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Uma abordagem diferente: olhe para o bebê!

No documento AMAMENTAÇÃO DE A a Z (páginas 55-57)

Sabemos que a maior preocupação da mamães é: meu bebê está ganhando peso suficiente? Hoje gostaria de propor uma abordagem diferente. Não que o ganho de peso não é importante, ele é. É um dos parâmetros de avaliação do pediatra. Mas o que destaco aqui é muitas vezes o ganho de peso do bebê está normal quando pensamos que NÃO é satisfatório ( ou o pediatra fala que é pouco!)

Primeiro, veja se o seu pediatra segue a curva mais atualizada da OMS de 2006, em que foi feito um grande estudo multicêntrico entre bebês saudáveis em diferentes continentes, e o mais importante: bebês que foram amamentados no peito. As curvas anteriores (NCHS, CDC) foram baseadas em bebês amamentados com fórmulas, o que não reflete a realidade. Percebeu-se que o grande erro dessa curva antiga era que esses bebês tinham maior peso para idade e IMC, porém com maior risco de obesidade no futuro! Bebês seguem a sua própria curva de crescimento! Curvas nada mais são que um parâmetro para se ter uma idéia da população em geral, mas não é uma regra. Existem bebês no percentil 3, e isso significa que 3% da população mundial segue esse parametro! (O que não é pouco…nem anormal ou baixo peso…)

Hoje sabemos que bebês amamentados no peito são, via de regra, mais magros que bebês amamentados com fórmula, e isso é completamente normal! Sabemos também que o aleitamento materno é um fator de proteção contra doenças como obesidade, diabetes, hipertensão, dislipidemia e alergias

como asma e rinite no futuro! Lembre-se:

• 10% (ou qualquer) perda de peso não é igual a suplementação. Além de ocorrerem variações entre balanças de marcas diferentes, e diferenças de balanças entre consultórios, olhe primeiro para o binômio mamãe e bebê! Avalie a amamentação! O bebê suga e engole? O bebê somente suga e não engole nada, pois não retira leite nenhum? O bebê suga e chora, suga e fica agitado, suga e dorme? (Isso significa que há necessidade de ajuda, não

necessariamente de suplementação! Isso significa que pode haver necessidade de suplementação, não necessariamente por mamadeira!!!).

• Não olhe para o relógio. Qualquer tempo relacionado às mamadas não significa nada, quando o mais importante é avaliar a qualidade dessas mamadas!

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Essa história de que “o bebê tem que se alimentar a cada 3 horas” (ou qualquer outro intervalo de horas) não significa nada!

• Só porque o bebê está sugando o peito, não significa que está conseguindo retirar leite efetivamente!

• Colocar o bebê para mamar em um lado e só quando terminar o lado e esvaziar o peito colocar no outro não faz sentido, nem colocar para mamar de um lado só. Se o bebê não está efetivamente mamando no peito, o bebê não está recebendo o tão falado leite posterior. Ofereça sempre os dois, e pode trocar mais de uma vez durante a mamada, caso o bebê comece a chorar e ficar agitado durante a amamentação. Se ele não quiser mamar o outro lado, não insista, mas faça esse exercício.

• Oferecer o último lado em que foi

amamentado para pegar o leite posterior também não é matemático. A gordura aumenta proporcionalmente durante a

mamada.O que acontece quando o peito está mais cheio é que a proporção de gordura é menor, do que quando não está tão cheio (a gordura tem maior participação no leite nesses casos. Isso significa que mesmo em mamães em que a produção de leite não é tão grande os bebês vão receber o leite rico em gordura também, necessária ao ganho de peso! 1. Na maternidade, a maioria das

mulheres recebe grande quantidade de líquidos intravenosos (devido ao jejum prolongado), e dessa forma, uma parte desses líquidos são transferidos para o bebê, que nasce edemaciado. Quando a criança nasce, começa e eliminar esses líquidos e retorna ao seu estado de hidratação normal. Assim, a perda de peso do bebê não é relativa ao seu “peso real”, mas superestimada muitas vezes. É preciso avaliar caso a caso. É preciso individualizar e não generalizar.

2. Cuidados com as diferenças de balança! Duas balanças diferentes podem ter uma variação de peso da criança, sem ser real! A maioria dos bebês são pesados ao nascimento na sala de parto, e depois na balança da maternidade. Muitas vezes marcas podem levar a alteração de peso significativa. Isso também acontece nos consultórios.

3. Existe a possibilidade do bebê não estar realmente conseguindo tirar muito leite do peito, ou mesmo quase nada. Isso relaciona-se com milhares de

fatores, mas principalmente a uma pega inadequada. Quanto antes intervirmos, melhor será. O pediatra precisa avaliar nos primeiros dias de vida se mamãe e bebê precisarão de ajuda, e não iniciar o complemento e dizer à mãe que ela não é capaz. Existem muitos lugares que oferecem ajuda à amamentação,

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inclusive sem custo. Mamães, procurem ajuda nos Bancos de Leite Humano da sua cidade ou em um Hospital com Iniciativa Amiga da Criança.

O que o bebê precisa não é de suplemento logo de início, como se fosse algo automático,

mas antes de tudo, o bebê e a mãe precisam de ajuda para amamentar e conseguir uma boa pega. Para isso, é necessário muito apoio à amamentação seja por parte da família, do marido, da própria equipe do Hospital e do pediatra, que é fundamental nesse momento. As mães que saem amamentando do hospital com mais confiança têm uma maior chance de manter o aleitamento materno exclusivo por 6 meses.

O complemento só deve ser introduzido após uma avaliação de um especialista em amamentação, com apoio e acompanhamento

do pediatra (que apoie a amamentação, por favor!)

Mamães, não desistam!

No documento AMAMENTAÇÃO DE A a Z (páginas 55-57)

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