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UTILIZAÇÃO DE LODO DE ETA PARA MELHORIA DO CRESCIMENTO DE PLANTAS

3.8 O POTENCIAL DE REMOÇÃO DE FÓSFORO COM LODOS DE ETAS

3.8.3. UTILIZAÇÃO DE LODO DE ETA PARA MELHORIA DO CRESCIMENTO DE PLANTAS

Segundo Elliot e Dempsey (1991), o lodo de ETA tem boa aplicação em áreas agrícolas, por sua propriedade de retenção de água para as plantas, correção de pH e fator de agregação do solo. Os autores verificaram que os teores de nutrientes encontrados no lodo eram muito baixos, tanto em relação ao fósforo como ao nitrogênio - 4,4 a 10,0 g de Ntotal/kg. Os teores de carbono orgânico total apresentaram-se em torno de 30gCOT/kg, o que segundo os autores contribui para uma boa agregação dos solos e para a melhoria da capacidade de retenção de água e hidratação do solo condicionado com lodo de ETA.

Elliot e Singer (1998), em sua pesquisa de utilização de lodo de ETAs em um solo rico em alumínio e manganês, atribuíram o aumento da produção de tomates pelo efeito de calagem, obtido pela utilização de lodo alcalino, que ocasionou a elevação do pH do solo de 5,3 para 8,0 e por conseqüência, imobilizou esses metais, reduzindo a toxicidade.

Dayton e Basta (2000) investigaram a potencialidade do uso do lodo de ETA como substituto de solo em áreas degradadas. Os experimentos foram realizados com três tipos diferentes de lodos, em áreas de revegetação com a espécie Cynodon dactylon. Para a determinação da

deficiência de fósforo ocasionada pelo lodo de ETA, foram aplicadas quatro diferentes dosagens de fósforo (0, 50, 100 e 200 mgP/kg). O estudo também avaliou a eficácia dos testes de solos para prever a adequação de fósforo em termos de suporte ao crescimento vegetal. Os resultados mostraram que a alta adsorção de fósforo no lodo de ETA era similar à adsorção deste elemento em solos andinos, cuja composição é predominantemente de cinzas vulcânicas. Este tipo de solo exige massiva quantidade de fósforo para elevar a produção de tomates, batatas e milho a níveis ótimos. Segundo os autores, por semelhança, esta prática pode ser necessária quando se usa lodos de ETAs para revegetação de áreas degradadas.

Dayton e Basta (2001) relataram que taxas de aplicação de lodo acima de 10% têm causado deficiência de fósforo em áreas de cultivo. Os autores caracterizaram 17 tipos de lodos provenientes de ETAs de várias municipalidades no entorno de Oklahoma. Destes, 14 eram oriundos de estações que utilizavam sulfato de alumínio como coagulante e três, policloreto de alumínio.

Para avaliar a possibilidade de utilização de lodos de ETAs em áreas de cultivo, os pesquisadores caracterizaram os lodos de acordo com os parâmetros de interesse agronômico e compararam os resultados obtidos aos valores de referência considerados essenciais ao desenvolvimento e crescimento de plantas, típicos de solos agrícolas, tais como: condutividade, capacidade de troca catiônica, teor de nitrogênio total, teor de carbono orgânico total, densidade e capacidade de retenção de água (DAYTON e BASTA, 2001).

Na Tabela 3–9, são mostrados os resultados das análises físico-químicas dos lodos e os típicos de solos. Verifica-se que o pH dos lodos variou de 5,3 a 7,8. Estes valores são compatíveis com a faixa adequada para crescimento de plantas, que é de 5,0 a 8,0, conforme BOHN et al (1985) apud DAYTON e BASTA (2001).

O parâmetro condutividade elétrica é uma expressão numérica da capacidade da água de conduzir corrente elétrica, e quanto maior a condutividade, mais íons (solutos) estarão presentes no líquido, aumentando o risco de salinização do solo, podendo alterar sua estrutura, com diminuição da permeabilidade e por conseqüência, afetar o crescimento das plantas. Os resultados de condutividade elétrica variaram de 0,22 a 1,1 dS/m, valor abaixo do limite de 4dS/m.

A capacidade de troca catiônica dos lodos de ETAS variou de 13,6 a 56,5 cmol/kg, com média de 30 cmol/kg, valores maiores que os encontrados para solos típicos, compreendidos entre 3,5 a 35,6 cmol/kg. Os elevados valores de capacidade de troca catiônica obtidos nos lodos de algumas ETAS foram associados à capacidade de suprir cátions para o crescimento de plantas.

A densidade é um parâmetro importante, principalmente para a avaliação da porosidade do solo, que pelos critérios agronômicos, deve estar acima de 0,75g/cm3. As densidades dos lodos variaram de 0,56 a 1,3g/cm3, com média de 0,9g/cm3. Dos 17 tipos de lodos estudados, seis apresentaram densidades inferiores a 0,75g/cm3, que segundo os pesquisadores, indica um material com elevada porosidade, o que inviabiliza seu uso como substituto do solo ou em áreas agrícolas, devido à baixa retenção de água, com resultados inferiores ao limite mínimo de 100g/kg, ocasionada pela excessiva drenagem que a elevada porosidade acarreta (DAYTON e BASTA, 2001).

Tabela 3-9 - Comparação das propriedades físico-químicas de lodos de ETAs com as de solos adequados ao crescimento de plantas.

Fonte: DAYTON e BASTA (2001)

Em relação à fitotoxicidade, foram identificados cinco lodos com teores de N-NO2 acima do limite máximo de 10mg/kg. Valores de Referência pH Condutividade dS/m CTC cmol/kg N Total g/kg COT g/kg Densidade g/cm3 Teor de água disponível para plantas g/kg Lodo de ETAS 5,3 a 7,8 0,22 a 1,1 13,6 a 56,5 1,3 a 18,4 17 a 149 0,56 a 1,3 26 a 416 Valores Médios 7,1 0,5 30 7 63 0,9 139 Solos Típicos 5,0 a 8,0 <4,0 3,5 a 35,6 0,2 a 5,0 <30 1,0 a 1,55 63 a 300

Em relação aos teores de nutrientes encontrados nos lodos das ETAs, os resultados obtidos por DAYTON e BASTA(2001) mostraram faixas comparáveis aos níveis de nutrientes do solo e considerados adequados a muitas culturas. Em decorrência da deficiência de fósforo, pela adsorção deste elemento nos óxidos e hidróxidos de alumínio dos lodos das ETAs, necessitar-se-á de dosagem adicional deste nutriente em patamar mínimo ao desenvolvimento das plantas. Com exceção dos níveis de fósforo, nenhum dos lodos foi considerado inadequado baseado em seu teor de nutrientes, pois outras deficiências observadas foram consideradas de fácil correção com fertilizantes.

De uma forma geral, verifica-se que os principais parâmetros utilizados para a avaliação das propriedades físico-químicas dos lodos de ETAs se apresentaram compatíveis com os considerados adequados ao crescimento de plantas.

3.8.4 REMOÇÃO DE FÓSFORO POR DISPOSIÇÃO DO LODO DE ETA NO