• Nenhum resultado encontrado

UNIVERSIDADES BRASILEIRAS QUE TEM EDITAIS ESPECÍFICOS PARA QUILOMBOLAS E INDÍGENAS ALDEADOS

UNIVERSIDADE TIPO DE PROCESSO SELETIVO ESPECIAL

UFOPA - UNIVERSIDADE DEFERAL DO OESTE DO PARÁ

O processo seletivo na ufopa é específico para apenas quilombolas e é composto de prova de leitura e interpretação de textos, regido por edital interno da universidade.

UFPA – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

O processo seletivo da UFPA é regido por edital interno para indígenas e quilombolas e é

composto por 3 etapas: prova de redação; entrevistas e análise do histórico escolar FURG – Universidade Federal do Rio

Grande

É um processo seletivo específico para quilombolas e contém uma etapa: prova de redação e de língua portuguesa com 15 questões. UFSC – UNIVERSIDADE Federal de Santa

Catarina

Realiza um processo seletivo específico para indígenas e quilombolas contendo uma fase: análise do histórico escolar do ensino médio do candidato(a). Interessante observar que no edital faz-se a opção também, para a preferência de indígenas da região sul e quilombolas do estado de Santa Catarina, elegendo critérios que

priorizem a regionalidade dos(as) canditatos(as). UNIFESSPA – UNIVERSIDADE

FEDERAL DO Sul e Sudeste do Pará

É uma universidade que contém o processo seletivo com 2 vagas para quilombolas e 2 para indígenas no curso de licenciatura em educação do campo. E o processo consistem em 2 etapas: prova objetiva e de redação e a segunda etapa que é entrevista. É regido por edital próprio. As demais vagas de ação afirmativa são

selecionadas através do SISU UFPEL – UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PELOTAS

Regida por edital interno específico para indígenas e quilombolas constando 3 etapas: I diz respeito a uma prova de redação; a segunda de avaliação do memorial descritivo e a terceira de defesa de memorial descritivo e apresentação dos aspectos sócio-políticos-culturais de sua comunidade quilombola/ povo indígena. UFG – UNIVERSIDADE FEDERAL DE

GOIÁS

Regida por um Programa UFG Inclui com vaga extra para quilombola e para indígena de escola pública.

Importante conquista para o movimento quilombola nacional e também Baiano, para o movimento negro e as comunidades tradicionais quilombolas que terão agora seus “filhos” adentrando este espaço através das cotas a eles destinadas, podendo a partir de si próprios, produzirem conhecimentos que interliguem e reconheçam suas comunidades e necessidades, cultura, história e origem, desmitificando muitos estereótipos que são construídos sobre eles/as, e sobretudo minimizando em alguma medida as desigualdades

103 educacionais que recai sobre suas trajetórias e as de seus antecessores(as), além de serem grande motivo de orgulho e exemplo para suas comunidades. O que é extremamente relevante na luta por reconhecimento e redistribuição, uma vez que o acesso a esse nível de ensino, poderá oferecer mobilidade social a estes(as) estudantes e suas famílias e comunidades. Mas vale aqui ressaltar que toda essa política de acesso deve ser combinada com ações institucionais e governamentais de permanência e também de combate ao racismo institucional, para que estes estudantes consigam desenvolver suas atividades bem como “fazer parte” do corpo discente sendo respeitados e reconhecidos em suas diferenças étnico-raciais-culturais.

O mais difícil mesmo na universidade tem sido permanecer, por que tem gente que te olha e até pergunta se não era melhor que a gente estivesse na nossa comunidade cuidando da terra...como se pra cuidar da terra não precisasse de estudo. E eu mesma, já recebi vários olhares... que eu não consigo nem explicar direito, sabe? Aqueles olhares como se a gente não pudesse mesmo estar ali. Ahhh, e teve um dia que me perguntaram como era minha comunidade, se tinha luz, se eu morava em casa de alvenaria e como eu consegui ingressar, é mole? E aconteceu isso com você também, não foi Vilma? Parece que a gente é de outro mundo. (Rosa Rubra, RSF, 27/01/2017)

São essas narrativas e sobre essa segregação, que certamente não é caso isolado do contexto da UFRB, que conversaremos mais detidamente a seguir. Vale ressaltar ainda que nos últimos anos houveram programas de pós graduação a nível de mestrado e doutorado, aderindo a essa modalidade de ação afirmativa para quilombolas acessarem a pós graduação60 o que representaria para muitos/as quilombolas a oportunidade de continuidade dos estudos.

60 No Brasil, desde 2014 que o debate se acirrou no cânone da ciência, sobre a aprovação de ações

afirmativas na pós graduação. A primeira universidade pública de nível estadual a aderir as cotas na pós graduação foi a UERJ sob o signo de lei estadual 6.914 de 6 de novembro destinadas a negros, indígenas, egressos carentes, deficientes físicos e outros. Em seguida, já em 2015 foi a Universidade Federal de Goias a primeira entre as Federais. Desde então outras universidades tem adotados cotas para negros, indígenas e quilombolas na pós graduação, o que possibilita uma mudança radical em espaços hegemonicamente ocupados por brancos. A UFBA em 2017 e outras universidades pelo Brasil, como: UFMG, UFSCar, UFES, UFPI, UFAL, UFMT, UNICAMP, UFFS tem implementado as cotas na pós, ora em todos os programas, ora parcialmente, isso se deve também a portaria normativa numero 13 de 11 de maio de 2016, que dispõe sobre a indução de ações afirmativas na pós graduação, e dá um prazo de 90 dias para que as universidades estabeleçam propostas sobre inclusão de negros e indígenas. E, portanto, tem gerado maior discussão dentro dos programas e a sua adesão. Vale dizer que a UFRB também adotou regime de cotas na especialização em Gestão de Saúde, na modalidade de ensino a distância, com reserva de 10% das vagas. É visível que é preciso ampliar essa discussão para que outros programas discutam a exigência e implementação da portaria, sendo esta pauta considerada uma vitória para os movimentos negros estudantis e gerais e grupos sub-representados. Vale dizer ainda que apenas 2 dessas apresentam cotas para quilombolas, a UFBA e a UFMT.

104 3.2 – A UFRB e a Política de Acesso para Quilombolas e Indígenas

A Resolução da CONAC nº 26 de 15 de dezembro de 2014, “dispõe sobre a reserva de vagas para candidatos índios aldeados e moradores das comunidades remanescentes dos quilombos na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia”. Esta resolução institui as cotas para até 2 estudantes nos cursos de graduação que tiverem vagas ociosas, e para os que não tiverem serão criados vagas extras. Vale dizer ainda que o processo seletivo será fruto das notas obtidas pelo ENEM/SISu em etapa única, só que só concorreram quilombolas e indígenas.

Essa Resolução é sobremaneira importante pois colabora para o processo de inserção de grupos sub-representados, como é o caso de indígenas e quilombolas, que concorrerão entre si às vagas ofertadas pela instituição. Vale ressaltar que existem critérios para matrícula que colaboram para que o processo seletivo especial tenha sua finalidade alcançada e escape de fraudes. Os critérios de elegibilidade para matrícula na condição de quilombola e indígenas, são em síntese a autodeclaração como remanescente quilombola, a declaração de residência na comunidade assinada por 3 lideranças, e a declaração emitida pela Fundação Cultural Palmares. Com esses três requisitos, os/as estudantes pleiteados poderão acessar ao ensino superior da UFRB.

O primeiro edital com reserva de vagas para quilombolas foi em 2015.1, ofertando 56 vagas, distribuídas em 28 cursos. Em 2015.2 foram 30 vagas em 18 cursos, e o número de inscritos foi de 342, demonstrando que há uma grande demanda por essas vagas. Já em 2016.1 foram 44 vagas oferecidas em 31 cursos de graduação, e aumentou-se o número de inscritos para 387. O processo seletivo especial de 2016.2, foi renomeado para 2017.1, de acordo com reunião da CONAC, e, portanto, o processo seletivo 2017.1 ofereceu 23 vagas distribuídas em 19 cursos, e teve 577 quilombolas e indígenas inscritos. Aumentou-se sobremaneira o número de inscritos e em contrapartida as vagas diminuíram, como podemos ver no gráfico a seguir.

105 O ano de 2015.1 foi o primeiro processo seletivo especial para quilombolas e indígenas. No edital de resultado do referido ano, só foram apresentadas algumas informações, e portanto não foi possível coloca-lo na amostragem gráfica acima, pois por exemplo, não se sabe entre os inscritos quais eram quilombolas e quais eram indígenas, tão pouco a quantidade de inscritos em cada curso. As informações estão generalizadas, como se pode ver na tabela a seguir. Tendo 43 quilombolas indígenas e/ou quilombolas aprovados

ESTUDANTES QUILOMBOLAS E INDÍGENAS APROVADOS EM 2015.1 NA