• Nenhum resultado encontrado

Uso da Entomologia Forense na Investigação Criminal

O presente artigo tende a realçar os aspectos preliminares sobre a co relação entre o local do crime e o local em que foi encontrado o corpo, como também, a relevância da presença de peritos (formados e dotados de

1. Uso da Entomologia Forense na Investigação Criminal

Casos semelhantes ao que acima citou-se já aconteceram e acontecem no nosso país e podem no futuro breve voltar a acontecer novamente, tendo em conta que o crime organizado tende a ter novos contornos e a serem mais vio- lentos e sofisticados e como já foi com- provado, a força de protecção do País está longe de actuar segundo a capaci- dades normais exigidas e necessárias, não deixando de frisar de que principal- mente a Polícia de Investigação Criminal (PIC) esta a ser vítima da arrogância, nepotismo e favoritismo dos que dirigem o sector de ainda não saberem para que serve uma PIC. O mais agravante é saber que a peritagem no local de sucesso pode apresentar lacunas porque simplesmente ignoram – se a regra ele- mentar para o efeito que é o uso da ciência a partir dum raciocínio lógico extraído dos factos encontrados no local do crime e isso deve – se pelo não uso ou desconhecimento das técnicas, tra- zendo e tornando as provas ou as con- clusões (Laudos e Autos) susceptíveis de não apresentar os detalhes chaves e cru-

ciais para uma decisão que deveria ser justa e juridicamente aceitável. Por isso preocupa-nos o facto da contínua observância de relatos proferidos pelos órgãos de informação e de debates de índole popular, que referem a forma como os agentes do crime se compor- tam diante da preservação do local de sucesso e a não preocupação com des- coberta de vestígios dos seus actos.

Não é e nem será a primeira vez que indivíduos "amigos do alheio" ferem o artigo 40 da CRM de 2004 e que acredi- tam de que a melhor forma de recorrer ao encobrimento do crime é jogando o corpo em algum ponto nas linhas férreas existentes no país ou enterrando os cor- pos, por falta de guarnição das vias ou mesmo com o pensamento de que não tem como se desvendar o autor do cri- me se o corpo for enterrado, contudo, mesmo tendo placas no local que de princípio indicam de que a região está a ser guarnecida, esta via que se tornou "costume" segundo os casos reportados na imprensa revelam per si só que talvez por ser perto do local de sucesso é a melhor alternativa para se conseguir o intentos desejados e o objectivo a alcan- çar que se presume em eliminar qual- quer suspeita iminente ao caso em apreenso ou em fase de investigação. Culpam-se pessoas que de princípio pre- sumem-se inocentes, como se deles se tratassem dos reais autores do crime, expõe – se a imagem deste individuo ao público se tratando de um cadastrado de longa data e altamente perigoso a sociedade e no entanto se esquece de que faz parte de um princípio já plasma- do na constituição o direito a dignidade e ao bom nome. Contudo para se fazer face a situação de despreparo em ter- mos de conhecimentos sólidos de como investigar, acha – se de que os conheci- mentos adquiridos durante a guerra de libertação e a guerra dos 16 anos em ter-

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

mos de combate e preparo militar para o efeito servem como ferramenta de investigação criminal, faz-se a um local do crime com pensamentos adquirido por experiencia pessoal e não porque lhe foi treinado para o efeito com ferra- mentas essenciais. Agarra – se a ideais que são estático enquanto o Direito e a investigação criminal devem seguir um rumo diferente, serem dinâmicos como a sociedade em si é. Por isso, é previsíveis a continua tentativa de se criar cenários arranjados para encobrir crimes hedion- dos, porque se pós na consciência de que o país não possui pessoas capazes de desvendar mistérios num local de sucesso. A intenção de encobrimento de um crime também revela um ponto importante que as vezes passa desper- cebido, por exemplo, levar corpos e enterrar, colocar em linhas férreas, atirar em valas ou em regiões não habitáveis sem dúvida é uma forma de encobrir o que se sucedeu, mas nenhum crime é perfeito, sendo assim, só pelo facto de se encontrar um corpo nestas circunstan- cias deve – se levantar uma hipótese chave, a pessoa não morreu naquele local, pode ser que o facto ocorreu nas redondezas como também distante daquele local e que de principio existe alguém próximo da vitima que tinha intenção de ajuste de contas, quando se trata de alguém que nada tem a ver com a pessoa ou as circunstâncias parte – se do princípio que essa pessoa não terá o pensamento de encobrir o crime, pois não há ligação directa entre a víti- ma e o praticante do crime, todo o cor- po achado em circunstancias que reve- lam um encobrimento, ditam a regra de que a investigação deve começar por se descobrir quem muito próximo da víti- ma tinha intenção de o eliminar.

Generalizando com outros casos já reportados, existe uma tendência crimi- nal de se usar os métodos para encobrir

involuntariamente "esconder" o motivo da morte usando mecanismos de desvio de atenção. Subjectivamente a inten- ção é de dificultar a investigação crimi- nal por parte da polícia de investigação criminal, só que, por ser frequente a prá- tica deste acto em todo o país a polícia por "costume", não precisa investigar até ao fundo, entende-se logo de partida de que o corpo foi morto num outro local e jogado na linha férrea, no mar, enterra- do, para encobrir os motivos reais que levaram a morte, para começar a inves- tigar basta saber quem esteve com a vítima horas antes do incidente para par- tir dum ponto, bem como quem convi- veu com o malogrado também será considerado suspeito, a prova dos factos revela -se no exemplo dado, que acon- teceu no Bairro da Passagem de Nível na cidade da Beira, onde populares resi- dentes naquele bairro, encontraram na manhã do dia 08 de Fevereiro de 2015, um corpo sem vida e trucidado e que pela mera coincidência do destino do mesmo, foi deixado pelos malfeitores a escassos metros de uma esquadra poli- cial.

Pessoas que ali passavam identifica- ram junto com as autoridades de que se tratava de um rapaz de nome Ivan Antó- nio, que alegam ser morador do bairro do Macurungo, que vinha com frequên- cia para o Bairro de Passagem de nível para conviver com os seus amigos. O que pode se tratar de um assalto, ou ajuste de contas.

Este não é um caso isolado, esta a ser frequente este tipo de abordagem o que faz com que as diligências que são tomadas por parte da PIC – PRM em ter- mos de investigação criminal podiam ser melhores, já que existem técnicas espe- cíficas de investigação em todo mundo, as mesmas já são usadas em países em vias de desenvolvimento como Moçam- bique e que possibilitam a aproximação

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

real do facto criminoso. Lamentavelmen- te, o uso dessas técnicas específicas e com explicação científica e que pode- riam de certa forma contribuir para o melhoramento da investigação criminal ainda esta a quem do desejado.

Dirigentes aparecessem em órgãos de comunicação social a revelar que esta faltar algo na polícia, conhecimen- to. Conhecimento de que aquele tipo de cenário não termina pelo facto de se pensar num acidente, mas sim, sempre deve se levantar a suspeita de se tratar de um mecanismo de encobrir o que realmente aconteceu.

A Entomologia Forense através do estudo de insectos e outros artrópodes encontrados no corpo ou no local onde ocorreu o facto e traduzidos num con- texto legal pode contribuir junto com a biologia de insectos como a mosca na descoberta da verdade material de um ilícito criminal.

Essa ciência tem inúmeras aplica- ções, mas a mais frequente ou principal é na determinação do tempo mínimo desde a morte (Intervalo Post - Mortem, ou IPM, mínimo) na investigação de mor- tes suspeitas. Para isso, determina-se a

idade dos insectos presentes num cadá- ver humano, o que permite uma estimati- va relativamente precisa em circunstân- cias em que os patologistas apenas con- seguem fazer aproximações. O principal pressuposto é que o corpo não está mor- to há mais tempo do que o necessário para os insectos chegarem ao cadáver e se desenvolverem. Assim, a idade dos insectos mais velhos presentes no corpo determina o IPM mínimo (Oliveira; Costa, 2003).

A mosca se desenvolve em períodos já definidos em termos de tempo desde a fase ovárica até um individuo adulto. Estes estudos ajudam a descrever o IPM, a tabela abaixo apresenta esses perío- dos ou intervalos de tempo (horas):

Tabela 1: Estudo realizado no Laboratório Multiuso do ISCTAC – 2015 ESPÉCIE: Mosca OVO 0h – 8h LARVA I 6h – 48h LARVA II 48h – 72h LARVA III 72h – 144h PUPA 144h – 168h ADULTO 168h – 840h

O estudo começa primeiro por se identificar e recolher no corpo os ovos, larvas, ou ao redor do corpo as pupas, dependendo do tempo que o corpo foi deixado em exposição ao ambiente, de seguida, faz se um estudo em torno de três fases de trabalho, identificar o está- gio de decomposição do corpo para se saber presumidamente quanto tempo a pessoa esta morta, de seguida a fase de desenvolvimento que se observou no cadáver, após ter identificado a espécie de mosca que teria depositado os ovos, por fim faz-se a comparação do que se encontrou no local, por exemplo, se um individuo esteja na fase de putrefação (a partir de 48h de exposição do corpo ao ambiente após morte) que é interme- dia a fase inicial de livor mortis ou deca- dência inicial e a fase butírica, normal- mente deve - se encontrar as larvas no primeiro estádio, contudo, encontra – se no cadáver ovos e larvas no primeiro estádio da mesma espécie de mosca, se isso acontecer é, porque esse corpo esteve exposto em dois lugares diferen- tes, o que disso pode se tirar conclusões sobre a existência de dois locais onde o mesmo corpo esteve exposto ao mesmo tipo de mosca.

Com esta técnica fica comprovado de que por exemplo o corpo do malo- grado Ivan António foi morto no local X as tantas horas foi ou não transportando para a Linha Férrea e não subestimar por presunção o que aconteceu no momen- to em que foi encontrado o corpo. Em termos de prova pericial, ficará incom- pleto o corpo de delito citado no artigo 170º do CPP, pois acredita-se que o lau- do pericial apresente argumentos subs- tantivos da falta de investigação ligada à área que esta em debate. É como se servisse um chá sem açúcar, pode se beber, mas o seu sabor não se compara a um chá com açúcar ou adoçante.

Fere-se desta forma a cumplicidade

apresentada nos artigos 175º e 176º do CPP, onde muitas vezes nem fotografias são apresentadas num relatório policial de investigação criminal, quanto mais uma diligência a fim de se encontrar um presumível local da morte. Em Moçambi- que, a prática da Criminologia cinge-se meramente na parte académica, julga- se improcedente a não exigência da efetivação do cumprimento obrigatório de uma investigação mais rígida e efi- caz.

É evidente de que não são esses só os elementos que desacompanham, já havia-se citado o caso do laboratório de toxicologia para efeitos de estudos no cadáver da presença de sinais de toxi- codependência de drogas ou de álcool no organismo. Será que fizeram isso ao Ivan António para se saber donde partiu a conversa com os amigos?

Vão indiciar certos indivíduos da prá- tica do crime por meio de suposições? Senhores, "É melhor absolver um culpado do que condenar um inocente" já dizia o Fabrício Moreira, Do jeito como vai a nos- sa forma de investigar, deixa de desejar o seu fim único e põe em risco de certa forma o fim das penas.

Investigar a cena do crime onde foi achado o cadáver não é feito de forma correcta, com exatidão e não se precisa no nosso país de resultados a partir de uma investigação que são completa- mente viáveis, por isso, esta forma de proceder demonstra-se que o não uso das técnicas de investigação pode levar a resultados falsos ou incertos. A imple- mentação na PIC dos métodos e de peritos formados na área de Medicina Legal e seus ramos como a Entomologia Forenses, pode ser uma hipótese de solu- ção deste problema, pois separar a polí- cia da ciência é como tentar separar as duas faces da mesma moeda.

A criminalística encontra-se intima- mente ligada à produção científica,

Vol. 3, Nº 08, Ano III, Abril - Junho de 2016

enquanto o crime adquire uma face sofisticada e procedimentos complexos de actuação. A aplicabilidade da Ento- mologia Forense à perícia criminal depende de alguns factores.

O primeiro deles é reconhecer que os insectos presentes em um local de cri- me são vestígios e que a morte é um pro- cesso de transformação que pode con- tribuir na descoberta de mistérios jamais revelados.

Outras questões devem ser de conhecimento dos policiais que frequen- tam o local de crime, como o que fazer (ou não fazer), o que e como colectar e preservar, que tipo de informação os insectos podem fornecer. Isso significa a aplicação do estudo dos insectos aos procedimentos legais.

2. Entomologia Forense versus Labo-

Documentos relacionados