitucional, intercultural, internacional, inter-fronteiriço, intercliocesano, intergênero, intercarismático (entre vários carismas), inter-religioso, intercongregacional etc. Muitos desses componentes, em separado, estão presen-tes em outros projetos: há muitas experiências de inserção, outras são interinstitucionais e interdisciplinares, outras in-terculturais etc. Porém não são muitas as experiências que integram ao mesmo tempo todos esses componentes num mesmo projeto. Isso lhe dá uma enorme riqueza, mas tam-bém uma enorme complexidade. Ao abordar nestas linhas o aspecto da interinstitucionalidade no projeto da EI, há de ter presente que ela vai entrelaçada com os outros "inter".

Num encontro internacional onde apresentamos nos-sa experiência e os distintos componentes "i" do projeto

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Interinstitucionatidade: o nosso tão importante quanto o meu

da EI, um antropólogo muito conhecido (Xavier Albó, sj) ficou em pé e solenemente afirmou: "Muito interessante!

Porém falta o 'i' mais importante ... ". Depois de fazer um silêncio, concluiu: "O projeto é IMPOssíVEL! ". Toda a sala desabou em uma boa gargalhada.

Será que esse sonho é realmente impossível? Esse é o de-safio que com teimosia e confiança no Espírito estão assu-mindo as pessoas, os núcleos, cada responsável institucional e todos interinstitucionalmente.

Interinstitucionalidade: não nasce, se faz!

A EI não nasceu interinstitucional. O projeto se fez inte-rinstitucional a partir da experiência, da busca e do discerni-mento. Em suas origens foi pensada e nasceu como um pro-jeto dos jesuítas a serviço dos povos, das igrejas, das organiza-ções e dos grupos da Amazônia, para apoiá-los e fortalecê-los em sua caminhada. A chegada das Cônegas de Santo Agos-tinho, na pessoa da irmã Arizete M. DineHy, introduziu, de forma não verbalizada, o elemento "inter" já nos inícios do projeto itinerante. No final de 1999 se incorporou o padre Paco Almenar, sj, e no início de 2000 a irmã Odila Gavira-ghi, fscj, além de Cláudia Pereira, do Projeto Missionária da CNBB - Regional Sul IU, e Tadeu Morais, jovem marajoara em processo de discernimento vocacional. Com essas pessoas teve início a Comunidade Interinstitucional. Uma comuni-dade adaptada em sua forma de viver e de organizar-se, para apoiar a missão itinerante da qual todos eram membros.

Com o início da Comunidade Itinerante (CI), formada por pessoas de quatro instituições diferentes, a reflexão so-bre a interinstitucionalidade foi ganhando maior força. Foi nesses dois primeiros anos de caminhada da CI (quatro de nascimento da EI), que foi verbalizado, de forma conscien-te, o sentir que o projeto era "inter". Irmã Odila e irmã Arizete cobravam, expressando com convicção, força e fir-meza, que o projeto também era de suas congregações e não só dos jesuítas. "A EI também é nossa, das Cônegas de Santo Agostinho e das Filhas do Sagrado Coração de Jesus, não é mais só dos jesuítas."

A experiência não nasceu interinstitucional, ela se fez in-terinstitucional com o conviver, rezar, sonhar, chorar e

SOf-rir, trabalhar, itinerar, buscar, discernir, brigar, reconciliar e caminhar junto das pessoas das diversas instituições que a integram. "Caminhante (itinerante) não há caminho, se faz caminho ao andar (itinerar)" - reescrevendo o verso de Antônio Machado.

A partir da lógica institucional dos jesuítas, o projeto nas-ceu deles e era deles, para estar a serviço dos outros. Até mesmo o projeto era pensado com a possibilidade de que outras congregações e leigos (as) viessem para colaborar com os jesuítas em seu projeto itinerante ... Só depois da expe-riência daqueles primeiros quatro anos é que se conseguiu verbalizar com clareza e acolher a interinstitucionalidade como o novo da El. As duas religiosas, mulheres sensíveis e corajosas, com seus carinhosos e firmes questionamentos e no exercício sagrado do cotidiano da reconstrução coleti-va, ajudaram os jesuítas a abrir seu horizonte e imaginário institucional (de poder?), para começar a compreender o projeto como "interinstitucional", onde eles somavam com as outras instituições, de igual para igual, na missão.

No documento o sínodo da Palavra de Deus (páginas 93-97)