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4 METODOLOGIA

4.2 ESTRATÉGIA DE PESQUISA: ESTUDO DE CASO ÚNICO

4.2.1 Unidade de Análise

Segundo Yin (2001), a definição da unidade de análise nada mais é que a definição do caso. Este pode ser um indivíduo, um evento, uma entidade, um processo decisório, programas, um processo de implantação ou uma mudança organizacional. A unidade de análise do presente trabalho são os projetos de desenvolvimento de software com o método Scrum.

4.2.2 Local da Pesquisa

A Infoglobo Comunicação e Participações S.A. é o local da presente pesquisa, pois possui um contexto organizacional e de projeto bem próximos aos sugeridos pela teoria.

Contribuiu também para essa escolha, o fato da empresa se dispor a compartilhar sua experiência com o método Scrum, conforme autorização do Apêndice H.

A Infoglobo é responsável pela produção dos jornais O Globo, Extra e Expresso do Rio de Janeiro. Sua missão é fornecer informação com qualidade e isenção (INFOGLOBO, 2012a). É definida pela área de recursos humanos (INFOGLOBO, 2012b) como:

Uma empresa de comunicação capaz de criar um ambiente de transparência, propício à criatividade, ao trabalho em equipe e ao desenvolvimento pessoal e profissional. Por isso, acreditamos que é essencial ter um time de profissionais que reúna as competências necessárias para atuar nas mais diversas áreas da empresa, garantindo a inovação e a liderança que sempre fizeram parte de nossa história. Em 2008, O Globo lançou uma nova assinatura, chamada "O Globo. Muito além do papel de um jornal". Dessa forma, a Infoglobo demonstrou sua determinação em veicular a informação em diferentes meios. Nesse mesmo ano, a área de TI da empresa passou por uma reestruturação organizacional e tecnológica para atender às necessidades das áreas de negócios. Uma das mudanças foi a adoção do método Scrum no desenvolvimento de alguns de seus projetos de software. Atualmente, esse método está presente na maioria desses projetos, mas também são adotadas as práticas do Project Management Body of Knowledge (PMBOK), além de um método híbrido, que mescla prática dos dois anteriores.

Hoje, a empresa conta com seis Scrum Master certificados, todos com aproximadamente cinco anos de experiência na aplicação do método Scrum. Foram diversos projetos desenvolvidos com êxito, resultado que mantem a área de TI determinada a expandir a utilização do método Scrum.

4.2.3 Protocolo de Pesquisa

Segundo Yin (2001, p. 89), “O protocolo é uma das táticas principais para se aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e destina-se a orientar o pesquisador ao conduzir o estudo de caso”. Ainda segundo esse autor, o protocolo deve conter uma visão geral do projeto de estudo de caso; os procedimentos de campo, tais como obtenção de acesso aos locais físicos e fontes de informações; questões específicas que o pesquisador deve manter em mente e um guia para o relatório do estudo de caso.

A visão geral do projeto, com a apresentação do problema; questão de pesquisa; objetivo geral; objetivos específicos; e da relevância do presente estudo foi contemplada na

seção de introdução. Com relação aos procedimentos de campo, às questões específicas e ao guia do relatório, estes serão detalhados no Apêndice I.

4.2.4 Desenho de Pesquisa

O desenho de pesquisa apresentado na Figura 5, detalha as etapas que serão realizadas para o alcance do objetivo geral do presente estudo.

Figura 5 - Desenho de pesquisa

4.3 COLETA DE DADOS

Em relação à coleta de dados, Yin (2001, p. 27) afirma que o estudo de caso tem “[...] a capacidade de lidar com ampla variedade de evidências – documentos, artefatos, entrevistas e observações”. Gil (2010, p. 119) acrescenta que a utilização de múltiplas técnicas de coleta de dados “[...] é importante para garantir a profundidade necessária ao estudo e a inserção do caso em seu contexto, bem como para conferir maior credibilidade aos resultados”. O estudo de caso desta pesquisa utilizou duas fontes de dados: entrevistas e documentos.

4.3.1 Entrevistas

Para Yin (2001, p. 108) todas as fontes de evidências possuem vantagens e desvantagens. No caso das entrevistas, o autor cita como vantagens o fato delas serem

Obtenção formal de acesso à empresa Agendamento entrevistas focus group Realização entrevistas focus group

Análise dos dados

Avaliação dos resultados com Scrum

Masters e Gerente Obtenção dos

documentos identificados nas

direcionadas, pois “[...] enfocam diretamente o tópico do estudo de caso” e perceptivas, pois “[...] fornecem inferências causais percebidas”. Gil (2009, p. 63) acrescenta que a entrevista é “[...] uma técnica eficiente para obtenção de dados em profundidade [...]” e, ainda, “[...] possibilita esclarecer o significado da pergunta e adaptar-se mais facilmente às pessoas e às circunstâncias em que é realizada”. Como pontos fracos das entrevistas, Yin (2001) explica que pode ocorrer uma visão tendenciosa devido a questões mal elaboradas, ou podem acontecer respostas tendenciosas e reflexibilidade, quando o entrevistado da ao entrevistador o que ele quer ouvir. Gil (2009, p. 63) complementa com a possibilidade de que “[...] a condição social, a aparência e mesmo as opiniões do entrevistador podem influenciar as respostas do entrevistado”.

4.3.1.1 Formas

Em relação às formas de entrevistas, Yin (2001) cita as formas espontânea, levantamento formal e focal. Na forma espontânea, o entrevistador pode indagar os respondentes sobre fatos, bem como pedir opinião sobre eventos. É até possível incentivar os respondentes a apresentarem suas próprias interpretações acerca de algum acontecimento. Quando isso ocorre, o respondente passa a ter o papel de informante e pode auxiliar o pesquisador apontando fontes que possam corroborar com as evidências já levantadas.

Já a forma levantamento formal , como o próprio nome indica, requer questões mais estruturadas. Nesse caso, Yin (2001) lembra do cuidado que se deve ter com a amostra escolhida. Quanto à última forma, a focal, o autor a descreve como uma conversa informal, mas que será conduzida pelo pesquisador com base nas questões específicas presentes no protocolo da pesquisa. Esse tipo de entrevista pode ter por objetivo apenas corroborar com fatos já estabelecidos.

Gil (2009) sugere a classificação das entrevistas em relação ao grau de estruturação. Dessa forma, o autor classifica as entrevistas em: estruturadas, semelhantes ao levantamento formal de Yin (2001); abertas, quando as questões são predeterminadas, mas as respostas são livres; guiadas, quando existe a definição de que informações buscar, mas a sequência e formulação das perguntas se desenvolverá ao longo da entrevista; pautadas, quando orientadas por uma relação de pontos de interesse, que serão explorados durante a entrevista; e as informais, que diferem de uma conversa apenas pelo fato do pesquisador ter por objetivo a coleta de dados.

4.3.1.2 Focus Group

Gil (2009, p. 83) descreve, ainda, um tipo particular de entrevista que “[...] privilegia a observação e o registro de experiências e reações dos participantes”. Trata-se do focus group (ou grupo focal). Esta entrevista é conduzida por um moderador, que submete aos participantes tópicos a serem discutidos. É adequada quando o pesquisador necessita saber como os participantes “[...] consideram uma experiência, um evento ou um fato” (p. 84). Essa técnica teve origem nas entrevistas grupais focalizadas e realizadas pelo sociólogo Robert K. Merton. No entanto, Gil explica que esse tipo de entrevista só passou a ser utilizada em pesquisas a partir da década de 1980.

As vantagens dessa técnica, segundo Gil (2009), são a rapidez e a economia, pois é aplicada em grupo; e cria uma situação que favorece a sinergia e flexibilidade, pois é conduzida por um moderador. Já as desvantagens citadas pelo autor são o comportamento individual, que pode ser influenciado pelo grupo; as manifestações, que podem não ser espontâneas; e a eficácia, que depende da competência do moderador.

Gil (2009) ressalta a importância do planejamento desse tipo de entrevista, que passa pela definição dos objetivos do focus group; pela definição da população alvo; pela definição da composição e tamanho dos grupo, no mínimo seis e no máximo dez pessoas; pela escolha do moderador; pela definição das questões para o roteiro da entrevista; e pela definição do local, data e tempo de duração das entrevistas. O presente trabalho utilizou a técnica de focus

group para a coleta de dados, tendo como participantes os Scrum Masters da Infoglobo e,

como moderadora, a própria pesquisadora.

4.3.2 Documentos

Yin (2001) relaciona como pontos fortes das fontes documentais o fato de poderem ser revisadas várias vezes, se necessário; e conterem detalhes exatos de um evento e podem retratar um longo período de tempo com muitos eventos, em ambientes distintos. O autor entende que para os estudo de casos, sua maior contribuição está em corroborar com dados levantados em outras fontes. Gil (2009) acrescenta que os dados disponíveis em documentos diminuem a necessidade de interrogação, a menos que seja preciso confrontá-los. Conforme descrito no item 2 do protocolo de pesquisa, os documentos de projetos e da empresa são de grande importância para confirmação das informações levantadas durante o focus group.

4.4 ANÁLISE DE DADOS

Na análise dos dados do presente trabalho, será utilizado o método qualitativo por meio da técnica de análise de conteúdo, definida por Bardin (2010, p. 44) como:

Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens.

Em outras palavras, o pesquisador consegue inferir (deduzir de maneira lógica) conhecimentos sobre o emissor da mensagem, ou seu meio, através de indicadores postos em evidência por procedimentos que podem variar em complexidade (p. 41). Para Bardin (2010), a análise de conteúdo tem duas funções que podem se complementar: heurística e administração da prova.

Na primeira, o estudo exploratório é enriquecido, facilitando as descobertas, pois “[...] é a análise de conteúdo para ver o que dá” ( p. 31). Na segunda, hipóteses na forma de questões poderão ser confirmadas ou não, por meio de análise sistemática, ou seja, “[...] é a análise de conteúdo para servir de prova” (p. 31). Em relação ao campo de atuação, Bardin (2010, p. 36) explica que a análise de conteúdo se adequa tanto à comunicação oral, como as entrevistas, quanto à comunicação escrita, presente em ordens de serviços de uma empresa.

Bardin (2010) sugere que esse método seja desenvolvido em três etapas: a) pré- análise; b) exploração do material; e c) tratamento dos resultados com base na inferência e na interpretação. A pré-análise é a fase de organização, onde são escolhidos os documentos a serem analisados; as hipóteses e os objetivos são formulados; e os indicadores são elaborados para fundamentar a interpretação final. A autora sugere algumas atividades para condução dessa etapa, como, por exemplo, a escolha de documentos baseada em regras, tais como a exaustividade - certeza que todos os elementos foram considerados -, a representatividade; a homogeneidade e a pertinência.

Já a etapa de exploração do material se constitui na codificação dos dados a fim de obter-se a representação do conteúdo ou de sua expressão. Esse processo se dá pelas escolhas das unidades de registros, das regras de contagem e das categorias. Como exemplo de unidade de registro, Bardin (2010) cita a palavra e o tema, este último sendo definido como “[...] uma unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo certos

critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura” (p. 131). A autora ressalta que o tema é frequentemente utilizado como base na análise de entrevistas individuais ou de grupo.

As regras de contagem das unidades de registros podem se dar pela presença ou ausência de elementos; pela frequência; pela intensidade; pela direção; pela ordem de aparição e pela coocorrência (BARDIN, 2010). Já a categorização, última atividade da exploração do material, é uma operação de classificação. As categorias são formadas por unidades de registro que possuem características em comum (BARDIN, 2010). Essa formação pode ser dar por diversos critérios: semântico, baseado no tema; sintático, com base em verbos, adjetivos e pronomes; léxico, por meio do agrupamento pelo sentido das palavras; e expressivo, através do agrupamento pelas perturbações da linguagem.

Bardin (2010, p. 147) explica que a categorização pode ser efetuada por meio de dois processos inversos: “caixas” e “milhas”. O primeiro estabelece as categorias com base na teoria previamente estudada. Já o segundo resulta da classificação analógica de categorias no decorrer da análise.

Na última etapa da análise de conteúdo, os resultados são tratados por inferência e interpretação. Bardin (2010) ressalta que a qualidade da categorização leva a índices de inferências férteis, bem como a hipóteses novas e a dados exatos. Já na interpretação, é necessário voltar à teoria relacionada à investigação, embasar e buscar perspectivas significativas para o estudo.

Nesta pesquisa a análise de conteúdo foi temática, a partir de dados qualitativos, envolvendo procedimento por “caixas” ao relacionar temas com a lista de categorias identificadas na fundamentação teórica, ou seja, os limitadores de projeto e organizacionais, bem como soluções de contorno (vide modelo de pesquisa). Essa lista prévia de categorias de limitadores e soluções de contorno não é exaustiva no sentido de que novas não possam ser identificadas, através do procedimento por “milhas”.

4.5 QUALIDADE DA PESQUISA

Yin (2001) afirma que é preciso se aprofundar nos aspectos de validade e confiabilidade do projeto de pesquisa que vem sendo explicado para os estudantes. Para tanto, o autor propõe a atenção especial para quatro testes importantes: a validade do construto, a validade interna, a validade externa e a confiabilidade. Para cada teste, o autor também propõe algumas técnicas, que serão detalhadas a seguir.

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