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No Brasil, na esfera pública, as organizações são classificadas como órgãos da administração direta (formada pela União, Estados, Distrito Federal e municípios) ou indireta (autarquias, sociedades de economia mista, fundações e empresas públicas). Dentre as principais diferenças existentes entre a organização pública e a privada podemos destacar que as primeiras visam ao bem comum em detrimento do lucro, estando atreladas, tanto em sua gestão quanto em seus projetos, às políticas governamentais nos diferentes níveis13.

Ainda, as organizações públicas são mantidas com recursos dos cofres públicos, provenientes de impostos, taxas e contribuições diversas; são criadas ou autorizadas por lei e possuem ordenamento jurídico com base na legalidade e no direito público, que preceitua que o que não é determinado por lei está proibido.

Biasotto (2010, p.1) revela que

desde a fundação da primeira universidade brasileira, a UFRJ, em 1920, até 1963, foram criadas no Brasil 20 universidades federais. Dez delas, coincidindo com o governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck, sendo oito em 1960 e duas no início de 1961. O ritmo lento do crescimento universitário brasileiro até o final dos anos de 1950 deveu-se não somente à mentalidade provinciana da época, mas também ao fato de o Brasil ser ainda um país rural. Dos cerca de 52 milhões de habitantes, no início dos anos 50 apenas 36% viviam nas cidades. Em março de 1964 foi implantada a Ditadura Militar no Brasil. No período em que os militares ocuparam o poder foram criadas 16 universidades públicas; entre 1986 e 2002 foram criadas nove universidades públicas.

Segundo Oliven (2002, p.5) durante a Nova República (a partir de 1985 até 2002), haviam sido criadas 22 universidades federais, constituindo-se o sistema de universidades públicas federais. Cada unidade da federação passou a contar, em suas respectivas capitais, com uma universidade pública federal

O ordenamento jurídico das universidades federais iniciou com o disposto no Art. 4º da Lei 5.540, de 28 de novembro de 1968, onde determinava que universidades e os estabelecimentos de ensino superior isolados se constituiriam, quando oficiais, em autarquias de regime especial ou em

fundações de direito público e, quando particulares, sob a forma de fundações ou associações.

Conforme dispõe o MEC, a educação superior é compreendida, no cenário internacional, como um bem público (UNESCO, 2009). No Brasil, a Constituição Federal de 1988, em seu art. 205,

define a educação como um direito de todos e dever do Estado e da família. Este preceito constitui-se como base de sustentação para definição de políticas públicas da educação do país. O reconhecimento do papel da universidade como um instrumento de transformação social, desenvolvimento sustentável e inserção do país, de forma competente, no cenário internacional, mobilizou os movimentos reivindicatórios de expansão da educação superior pública e gratuita. A elitização do acesso à educação superior passou a ser fortemente questionada e apontada como uma das formas de exclusão social. Percebeu-se então que a superação dessa situação discriminatória somente ocorreria por meio da ampliação das oportunidades de acesso à educação superior.

Prosseguindo, em 2001, para dar cumprimento ao disposto na Constituição, foi elaborado o Plano Nacional de Educação – PNE (2001- 2010)14,

fixando metas que exigiam um aumento considerável dos investimentos nessa área, além de metas que buscavam a ampliação do número de estudantes atendidos em todos os níveis da educação superior. Nesse contexto foram estabelecidos, nos últimos anos, os programas de expansão do ensino superior federal, cuja primeira fase, denominada de Expansão I, compreendeu o período de 2003 a 2007 e teve como principal meta interiorizar o ensino superior público federal, o qual contava até o ano de 2002 com 45 universidades federais e 148 campi/unidades.

Pelo projeto do MEC e concomitantemente ao período da interiorização e reestruturação, ocorreu a fase da integração regional e internacional com a criação de quatro universidades: Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que integra os estados fronteiriços da região Sul do Brasil; Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que é a universidade da integração amazônica; Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), voltada para todos os países da América Latina; e Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), cujo objetivo é a aproximação entre os países falantes da língua portuguesa em outros continentes, como África e Ásia.

14 Lei n° 010172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras

De 2003 a 2010 houve um salto de 45 para 59 universidades federais, o que representa a ampliação de 31%; e de 148 campi para 274 campi/unidades, crescimento de 85%. A interiorização também proporcionou uma expansão no país quando se elevou o número de municípios atendidos por universidades federais de 114 para 272, com um crescimento de 138%.

Em novembro de 2017, o plenário da Câmara Federal, em Brasília, aprovou quatro projetos de lei que criaram as universidades federais de Catalão (UFCAT), Jataí (UFJ), Rondonópolis (UFRD) e do Delta da Paranaíba (UFDPar). As universidades Catalão e Jataí foram criadas por desmembramento da Universidade Federal de Goiás (UFG). Já a Universidade Federal de Rondonópolis foi instituída por desmembramento de campus da Universidade Federal de Goiás (UFG). Por sua vez, a Universidade Federal do Delta do Parnaíba é um desmembramento da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

De acordo com o relatório Research in Brazil15, disponibilizado pela

Clarivate Analytics à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (Capes) e divulgado em 17 de janeiro de 2018, não há produção de conhecimento científico relevante nas instituições particulares do país. Praticamente todo o conhecimento científico produzido no Brasil vem das universidades públicas. O levantamento se baseou no trabalho científico realizado entre 2011 e 2016. As dez universidades mais produtivas e bem- conceituadas do país são públicas e gratuitas.

15 Research in Brazil A report for CAPES by Clarivate Analytics. Disponível em:

http://www.capes.gov.br/images/stories/download/diversos/17012018-CAPES-InCitesReport- Final.

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7. A UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – UFRGS