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Uma UERN com autonomia política e financeira.

2 NASCE UMA UNIVERSIDADE NO SOLO MOSSOROENSE

5) Uma UERN com autonomia política e financeira.

Este documento apresenta, ainda, os princípios e valores fundamentais à realização da missão da UERN, elencados em três grupos (PDI/UERN, 2008, p. 38-41):

a) os princípios gerais, referentes às relações da universidade com a sociedade (autonomia universitária, caráter público da universidade),

b) os princípios de funcionamento, que se referem à qualidade das relações entre os grupos no interior da universidade (democracia interna, cultura do mérito e gestão colegiada) e

c) os princípios programáticos, relativos ao compromisso da instituição com sua própria missão (formação integral e compromisso social).

A educação integral como princípio programático indispensável ao cumprimento da missão da Instituição alimenta-se da “utopia de todos os séculos: uma sociedade capaz de unir saber e justiça na formação de seus membros” (PDI/UERN 2008, p. 41). O referido documento traduz essa utopia no princípio da formação integral, compreendida como aquela que, sem alienar-se da formação profissional, vai buscando melhor qualificá-la e enriquecê-la, articulando-se em torno da criação científica, da criação artística e da criação filosófica.

A educação integral enxerga o indivíduo na plenitude de suas ações sociais – com a família, com o trabalho, com o meio ambiente, com a política, com a arte, com a ciência e a tecnologia, etc. Essas relações, sempre impregnadas da marca do tempo em que se desenvolvem nos remetem, no presente, a uma sociedade caracterizada por uma economia pós-industrial, pelo avanço da democracia, pela circulação vertiginosa da informação, pela produção e uso intensivos de conhecimento, mas também pela permanência de guerras, da pobreza, da fome e do analfabetismo. Para se efetivar, Ela recorre àqueles

elementos necessários à socialização plena do indivíduo, capazes de facilitar-lhe a integração à sociedade e de torná-lo apto a contribuir para o avanço desta, ou seja, de dialogar com ela, de compreendê-la, de criticá-la e superá-la pela contribuição criativa, em algumas de suas esferas (PDI/UERN, 2008, p. 43-44).

Conforme o PDI/UERN (2008), a formação integral é concebida como uma tripla formação, reunindo a dimensão técnica, epistemológica e estética, é parte fundamental na educação integral a necessidade de descobrir que conhecimentos e que habilidades lastreiam as intervenções coletivas sobre a realidade e para reforçar o aprendizado. Neste sentido, o documento destaca:

Elas passam, certamente, pelo real domínio da linguagem escrita, pela construção de uma mentalidade afeita à racionalização de ações e à resolução de problemas, pela capacidade de trabalho em equipe, pelo aprendizado do convívio democrático, pelo conhecimento de teorias de cada área do conhecimento, pela sensibilização para o social, para o meio ambiente e para a estética etc. (PDI/UERN, 2008, p. 43-4).

Percebemos que, na concepção de formação integral, presente no PDI/UERN (2008), há elementos que fundamentariam uma perspectiva de educação para a cidadania na UERN, como por exemplo: convivência com o outro, mentalidade democrática e sensibilidade para o social, para o meio ambiente e para a estética. Com relação à sensibilização para o social, esta apresenta-se com certo destaque no Documento, assumida como um princípio a impregnar a formação do estudante para o compromisso social:

É certo que a prova de engajamento social da universidade, estabelecida na sua missão, é a qualidade de formação dos seus egressos. Em face, porém, das características do Brasil, em que persistem muitos problemas de natureza econômica, social e ambiental, é necessário insistir na sensibilização social, como princípio a impregnar a formação do aluno, através de atividades acadêmicas comprometidas com respostas às demandas prementes da sociedade, colocando a serviço desta os frutos do conhecimento. Neste sentido, é necessário reforçar a idéia de que o foco de tudo é o indivíduo cidadão, agente e ator do processo de desenvolvimento econômico, social e cultural da região em que ela se insere (PDI/UERN, 2008, p. 42).

Desse modo, verificamos que a UERN resultante dos processos de mobilização pela estadualização busca, por meio dos seus Documentos, apresentar-se em sintonia com os temas emergentes que se apresentam para a

Universidade no Século XXI (B. S. SANTOS, 2008) e, ao mesmo tempo, tenta avançar na conquista da sua legitimidade como Universidade pública e procurando seu reconhecimento como bem social. Assim, é uma universidade que avança na construção normativa da sua missão, princípios e compromissos com a sociedade.

O contexto da UERN é, portanto, de uma Universidade muito jovem, porém não é só por este aspecto que atribuímos à UERN o adjetivo de jovem. A UERN é jovem também pelo seu corpo docente. Em 2008, 53% dos docentes tinham menos de cinco anos na Instituição. E marca também 2008 como o início da construção de uma cultura de planejamento, e esta está na elaboração do PDI/UERN, que informa: “Embora possa parecer paradoxal, a experiência de planejamento na UERN é relativamente recente e, ainda, não é uma prática universalizada em todos os departamentos” (2008, p. 18). De modo que o corpo do principal Documento de orientação para a gestão do desenvolvimento da instituição é prenhe de otimismo quanto aos rumos a serem tomados nos cursos de graduação:

Nesse momento, boa parte dos cursos de graduação discute seus projetos pedagógicos, buscando implementar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Superior. O debate propiciado por essa atividade pode ser fecundo quanto a delinear formatos acadêmicos que possibilitem a superação das formas dicotômicas e fragmentadas de conceber e desenvolver a formação superior. Além desse desafio, é preciso enfrentar, também, o de engajar todos os professores no debate e na construção das propostas, desenvolvendo, para tanto, metodologias adequadas (PDI/UERN, 2008, p. 30).

Outro aspecto que consideramos importante para a afirmação desse caráter juvenil da UERN é a sua nova configuração interna, com a ampliação significativa no número de docentes na instituição, a crescente capacitação docente e os novos cursos ofertados, conforme podemos perceber nos quadros seguintes:

Quadro 04 – Evolução da UERN período 2000 - 2007

UERN 2000 2007

Cursos 16 24 Opções de Cursos 26 92 Vagas Iniciais 1.095 2.180 Discentes 5.025 11.036

Docentes 365 623 Fonte: PDI/UERN (2008, p. 25)

Quadro 05 – Estrutura da UERN antes e depois do ano 2000