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4.2 Caracterização Contextual

4.2.4 Uma Creche Conveniada com a Prefeitura Municipal

A creche conveniada identificada como E3 (figura 13), situa-se no mesmo bairro que a unidade escolar E2, perímetro rural do município, na região norte.

Figura 13:Foto da fachada principal da Escola E3 - 2016

O bairro rural possui residências localizadas em condomínios, chácaras, sítios e pequenos terrenos. Há também escolas, igrejas e um pequeno comércio.

A escola atende a uma clientela de crianças na faixa etária de dois a cinco anos. Há um total de oito salas de aula, o que corresponde a oito professoras e dezesseis educadoras, auxiliares das professoras.

Alguns dados fornecidos pelo Projeto Educativo/2014 revelam características específicas da creche pesquisada.

A comunidade escolar atendida é carente, com maioria de mães trabalhadoras. A entidade mantenedora da instituição escolar (figura 14) possui uma parceria com a Prefeitura Municipal, em regime de convênio. A instituição religiosa espírita desenvolve atividades relacionadas à assistência espiritual cristã e à assistência social no bairro.

Há um espaço na unidade escolar denominado PUPA, local onde são desenvolvidos os saberes locais e as técnicas sustentáveis, por um coletivo de permacultores e de agentes culturais. O termo PUPA não corresponde a uma sigla, mas ao vocábulo sinônimo de “crisálida”, em virtude do objetivo do projeto, que se propõe à transformação social das pessoas beneficiárias dessa iniciativa. A Permacultura pratica a construção artesanal e a agroecologia, com o propósito de planejar, construir e manter comunidades ecologicamente sustentáveis e economicamente viáveis.

O projeto especial desenvolvido pela unidade escolar refere-se à Oficina de Musicalização “Quem canta, seus males espanta”. O projeto conta com a participação voluntária de um músico que, semanalmente, realiza uma oficina para despertar o gosto pela Música e atividades relacionadas. Há outros projetos programados para o segundo semestre, como o de capoeira e informática. Para esses dois projetos, instituições parceiras se responsabilizarão pelo pagamento dos monitores.

A história da creche tem início no ano de 1989. De acordo com a Versão Preliminar do PPP (SME, 2015, p. 3), assim referem-se à concretização do ideal coletivo de construção da creche: “Onde antes existiam animais e bananeiras, hoje existem crianças e brincadeiras”.

Em 1992, um grupo de pessoas simpatizantes da doutrina espírita kardecista constitui a Associação Cristã Estância de Luz – ACEL, instituição não governamental, sem fins lucrativos, de natureza filantrópica e assistencial com a finalidade estatutária de atuar nas áreas educacional, social e moral.

A figura 14 apresenta a fachada da entidade mantenedora, localizada ao lado da unidade escolar.

Figura 14: Foto do prédio da entidade mantenedora da Escola E3 – 2016

Em 1993, uma enfermeira recém-formada em Serviço Social desenvolve o trabalho voluntário de promover palestras direcionadas à comunidade, ao constatar a necessidade de apoio das famílias para a melhoria do seu modo de vida. A ideia da criação da creche no bairro surge como opção para que as famílias possam exercer atividades remuneradas externas ao ambiente doméstico, garantindo os meios de subsistência e sustento do lar.

Assim, no quintal da casa da enfermeira, começam as primeiras instalações da creche. Em 1997, firma-se a parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social – SDS, gerindo recursos financeiros para as despesas da instituição. Até então, as despesas eram subsidiadas pela diretoria da obra assistencial mantenedora, por meio dos sócios contribuintes e das doações voluntárias. Essa parceria veio possibilitar a realização do Projeto “Semeando Luz”, no período de 2003 a 2010. No contra turno das atividades escolares, as crianças de 7 a 12 anos da comunidade participavam de oficinas extracurriculares. Com o crescimento da demanda reprimida do Berçário, na faixa de um a três anos, houve a necessidade do encerramento das atividades do “Semeando Luz”.

Com o passar dos anos e o consequente aumento da demanda, há necessidade de ampliação dos espaços e do número de funcionários. Em 2002, firma-se o convênio com o Programa Centro de Convivência Infantil – CECOI, uma parceria da Prefeitura Municipal que se estende aos dias atuais.

A partir dos resultados do trabalho desenvolvido na comunidade, a creche conta com a parceria de algumas empresas e organizações não governamentais.

Essas empresas parceiras são facilitadoras do processo de ampliação ao atendimento do Berçário, financiando a construção de quatro salas novas e a aquisição de um parque destinado aos bebês (figura 15).

Figura 15: Foto do parque infantil dos berçários da Escola E3 – 2015

Com relação à observação do contexto escolar, a pesquisadora recorreu a horários alternados de entrada e saída das crianças, e, desta forma, realizou o registro de alguns detalhes importantes para a compreensão da realidade.

A chegada das crianças à creche começa bem cedo. O portão é aberto às 6h45, mas a partir das 6h35 a pequena rua sem saída começa a ficar movimentada, com mães, pais e crianças formando uma fila na calçada. Os bebês chegam agasalhados em carrinhos ou no colo. Algumas mães entram com dois ou três filhos, apressadas para não perderem a condução para o trabalho na cidade. Algumas crianças chegam com pequenas flores colhidas no caminho para entregarem às professoras.

No portão, um senhor acompanha a entrada das crianças, cumprimentando a todos, de modo gentil e alegre. Trata-se do presidente da entidade mantenedora. Alguns pais, após a entrega das crianças nas salas, permanecem no portão para uma conversa informal com o presidente que, em tom de brincadeira, se diz porteiro da escola.

O presidente da entidade realiza reuniões quinzenais com os grupos de funcionários e professores da creche. Ele ressalta a importância desse trabalho para a harmonização da equipe- escola. Preocupa-se com a qualidade das interações no ambiente de trabalho, revelando o

Nos murais pequenos de cada sala há um convite para a festa comemorativa dos 20 anos de existência da unidade escolar. No cartaz, a programação conta com a apresentação de uma banda marcial pelas ruas do bairro, culto ecumênico, almoço beneficente e apresentação de danças regionais, como maracatu, e a capoeira, como expressão cultural.

A diretora assume o papel administrativo e pedagógico na unidade escolar. Dessa forma, atua também na orientação pedagógica e, por esse motivo, procura acompanhar de perto a rotina das crianças em seus ambientes. Os pais valorizam a atuação da diretora na escola.

A visita da pesquisadora ao final da aula confirma a relação de proximidade entre a diretora e a família. Na saída, alguns pais já com os filhos no colo ou caminhando de mãos dadas ao lado deles, procuram pela gestora para uma breve conversa. Há os que agradecem por alguma ocorrência feliz. Há os que vêm para pedir um conselho ou orientação adequada, demonstrando confiança nas palavras da diretora. A observação natural dessa relação amistosa entre a gestora e a família indica a presença de um ponto forte para a questão da qualidade a ser investigada.