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3 POLÍTICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL:

4.1 Instituições da educação profissional pesquisadas no Vale do Açu

4.1.2 Unidade do SENAC em Assu

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) foi criado por meio do Decreto-Lei n. 8.621 de 10 de janeiro de 1946 pelo então Presidente da República José Linhares (interino). O Decreto atribui à Confederação Nacional do Comércio a tarefa tanto de organizar quanto de administrar escolas de aprendizagem comercial em todo o território nacional. Define também a forma de financiamento, regulamentando uma contribuição compulsória para os estabelecimentos comerciais enquadrados nas Federações e nos Sindicatos da Confederação Nacional do Comércio.

O citado documento ainda estabelece a constituição de um Conselho Nacional e de Conselhos Estaduais ou Regionais para a direção do SENAC, indicando a presença de representantes dos ministérios da educação e do trabalho como membros dos conselhos. O Conselho Nacional é presidido pelo presidente da Confederação Nacional e os Conselhos Estaduais ou Regionais serão presididos por um dos presidentes das federações sindicais dos grupos vinculados ao comércio, sendo preferencialmente o da federação que represente maior contingente humano.

Na mesma data, também foi publicado o Decreto-Lei n. 8.622, que dispõe sobre a aprendizagem dos comerciários, estabelecendo deveres para os empregadores e para os trabalhadores menores relativos a essa aprendizagem. O Art. 1º determina que os estabelecimentos comerciais que possuem mais de nove empregados são “[...] obrigados a empregar e matricular nas escolas de aprendizagem do SENAC, um número de trabalhadores menores como praticantes [...]” (BRASIL, 1946b). Esse número de praticantes deve ser definido pelo Conselho Nacional, mas não pode exceder dez por cento do total de empregados, considerando todas as categorias.

O Art. 4º do mesmo Decreto faz referência a essa aprendizagem como uma “conveniente formação profissional” em que constem as seguintes atividades para os

praticantes: estudo das disciplinas fundamentais para a preparação geral de trabalho no comércio; estudo de disciplinas técnicas referentes ao comércio escolhido; e prática de operações comuns relativas ao setor (BRASIL, 1946b).

Para tanto, as escolas de aprendizagem eram tidas como unidades autônomas, localizadas nos estabelecimentos comerciais, em suas proximidades ou ainda em estabelecimentos de ensino comercial.

O regulamento da instituição foi aprovado por meio do Decreto n. 61.843, de 05 de dezembro de 1967, e alterado posteriormente pelos Decretos n. 5.728/2006 e n. 6.333/2008. O referido documento institui que o SENAC tem como finalidades: realizar a aprendizagem comercial; orientar as empresas vinculadas quanto à execução da aprendizagem metódica; organizar e manter cursos práticos ou de qualificação para os trabalhadores do comércio adultos; promover e divulgar novos métodos e técnicas de comercialização como forma de assistência aos empregadores tanto na elaboração quanto na execução de programas de treinamento e qualificação de pessoal; assistir, dentro das possibilidades, às empresas comerciais no que se refere a recrutamento, seleção e enquadramento de pessoal; contribuir para a difusão e o aperfeiçoamento do ensino comercial de formação e de ensino superior diretamente relacionados.

O regulamento confirma que o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial é uma instituição de direito privado, cuja organização e direção competem à Confederação Nacional do Comércio, estabelecendo que o SENAC se organiza da seguinte forma: uma administração nacional composta por Conselho Nacional (órgão deliberativo), Departamento Nacional (órgão executivo) e Conselho Fiscal; e as administrações regionais, sendo cada uma composta por Conselho Regional (órgão deliberativo) e Departamento Regional (órgão executivo). Além disso, o referido documento especifica a composição de cada Conselho ou Departamento, conferindo, também, suas respectivas competências. Por outro lado, é importante destacar que, conforme Grabowski (2010), embora seu regulamento especifique uma entidade de direito privado, o SENAC recebe significativo financiamento público, assim como todo o Sistema “S”18.

Sobre o assunto, Grabowski (2010, p. 105) depõe que

[...] há uma receita prevista que as entidades que compõem o Sistema recolhem diretamente das empresas, mas há, também, uma significativa arrecadação compulsória na guia da previdência social, baseada em uma legislação bem estruturada, como contribuições sociais para outras entidades [...].

18 Destacamos, novamente, que o que popularmente é denominado como Sistema S, é, na verdade, um conjunto

Grabowski (2010) afirma que a garantia legal desses recursos contribui expressivamente para o orçamento bilionário do Sistema, embora reconheça também que a distribuição desse financiamento se dá de modo diferenciado entre as diversas entidades que o constituem.

No Rio Grande do Norte, o SENAC está vinculado à Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Sistema Fecomércio RN), que administra também o Serviço Social do Comércio (SESC) e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Comércio (IPDC). Nesse estado, o SENAC possui nove unidades fixas e três móveis. As unidades fixas estão localizadas em municípios polos, sendo elas: SENAC Seridó, em Caicó; SENAC Assu, em Assu; SENAC Macaíba, em Macaíba; SENAC Mossoró, em Mossoró. Na capital do estado, o SENAC possui cinco unidades: SENAC Centro; SENAC Alecrim; SENAC Zona Sul; SENAC Zona Norte; SENAC Barreira Roxa; além das unidades móveis de Educação Profissional de Turismo, Imagem Pessoal e Informática (SENAC/RN, 2010). Segundo o regimento da instituição, as unidades do estado viabilizam a oferta de cursos e programas de Formação Inicial e Continuada (FIC) e de Educação Profissional de Nível Técnico, nas formas presencial e a distância.

Nossa pesquisa foi realizada na Unidade de Assu, localizada no centro da cidade. A Unidade, no momento da realização da pesquisa (2015), estava com duas turmas do curso Técnico em Segurança do Trabalho para estudantes que estejam cursando ou já tenham concluído o ensino médio, mas oferta também outros cursos técnicos, como o de meio ambiente, com turma recém-concluída. A entidade ainda oferta outros cursos de formação inicial e continuada, como o de cabeleireiro, com carga horária de 528 horas distribuídas em oito meses, e o curso de aprendizagem profissional em serviços administrativos (menor aprendiz), com duração de 1 ano e em parceria com estabelecimentos da região. Cursos do PRONATEC constituem outra oferta, tendo a entidade pactuado com prefeituras as vagas em cursos de menor duração (de 160 a 220h). As prefeituras que, no momento (tendo por referência o ano de 2015), fizeram o acordo para a oferta desses cursos com a unidade de Assu são Alto do Rodrigues, Carnaubais, Ipanguaçu e Janduís. No entanto, para fins da nossa pesquisa, vamos considerar apenas as ofertas referentes aos cursos técnicos.