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2 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: NOVOS OLHARES,

2.2 O percurso metodológico-teórico: trilhando caminhos na

2.2.2 Universo da prática e os atores educacionais inseridos no

O universo que direcionamos nesta pesquisa avaliativa contempla o locus das instituições do sistema de ensino público do município de Fortaleza no qual o PAIC está inserido, ou seja, uma escola pública da rede municipal, a SME e o Distrito de Educação da Regional II.

Segundo o Censo Escolar 2014, a rede municipal de ensino público de Fortaleza apresenta-se como a maior rede de ensino do Nordeste do Brasil, contando com 197.931 alunos matriculados nas seguintes etapas e modalidades: Ensino Fundamental (EF), Educação Infantil, Creche e Educação de Jovens e Adultos. As matriculas são distribuídas nas 477 escolas municipais, administradas pela SME e alocadas nos Distritos de Educação das seis Secretarias Regionais Executivas (SERs)7. Focamos nossa atenção nas turmas da primeira etapa do Ensino Fundamental I (1.º ao 5.º ano), por ser essa etapa de ensino da abrangência de atuação do PAIC (ANEXO B).

Para tanto, buscamos, primeiramente, avaliar o PAIC com um recorte empírico centrado em uma escola pública municipal de Fortaleza. A seleção dessa

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No ano de 1997, a cidade de Fortaleza foi dividida em seis regiões administradas pelas Secretarias Regionais Executivas – SERs. Atualmente, são divididas em seis Secretarias Executivas Regionais e uma Secretaria Regional do Centro de Fortaleza (SERCEFOR) (FORTALEZA, 2013).

escola decorreu por esta se destacar nos resultados de desempenho das avaliações externas (SPAECE-Alfa) no ciclo de alfabetização no ano de 2013, de acordo com a tabela abaixo.

Tabela 2 – Desempenho no SPAECE-Alfa dos alunos do 2.º ano Ensino Fundamental na Escola Municipal de Fortaleza da Regional II

Ano

% de Alunos por Padrão de Desempenho

Não Alfabetizado Alfabetização

Incompleta

Intermediário Suficiente Desejável

2011 8,7 15,5 16,5 23,3 35,9

2012 2,1 16,0 22,3 33,0 26,6,

2013 0,0 4,2 12,5 31,3 52,1

Fonte: Ceará (2013a).

De acordo com esses resultados, publicados na mídia e no sistema da rede pública de ensino do Ceará, essa escola da rede municipal de Fortaleza, no ano de 2013, encontrava-se no padrão desejável de alfabetização infantil, ou seja, nas salas de aula do 2.º ano do EF havia inexistência de alunos com padrão não alfabetizado (0,0). Portanto, esse resultado incitou o pensamento para o PAIC, já que se trata de uma política pública com o propósito de erradicar o analfabetismo infantil nos municípios do Ceará.

Essa escola é caracterizada pela SME como uma escola patrimonial pertencente à rede pública de ensino do município de Fortaleza com matrícula no Ensino Infantil e Fundamental I. Localizada no bairro Jardim das Oliveiras, no sudeste da cidade Fortaleza, a escola está situada territorialmente na SER VI e ordenada administrativamente pela Coordenadoria do Distrito de Educação da Regional II8 (ANEXO C). O Distrito de Educação é vinculado diretamente à SME no tocante às demandas educacionais e também na operacionalidade do PAIC.

No ano de 2014, a escola pública selecionada matriculou 258 alunos no turno da manhã e 222 alunos no turno da tarde, totalizando 480 alunos matriculados.

8 No ano de 2013, a Secretaria Municipal da Educação (SME) reestruturou o organograma da

localização das escolas municipais situadas nas Regionais de Fortaleza. Atualmente, as unidades pertencem administrativamente aos Distritos de Educação, mesmo situadas geograficamente em outras regionais (FORTALEZA, 2013).

Diante do quadro funcional de turmas do Ensino Fundamental I, reportamos nossa pesquisa avaliativa para as salas de aula do 2.º ano EF, pois essa etapa de ensino é significativa no ciclo de alfabetização. Nela, as crianças estão na faixa de idade de sete anos e participam das avaliações externas do PAIC e do sistema de avaliação de larga escala, o SPAECE-Alfa.

O universo da escola municipal de Fortaleza representa o contexto da pesquisa avaliativa, como uma categoria empírica de análise. Nesse contexto, segundo Lejano (2012, p. 198), o pesquisador encontra-se aberto para compreender o “[...] campo da prática da política pública”, que envolve as motivações, as relações, a cultura escolar e as ações dos atores educacionais (professoras, coordenadoras pedagógicas e diretora escolar) numa múltipla e complexa experiência que traz o PAIC à realidade.

Partindo da compreensão do PAIC no contexto escolar, adentramos as instituições de gestão do sistema público de ensino de Fortaleza que apoiam as escolas públicas municipais de Fortaleza: a SME e o Distrito de Educação da Regional II. A SME é a instituição que articula e ordena todas as demandas legais e educacionais; o Distrito de Educação da Regional II, a instituição que se relaciona diretamente com a escola pública municipal.

No ano de 2013, início da gestão do prefeito Roberto Claudio, a SME é reorganizada e estruturada com o seguinte organograma: Gabinete do Secretário de Educação; Gabinete do Secretário Executivo; Assessoria Institucional; Assessoria de Comunicação; onze Coordenadorias subdivididas em Células. Interligados à SME, os seis Distritos de Educação também foram denominados de Coordenadorias e divididos em três células: Célula de Educação Infantil, Célula de Ensino Fundamental e Célula de Apoio à Gestão Escolar e Superintendência (FORTALEZA, 2013).

Diante desse novo organograma das instituições de apoio às escolas públicas do município de Fortaleza, como primeiro ponto de partida, aportamos na SME, na Célula de Ensino Fundamental I, que trabalha diretamente com os eixos do PAIC. Nessa Célula, ouvimos a gerente e uma assessora técnica do eixo da avaliação externa. Nosso segundo ponto de partida foi o Distrito de Educação da Regional II, especificamente na Célula de Ensino Fundamental, onde foram ouvidas

a gerente e uma assistente técnica. Logo após, ouvimos uma superintendente da Célula de Apoio à Gestão Escolar e Superintendência.

Nesta pesquisa avaliativa, a estrutura administrativa formal envolvida pelos técnicos educacionais da SME e do Distrito de Educação da Regional II representa a categoria empírica de análise do texto do PAIC. Nesse aspecto, o texto é moldado em uma estrutura de leis, decretos e “[...] linhas bem visíveis de autoridade e rotinas” (LEJANO, 2012, p. 267). Assim, cotejamos procedimentos de análise que emergem das experiências e da multidimensionalidade do PAIC no sistema de ensino público municipal de Fortaleza, almejando um ponto de encontro do contexto e texto nas vozes dos atores educacionais envolvidos nesse Programa educacional.