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4. Enquadramento operacional

4.1 Conceção e planeamento em educação física

4.1.2 Unidade didática

Com o delineamento do PA, o segundo nível de planeamento prende-se com as unidades didáticas, aplicadas às várias temáticas abordadas ao longo do ano letivo e presentes no PA, como por exemplo basquetebol (anexo 1).

Visto que este documento foi realizado também numa fase inicial do nosso EP, no início as dúvidas eram imensas e a sua forma de construção e justificação foi elaborada com alguma dificuldade. Porém, com o auxílio da PC e do normal conhecimento obtido após a realização de algumas UDs, este documento passou a ser criado de forma mais intuitiva, mantendo a clareza e objetividade dos conteúdos necessários para a uma aprendizagem favorável.

A construção das UDs é um processo imprescindível no ato de ensinar e visa possibilitar uma sequência metodológica coerente, com o intuito de desenvolver sessões didáticas mais frutíferas para os discentes, mantendo uma lógica e organização visível, permitindo a evolução dos alunos (Bento, 2003).

Para a criação de uma UD adequada e real devemos ter em linha de conta vários fatores, que podem determinar sobremaneira os benefícios deste tipo de planeamento. Assim, o espaço de aula, o nível dos alunos e o material disponível são, desde logo, condições primárias e que devem estar presentes no documento ou pelo menos referenciados. O conhecimento/contacto prévio é outro fator fundamental na delineação desta unidade, uma vez que pode determinar qual a profundidade dos conteúdos a abordar.

As UDs foram construídas tendo por base o modelo de estrutura do conhecimento proposto por Vickers (1990), o qual foi criado especificamente para professores de EF e treinadores. Este modelo configura e estrutura as matérias de ensino por hierarquias de conhecimento, vinculando as ferramentas para o ensino. O modelo está dividido em oito módulos, que estão subdivididos em três fases de decisão distintas. A fase da análise é constituída pelo módulo um (análise da modalidade desportiva em estruturas de conhecimento), pelo dois (análise ao envolvimento) e pelo três (análise aos alunos). Na fase de decisão observa-se o módulo quatro (determinação e extensão dos conteúdos), o cinco (definição dos objetivos), o seis (configuração da avaliação) e o sete (progressões de ensino). A fase de aplicação verifica-se apenas no módulo oito, constando os diversos níveis de planeamento em que pode ser aplicada como os planos de aula, as unidades didáticas e os planos anuais, assim como os currículos da escola.

Uma das dificuldades que tive principalmente no 1º período foi a adequação dos conteúdos selecionados ao nível da turma. As minhas UDs eram demasiadamente extensas em algumas modalidades e os conteúdos que nela estavam contidos não iam ao encontro das reais necessidades da turma, por serem um pouco complexos para o nível existente.

“Por outro lado, e no caso do remate, o exercício que selecionei foi um pouco complexo, tendo em conta o nível da maioria dos alunos e continha toda a sequência do gesto técnico (corrida, chamada, impulsão e remate, após um passe do passador). Quando idealizei este exercício previ que este fosse fácil e se necessário adaptável à performance dos discentes, ou seja se estivesse com pouca eficácia facilitar, ou se estivesse fácil, aumentar a complexidade.” (Diário de Bordo 9 – Semana 5-Nov a 9-Nov) Por conseguinte, e após várias conversas com a PC e em reuniões de NE, tentei idealizar a UD seguinte com menor grau de profundidade e, consequentemente, com menor grua de complexidade. Creio que foi uma decisão importante esta alteração, pois mesmo em modalidades onde a AD era realizada, os conteúdos por vezes pecavam pela sua dificuldade.

Neste ano letivo houve uma mudança nos tempos letivos da disciplina ED no ensino secundário, reduzindo de 4 de aulas de 45 minutos para 3 aulas de 50 minutos, havendo uma modificação dos tempos letivos, passando cada um a ser de 50 minutos, em detrimento dos 45 minutos verificados nos anos anteriores. Deste modo, o tempo averbado à nossa disciplina baixou passando de 4 segmentos de aulas para apenas 3.

Embora já tivesse conhecimento do número de aulas antecipadamente, a extensão de conteúdos no 1º período foi maioritariamente excessiva, tendo em conta este número reduzido de aulas. Visando os programas nacionais, que em muitos casos solicitam a abordagem de diversos conteúdos, quer táticos, quer técnicos, com um nível de exigência superior, os alunos não conseguiram corresponder a tantos conteúdos, dado que a aprendizagem que deveria estar consolidada de anos anteriores não estava presente, dificultando a aprendizagem de novos conteúdos.

Este nível de planeamento é possivelmente um dos mais importantes para que o trabalho desenvolvido ao longo do ano seja refletido na aprendizagem dos alunos, por comportar os conteúdos que os discentes abordam ao longo do tempo mas por servir de guia para o caminho a seguir por

parte do docente, pois como refere Bento (2003), é à volta da UD que a tarefa do professor se vai centrar no que diz respeito às atividades de planeamento.

Após a criação da UD deparamo-nos com o desafio principal, a sua aplicação, porém sabemos de antemão que estávamos precavidos com as ferramentas necessárias para superar as dificuldades que pudessem aparecer no contexto prático. É essencial analisarmos os pontos fortes e os pontos fracos das nossas decisões, indagar na resposta que esta provoca, de forma a percebermos qual o impacto que terá nos discentes, para, por fim, ajustarmos a planificação, tendo em consideração os objetivos determinados para cada um dos momentos ou modalidades.

Por último, e tratando-se de um planeamento criado para aplicar em aulas com jovens, é facilmente percetível que este possa sofrer alterações e ajustes, devidamente ponderados e retratados, com a intenção de melhorar e adequar favoravelmente os conteúdos. Assim sendo, ao longo do ano, em algumas UDs tive a necessidade de ajustar um ou outro conteúdo, antecipando ou retardando a sua introdução, em virtude daquilo que eram as respostas da minha turma à aplicação de conteúdos anteriores. Aqui, é determinante que a nossa capacidade de adaptação e comunicação com os nossos pares entre em ação, permitindo dialogar e perceber qual a melhor forma de atuação.