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4. CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL

4.1. GEOLOGIA DO SETOR LESTE DA PAAF

4.1.2. UNIDADES PLUTONO-VULCÂNICAS E SEQUÊNCIAS VULCANO-

Intrusivos no embasamento do setor leste da província ocorrem a Suíte Pé Quente, os granitos Novo Mundo, Flor da Mata, Aragão, Nhandu e Peixoto. As quatro primeiras unidades citadas correspondem aos plútons mais antigos reconhecidos na região até o momento (1,98 – 1,93 Ga), sendo que apenas o granito Flor da Mata não apresenta nenhum tipo de mineralização. Adicionalmente, recobrindo o embasamento ocorre a Unidade Vulcanoclástica Serra Formosa, enquanto que truncando os plútons mais antigos ocorrem as suítes Granodiorítica União, Granítica Indiferenciada União do Norte, Colíder, Matupá, Pórfiro União do Norte e a Suíte Teles Pires.

A Unidade Vulcanoclástica Serra Formosa (Assis, 2008, 2011; Miguel-Jr, 2011) ocorre nas imediações da Agrovila União do Norte sendo composta por rochas epiclásticas representadas essencialmente por arenito arcoseano, grauvaca e arcóseo lítico vulcanoclástico, todos com granulometria muito fina a média, além de lentes de conglomerado arenoso polimítico vulcanoclástico matriz suportado de forma subordinada (Assis et al., 2012). Com base em dados petrográficos e litogeoquímicos, é proposto um modelo de erosão de arcos vulcânicos maduros, principalmente de composição intermediária (dacítica a riodacítica), além de rochas de composição granítica (granito s.s. a granodiorito) em menor proporção, em ambiente de margem continental ativa como áreas fonte dos sedimentos dessa unidade. Tais sedimentos teriam se depositado em uma bacia de retro-arco marginal aos edifícios vulcânicos (Assis, 2011). Embora a Unidade Vulcanoclástica ainda não tenha idade confiável determinada (idade mínima: 1,718 Ma; idade máxima: 2,009 Ma; U-Pb LA-ICP-MS em zircão; Miguel-Jr, 2011), este mesmo autor sugere que essa unidade é mais antiga do que as três suítes plutônicas (Suítes Granodiorítica União, Granítica Indiferenciada União do Norte e Pórfiro União do Norte) que a cortam, uma vez que dados estruturais mostram que foi a única a ter sido submetida a deformação, com sub- verticalização do S0, além do fato de exibir contatos intrusivos com as três suítes mencionadas.

A Suíte Pé Quente (Assis, 2011) corresponde a uma suíte magmática composta por leucomonzonito médio, quartzo monzodiorito médio, monzodiorito, albitito fino, diques de granodiorito aplítico e biotita tonalito médio (Assis, 2001; Stabile-Jr, 2012). Segundo Assis et al. (2014), as relações de contato entre as diferentes litofácies que compõem a suíte ainda não foram estabelecidas devido a falta de afloramentos contínuos e ao elevado grau de intemperismo na

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médio potássio, levemente reduzidas a altamente oxidadas, meta- a peraluminosas, similares aos

granitos orogênicos de tipo I (Assis, 2011; Ramos, 2011). Idades

U-Pb LA-ICP-MS em zircão obtidas por Miguel-Jr (2011) para o leucomonzonito médio e U-Pb SHRIMP por Assis (2015) para o biotita tonalito médio revelam idades de cristalização de 1,979 ±31 Ma e 1,901 ±6.8 Ma, respectivamente. Adicionalmente, intrudindo as rochas de composição granítica ocorrem diques máficos, além de outros plútons mais jovens do tipo I, oxidados e de composição tonalítica a monzogranítica (Assis, 2011), os quais de acordo com Assis et al. (2014) poderiam estar correlacionados a Suíte Intrusiva Matupá.

O Granito Novo Mundo (Paes de Barros, 2007) corresponde a um dos maiores corpos intrusivos encontrados no setor leste da PAAF com dimensões de aproximadamente 12 x 5 km. Esse plúton encontra-se alongado segundo a direção W e consite essencialmente de sienogranito a tonalito com presença ou não de biotita ou hornblenda em proporções variáveis, hornblenda microgranito tonalítico, além de quartzo monzonito e monzonito subordinados. Truncando essas rochas ocorrem múltiplos e espessos diques de gabro e diorito (Paes de Barros, 2007), além de diques centimétricos (até 25 cm) de aplito (Trevisan, 2012b). Os dados litogeoquímicos indicam que o Granito Novo Mundo corresponde a um magmatismo oxidado do tipo I, altamente evoluído e fracionado, cálcio-alcalino a sub-alcalino de médio a alto potássio, pera- a metaluminoso, magnesiano a ligeiramente ferroso (Abreu, 2004). Datação Pb-Pb por evaporação de zircão em monzogranito da borda sul da intrusão e em sienogranito da porção central revelam idades de cristalização, respectivamente, de 1,970 ±3 Ma e 1,964 ±1 Ma (Paes de Barros, 2007).

O Granito Flor da Mata (Ramos, 2011), anteriormente enquadrado como pertencente a Suíte Intrusiva Teles Pires segundo Paes de Barros (2007), corresponde a um corpo intrusivo composto essencialmente por monzonito a granodiorito com cristais de quartzo leve a fortemente orientados. Essas rochas representam granitos do tipo I, levemente evoluídos, cálcio-alcalinos a álcali-cálcicos e meta- a peraluminosos (Ramos, 2011). Apesar de apresentar idade ainda indeterminada, esta mesma autora propõe que o Granito Flor da Mata seja temporalmente equivalente do Granito Novo Mundo devido às similaridades petrográficas e geoquímicas.

Definido por Vitório (2010), o Granito Aragão corresponde a um corpo granítico alongado na direção NE-SW que aflora a sudoeste da cidade de Novo Mundo. Apresenta composição que varia de sienogranito a monzogranito isotrópico de granulação fina a média e

exibe texturas equigranular com fácies porfirítica, fanerítica média e microgranular. Datação U- Pb LA-ICP-MS em zircão revelaram idades de cristalização em 1,931 ±12 Ma (Miguel-Jr, 2011). O Granito Nhandu é constituído por magnetita-biotita monzogranito e sienogranito cálcio- alcalinos, com enclaves de diorito a quartzo monzodiorito, além de granitos sub-vulcânicos subordinados, quartzo sienito finos e granófiros (Souza et al., 1979; Moreton & Martins, 2005; Souza et al., 2005; Paes de Barros, 2007). Idades de cristalização para esse corpo granítico obtidas por Silva & Abram (2008) pelo método U-Pb LA-ICP-MS em zircão estão entre 1,889 ±17 Ma e 1,879 ±5.5 Ma. Complementarmente, JICA/MMAJ (2000) obtiveram idade de 1,848 ±17 Ma por U-Pb LA-ICP-MS em zircão para esse granito.

A Suíte Intrusiva Matupá (Souza et al., 2005) compreende quatro litofácies graníticas: (i) fácies 1: biotita granito e biotita monzogranito; (ii) fácies 2: hornblenda monzogranito, hornblenda monzodiorito e biotita-hornblenda monzonito; (iii) fácies 3: clinopiroxênio- hornblenda monzogranito e clinopiroxênio-hornblenda monzodioritos magnéticos; (iv) fácies 4: granito, biotita granito e monzogranito, além de microgranitos e granófiros subordinados (Moura, 1998; Moreton & Martins, 2005; Souza et al., 2005). Moura & Botelho (2002) descrevem ainda a presença de diques félsicos de composição riolítica comagmáticos ao magmatismo granítico e diques máficos com características geoquímicas de basaltos toleíticos continentais cortando as diferentes rochas graníticas. A suíte apresenta afinidade geoquímica com granitos orogênicos do tipo I, cálcio-alcalinos de médio potássico, metaluminosos a ligeiramente peraluminosos, magnesianos, além de ETR com forte padrão de fracionamento e anomalia negativa de Eu (Moura, 1998; Souza et al., 2005). Idade Pb-Pb em zircão de 1.872 ±12 Ma foi obtida em rochas da fácies 1 por Moura (1998).

A Suíte Granodiorítica União (Assis, 2008) representa uma suíte plutônica intrusiva na Unidade Vulcanoclástica Serra Formosa composta essencialmente por biotita-hornblenda granodiorito, além de biotita-hornblenda tonalito e quartzo monzodiorito subordinados (Assis, 2008, 2011; Assis et al., 2012). Datação U-Pb LA-ICP-MS em zircão feita por Miguel-Jr (2011) revela idade de cristalização para esse corpo intrusivo em 1,853 ±23 Ma. Por sua vez, a Suíte Granítica Indiferenciada União do Norte (Assis, 2008), também intrusiva na Unidade Vulcanoclástica, é composta por sienogranito e monzogranito com texturas (micro-)gráfica e porfirítica, as quais indicam posicionamento em nível crustal mais raso quando comparado a

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Assis (2008) sugere que a Suíte Granítica seja mais jovem, por apresentar enclaves do biotita- hornblenda granodiorioto, ou então contemporânea a Suíte Granodiorítica União. Adicionalmente, os dados litogeoquímicos de ambas as suítes indicam que correspondem a granitos do tipo I, cálcio-alcalinos de alto potássico, metaluminosos e magnesianos a ligeiramente ferrosos (Assis, 2011). Quanto às idades de cristalização, esse mesmo autor propõe que as duas suítes são cogenéticas e possivelmente correlacionávies à Suíte Intrusiva Matupá (1,872 ±12 Ma; Moura, 1998).

O Granito Peixoto (Paes de Barros, 2007), anteriormente denominado Granito Juruena (Paes de Barros, 1994), ou considerado como pertencente à Suíte Intrusiva Matupá segundo Lacerda Filho et al. (2004), corresponde a um plúton com composição variando de biotita tonalito a monzogranito equigranular a porfirítico, com ou sem a presença de hornblenda, além de apresentar enclaves de diorito (Paes de Barros, 2007). De acordo com este mesmo autor, as rochas que compõem esse corpo granítico apresentam afinidade geoquímica com séries álcali- cálcicas a cálcio-alcalinas de alto potássio, metaluminosas a levemente peraluminosas e magnesianas. Idade Pb-Pb em zircão em 1,792 ±2 Ma foi obtida para biotita monzogranito (Paes de Barros, 2007). No entanto, estudo recente (Silva, 2014) propõe a divisão do Granito Peixoto em dois corpos de composição granítica: (i) biotita monzogranito porfirítico a equigranular, cortado por diques máficos e (ii) biotita granodiorito inequigranular a porfirítico. Silva (2014) ainda propõe com base em idades U-Pb SHRIMP em zircão que o biotita monzogranito (1,869 ±10 Ma) seja incluso novamente na Suíte Intrusiva Matupá (1,872 ±12 Ma; Moura, 1998), enquanto que o biotita granodiorito (1,761 ±9 Ma) deva permanecer com a denominação de Granito Peixoto, além de ser considerado contemporâneo a Suíte Intrusiva Teles Pires (1,757 ±16 Ma, Santos, 2000; 1,759 ±3 Ma a 1,797 ±5 Ma, Pinho et al., 2003; 1,782 ±17 Ma, Silva & Abram, 2008).

A Suíte Colíder (Silva & Abram, 2008) corresponde a um magmatismo cálcio-alcalino de alto K, metaluminoso a peraluminoso, compatível com os padrões dos granitos orogênicos e aflora principalmente nas proximidades do município de Colíder, considerado como área-tipo. Os litotipos dessa suíte truncam todas as unidades anteriores, ou estão em contato tectônico com os granitos Nhandu e Matupá, sendo representados predominantemente por rochas subvulcânicas e vulcânicas e, em menor proporção, rochas piroclásticas e epiclásticas. Dentre as rochas subvulcânicas destacam-se microgranitos, micro-quartzo-monzonitos, micromonzonitos,

micromonzogranitos, granófiros, além de brechas vulcânicas associadas, enquanto que as rochas vulcânicas são representadas por riolitos e andesitos. Datações U-Pb em zircão de riolito porfirítico efetuadas pela JICA/MMAJ (2000) e Pimentel (2001) revelam idades de 1,786 ±17 Ma e 1,781 ±8 Ma, respectivamente. Adicionalmente, Silva & Abram (2008) obtiveram idade em 1,785 ±6,3 Ma (U-Pb em zircão).

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