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Anexo I do Apêndice C: Sinopse da 6ª temporada de Malhação.

G. R.E.S UNIDOS DE PADRE MIGUEL

FUNDAÇÃO 12/11/54 CORES Vermelho e Branco GRUPO ATUAL Série A QUADRA Rua Mesquita, 08 Padre Miguel Telefone: 3291-1309

BARRACÃO

Rua Prefeito Júlio de Moraes, Rio de Janeiro.

A Unidos de Padre Miguel, uma das agremiações da Zona Rural, em seu primeiro desfile na Praça Onze em 1959, se torna campeã e adquire o direito de se apresentar entre as grandes, em 1960. Entretanto, a má colocação que obteve, a fez retornar "A poeira", isto 6, as categorias inferiores. Em 1963, novamente obtém uma boa colocação no grupo intermediário e sobe para o Grupo 1, para outra vez retornar (no ano seguinte) ao Grupo 2, após uma apresentação infeliz. Dessa forma vem apresentando-se esta simpática e querida escola de samba, que supera os poucos recursos de que dispõe, com o entusiasmo na hora do desfile.

(Fonte: Galeria do Samba. Disponivel em: http://www.galeriadosamba.com.br/escolas/unidos-de-padre- miguel/166/).

Mas você deve estar se perguntando: “o que essa escola de samba tem a ver com religiosidade africana?”.

Sua pergunta faz sentido e a escola mencionada faz mais sentido ainda. Ouça o samba enredo desta escola no Carnaval de 2017.

https://www.youtube.com/watch?v=ulttzvqMqNo

Letra do samba enredo.

Unidos de Padre Miguel 2017 O Poder da Cura

Diego Nicolau

Vai ter xirê, ogans e alabê Ossain mutumbá

Hoje a Unidos de Padre Miguel Tem o poder de curar

Os tambores na floresta são clamores pela cura A raiz se manifesta onde a seiva se mistura Cai a tarde, vai cruzar o céu, eye

O olhar sagrado vai resplandecer

A quem foi um dia escravo senhor do axé (axé) Ossain macera as folhas a fé

Ossain prepare os pilões

A sua missão é legado de Olodumaré Êh katendê, lá na mata da Jurema Kosi ewe kosi orisá

Abô, abô! Preto véio ensinou Hoje eu quero me banhar A lua de prata clareia Babalossain na aldeia Xangô tentou se apoderar Clamou aos ventos de Yansã Mas o mistério sempre estará Nas mãos do filho de Nanã

Oxalá ao seu herdeiro, minha devoção

Orunmila, traga em seus olhos nossa proteção O samba é o remédio da alma

O sassain que vai além Chegou o dia

Na tribo da Vila Vintém

(Fonte: Letras. Disponível em: https://www.letras.mus.br/diego-nicolau/unidos-de-padre-miguel-2017/. Acesso em 20 de outubro de 2017).

Peça para que os alunos pesquisem os termos desconhecidos. Pode partir de duas maneiras, ou com atividades para casa ou, ir até o laboratório de informática para que pesquisem. Caso não tenha a possibilidade de acesso à internet para os alunos disponibilize os conceitos dos termos e expressões abaixo para os alunos. Isso permitirá com que os alunos conheçam mais sobre termos e expressões específicos da cultura africana.

A partir da pesquisa, é importante socializar os termos e seus conceitos com toda a turma.

Aula 2.

Texto II. Um breve entendimento do Candomblé.

O CANDOMBLÉ - religião brasileira dos orixás e outras divindades africanas que se constituiu na Bahia no século XIX - e demais modalidades religiosas conhecidas pelas denominações regionais de xangô, em Pernambuco, tambor-de-mina, no Maranhão, e batuque, no Rio Grande do Sul, formavam, até meados do século XX, uma espécie de instituição de resistência cultural, primeiramente dos africanos, e depois dos afro- descendentes, resistência à escravidão e aos mecanismos de dominação da sociedade branca e cristã que marginalizou os negros e os mestiços mesmo após a abolição da escravatura. Eram religiões de preservação do patrimônio étnico dos descendentes dos antigos escravos. Assim foram conhecidas e analisadas por Roger

Bastide que, entretanto, já observava a presença de brancos no candomblé no final da década de 1940, antecipando a transformação do candomblé e congêneres em religiões de caráter universal (Bastide, 1945, 1971, 1978). De lá para cá, muita coisa mudou, fazendo dessas religiões organizações de culto desprendidas das amarras étnicas, raciais, geográficas e de classes sociais. Não tardou e foram lançadas no mercado religioso, o que significa competir com outras religiões na disputa por devotos, espaço e legitimidade

[...]

Segundo o recenseamento de 2000, apenas 0,3% da população brasileira adulta declaram-se pertencentes a uma das religiões afro-brasileiras, o que corresponde a pouco mais de 470 mil seguidores, embora pesquisas feitas com metodologia mais precisa indicam valores maiores, da ordem de pelo menos o dobro das cifras encontradas pelo censo (Pierucci e Prandi, 1996). Quando se trata das religiões afro- brasileiras, as estatísticas sobre os seguidores costumam oferecem números subestimados, o que se deve às circunstâncias históricas nas quais essas religiões surgiram no século XIX, quando o catolicismo era a única religião tolerada no País, a religião oficial, e a fonte básica de legitimidade social. Para se viver no Brasil, mesmo sendo escravo, e principalmente depois, sendo negro livre, era indispensável, antes de mais nada, ser católico. Por isso, os negros que recriaram no Brasil as religiões africanas dos orixás, voduns e inquices se diziam católicos e se comportavam como tais. Além dos rituais de seu ancestrais, frequentavam também os ritos católicos. Continuaram sendo e se dizendo católicos, mesmo com o advento da República, no fim do século XIX, quando o catolicismo perdeu a condição de religião oficial e deixou de ser a única religião tolerada no país.

[...]

Fragmentada em pequenos grupos, fragilizada pela ausência de algum tipo de organização ampla, tendo que carregar o peso do preconceito racial que se transfere do negro para a cultura negra, a religião dos orixás tem poucas chances de se sair melhor na competição - desigual - com outras religiões. Silenciosamente, assistimos hoje a um verdadeiro massacre das religiões afro-brasileiras. Sem um projeto novo de expansão e de reorientação num quadro religioso que se tornou extremamente complexo e competitivo, a umbanda talvez tenha menos recursos que o candomblé para enfrentar a nova conjuntura. Os dados dos censos mostram que é da umbanda

que vem o encolhimento demográfico do segmento religioso afro-brasileiro, e o vigor do novo candomblé não tem sido suficiente para compensar as perdas. Nem seus líderes, em grande parte pouco escolarizados, têm sabido como reagir ou como se organizar, mais preocupados que estão em garantir o funcionamento de seus terreiros. A umbanda tem menos de cem anos de idade e parece não conseguir se adaptar às novas demandas que a sociedade apresenta. Já o candomblé, que é pelo menos um século mais antigo que a umbanda, porém renovado pelas mutações que vem sofrendo em sua expansão, tem se mostrado mais ágil para se adequar aos novos tempos. É mais uma demonstração de que a religião que não muda morre.

(Fonte: PRANDI, Reginaldo. O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso. Revista Scielo).

Orientações: neste texto chame a atenção dos alunos para o fato da construção discursiva de uma religião oficial do Estado brasileiro, sendo considerado cidadão apenas àqueles que professavam a fé católica e que para fugir das penalidades e até mesmo evitar uma marginalização maior os negros escravizados e livres diziam-se convertidos, porém em momentos distantes cultuavam suas divindades. Tal fato é considerado pela historiografia como resistência à imposição cultural religiosa por parte do senhorio. Assim, cabe deixar claro para os alunos que as manifestações religiosas dos africanos no Brasil colônia e imperial eram vistas como um verdadeiro “caso de polícia”. Neste momento apresente o documento (Texto III) para os alunos.

(Fonte: PRANDI, Reginaldo. O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso. Revista Scielo).

(Fonte: APEBa, Subdelegado. 1861-62. APUD REIS, J.J. Domingos Sodré: um sacerdote africano:

escravidão, liberdade e candomblé na Bahia do séc. XIX. São Paulo. Companhia das Letras. 2008.

P. 39-40).

Neste documento uma atividade de historiador com suas perguntas típicas pode aguçar a curiosidade dos alunos. Assim, questionar o documento é fundamental para uma interpretação coerente. As perguntas aqui lançadas constituem o tripé básico do

ofício de historiador, sendo elas: Quem produziu este documento? Quando foi produzido? Com qual objetivo? A partir de tais respostas outras perguntas poderão suscitar o interesse por desvendar mais e mais sobre o passado. Quem foi denunciado? Qual a acusação? Seria verdadeira a acusação? Qual teria sido o destino do acusado? E de quem recebeu a denúncia?

É importante frisar que neste caso a denúncia não foi confirmada em virtude de documentação apresentada pelo acusado, comprovando que vivia de outros ofícios que não o de curandeiro. Mas o teor do documento leva-nos a interpretar o quanto eram perseguidas as pessoas que professassem outras religiões, em especial as de matriz africana, sendo a religião cristã católica a hegemônica e isso possibilitava um olhar errôneo sobre outras religiões, vistas como feitiçaria ou comumente de “macumba”.

Aula 3.

Proposta de trabalho final. Modalidade: Grupo com 5 alunos.

Neste momento os alunos irão construir o conhecimento por meio de uma produção cultural.

Solicite aos alunos que escolham uma música de sua preferência e copie a letra em uma folha.

A partir deste momento o grupo deverá criar uma paródia de modo a expressar o conhecimento aqui construído por meio de uma música. Lembre-os que na paródia mantêm-se o ritmo da música, buscando contar a história aqui estudada.

Vale lembrar que o estilo musical é de escolha do grupo, tornando assim mais atrativo o trabalho final.

Anexo I do Apêndice E: G.R.E.S. Unidos de Padre Miguel