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Uso de equipamentos adequados e sua correcta operação e manutenção

No documento GUIA TÉCNICO SECTOR DOS CURTUMES (páginas 57-61)

4. POTENCIAL DE PREVENÇÃO DENTRO DO SECTOR

4.1 Tecnologias e Medidas de Prevenção Identificadas para o Sector

4.1.5 Uso de equipamentos adequados e sua correcta operação e manutenção

O uso de equipamentos adequados, nomeadamente fulões com eficiente rotação e agitação,

devidamente operados, em perfeitas condições de funcionamento e equipados tanto quanto

possível com sistemas de monitorização e controlo, conduz a uma melhor gestão no consumo

de água e a uma utilização mais eficiente dos reagentes.

Nas fases do processo de natureza mecânica é extremamente importante a optimização dos

sistemas de corte (manual ou mecanizado) de forma a reduzir a quantidade de resíduos

sólidos e consequentemente maximizar a quantidade de produto final.

A aplicação de sistemas de filtração aos fulões utilizados em determinadas operações, como

no caleiro e no recurtume / tingimento, para a remoção contínua dos sólidos suspensos, é uma

medida que contribui para a melhoria da qualidade das águas residuais descarregadas e

subsequentemente para a diminuição dos encargos com o seu tratamento. Acrescem ainda as

vantagens de natureza processual, pois a ausência de sólidos suspensos evita o aparecimento

de defeitos na pele e melhora a eficiência reaccional dos produtos químicos.

Nas operações de acabamento, a utilização de equipamentos com elevado rendimento de

aplicação dos químicos contribui para a redução do consumo dos mesmos e para a

minimização da geração de resíduos (os reagentes perdidos) ou da contaminação das águas.

Neste âmbito devem-se utilizar pistolas de baixa pressão (sistema HVLP) e máquinas de

rolos. Existem também disponíveis no mercado sistemas de filtração das águas das cortinas

das cabines de pintura, que impedem a descarga dos desperdícios e permitem a recirculação

da água.

Para além da instalação dos equipamentos mais adequados no processo de fabrico, é

absolutamente essencial que estes sejam correctamente operados por pessoal devidamente

formado, pois de contrário as vantagens inerentes à sua utilização podem-se desvanecer.

Assim, uma formação profissional cuidada e periódica do pessoal ao serviço, tanto ao nível

dos aspectos técnicos como ao nível da sua responsabilização em todas as questões de

natureza ambiental na empresa, é imprescindível e contribuirá decisivamente para a melhoria

do processo produtivo e da qualidade.

Quadro 6 – Tecnologias e medidas de prevenção identificadas para o sector dos curtumes, sua

correlação com a operação onde se aplica e o resídue que previne.

Tecnologia ou Medida Operação em

que se aplica

Resíduo que previne Benefícios Expectáveis(*)

Processos alternativos à salinização para a conservação

das peles:

(1) Conservação pelo frio (arrefecimento, refrigeração,

congelação)

(2) Aditivos auxiliares de perservação (antisépticos

alternativos: biocidas, sulfito/ácido acético), desde que

não tóxicos.

(3) Preservação das peles por irradiação

Conservação

das peles e

Molho

Efluentes salinos e sua

contribuição para a

salinidade das lamas.

Redução da salinidade do

efluente e das lamas:

(1) e (3): 90%

(2): 50%

Eventual redução do volume

das águas do molho.

Remoção mecânica do sal antes do Molho e sua possível

reutilização (após purificação) na conservação ou na

piquelagem

Molho Efluentes salinos e sua

contribuição para a

salinidade das lamas.

Redução da salinidade do

do efluente e das lamas

(10%) e do volume do

efluente.

Utilização e gestão eficiente da água:

(1) Utilização de equipamentos tipo fulão com eficientes

mistura e distribuição da água Molho e Caleiro

(2) Utilização de sistemas em descontínuo para os

processos de lavagem Operações daRibeira

(3) Reutilização da água na mesma ou em outras

operações, após remoção dos sólidos suspensos e

reposição dos químicos

Operações da

Ribeira

Contaminação das

lamas com agentes

químicos residuais

utilizados nas

operações.

Redução do volume dos

efluentes da fase da Ribeira

e dos contaminantes das

lamas.

Caleiro com imunização do pêlo, baixo teor de sulfuretos e

recuperação do pêlo:

(1) Processo Sirolime – sistema multibanhos com

controlo do uso de sulfuretos e recuperação do pêlo.

(2) Processo Blair-Hair – Baixo teor de sulfuretos e amina

auxiliar de depilação.

(3) Processo Darmstadt – uso de meios auxiliares

mecânicos de descabela, baixo teor de sulfuretos e

auxiliares enzimáticos.

Calagem ou

Caleiro Carga orgânica nosefluentes e nas lamas.

Teor residual de

sulfuretos nos efluentes.

Redução da carga orgânica

(35% CQO e CBO5, 23%

NKjel) e dos sulfuretos

(56%) nas águas residuais.

Redução do volume dos

sólidos, incluindo lamas de

ETAR (10%)

Caleiro com substituição parcial de sulfuretos e

recuperação do pêlo:

(1) Uso de enzimas proteolíticas para a depilação,

utilizando meios mecânicos auxiliares (se necessário)

(2) Uso de agentes comerciais orgânicos sulfurados

baseados no tioglicolato, no tioetilenoglicol ou em sais

do ácido formamidinosulfínico.

(3) Uso de auxiliares enzimáticos com ou sem aminas

auxiliares.

(4) Uso de Polisacarídeos modificados.

Calagem ou

Caleiro Carga orgânica nosefluentes e nas lamas.

Teor residual de

sulfuretos nos efluentes.

Redução da carga orgânica

(25% CQO e CBO5, 26%

NKjel) e dos sulfuretos

(70%) nas águas residuais.

Redução do volume dos

sólidos, incluindo lamas de

ETAR (14%)

Nota: valores apresentados

para o caso (2)

Quadro 6 (cont.) – Tecnologias e medidas de prevenção identificadas para o sector dos curtumes, sua

correlação com a operação onde se aplica e o resíduo que previne.

Tecnologia ou Medida Operação em

que se aplica

Resíduo que previne Benefícios Expectáveis

Sistemas de Recirculação dos licores alcalinos de sulfureto.

(1) Banhos separados de descabela e alcalinização, com

recirculação destes após reposição de químicos.

(2) Filtração dos banhos do Caleiro, com recuperação do

pêlo, e reutilização das águas

(3) Ultrafiltração dos banhos esgotados do Caleiro e

reciclagem do permeado para a mesma operação.

(4) Utilização dos banhos esgotados em outras operaçõs

após dessulfurização catalítica

(5) Acidificação dos banhos esgotados e recolha do H2S

libertado em soda para posterior aplicação

Calagem ou

Caleiro

Carga orgânica nos

efluentes e nas lamas.

Teor residual de

sulfuretos nos efluentes.

Redução da carga orgânica

e dos sulfuretos nas águas

residuais e redução do

volume, carga orgânica e

contaminação das lamas.

Remoção do pêlo no matadouro por têmpera com água

quente.

Calagem ou

Caleiro

Carga orgânica nos

efluentes e nas lamas.

Teor residual de

sulfuretos nos efluentes.

Redução da carga orgânica

e dos sulfuretos nas águas

residuais e redução do

volume, carga orgânica e

contaminação das lamas.

Realização da operação de descarnagem antes do caleiro Descarnagem Contaminação dos

resíduos de descarna

com sulfureto

Maior probabilidade na

utilização dos resíduos de

descarna.

Realização da operações de divisão na pele não curtida

(divisão em tripa)

Divisão Raspas da divisão com

crómio.

Redução (45%) da

quantidade de resíduos com

crómio.

Possível utilização das

ras-pas não curtidas no fabrico

de gelatinas, colas, etc.

Desencalagem alternativa aos sais de amónio:

(1) Desencalagem com dióxido de carbono

(2) Desencalagem com ácidos orgânicos (láctico, acético)

(3) Desencalagem com sais de magnésio

(4) Desencalagem com ácido clorídrico e bicarbonato de

sódio

Desencalagem Contaminação dos

efluentes e das lamas

com azoto amoniacal.

Redução da contaminação

com azoto amoniacal das

águas residuais e das lamas:

(1) 65%

(2) 75%

Desengorduramento aquoso ou enzimático, em alternativa

aos solventes Desengordura-mento Resíduos líquidoscontendo solventes

orgânicos.

Redução (100%) dos

resíduos com solventes

orgânicos.

Centrifugação das peles antes do curtume para estimativa

precisa do peso da pele

Preparação

para o curtume

Licores de curtimenta

com crómio.

Lamas com crómio.

Redução na sobredosagem

de reagentes (crómio) e

subsequente redução do seu

teor nas águas e nas lamas

(*) Relativamente aos processos convencionais. Percentagens de redução referentes aos efluentes e sólidos globais.

Quadro 6 (cont.) – Tecnologias e medidas de prevenção identificadas para o sector dos curtumes, sua

correlação com a operação onde se aplica e o resíduo que previne.

Tecnologia ou Medida Operação em

que se aplica Resíduo que previne Benefícios Expectáveis

Processos de exaustão do crómio:

(1) Curtume “a seco” (utilização de banhos curtos):

técnicas low-float

(2) Controlo rigoroso da temperatura, dos tempos de

basificação e de reacção, e do pH

(3) Utilização de compostos de crómio autobasificantes

(4) Uso de auxiliares de curtume para fixação do crómio

(essencialmente di ou policarboxilatos e poliacrilatos,

mas também aminas, polifosfatos e silicatos)

Curtume ao

crómio Licores de curtimentacom crómio.

Lamas com crómio.

Redução do crómio

descarregado nas águas

residuais:

(2) 50%

(4) 70%

Redução (10%) do volume

das lamas e redução (65%)

do seu teor em crómio.

Recirculação dos banhos de curtimenta, recuperação e

reciclagem do crómio

(1) Recirculação directa: recirculação de parte do banho

esgotado após passagem por crivo, filtro ou

hidrociclone, e reposição dos químicos

(2) Recirculação para a Piquelagem: recirculação de parte

dos banhos esgotados de crómio para a piquelagem,

após crivagem e arrefecimento.

(3) Recuperação do sulfato de crómio: precipitação do

Cr(OH)3, sua redissolução em ácido e reciclagem do

licor para o curtume.

Curtume ao

crómio Licores de curtimentacom crómio.

Lamas com crómio.

Redução do crómio

descar-regado nas águas residuais:

(1)+(2): 45% (3): 78%

Redução do volume das

lamas:

(1)+(2): 7% (3): 12%

Redução do teor em crómio

nas lamas:

(1)+(2): 65% (3): 85%

Utilização de agentes de curtimenta alternativos ao crómio

(1) Curtimenta mineral alternativa: utilização de outros

agentes como alumínio, titânio ou zircónio (wet-white).

(2) Processo TAL (ICI) – utilização de substâncias

curtientes alternativas como Ti, Al e Mg

(3) Curtume com agentes taninos orgânicos alternativos

como o glutaraldeído (wet-white)

(4) Redução no uso do crómio por introdução de um

pré-curtume de alumínio ou de glutaraldeído

(5) Utilização de agentes de curtimenta auxiliares do

crómio: minerais, orgânicos, vegetais e syntans

Curtume Licores de curtimenta

com crómio.

Lamas com crómio.

Redução ou eliminação do

crómio descarregado nas

águas residuais.

Redução do volume das

lamas e do seu teor em

crómio.

Exaustão dos agentes de tingimento e engorduramento, por

utilização de polímeros anfotéricos e controlo rigoroso das

condições operacionais (pH, temperatura, volume do banho)

Tingimento e

Engordura-mento

Contaminação das

águas residuais e das

lamas

Redução da quantidade de

corantes e/ou gorduras nas

águas residuais e nas lamas

(redução de 60% do CQO)

Filtração dos banhos de tingimento e sua reciclagem parcial

(50%, p.ex.) após reposição dos agentes Tingimento Contaminação daságuas residuais e das

lamas

Redução da quantidade de

corantes e/ou gorduras nas

águas residuais e nas lamas

Fulões equipados com sistemas contínuos de filtração dos

banhos CaleiroCurtume

Tingimento

Contaminação das

águas residuais e das

lamas

Redução da quantidade de

matéria orgânica, pêlo,

corantes e gorduras nas

águas residuais e nas lamas

Equipamentos de pintura e de outros revestimentos com

elevada eficiência:

(1) Máquinas de rolos rotativos

(2) Sistemas de spray HVLP (high-volume-low-pressure)

(3) Sistemas de filtração e reciclagem das águas nas

cortinas das cabines de acabamentos

Acabamentos Contaminação das

águas e das lamas com

resíduos de acabamento

(lacas, tintas, graxas,

etc).

Redução dos desperdícios

de produtos de acabamento:

30% em (1) e 10% em (2)

Redução do seu teor nas

águas e nas lamas.

(*) Relativamente aos processos convencionais. Percentagens de redução referentes aos efluentes e sólidos globais.

No documento GUIA TÉCNICO SECTOR DOS CURTUMES (páginas 57-61)