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Composição e Formação da Família/Domicílio

1.3 Unidade Domiciliar Mínima

A estrutura domiciliar a ser discutida será a Unidade Domiciliar Mínima (UDM). A UDM é uma unidade de análise que engloba, ao mesmo tempo, a unidade tomadora de decisão econômica e a de formação do domicílio, algo entre o indivíduo e o domicílio.

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Segundo Stockmayer (2004), essa metodologia permite caracterizar um domicílio, considerando-se a presença de uma única unidade ou a junção de uma ou mais unidades dentro do domicílio, além de contemplar variações no ciclo de vida dos indivíduos e da família na análise da formação de domicílios. A UDM analisa o processo de formação de domicílio focando diretamente na probabilidade de compartilhar e formar domicílios separados e relacioná-los à estrutura e à composição de um tipo individual de domicílio e às características dos seus membros. Dessa forma consegue englobar vários aspectos, inclusive a questão da extensão domiciliar.

A UDM é a menor unidade divisível de elementos familiares dentro do domicílio e esta unidade deve ser capaz de tomar decisões econômicas para maximizar os benefícios do domicílio, dada uma série de alternativas. Portanto, há um tamanho ótimo para esta unidade, ou seja, a escolha de uma unidade muito grande poderia resultar em uma subestimação do nível de fissura do domicílio e uma muito pequena, em uma superestimação.

“A UDM é o menor grupo de pessoas dentro de um domicílio que pode ser considerado na constituição de uma entidade demográfica definível. É definível em termos puramente demográficos, neste sentido o indivíduo, durante a vida, se move de um tipo de unidade para outra através de uma simples transição demográfica ou evento.” (ERMISCH e OVERTON, 1985, p. 37)

Dessa maneira, um casal constitui uma unidade simples, uma vez que toma decisões em conjunto sobre a formação do domicílio. O mesmo ocorre quando os casais possuem filhos dependentes no domicílio, pois os pais tomam as decisões referentes a esses filhos dependentes. Quando filhos decidem se casar e casais se divorciarem ou se separarem, significa que membros da mesma família estão tomando decisões diferentes sobre a localização residencial e são consideradas diferentes unidades (FIG. 1.1).

Por exemplo, um indivíduo adulto (Tipo 1) pode mudar de UDM através do casamento, tornando-se uma unidade do Tipo 3 – Casal sem filhos – ou através do nascimento de um filho, passando a ser o Tipo 2 – Família monoparental – ou mesmo casando-se com a unidade Tipo 2 e, a partir daí, transformarem-se em uma unidade do Tipo 4 – Casal com filhos.

Outro exemplo pode ser percebido através da figura do último filho dependente que mora com seus pais (Tipo 4). Quando este filho torna-se independente, seja por ter atingido uma determinada idade, automaticamente, ele passa a ser um indivíduo adulto (Tipo 1) e seus pais retornam ao status anterior, Casal sem filhos (Tipo 3). Para os autores, quando o filho dependente passa a ser independente por atingir determinada idade, o domicílio é considerado

complexo, pois existe em um mesmo domicílio mais de uma UDM. Mo

momento em que esse filho sair de casa, há a formação de dois domicílios

simples. O domicílio complexo, portanto, é dado por uma extensão do domicílio

“base” ou “núcleo”, que pode ser via presença de um filho adulto no domicílio, outro parente ou indivíduos não parentes.

FIGURA 1.1 - Unidade Domiciliar Mínima e Ciclo de vida Familiar

Tipo 1 Indivíduo Adulto

Tipo 3 Casal sem Filhos

Tipo 2

Família monoparental

Tipo 4 Casal com Filhos

Casamento Casamento Perdeu Esposo(a) Perdeu Esposo(a) P er d eu fi lh o N as ci m en to fi lh o N as ci m en to il eg ít im o P er d eu ú lti m o f ilh o C asam ento C om Tip o 2 D iv órcio com perd a d e filh o

FONTE: ERMISCH et al. (1985)

As vantagens deste modelo são dadas: pela possibilidade de análise direta nos padrões de compartilhamento; permitir separar a análise demográfica da socioeconômica; a tipificação de unidades, bem definida em termos de variáveis demográficas e ciclo de vida, o que proporciona uma ampla aplicação; cada componente do domicílio tem status igual, o que facilita a comparação entre os indivíduos em diferentes tipos e tipos complexos de unidades; o paralelo entre o Tipo e a unidade econômica de tomada de decisão

tende a conectar o processo de formação de domicílio, bem como torná-lo mais acessível para a análise econométrica.

Assim, será desenvolvida uma tipologia de arranjos de UDM, para ser implementada na análise empírica sobre composição e formação de domicílios com jovem adulto. O uso da UDM nesse debate se destaca pelo fato de considerar a organização do domicílio a partir da situação do jovem adulto, além de determinar os ganhos econômicos que os jovens adultos podem obter frente a determinada estrutura domiciliar. Mesmo quando se analisa separadamente os arranjos de UDM, o foco se mantém no indivíduo, e quando se deseja focar o domicílio, a análise passa a ser através da composição de arranjos de UDM. Isto é, os arranjos domiciliares se implodem, uma vez que em um mesmo domicílio identificam-se diferentes UDM, em função do grupo etário e da situação domiciliar em que os indivíduos se encontram.

Capítulo 2