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3   ASPECTOS METODOLÓGICOS 74

3.2   UNIDADE DE ANÁLISE E CONTEXTO 75

A unidade de análise se refere ao “caso” que será estudado e está relacionado à pergunta de pesquisa (Yin, 2014). A pergunta de pesquisa colocada para este estudo é: Como se formam cadeias de serviços mais resilientes nas diferentes fases de ruptura?

Desta maneira, nossa unidade de análise, ou o caso a ser estudado, é a própria cadeia de serviços. A cadeia objeto desta pesquisa está inserida no contexto de gestão de saúde e se refere especificamente a uma cadeia hospitalar. Como o principal objetivo desta cadeia é prover o atendimento para os pacientes, o hospital é posicionado como empresa foco, considerado como o provedor de serviços (Baltacioglu et al., 2007). Adicionalmente, o contexto onde a unidade de análise está inserida é a pandemia do vírus H1N1 que atingiu o Brasil em 2009.

A cadeia de serviços hospitalares, é complexa (Singh, Rice, & Riquier, 2006). O hospital conta com diversos fornecedores de insumos (como equipamentos, materiais, medicamentos, serviços de apoio, serviços técnicos), agentes de saúde (como médicos e enfermeiros) e operadoras (como planos de saúde e seguradoras). No Brasil, as atividades relacionadas à medicina possuem um alto grau de regulamentação e controle governamental em função de sua responsabilidade humana e social, tendo como principais agentes o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais e Municipais da Saúde e as agências reguladoras, como é o caso da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) (Yukimitsu 2009). Desta maneira, é necessário definir os elos que farão parte da pesquisa, de modo que as empresas e entidades

selecionadas cubram de maneira satisfatória seu escopo. No caso deste trabalho, os elos selecionados foram escolhidos de modo a representarem as entidades mais afetadas ou influenciadoras de ações de gerenciamento do risco relacionado à epidemia de H1N1 de 2009, sendo que a escolha foi direcionada com base em entrevistas preliminares com agentes de saúde que estiveram envolvidos na pandemia de H1N1 em 2009.

Os seguintes elos foram selecionados para realização das entrevistas semiestruturadas:

Hospital: é a empresa foco a ser estudada na cadeia. Responsável pelo

atendimento dos pacientes, o hospital é o último elo da cadeia, sendo que problemas que acontecem em elos anteriores, tem o potencial de impactar os atendimento aos pacientes e, consequentemente, seu objetivo de tratá-los.

Médicos: são responsáveis pelo diagnóstico e medicação dos pacientes. Junto com

os enfermeiros estão na linha de frente de atendimento e tem que lidar com as situações relacionadas a eles no dia a dia.

Enfermeiros: são os responsáveis pelo tratamento do paciente, focados em seu

bem estar físico, social e psíquico.

Neste contexto, médicos e enfermeiros estão sendo considerados como elos da cadeia e não somente prestadores funcionários do hospital, visto que em diversas situações estes profissionais prestam serviços para mais de uma entidade.

Indústria Farmacêutica: responsável pelo fornecimento de drogas para tratamento

dos pacientes. No caso deste estudo, foram realizadas entrevistas com profissionais ligados à indústria responsável pelo fornecimento do Fosfato de Oseltamivir, principal antiviral utilizado no tratamento do vírus H1N1.

Secretaria de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde: tem como

Saúde. Dentre as atribuições deste órgão pode-se destacar: a coordenação nacional de ações de epidemiologia e controle de doenças; assistência técnica a estados; provimento de kits para diagnósticos; gestão dos sistemas de informação epidemiológica, incluindo a consolidação de dados dos estados e a divulgação de informações e análises epidemiológicas; fiscalização, supervisão e controle da execução das ações de epidemiologia incluindo a avaliação dos sistemas estaduais de vigilância epidemiológica (CONASS 2003).

Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) / Centro de Vigilância Epidemiológica: é o órgão estadual que define as políticas estaduais de saúde,

respeitando as diretrizes definidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (CONASS 2003). A SES-SP possui 8 coordenadorias, entre elas a Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD), cuja missão é “Coordenar a resposta estadual às doenças, agravos e riscos existentes ou potenciais, no âmbito da saúde coletiva, com ênfase no planejamento, monitoramento, avaliação, produção e divulgação de conhecimento, para a promoção, prevenção e controle das condições de saúde da população, em consonância com as características regionais e os princípios e diretrizes do SUS” (Secretaria De Estado Da Saúde De São Paulo n.d., p. 2). Como parte desta coordenadoria, se encontra o Centro de Vigilância Epidemiológica.

A cadeia que representa a unidade de análise desta pesquisa foi estruturado com base no modelo de cadeia de serviços sugerido por Baltacioglu et al. (2007), representado na A cadeia que representa a unidade de análise do estudo está representada na Figura 7.

Neste modelo os autores destacam a participação de fornecedores de serviços na prestação de serviço da própria empresa foco (destacado na Figura pela letra “A”), que no caso deste trabalho é o Hospital. No caso da unidade de análise definida para este estudo, este papel é desempenhado pelos médicos e enfermeiros.

A unidade de análise desta pesquisa composta pelos elos descritos anteriormente nesta sessão está representada na Figura 7.

Figura 6: Modelo de Cadeia de Serviços

Fonte: Baltacioglu et al. (2007)

Figura 7: Unidade de análise da pesquisa

Fonte: Elaboração própria com base no modelo de Baltacioglu et al. (2007)

A proposta inicial desta pesquisa considerava a realização de entrevistas com profissionais ligados às empresas fornecedoras de materiais para o Hospital, como por exemplo, máscara e álcool gel. Infelizmente, devido ao tempo decorrido do evento e de outros fatores fora do controle da pesquisa, não foi possível realizar as entrevistas relacionadas a estes elos.

A unidade de análise definida foi analisada com base na pandemia de H1N1 que atingiu o país em meados de 2009 e trouxe reflexos de diversas naturezas, entre elas, operacional para cadeia de saúde. A relevância da pandemia e seus reflexos serão aprofundados no item 4.1.

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