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4 TEATRO DOS SONHOS NA APRENDIZAGEM ESCOLAR

4.1 A Unidade Escolar Duque de Caxias

A Unidade Escolar Duque de Caxias está localizada no município de Vargem Grande, na Rua José Vicente, s/nº, Bairro Soldadinho. Faz parte da Rede Pública Municipal de Ensino da cidade. Foi criada pela Lei Municipal nº 254 /1998, de 11 de setembro de 1988 (VARGEM GRANDE, 2019).

Fotografia 1 – Fachada da Escola Duque de Caxias, Vargem Grande – MA

A escola reelaborou seu Projeto Político Pedagógico – PPP no ano de 2019 e teve como norte principal um projeto desenvolvido na instituição intitulado de “cem por cento alfabetização – 100% alfabetização – que visa alfabetizar todos os alunos em período adequado à idade/série e tem como missão garantir o acesso e a permanência dos alunos com sucesso, tornando-os cidadãos capazes de sonhar, criar, realizar e transformar através da organização, disciplina e responsabilidade e por meio de gestão e inovação educacional.

A escola, atualmente, atende duas turmas de 1º e 2º anos (primeiro e segundo anos do Ensino Fundamental), no turno matutino, no horário de 07h15min às 11h15min; e, no turno vespertino, três turmas, sendo uma turma de 1º ano (primeiro ano do Ensino Fundamental); e duas de 2º ano (segundo ano do Ensino Fundamental), das 13h15min às 17h15min; e a EJA (Educação de Jovens e Adultos), no turno noturno funciona do 1º ao 8º ano (primeiro ao oitavo ano do Ensino Fundamental), das 19h15min às 21h30min (VARGEM GRANDE, 2019).

A escola desenvolve seus trabalhos com 21 (vinte e um) alunos no Primeiro Ano e 23 (vinte e três) alunos no Segundo, ambos no turno matutino. No turno vespertino, são 23 (vinte e três) alunos no primeiro ano e 35 (trinta e cinco) alunos, divididos em duas turmas do segundo ano. À noite, funciona a EJA, havendo 10 (dez) alunos no terceiro e quarto anos; 07 (sete) no quinto e sexto anos; e 12 (doze) no sétimo e oitavo ano (VARGEM GRANDE, 2019).

A escola tem, em seu núcleo de funcionários, uma gestora geral, graduada em Pedagogia; uma coordenadora pedagógica, graduada em Letras e especializada em Gestão Escolar; duas secretárias, com formação superior; cinco professoras, todas graduadas em Pedagogia; seis AOSDs (Auxiliar Operacional de Serviços Diversos), sendo um graduado em Pedagogia, outro com o Ensino Médio completo e os demais com Ensino Fundamental incompleto. Há três vigias, um graduado em Letras, um outro com o Ensino Médio completo e ainda um com Ensino Fundamental incompleto (VARGEM GRANDE, 2019).

Vale ressaltar que todos da escola, de acordo com a gestora Antonia Mary dos Santos Corrêa, se dispõem a serem educadores, independente da função que ocupam. Provavelmente, essa percepção contribui para a melhoria dos resultados positivos alcançados.

Um dos aspectos a ser destacado nesta escola e mencionado acima é o Projeto 100% Alfabetização, que propõe substituir o quadro de giz por recursos pedagógicos. A escola saiu do espaço do fazer pedagógico tradicional e se lançou através de atividades lúdicas, artísticas e culturais, um processo que a criança experiencia o aprender ao brincar e aprende e ensina, ampliando, assim, a aprendizagem.

Os materiais didáticos, todos adquiridos pelo Programa Dinheiro Direto na Escola – PDDE13 foram reconstruídos e transformados e sua função ganhou ares de brinquedos e jogos interativos que favorecem a imaginação e criação dos alunos. As professoras apontam que é minimamente utilizado o quadro negro e as crianças não ficam dispostas em fileiras de cadeiras, elas sentam no chão e podem mexer, pular, correr e se expressar quando desejarem, pois a escola anseia ser de fato um organismo vivo, promotora de uma cultura de liberdade, atenta à diversidade de todos os membros da comunidade escolar, o que somente se construirá através do respeito, solidariedade, humanidade, coletividade e afetividade, declarou a Gestora.

Na contramão dos processos educativos onde manuais são utilizados ao aprendizado em rede, a escola optou em construir seu próprio caminho e é importante salientar o foco no lúdico para construir aprendizagens significativas (VARGEM GRANDE, 2019).

Outro fator importante que contribui para o espaço de aprendizagem se fortalecer é a participação da comunidade: pais, mães e responsáveis sempre estão na escola contribuindo com os projetos, cobrando e ajudando no que for necessário, quer seja para tratar de assuntos relativos ao pedagógico, quer seja para avaliar questões diversas da comunidade, comentaram as professoras.

A escola, desse modo, virou uma referência à comunidade, pois em muitos projetos e programas ela serve como apoio e organizadora de diferentes aspectos, desde o pedagógico às relações desenvolvidas em cada ação. No ano de 2018, participante do Programa de Apoio Pedagógico Institucional- PAPI, instituído pela Secretaria Municipal de Educação – SEMED/VG, em virtude das comemorações dos oitenta anos da cidade, a escola desenvolveu seus projetos focando a saúde do

13 Criado em 1995, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) tem por finalidade prestar assistência financeira para as escolas, em caráter suplementar, a fim de contribuir para manutenção e melhoria da infraestrutura física e pedagógica, com consequente elevação do desempenho escolar. Também visa fortalecer a participação social e a autogestão escolar. Disponível em: <https://www.fnde.gov.br/programas/pdde>. Acesso em: 20 de março de 2020.

município. Entre as variadas ações sociais, a principal conquista foi desenvolver e contribuir com as do único posto de saúde da comunidade, revitalizando-o.

De acordo com as professoras, a comunidade voltou a utilizar o posto de saúde, que antes estava sem credibilidade. A gestora salienta que a escola é parceira e mobilizadora, uma vez que consegue dialogar e fazer pontes entre a comunidade e o posto de saúde (VARGEM GRANDE, 2019).

A maioria dos alunos faz parte da comunidade do bairro Soldadinho, alguns poucos vêm de bairros próximos e da zona rural. Uma característica que precisa ser ressaltada é o território que a escola ocupa. A mesma não se situa no centro da cidade e, sim, em uma região tida como marginalizada e dita por muitos como uma das mais perigosas e complexas do município.

A alta taxa de criminalidade e o baixo nível de escolaridade dos chefes (as) de família que, em sua maioria, é constituída por trabalhadores autônomos e desempregados são reflexos, possivelmente, da falta de políticas públicas que por anos desfavoreceram o crescimento econômico local (VARGEM GRANDE, 2019).

A comunidade foi uma invasão fundada por ciganos que chegaram no local na década de 80 e acabaram se fixando nessa área. As pessoas não veem com bons olhos os ciganos e estes, ainda são julgados, pela maioria, relacionados a estereótipos de violência e marginalidade (VARGEM GRANDE, 2019).

O bairro não tem asfalto, saneamento básico, água encanada e muitas das casas ainda são construídas com taipa e cobertas de palhas. A extrema pobreza do local só é amenizada pela presença da escola, que, juntamente com o posto de saúde, representam muito para esta população que vive quase exclusivamente de recursos destinados pelo governo Federal – Programa Bolsa Família, lavoura de subsistência e pequena prestação de serviços (VARGEM GRANDE, 2019).

A gestora explicou que havia uma relação complexa entre a escola e comunidade, mas nesses três anos de gestão, a instituição conseguiu construir respeito e admiração, ao verem os objetivos e as metas serem alcançadas, o que permitiu o reconhecimento, a valorização e a aproximação das famílias, pois, através do trabalho pedagógico o desenvolvimento das crianças, se ampliou, isto facilitou o diálogo e a proposição de novas e avançadas metas. A visão da escola como um espaço educativo de referência a nível local e estadual tornou-se palpável pelo desempenho nas avaliações de seus alunos, pela qualidade do seu ambiente interno e relações externas e pelo elevado grau de satisfação das famílias.