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V. METODOLOGIA PROPOSTA

1. METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM E TRIAGEM MANUAL PROPOSTA

1.12. D URAÇÃO DA CAMPANHA INDIVIDUAL DE ANÁLISE DE RESÍDUOS

É recomendado o preconizado pela metodologia da SWA-Tool:

- quando a recolha de resíduos é repetida numa base diária ou semanal, a duração da amostragem de resíduos e a recolha de amostras abrangerá, no mínimo, uma semana; - quando a recolha de resíduos é repetida numa base quinzenal, a duração da amostragem de resíduos abrangerá um mínimo de duas semanas de resíduos.

1.13. R

ECOLHA DA AMOSTRA E REGISTO DE INFORMAÇÃO

O método de selecção da viatura a amostrar é o expresso pela metodologia Remecom, por via da metodologia MODECOMTM, isto é, selecção aleatória da viatura a amostrar.

No caso da amostragem dos resíduos sólidos residuais é necessário o apoio da informação prestada pelos motoristas das viaturas de recolha, no que diz respeito à tipologia de RSU transportados. Caso a viatura seleccionada não transporte resíduos sólidos residuais deverá ser seleccionada a viatura imediatamente a seguir que transporte a referida tipologia de resíduos.

Nesta fase deverão também ser tidas em conta as recomendações da prEN 14899:2004:E, nomeadamente recomenda-se a elaboração de um Plano de Amostragem que deve identificar a(s) técnica(s) seleccionadas para recolher a amostra e esta deve ser recolhida de acordo com todas as instruções fornecidas no mesmo (prEN 14899:2004:E).

Antes da amostragem começar todos os elementos do Plano de Amostragem devem ser verificados. Deve ser feito um registo da localização e estado do material amostrado durante a campanha. O método mais apropriado poderá ser fotografar o local da amostragem (prEN 14899:2004:E).

Deve ser preenchido pela pessoa que recolhe a amostra (entendida como conjunto de unidades de amostragem a triar) um Registo de Amostragem. Este deve registar todos os procedimentos, observações e resultados relativos à amostragem. Na Figura V.1.2 apresenta-se um exemplo de um Registo de Amostragem.

O Registo de Amostragem reiterará o Plano mas contém espaço para registo de observações visuais feitas no campo e quaisquer alterações dos procedimentos no Plano. As alterações ao Plano de Amostragem podem ser categorizadas de duas formas (prEN 14899:2004:E):

1. alterações que não afectam o objectivo do programa de modo que as amostras necessárias são na mesma obtidas e são na mesma representativas ao nível pré-definido. A pessoa que recolha a amostra, no campo, pode levar a cabo esta alteração ao Plano;

2. alterações que podem afectar ou afectam o objectivo do programa (e.g. resultando numa diferença de qualidade das amostras/resultados). Este nível de alterações do Plano de Amostragem deve apenas ser levada a cabo com acordo prévio escrito entre as partes envolvidas. Se devido a circunstâncias imprevistas, são necessárias alterações ao Plano de Amostragem no momento da amostragem, a confirmação verbal de quaisquer alterações deve ser escrita no registo de amostragem e autorizada posteriormente.

Problemas encontrados durante a amostragem devem ser registados no Registo de Amostragem de modo a que as influências na qualidade das amostras recolhidas possa ser avaliada (prEN 14899:2004:E).

REGISTO DE AMOSTRAGEM INFORMAÇÃO GENÉRICA

Código da amostra: (Reflecte a localização do local de amostragem, tipo de material) Datas da amostragem:

Assinatura da(s) pessoa(s) que recolhe(m) a amostra:

Produtor de resíduos: Cliente (Empresa):

Contacto: Contacto:

Localização da amostragem: Realizada por (Empresa):

Pessoa que recolheu a amostra:

OBJECTIVO DA AMOSTRAGEM RESÌDUOS

Tipo de resíduos:

Código LER: Estimativa do teor em humidade:

Descrição: (cor, odor, consistência/homogeneidade/tamanho das partículas - uniforme ou diverso) METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM

Local de amostragem:

Problemas de acesso que afectaram áreas ou volumes dos resíduos amostrados: Datas e horas da amostragem:

Pessoas presentes (registar nome e morada de testemunhas quando apropriado): Procedimento (descrever o procedimento adoptado):

Equipamento usado:

Número de unidades de amostragem recolhidas:

Tamanho da amostra: (número de unidades de amostragem a ser triadas)

Observações durante a amostragem: (e.g. desgaseificação, reacções, desenvolvimento de calor) Detalhes das determinações no local:

Medidas de segurança tomadas: SUBAMOSTRAGEM

Identificação da localização: (descrever se ao ar livre ou espaço fechado) Procedimento:

DETALHES DE ACONDICIONAMENTO, PRESERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO Acondicionamento:

Preservação: Armazenagem:

DESVIOS DO PLANO DE AMOSTRAGEM Detalhes:

Figura V.1.2. Exemplo de Registo de Amostragem (adaptado de prEN 14899:2004:E).

1.14. P

REPARAÇÃO DA AMOSTRA

Para preparação da amostra poderá ser considerado o preconizado pela metodologia da DGQA (1989), tendo em atenção que o quarteio deverá prosseguir até ser atingido o peso pretendido para a unidade de amostragem, ou seja:

- misturar os resíduos com a pá carregadora, efectuando diversos revolvimentos. Seguidamente espalhar os resíduos de forma a constituir um “disco” grosseiro com uma altura até cerca de 50 centímetros. Dividir este “disco” em quatro partes, sensivelmente

iguais e rejeitar dois quartos opostos. Misturar os quartos restantes. Repetir esta sequência de operações até se atingir o peso pretendido para a unidade de amostragem (250 kg). Importa salientar que no caso da caracterização dos resíduos acondicionados em sacos de grande capacidade, como sejam os referentes aos sistema de recolha de resíduos sólidos em profundidade ou outros de dimensão superior a um saco de supermercado, é necessário abrir os mesmos para se dar início à preparação da amostra.

1.15. T

RIAGEM E ANÁLISE DAS AMOSTRAS

Tendo em conta o referido pelo método D 5231 – 92 da ASTM, que pode ocorrer a perda de massa da amostra através da evaporação da água, as unidades de amostragem devem ser triadas o mais depressa possível após a recolha. Assim, é recomendado que a triagem da amostra ocorra até 24 h após a sua constituição (ADEME, 1998a).

Recomenda-se que o registo da informação desta fase da campanha de caracterização de seja feita na folha de cálculo apresentada no anexo 5. O mesmo inclui ainda o registo de informação relativamente ao Plano de Amostragem e ao Registo de Amostragem.

Relativamente ao procedimento de triagem, recomenda-se o preconizado pela DGQA (1989), com as seguintes alterações:

- opcionalmente, com base no que é referido pela CE (2004a), de modo a reduzir o esforço de triagem, pode ser utilizado um crivo de 40 mm e, após a pesagem da fracção 20-40 mm, fazer-se o espalhamento e quarteio dos resíduos de modo a ser gerada uma subamostra representativa. Esta é triada de acordo com as categorias do catálogo de triagem. A composição observada da subamostra é depois aplicada ao peso total da fracção 20-40 mm;

- deverão ser tidas em conta as recomendações da CE (2004a), apresentadas no Quadro V.1.4,

Refira-se que o recomendado, em termos de procedimento de classificação na triagem dos resíduos, no ponto 3 do Quadro V.1.4 é reforçado pela Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005, no artigo 3º, ponto 3, em que as informações relativas às embalagens compósitas (código da Lista Europeia de Resíduos (LER) 150105) serão mencionadas pelo seu componente predominante em peso. Por exemplo, no caso das ECAL, como o material predominante é o papel/cartão, estas devem ser incluídas na categoria dos resíduos de embalagens de papel/cartão.

Quadro V.1.4. Casos especiais durante o procedimento de triagem (adaptado de CE, 2004a).

Número Item Descrição Recomendação Exemplo

1 Embalagens com

conteúdo

Embalagens em que se suspeita que o seu conteúdo seja mais pesado que a própria embalagem.

O conteúdo líquido e a embalagem devem ser classificados separadamente. Garrafas cheias 2 Fracção < 10 mm em sacos, como sacos de aspirador, varreduras da casa, resíduos da higiene dos animais de estimação Os conteúdos de tais sacos são normalmente facilmente classificáveis como finos e o peso do saco representa uma parte relativamente menor do fluxo de resíduos.

Assim, estes sacos devem ser classificados directamente na fracção < 20 mm. Estes sacos não devem ser esvaziados, também por razões higiénicas.

sacos de aspirador, varreduras da casa, resíduos da higiene dos animais de estimação 3 Embalagens constituídas por diferentes materiais em que os seus componentes podem ser facilmente separados A classificação recomendada destes itens depende se estes são de tamanho significante ou não (maior ou mais pequeno que um pacote de cigarros).

Embalagens constituídas por diferentes materiais que podem ser facilmente separadas e que têm um tamanho superior a um pacote de cigarros: os diferentes materiais devem ser classificados nas categorias específicas. Quando o tamanho é mais pequeno que um pacote de cigarros os diversos materiais devem ser classificados na categoria prevalecente. pacotes de cigarro, garrafas com tampa 4 Itens que pertencem maioritariamente a uma categoria, em que apenas pequenas partes (< 20%) pertencem a outras categorias A separação dos diferentes materiais seria possível mas com esforço substancial da equipa de triagem.

Devido à fácil classificação e ao pequeno erro que ocorre na triagem, estes itens são classificados de acordo com a categoria do seu componente principal. Guiador, furador, dossier com argolas de metal

O catálogo de triagem proposto tem por base o catálogo de triagem da metodologia da DGQA (1989). Para além disso, teve-se também em conta a informação requerida no âmbito do questionário da Eurostat/OCDE (2004), excepto resíduos volumosos, que na metodologia proposta estão contemplados no subcapítulo “Quantificação”.

Por fim, foram incluídas como categorias ou subcategorias os fluxos de resíduos que possuem objectivos de gestão, que podem implicar caracterização física dos mesmos, isto é:

- resíduos de embalagens: Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005;

- REEE: Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro e Decisão da Comissão 2005/369/CE, de 3 de Maio de 2005;

- RUB: Decreto-Lei nº 152/2002, de 23 de Maio;

- pneus usados: Decreto-Lei nº 111/2001, de 6 de Abril; Decreto-Lei nº 43/2004, de 2 de Março.

O catálogo de triagem proposto é apresentado no Quadro V.1.5, onde são apresentadas as categorias e subcategorias necessárias tendo em conta os requisitos existentes a nível nacional e europeu.

Foram excluídas como categoria ou subcategoria todos os materiais cujos objectivos de gestão explicitamente referem como universo os produtos colocados no mercado, isto é, que não exigem caracterização de resíduos. Encontram-se nesta situação as pilhas e acumuladores usados e os resíduos de VFV. Também foram excluídos os óleos usados, por se tratarem de resíduos líquidos, e os RC&D porque actualmente não possuem objectivos de gestão legislados, quer a nível nacional, quer a nível europeu.

Assim, a proposta apresentada no Quadro V.1.5 tem três objectivos:

- dar continuidade ao catálogo de triagem apresentado na metodologia em vigor a nível nacional (DGQA, 1989);

- compilar informação para responder ao questionário da Eurostat/OCDE;

- avaliar o cumprimento dos objectivos de gestão dos fluxos de resíduos que não se baseiam nos produtos colocados no mercado.

No que diz respeito aos REEE, estes não estão incluídos no catálogo proposto porque a avaliação do cumprimento dos seus objectivos de gestão, como referido no capítulo 1.1.2 desta parte, poderá exigir caracterização dos REEE recolhidos selectivamente, em peso e número, para as dez categorias (mencionadas no Decreto-Lei nº 230/2004, de 10 de Dezembro) e lâmpadas de descarga de gás e por proveniência dos mesmos: habitações ou outros. Face ao número de categorias associadas a este fluxo de resíduos, e ao desconhecimento da configuração da rede de sistemas de recolha de REEE, não se considerou adequado, no âmbito desta dissertação, a integração de uma metodologia específica para este tipo de resíduos.

Quadro V.1.5. Categorias e subcategorias necessárias tendo em conta os requisitos existentes a nível nacional e europeu.

Categoria Requisito Subcategoria Requisito

alimentares

jardins questionário da Eurostat/OCDE (2004)

Orgânicos questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989); Decreto-

Lei nº 152/2002, de 23 de Maio outros -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Papel/cartão questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989)

outros -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Plásticos questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989)

outros -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Vidro questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989)

outros -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Têxteis questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989)

outros -

embalagem usada ferrosa DGQA (1989); Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005

outros ferrosos -

embalagem usada não ferrosa DGQA (1989); Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Metais questionário da Eurostat/OCDE (2004); DGQA (1989)

outros não ferrosos -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005 Madeira -

outros -

embalagem usada Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005

pneus usados Decreto-Lei nº 111/2001, de 6 de Abril; Decreto-Lei nº 43/2004, de 2 de Março Outros questionário da Eurostat/OCDE (2004) ; DGQA (1989)

outros -

Finos

Relativamente aos pneus usados, tendo em conta os resultados das campanhas de caracterização da Valorsul, os resultados da subcategoria que inclui os mesmos (denominada “Outros”) apresenta um coeficiente de variação da amostra superior a 50%. Este facto indica um alto grau de dispersão relativa e, consequentemente, da pequena representatividade da média como medida estatística (Reis, 2002). Para além disso, tendo em conta o coeficiente de variação da categoria que contém os pneus usados (outros resíduos), o seu valor é, em média, de 69%. Isto que conduziria a um tamanho de amostra impraticável em termos financeiros e de tempo.

Por outro lado, como já referido, a entidade gestora do respectivo sistema integrado (Valorpneu, Lda), no âmbito dos seus resultados anuais, faz a estimativa dos pneus usados gerados anualmente. É recomendada a utilização destas estimativas para avaliação do cumprimento dos objectivos de gestão para este fluxo na medida em que não se pode garantir a representatividade desta subcategoria. Caso se opte pela caracterização da mesma deverá ser dada especial atenção à avaliação dos resultados, nomeadamente erro associado (ver equação 13).

No caso dos resíduos de embalagem, é dada a possibilidade de se considerar que a produção de resíduos de embalagens é igual à quantidade de embalagens colocadas no mercado no mesmo ano, o que obviaria a necessidade de caracterização em todas as instalações da SMAUT (Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005). É necessário salientar que, mesmo que se tome a opção de considerar que a produção de resíduos de embalagens é igual à quantidade de embalagens colocadas no mercado no mesmo ano, a caracterização é necessária para estimar os quantitativos de resíduos de embalagens usadas à entrada das instalações do sistema (e.g. reciclagem orgânica, incineração com valorização energética).

No caso dos resíduos de embalagens o coeficiente de variação da amostra assume valores inferiores a 50%, sendo provável que a amostra seja representativa e que o erro associado de amostragem esteja dentro dos intervalos de aceitação. Assim, neste caso, não é expectável a existência de problemas relativos à representatividade dos resultados relativos a esta categoria de resíduos.

Refira-se, por fim, que poderão ser acrescentadas subcategorias ao catálogo proposto, que os sistemas considerarem adequadas, nomeadamente para a exploração das suas instalações.

1.16. C

ONTAMINAÇÃO E TEOR DE HUMIDADE

Por contaminação entende-se materiais que, apesar de serem componentes normais do fluxo de resíduos, são preocupantes quando conferem peso relevante aos mesmos, por exemplo, ao papel e ao filme plástico. Os contaminantes comuns incluem a humidade, a comida e a sujidade (UCF, 1996). No caso da Valorsul, a contaminação e teor de humidade

são determinados através da pesagem da amostra dos resíduos em bruto, seguida de lavagem, secagem e nova pesagem. O resultado obtido dirá respeito ao valor agregado de contaminação e teor de humidade na amostra.

As duas primeiras campanhas de caracterização, em 1997, apresentam, respectivamente, uma percentagem de contaminação média do filme plástico, nos resíduos sólidos residuais dos municípios da área de intervenção da Valorsul, de 55.35% e 48.81% (Tratolixo, 1997, 1997a).

A importância da consideração da contaminação e teor de humidade na caracterização de resíduos é também evidenciada quando se comparam os resultados destes parâmetros na recolha indiferenciada e na recolha selectiva de resíduos de embalagens usadas. No Quadro V.1.6 apresenta-se o teor de humidade e contaminação dos resíduos de embalagens usadas, provenientes dos referidos fluxos.

Quadro V.1.6. Taxa de humidade e contaminação dos resíduos de embalagens usadas (dados compilados pela Valorsul, relativos ao ano de 2004).

Resíduos indiferenciada Recolha análises Nº de realizadas Recolha selectiva Nº de análises realizadas embalagens de cartão 40% 11 12% 17 Embalagens de papel/cartão ECAL 31% 11 11% 9 Embalagens de vidro 2% 11 1% 9

embalagem de metais ferrosos 18% 11 2% 9

Embalagens de

metais embalagem de metais não ferrosos 47% 11 5% 9

garrafas PET 20% 11 3% 9

garrafas PEAD 18% 11 5% 9

Embalagens de plástico

filme plástico > A3 57% 11 7% 9

No Quadro V.1.7 apresenta-se a diferença de contaminação e teor de humidade entre os resíduos de embalagens usadas presentes na recolha indiferenciada e na recolha selectiva, por ordem decrescente.

Com base nos dados apresentados nos Quadros V.1.6 e V.1.7 pode afirmar-se que, no que diz respeito à caracterização dos resíduos de embalagens, a contaminação e teor de humidade influencia, no caso de alguns materiais, grandemente o peso do respectivo componente.

Por exemplo, no caso do filme plástico, quando é feita a caracterização dos resíduos sólidos residuais, em média, do peso associado a este componente, 43% constitui efectivamente filme plástico, enquanto 57% são contaminantes e água. Por exemplo, no caso do vidro, quando é feita a mesma caracterização, em média, do peso associado a este componente 98% constitui efectivamente embalagens de vidro, enquanto 2% são contaminantes e água. Estes são dois exemplos extremos que espelham a necessidade de se considerar estes

Quadro V.1.7 Diferença de contaminação e teor de humidade entre os resíduos de embalagens usadas presentes na recolha indiferenciada e na recolha selectiva (com base nos dados compilados pela Valorsul, relativos ao ano de 2004).

Resíduos Diferença de teor de humidade e contaminação entre recolha indiferenciada e recolha selectiva

Filme plástico de tamanho maior que A3 50%

Embalagem de metais não ferrosos 42%

Embalagens de cartão 28%

ECAL 20%

Garrafas PET 16%

Embalagem de metais ferrosos 16%

Garrafas PEAD 13%

Embalagens de vidro 1%

Uma vez que a metodologia proposta abrange a recolha indiferenciada, na medida em que analisa os resíduos sólidos residuais, e a recolha selectiva (resíduos de embalagens usadas e RUB) a contaminação e teor de humidade devem ser considerados. Assim, a menos que os valores sejam corrigidos no que diz respeito a estes factores, não devem ser agregados os resultados provenientes da recolha indiferenciada e da recolha selectiva. Face à tipologia de resíduos em causa, é provável que a contaminação e teor de humidade dos resíduos de embalagens provenientes da recolha selectiva de RUB sejam semelhantes, ou superiores, aos da recolha indiferenciada. Para além disso, como não se possuem dados sobre este fluxo, não se recomenda a sua agregação com os restantes.

A Decisão da Comissão 2005/270/CE, de 22 de Março de 2005, nos artigos 5º e 6º, já aborda esta questão quando refere que o peso dos resíduos de embalagens valorizadas, recicladas (e.g. à entrada de uma instalação de reciclagem orgânica) ou incineradas, em instalações de incineração de resíduos que permitem valorização energética, será medido utilizando uma taxa de humidade natural dos resíduos de embalagens semelhante à taxa de humidade das embalagens equivalentes colocadas no mercado.

A mesma Decisão, nos mesmos artigos, refere ainda que devem ser introduzidas correcções nos valores medidos para o peso dos resíduos de embalagens valorizados, reciclados ou incinerados, em instalações de incineração de resíduos que permitem valorização energética. Isto caso a taxa de humidade dos resíduos de embalagens difira frequente e significativamente da das embalagens colocadas no mercado e essa diferença possa conduzir a uma sobrestimação ou subestimação substancial das taxas de valorização, reciclagem ou incineração. Acrescenta que essas correcções devem ser feitas apenas em circunstâncias excepcionais originadas por condições específicas climatéricas ou outras.

Mesmo que se tome a opção de considerar que a produção de resíduos de embalagens é igual à quantidade de embalagens colocadas no mercado no mesmo ano, a questão do teor

de humidade e de contaminação pode ter relevância para estimar os quantitativos de resíduos de embalagens usadas à entrada das instalações do sistema (e.g. reciclagem orgânica, incineração com valorização energética).

No que diz respeito à contaminação, ainda nos artigos 5º e 6º da referida Decisão, também no cálculo do peso dos resíduos de embalagens valorizadas, recicladas ou incineradas, devem, tanto quanto seja possível na prática, ser excluídos materiais não presentes nas embalagens, recolhidos juntamente com os resíduos de embalagens.

Em suma, embora se desconheça qual o valor da taxa de humidade natural dos resíduos de embalagens, é de esperar que esta esteja mais próxima do valor da taxa de humidade das embalagens provenientes da recolha selectiva de embalagens. Assim, uma forma de saber a composição global dos RSU (provenientes da recolha indiferenciada e selectiva) será corrigir todos os valores obtidos, relativamente aos resíduos de embalagens usadas, à taxa de humidade natural dos resíduos de embalagens.

No entanto, propõe-se que se faça esta correcção apenas para o objectivo de quantificação de cada material de embalagem, ou seja, recomenda-se a apresentação das quantidades e