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A UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Nos últimos anos, Teixeira Coelhovem debatendo a cultura universitária sob os mais diferentes prismas. Para o autor, antes de se falar em cultura institucional, deve-se questionar um assunto prioritário e mais importante-a

própria universidade:

...o que se afirma é que, antes de voltar-se para o conhecimento, em abstrato, e para a sociedade, como querem os chavões mais circulados, a universidade tem que produzir o conhecimento de si mesma e propor-se como uma sociedade - ou, na palavra mais comum, uma comunidade...16

Ainda segundo o mesmo autor:

...por não fazer de si mesma seu primeiro assunto, a universidade não constrói e não permite que se construa uma cultura universitária. Sem uma cultura universitária, não existe uma identidade universitária. Sem uma cultura universitária, sem uma identidade universitária, como pode a universidade contribuir para a formação de uma cultura mais ampla, essa cultura que é chamada de social e que só é chamada de social porque absurdamente proliferam as culturas não-sociais - quer dizer, as não-culturas? A resposta é clara: não pode...17

Neste capítulo examina-se quais foram os caminhos culturais que a USP

16

Coelho, 1997, p. 2.

17

trilhou, fazendo um breve relato dos projetos culturais executados pelos órgãos que formam a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, para situar no

recorte desta pesquisa. Isso fornecerá subsídios para se discutir se ela contribui

ou não para a formação de sua própria cultura, mediante um projeto cultural, de

uma cultura, ou projeto cultural mais amplos.

Criada em 1934 pelo Decreto 6283, de 25 de janeiro, a USP é uma autarquia

de regime especial, com autonomia didático-científica, administrativa, disciplinar

e de gestão financeira e patrimonial. Durante seus sessenta e quatros anos de

existência, a USP passou por várias reformas estatutárias, às quais não se farão

referências por não fazerem parte desta análise. Em 1989, após a aprovação de

um novo estatuto que entrara em vigor em 1.o de novembro de 198818, a USP

iniciou a implantação do novo organograma na administração central. Junto à

Reitoria, funcionariam, a partir de então, quatro novas Pró-Reitorias, com Pró-

Reitores indicados pelo Reitor e submetidos à aprovação do Conselho

Universitário. Vamos nos ater a uma delas, atendendo às finalidades desta pesquisa;

a de Cultura e Extensão Universitária.

No decreto de criação da USP de 1934, após as seguintes considerações:

... que a organização e desenvolvimento da cultura dilosófica, científica,

literária e artística constituem as bases em que se assentam a liberdade e a grandeza

de um povo; ... que a formação das classes dirigentes, mormente em países de

populações heterogeneas e costumes diversos, está condicionada a organização

18

Ver Estatuto da USP – última atualização no ano de 1993 – Os estatutos da USP datam de 1934, 1972 e 1988.

de um aparelho cultural e universitário, que oferaça oportunidade a todos e

processe a selação dos mais capazes... que em face do grau de cultura já atingido

pelo Estado de Sâo Paulo, com Escolas, Faculdades, Institutos de formação

profissional e de investigação científica, é necessário e oportuno elevar a um

nível universitário a preparação do homem,do profissional e do cidadão,

No documento estão assim defindos os fins da Univesidades:

a) promover, pela pesquisa, o progresso da ciência,

b) transmitir, pelo ensino, conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam

o espeírito ou sejam úteis à vida,

c) formar especialstas em todos os ramos de cultura, e técnica e profissionais

em todas as profissões de base cientítica ou artística,

d) por meio a obra social de vulgarização das ciências, das letras e das

artes, por meio de cursos sintéticos, conferências,palestras, difusão pelo rádio,

filmes científicos e congeneres.

Estes fins da USP não estão mais explicitados no estatuto aprovado em

outubro de 1988, para este fato não encontrou-se explicação do por que foi

suprimido. Tudo leva a crer que os elaboradores do atual estatuto tiveram um

entendimento que todas atividades da universidade devem ser vistas como

Assim, apesar das divergências surgidas entre os membros do Conselho

Universitário quanto à aprovação do nome do docente que ocuparia a Pró-

Reitoria de Cultura e Extensão, surge um nome de consenso para minimizar a

questão, mas esse fato leva a um esvaziamento da referida Pró-Reitoria, recém-

criada. Ao ser implantada em março de 1989, a Pró-Reitoria ainda não delineara

um projeto cultural; o primeiro Pró-Reitor, Ruy Laurenti, exerceu uma

administração marcada por uma participação efetiva nas atividades culturais, o

que colaborou de maneira relevante para a transição. Foi assim que a USP deu

seus primeiros passos na tentativa de elaborar uma nova prática cultural. Para

Ruy Laurenti não existia um projeto que fosse possível realizar qualquer atividade

cultural em sua administração.19 O mandato de Ruy Laurenti terminou com o

fim da gestão do então Reitor José Goldemberg . A única atividade cultural elaborada foi o primeiro Festival de Teatro Universitário, que ficou estruturado e podê ser realizado quando o novo Pró-Reitor, João Alexandre Barbosa, assumiu.

Grandes mudanças na vida universitária passam a ocorrer principalmente nas áreas administrativas. Roberto Leal Lobo e Silva Filho, professor do Instituto de Física e Química de São Carlos assume a Reitoria da USP no mês de janeiro de 1990, indicando em março deste mesmo ano, para a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão João Alexandre Barbosa, professor de Teoria Literária, do Departamento de Lingüística e diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Preocupado com os rumos da Cultura no país, João Alexandre Barbosa buscou formas de organizar a Cultura e Extensão da USP nos moldes que prevalecem até hoje.

19

Entrevista concedida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo – São Paulo. em 29/05/1998.

Foram incorporados à Pró-Reitoria de Cultura e Extensão vários órgãos de cultura como: o Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP), que pertencia à Escola de Comunicações e Artes; a Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP) e o Coral Universidade de São Paulo (CORALUSP), que faziam parte da Coordenadoria de Atividades Culturais (CODAC), a Comissão de Patrimônio Cultural (CPC), pertencente à Reitoria, a Estação Ciência, um projeto especial da USP que tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Pesquisa e o Conselho dos Museus. No final do ano de 1993, com a recuperação do espaço da USP na rua Maria Antônia, onde funcionou até 1968 a histórica Faculdade de Filosofia, vem somar-se aos demais órgãos o Centro Universitário Maria Antônia, que no início esteve ligado à Coordenadoria de Comunicação Social. Também foram criados, no período de realização desta pesquisa, o Projeto Nascente, o Calendário Cultural da USP, o Calendário de Extensão da USP, as Exposições Itinerantes, a Universidade Aberta à Terceira Idade, o Projeto A Universidade e as Profissões, o Cinema da Universidade de São Paulo (CINUSP), que recebeu o nome de Paulo Emílio e a Orquestra de Câmara da USP (OCAM).

Nos primeiros meses do mandato de João Alexandre Barbosa,20 foram

empreendidos grandes esforços na tentativa de organizar minimamente a área cultural. Foram nomeados pelas unidades de ensino e pesquisa os representantes do Conselho de Cultura e Extensão,21 que após sua instalação passou a realizar

reuniões periódicas. Logo nas primeira reuniões observou-se que a USP tinha grande preocupação com os projetos de Extensão Universitária. Era enorme a quantidade de cursos, das mais diversas áreas, que se aprovavam nas extensas reuniões do novo conselho. Não havia espaço para projetos culturais, pois havia

20

Entrevista concedida em sua residência, em São Paulo, em 07/06/99.

21

Resolução n.º 3 733, publicada no Diário Oficial do Estado de São Paulo de 07/09/90, à página 21, seção I.

resistência natural dos docentes que formavam o conselho quanto às propostas de inovação. Sempre que se sugeria um projeto cultural, apontava-se como justificativa para a não aprovação as apresentações da Orquestra Sinfônica da USP e do Coral Universidade de São Paulo e a alegação de que a USP estava fazendo sua parte quanto às atividades culturais. Devido a essas resistências e à falta de compreensão dos membros que faziam parte do Conselho de Cultura e Extensão, de que a cultura poderia ser entendida como algo mais amplo, não se propiciavam condições para a criação das demais áreas de demonstração e expressão artística. Só depois de muita discussão entre os professores pertencentes ao Conselho, foi possível a introdução de algumas mudanças, a partir das quais começaram a ser realizados os mais diversos projetos de Ação Cultural.

....não que eu tenha convencido o Conselho de Cultura e Extensão. O que eu fiz foi colocar em prática as idéias que o Aluísio tinha. Depois é que eu comunicava o Conselho, porque se eu fosse esperar as decisões nunca teríamos implantado os projetos que implantamos...22

Ao analisar este período, foi encontrado nos documentos administrativos

da Pró-Reitoria de Cultura o novo perfil da USP diante das ações culturais, que

passariam a fazer parte do cotidiano universitário, mediante as intervenções culturais

na rotina acadêmica. Desta forma, teve início uma série de projetos inovadores

de ação cultural, até então inéditos no país.

Observa-se que mesmo os eventos técnicos acadêmicos passam a solicitar

atividades artísticas como parte integrante da programação de congressos. É

interessante registrar, por exemplo, uma apresentação de dança durante a

realização de um congresso de Geomorfologia no saguão do Departamento de

22

Geografia e História. Em uma primeira análise rápida pode parecer que foi acrescentada ao programa como festa, entretenimento dos congressistas e até mesmo eles terem visto desta forma. Chamada a colaborar na montagem da programação cultural, a autora deste estudo deixou claro ao professor coordenador que essa atividade deveria fazer parte de um todo, senão não teria sentido realizá-la. Foi proposto um espetáculo de dança no qual o bailarino havia feito uma pesquisa sobre as variações da coloração dos vários tipos de solos argilosos. Ele pintou o corpo como uma mistura feita de água e argila colorida em vários tons, de modo que a coloração fosse se alterando enquanto se desenvolvia a apresentação. Todo o processo fazia parte de um programa distribuído aos participantes que justamente faziam esse tipo de pesquisa.

A partir de atividades como esta pode-se fazer duas análises: a primeira, do ponto de vista de quem organizou, e que o fez como ritual, pois certamente alterou a forma de introduzir demonstrações culturais em atividade estritamente técnica. A segunda, do ponto de vista de quem participou, na qual sem dúvida há várias interpretações, tais como: distração, quebra de uma rotina costumeira em qualquer congresso e finalmente um deleite, no qual os participantes foram envolvidos, tornando-se parte do ritual, o que acabou ocorrendo seguindo as características propostas.

Figura 3 - Correspôndencia Oficial da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária

38

CAPÍTULO II

Ações Culturais na Universidade de São Paulo

No mês de maio de 1990, a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária já possuía, para pôr em prática, um primeiro esboço do Plano de Ação que nortearia os rumos da cultura da Universidade de São Paulo. Para esta finalidade, foi elaborado um diagnóstico cuja conclusão foi, havia necessidade de dinamizar as atividades culturais na USP.

Foram criadas duas frentes:

A primeira constituiu-se pelo envio de proposta ao Conselho de Cultura e Extensão, recém-formado, para implantação de projetos culturais na USP. Concomitantemente, foi enviada à empresas correspondência em que se buscava patrocínio ou parceria cultural. Desta forma, os contatos com o empresariado se intensificaram e se estreitaram, na tentativa de sensibilizá-los a participar do novo momento cultural da Universidade de São Paulo. A Segunda, com a organização de um seminário denominado “Seminário de Modernização no Brasil e Lançamento do Projeto Nascente”, que deveria ocorrer nos dias 24, 25 e 26 de setembro de 1990. Foram convidados empresários, autoridades, técnicos, artistas, personalidades de expressão na cena intelectual e cultural nacional. As discussões visavam a dar início a projetos de natureza cultural na Universidade de São Paulo. Além das discussões empresas/produto cultural da Universidade de São Paulo, deveria ser

39 apresentado um projeto, idealizado para ser um dos mais ousados passos que a Universidade de São Paulo daria na construção de sua história cultural. Porém, devido à falta de prática, razões logísticas e dificuldade de trabalhar com o setor privado, o seminário foi cancelado.

Figura 4 – Projeto encaminhado ao Conselho de Cultura e Extensão em julho de 1990. Processo

45 Figura 5 – Modelo de carta enviada às empresas em 1990.

49 Figura 6 – Programa do Seminário de Modernização no Brasil e Lançamento do Projeto Nascente, 04/09/90.

51 Figura 7 – Release contendo histórico da Pró-Reitoria de Cultura e Extenção enviado à imprensa em 1993.

54 Em setembro desse mesmo ano, 1990, após terem sido enviadas propostas descrevendo o Projeto Nascente à várias empresas, a Editora Abril respondeu afirmativamente e veio a tornar-se a primeira parceira cultural nessa nova fase da Universidade de São Paulo. Seguindo o exemplo da Editora Abril, outras empresas como Citrosuco, Nestlé, IBM, Klimes, Kibom, Tintas Sherwin Williams do Brasil etc. mostraram-se receptivas e juntaram suas marcas à da Universidade de São Paulo. Assim, foi possível dar início a várias atividades de cultura do padrão cotidiano que ocorreram no período aqui analisado de 1989 a 1995. Tais atividades eram muito diferenciadas em relação à cultura científica e tecnológica existente na USP e as desenvolvidas pela Coordenadoria de Comunicação Social. Neste órgão se produz o Jornal da USP e funcionam a gráfica e a Rádio USP.

Ainda com ênfase na cultura científica e tecnológica, foi montada a Coordenadoria Executiva de Cooperação Universitária e de Atividades Especiais – CECAE, órgão, ligado ao gabinete do reitor e a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Criada em 1988 para dar apoio às unidades de ensino no tocante aos cursos e serviços de extensão universitária, a CECAE serviria de ´ponte´ para que a sociedade buscasse soluções práticas para seus projetos. Esta coordenadoria é anterior a existência da Pró-reitoria de Cultura e Extrensão, podemos dizer que foi a sua semente ou melhor um núcleo criado para orientar a concepção do que deveria ser a PRCEU, isto é quando fosse criada esta última a primeira deveria ser englobada, porém por problemas políticos, continuou a existir com a missão de ser a ´ponte` já explicitada acima. Foram tão delicadas estas quetões políticas que a coordenadoria ficou a princípio ligada direta ao gabinete do reitor só vindo a fazer ´parte´ da PRCEU na gestão de Flávio Fava de Moraes. Atualmente, porém, ainda mantém-se os dois vínculos.

55 É importante observar que as ações culturais foram se desenvolvendo nesse período por intermédio de pessoas envolvidas nas atividades e que acreditaram na proposta do Pró-Reitor de Cultura e Extensão, professor doutor João Alexandre Barbosa. No período de realização desta pesquisa, por exemplo, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC, chegou a contar com 90 empresas apoiando seus projetos, por meio da AAMAC23.

Neste caso específico, houve um elemento facilitador: as empresas buscavam se tornar visíveis para um público diferenciado como o da universidade, um filão que sempre despertou interesse no setor empresarial paulista. Passaram então a juntar suas marcas a produtos culturais diferenciados (exposições e infra-estrutura que possibilitassem essa mesma exposição). Por outro lado, havia por parte da universidade, nesse novo momento, um plano para ficar mais visível perante à sociedade.

...trata-se de um programa ambicioso, que não exclui práticas de “marketing”, no melhor conceito embutido nessa palavra. Não bastam recursos materiais. É preciso que a imaginação criativa e a ousadia supram as eventuais carências de meios financeiros...24

Outra iniciativa que marcou esse período, de intensas atividades culturais, foi o projeto USP/COMUNIDADE – BANCO REAL. Uma iniciativa do gabinete do reitor realizada com recursos financeiros do referido banco, que repassava $5i000 dólares mensalmente para sua realização. Este valor cobria os custos da infra-

24

Texto da correspondência enviada ao Conselho de Cultura e Extensão em julho de 1990, ver p. 40.

23

Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporânea da USP – Entidade de utilidade pública criada para facilitar o recebimento de doações tanto financeiras como em espécie, propiciando a realização de diversas atividades no Museu.

estrutura, o que propiciava a realização de diversas manifestações artísticas nos espaços abertos e fechados do campus São Paulo, para o público que freqüentava a universidade nos finais de semana. O projeto era realizado com o apoio da Pró- Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e administrado pela Diretoria de Cultura, contando com monitoria remunerada ($200 dólares mensais) de quinze alunos graduandos e pós-graduandos. Não havia pagamento de cachês aos artistas, que tinham, no entanto, seu nome divulgado na grande imprensa paulista, além da infra-estrura, como transporte e alimentação custeados pela verba que o banco repassava à USP.

58 Figura 9 – Anúncio do projeto USP Comunidade-Banco Real.

59

1. Projeto Nascente

A concepção do Projeto Nascente e sua implantação na Universidade de

São Paulo foi segundo o Pró- Reitor João Alexandre Barbosa:

...a realização de um sonho: fazer com que a Universidade pudesse tornar visível aquilo que, em oito áreas artísticas, fazem os seus estudantes. Um sonho bonito que se opõe às imagens de pesadelo com que a Universidade, no Brasil de hoje, tem que se haver nos seus momentos de vigília. Pesadelo que se traduz pela inércia, o descaso, a entrega à rotina paralisante, o pessimismo, a descrença. Contra tudo issoisso, sonhou-se o Projeto Nascente.25

Discutindo a Política Cultural brasileira no seu editorial do jornal O Estado

de S. Paulo, Mauro Chaves, baseando-se em material elaborado pela Pró-Reitoria

de Cultura Extensão, refere-se à questões confusas que os produtores e artistas se encontram em virtude de não haver qualquer incentivo ou apoio seja por parte do governo, seja pelo setor privado, para que possam despontar talentos artísticos no Brasil. Elogiando a implantação do Projeto Nascente na Universidade, Mauro Chaves escreve:

Um bom exemplo de sistemática de caça aos novos talentos, que poderia ser imitado por entidades públicas e privadas do País, é o Projeto Nascente, desenvolvido pela Pró-Reitoria de Cultura da Universidade de São Paulo. Trata-se da montagem de um banco de dados de informações culturais cujo “ativo” é formado pelos trabalhos depositados por jovens pertencentes ao amplo universo de 50 mil alunos da instituição. Organizou-se um concurso gigante

25

João Alexandre Barbosa, 1º Catálogo da Categoria de Artes Plásticas do Projeto Nascente I, São Paulo, outubro, 1991.

60 e se buscou o patrocínio da iniciativa privada para a premiação dos

melhores trabalhos, em oito áreas artístico-culturais...26

Na sua concepção, o Projeto Nascente, considerado pela crítica

especializada27 uma inicitiva de grande ousadia, foi uma Ação Cultural Intencional

com os seguintes objetivos:

• Identificar as vocações artísticas entre os estudantes da USP.

• Premiar os melhores trabalhos em oito áreas artísticas: Música

Popular, Música Erudita, Prosa, Poesia, Teatro, Dança, Vídeo/Cinema

e Artes Plásticas.

• Abrir espaços e divulgar os vencedores e finalistas.

• Alimentar a primeira base de dados culturais do Brasil.

• Esboçar o cenário cultural brasileiro do ano 2000.

• Incentivar o desenvolvimento da cultura na USP e desta forma

na sociedade, por meio do Prêmio Abril.

O Projeto Nascente teve como idealizador Aluízio Falcão, que em junho de 1990 assumiu o cargo de assessor da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão. Convidado pelo então Pró-Reitor João Alexandre Barbosa, Aluízio trouxe consigo a vasta experiência acumulada durante 30 anos de trabalho na área de produção artística da empresa privada, influenciando de modo significativo o novo processo de administração cultural da USP. Sua proposta era trabalhar em parceria com a empresa privada e assim realizar os Projetos Especiais, entre os quais se incluía o Projeto Nascente. Nesta parceria havia um acordo verbal para que a empresa

26

Chaves, 1991, p. 2.

27

61 que viesse a se tornar a parceira cultural não interviesse nas ações à serem realizadas. Após a apresentação do Projeto Nascente à várias empresas obteve-se a primeira

parceria cultural com a Editora Abril no dia 10 de setembro de 1990. Além de

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