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Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais

No documento Relatório de Estágio (páginas 39-42)

2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES DE ESTÁGIO

2.3. Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais

Seguidamente realizei estágio num serviço de cuidados intensivos neonatais de um hospital geral central. Este serviço tem um historial de uma grande aposta no desenvolvimento de competências parentais de recém-nascidos prematuros através de documentação escrita e suporte informático no registo dos cuidados efetuados assim como na utilização de escalas validadas para avaliação da evolução de diferentes parâmetros em recém-nascidos prematuros. Os registos de Enfermagem

são efetuados através da aplicação informática Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (SAPE) – Sclínico – construída com base na versão Beta 2 da CIPE. Neste contexto defini 2 objetivos específicos indo ao encontro das competências que pretendia alcançar:

1) Analisar critérios de construção de diagnósticos de enfermagem e de resultados de enfermagem relacionados com os focos Papel Parental e amamentação, com recurso à linguagem CIPE;

2) Avaliar o meu processo de tomada de decisão e o papel enquanto enfermeiro EESCJ.

Para dar resposta a cada objetivo defini atividades enumeradas em apêndice (Apêndice II).

Tendo em conta o primeiro objetivo, as atividades a ele inerentes prenderam-se à realização de consulta de documentação, realização de uma reunião para aprofundar conhecimentos sobre critérios de construção de diagnósticos (CIPE), prestação de cuidados e sua documentação (CIPE) e reflexão sobre as atividades.

Realizei inicialmente reuniões com a enfermeira chefe deste serviço, com as enfermeiras responsáveis pelo grupo de trabalho da amamentação e consulta dos documentos do serviço sobre os critérios de construção de diagnósticos de enfermagem segundo a nomenclatura CIPE. Esta reunião, pela sua riqueza teórica e prática, permitiu-me perceber e analisar como se processou em neonatologia a introdução da nomenclatura CIPE na documentação da prestação de cuidados e as ações de formação profissional que foram levadas a cabo. Percebi e refleti sobre a mobilização de toda a equipa nesta etapa de melhoria dos registos dos cuidados em enfermagem. Estes aspetos foram promotores de conhecimentos, especialmente os relacionados com o foco amamentação e papel parental.

A realização de estágio na unidade de cuidados intensivos num hospital considerado de excelência na prestação de cuidados em parceria com os pais de recém-nascidos prematuros, na educação parental e na utilização de escalas de avaliação validadas na prestação de cuidados a recém-nascidos prematuros foi muito pertinente. Este facto veio dar resposta às minhas necessidades de formação e aperfeiçoamento profissional e pessoal nesta área que para mim é tão importante. A busca pela excelência na prestação de cuidados é notória assim como o empenho na formação profissional contínua neste serviço. Foi para mim muito gratificante e enriquecedor ver uma realidade diferente da do meu exercício profissional, na medida que me dotou de

experiências e instrumentos na área de qualidade dos cuidados (papel dinamizador em medidas de suporte e apoio na melhoria dos cuidados, colaborando em programas de melhoria e criando ambiente terapêutico e seguro para a prática de cuidados) para aplicação futura no serviço onde exerço atividade. Neste sentido, pareceu-me pertinente refletir sobre a definição de “qualidade”. Analisando a perspetiva de Mezomo (2001), Hesbeen (2001) e Donabedian (2003) percebe-se que a qualidade de cuidados implica que o cuidar seja praticado em todas as suas dimensões. A promoção desta mesma qualidade é um processo longo, que implica liderança e que contribui para a melhor compreensão da qualidade dos cuidados e o desejo de melhorá-la.

Na prestação de cuidados, a avaliação da vivência do processo de transição para a parentalidade (Mercer, Meleis) realizada permitiu-me perceber a importância para os pais da vinculação ao recém-nascido, das expectativas familiares perante eles, da priorização da criança e da satisfação das suas necessidades assim como o sentir-se competente na realização do papel parental. Neste mesmo sentido esta conceção de parentalidade vai de encontro à definição de parentalidade segundo o Concelho Internacional de Enfermeiros, definindo-a como a ação de tomar conta, assumindo as responsabilidades de ser mãe/pai com comportamentos destinados a facilitar a inclusão do novo membro no seio familiar, otimizando comportamentos que favoreçam o crescimento e desenvolvimento infantil. Ao mesmo tempo que existe a interiorização das expectativas dos indivíduos, famílias, amigos e sociedade quanto ao papel parental (Ordem dos Enfermeiros, 2006).

A parentalidade, segundo Meleis, Sawyer, Im, Hilfinger Messias, & Schumacher (2000), é em si uma transição e de acordo com a sua teoria este processo de transição pode ser sistematizado, descrito, compreendido, interpretado e explicado, especialmente os fenómenos específicos de enfermagem que emergem para a prática. De um ponto de vista do desenvolvimento, a parentalidade é a passagem para uma nova fase do ciclo de vida nos adultos que envolve a complexidade do sistema familiar com uma redefinição de tarefas e papeis. Sendo, geralmente, fruto de uma opção, ser pai e mãe é uma transição crítica pois apresenta repercussões na saúde materna e paterna e no desenvolvimento e crescimento da criança (Meleis, Sawyer, Im, Hilfinger Messias & Schumacher, 2000, Mercer & Ferketich, 1990).

Os pais das crianças que cuidei encontravam-se em processo de transição para a parentalidade, iniciado ainda durante a gravidez e no qual, muitas vezes de modo

inesperado, aconteceu o nascimento prematuro da criança, sendo necessária uma redefinição e reajuste parental à nova situação. Segundo Relvas (2004), a parentalidade exige por parte dos progenitores diferentes respostas comportamentais, emocionais e cognitivas, pois é um processo dinâmico de reajustamento e reorganização no sistema familiar e nas relações com o mundo exterior com reflexo no desenvolvimento dos novos pais e famílias.

Tendo em conta o quarto objetivo, as atividades a ele inerentes prendem-se à realização de diários de aprendizagem e à realização de uma síntese reflexiva relativa ao estágio em contexto de Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais.

O segundo objetivo que resultou o jornal de aprendizagem que realizei (Apêndice VIII) foi referente a uma situação na prestação de cuidados. No jornal, saliento a importância do aleitamento materno como foco complexo e com influência multifatorial no exercício de enfermagem neonatal que requer uma abordagem, por parte do enfermeiro, humanista, personalizada e holística em parceria com os pais. Julgo que a síntese reflexiva realizada sobre este estágio permitiu valiosos contributos de aprendizagem e aperfeiçoamento pessoal na área da Neonatologia, valiosos enquanto enfermeira especialista e enquanto profissional que trabalha nessa mesma área. Daí que, a Ordem dos Enfermeiros (2002) através do Conselho de Enfermagem, ao descrever os Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem menciona que a qualidade destes exige reflexão sobre a prática, sendo que esta reflexão exige tempo apropriado para refletir nos cuidados prestados.

No documento Relatório de Estágio (páginas 39-42)

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