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Utilizando formulários que contemplem as fases do processo de enfermagem e as necessidades da clientela

CATEGORIAS CODIFICAÇÃO AXIAL

D) Desenvolvendo estratégias de ação

D.2 Utilizando formulários que contemplem as fases do processo de enfermagem e as necessidades da clientela

Os enfermeiros têm lançado mão de muitos procedimentos como estratégias de ação para explicar o fenômeno 1. Nesse sentido, reconhecem que os formulários utilizados no serviço são satisfatórios na execução das fases de investigação, de diagnóstico, de planejamento, de implementação e de avaliação da assistência de enfermagem. No entanto, necessitam ser ajustados para suprir as necessidades da clientela atendida no serviço, objetivando qualificar o atendimento prestado nos setores de pré-parto, parto e puerpério.

Os formulários contemplando as fases do processo de enfermagem são importantes para que os enfermeiros tenham conhecimento teórico e prático, de modo a executarem as ações. Esse conhecimento é necessário como base para a tomada de decisão e na escolha das intervenções para assistir a cliente, subsidiando o raciocínio crítico e clínico em enfermagem.

Segundo Takahashi et al. (2008), a falta de conhecimento dos enfermeiros sobre o processo de enfermagem torna-se uma barreira para a execução desse método assistencial nas instituições de saúde. Quando os profissionais de enfermagem o realizam sem o necessário conhecimento, o fazem apenas para o cumprimento de tarefa institucional. Dessa forma, não existe a conscientização coletiva da importância desse processo para a sua atuação como profissional da saúde com responsabilidade social. A aplicação efetiva do processo de enfermagem conduz à melhoria da qualidade dos cuidados de saúde e estimula a construção de conhecimentos teóricos e científicos com base na melhoria da prática clínica (POKORSKI, 2009).

Com o objetivo de coletar informações para explicar essa categoria, foi elaborado o Quadro 10 com três subcategorias que identificam as estratégias de ação sugeridas pelos enfermeiros para o fenômeno 1:

Código Subcategorias

D.2.1 Reconhecendo que os formulários utilizados no serviço necessitam ser melhorados, apesar de contemplarem as fases do processo de enfermagem.

D.2.2 Percebendo que os impressos utilizados no serviço de obstetrícia deveriam ser mais resumidos e objetivos.

D.2.3 Percebendo que os instrumentos utilizados precisam ser adaptados de acordo com as necessidades de cada cliente.

Quadro 10: Utilizando formulários que contemplem as fases do processo de enfermagem e as necessidades da clientela

D.2.1 Reconhecendo que os formulários utilizados no serviço necessitam ser melhorados, apesar de contemplarem as fases do processo de enfermagem

Nessa subcategoria, os enfermeiros reconhecem que alguns formulários do processo de enfermagem utilizados na maternidade necessitam ser melhorados ou ajustados para que possam melhor atender as necessidades de cada mulher, conforme discursos abaixo:

[...] aqui no serviço utilizamos instrumentos que contemplam todas as fases do processo de enfermagem.

[...] alguns instrumentos do processo de enfermagem necessitam ser ajustados para suprir as necessidades de nossa clientela.

[...] os ajustes necessários nos instrumentos do processo de enfermagem são em relação aos diagnósticos de enfermagem que precisam ser melhor formulados de acordo com cada setor da maternidade.

Na perspectiva de aprimorar a SAE e possibilitar uma melhor qualidade na assistência de enfermagem, os enfermeiros sugerem uma reformulação ou adaptação dos instrumentos utilizados no processo de enfermagem, principalmente, os que se referem aos diagnósticos de enfermagem. Essa mudança se faz necessária, visto que esses diagnósticos representam a melhor forma de que dispõem as clientes para expressarem as necessidades de cuidados. É indispensável também para a padronização, intervenções e resultados de enfermagem, de acordo com as características de cada setor do serviço. Os diagnósticos de enfermagem baseiam-se tanto nos problemas reais, voltados para o presente, quanto nos problemas potenciais, voltados para o futuro, que podem ser sintomas de disfunções fisiológicas, comportamentais, psicossociais ou espirituais (CARPENITO, 1997).

Para que os diagnósticos sejam adaptados às especificidades de cada setor, é importante que a equipe de enfermagem, juntamente com a equipe de gestão, esteja sensibilizada para essa mudança. Como se sabe, o passo mais difícil e demorado da implementação do processo de enfermagem é a formulação dos diagnósticos. Segundo Amante, Rossetto e Schneider (2009), na formulação dos diagnósticos, o enfermeiro não deve apenas identificá-lo, mas também descrever quais as suas características definidoras e os fatores relacionados, no caso de problemas já identificados. Tratando-se de problemas potenciais, compete ao enfermeiro identificar os fatores de risco. Para tanto, deve ter conhecimento, além de raciocínio rápido e lógico, buscando obter a associação dos sinais e sintomas com suas possíveis causas.

D.2.2 Percebendo que os impressos utilizados no serviço de obstetrícia deveriam ser mais resumidos e objetivos

Percebe-se, nessa subcategoria, a preocupação dos enfermeiros em relação à extensão dos impressos utilizados no serviço. Isso resulta em maior perda de tempo no preenchimento desses instrumentos, trazendo como consequência prejuízo no planejamento e implementação da assistência de enfermagem. Diante desse contexto, os enfermeiros sugerem que os impressos sejam mais resumidos e objetivos, conforme se pode observar nos relatos abaixo:

[...] os impressos utilizados aqui contemplam o processo de enfermagem por completo, porém são muito longos e extensos. [...] os instrumentos deveriam ser mais resumidos, mais objetivos para se fazer um melhor preenchimento.

[...] se os formulários fossem mais resumidos, perderíamos menos tempo preenchendo e, desta forma, disponibilizando mais tempo para planejar e executar a assistência de enfermagem.

Os enfermeiros reconhecem a importância de instrumentos adequados na prestação dos cuidados. Instrumentos que contêm muitas informações nem sempre, são os mais adequados para atender as necessidades de cada cliente e contemplem o processo de enfermagem como um todo. Dessa forma, é importante que os enfermeiros utilizem impressos com os dados necessários para a elaboração do plano de cuidados e o registro de enfermagem. Portanto, é importante elaborar um instrumento que contemple as fases do processo de enfermagem, viabilize e otimize o tempo da equipe de enfermagem. Dessa forma, proporcionará uma assistência de qualidade e individualizada, voltada às especificidades de cada unidade de internação ou área clínica assegurando resultados com baixo custo.

A elaboração de um instrumento com dados mínimos significa realizar apenas o que está registrado. Isso leva a uniformizar as fases do processo de enfermagem, podendo ser ampliadas, conforme a necessidade de cada cliente. Devem-se apresentar os diagnósticos e as intervenções que são básicos para aquela clientela, com a possibilidade de acréscimo do que se fizer necessário, facilitando assim a sua execução.

D.2.3 Percebendo que os instrumentos utilizados precisam ser adaptados, de acordo com as necessidades de cada cliente

O ciclo gravídico-puerperal representa um período de intensas transformações biopsicossociais na vida da mulher e de sua família. Assim, para assistir uma cliente no serviço de obstetrícia, o processo de enfermagem deve estar voltado para suas necessidades. Isso facilita a implementação da assistência pelos profissionais de enfermagem, proporcionando à mulher um cuidado humanizado e holístico. Essas necessidades estão expressas nos relatos abaixo:

[...] tenho percebido que o processo de enfermagem precisa ser melhorado e adaptado para cada clientela assistida.

[...] ele precisa ser traçado para as necessidades da clientela daquela área de atuação.

[...] se ele é implementado de acordo com cada área de atuação, ou seja, de acordo com o que é específico do pré-parto, da sala de parto e do puerpério, facilita os profissionais de enfermagem a identificar os problemas, fazer os diagnósticos e traçar o plano de cuidado de forma individual.

Na prestação de cuidados na área de obstetrícia, não se pode esquecer que a mulher, durante o ciclo gravídico-puerperal, está inserida em seu meio sócio- econômico e cultural. Ela traz uma carga espiritual e emocional, acompanhada de medos, preconceitos, inseguranças, tristezas, esperança e fé. Necessita, assim, ser atendida em sua integralidade, pois não há, na vida da mulher, fase tão repleta de dúvidas, ansiedades e frustrações como o ciclo grávido-puerperal, a demonstrar a íntima relação entre os fenômenos psíquicos e os somáticos (REZENDE, 2010).

A partir da necessidade de estabelecer novo paradigma assistencial na assistência obstétrica e perinatal, em junho de 2000, o Ministério da Saúde instituiu o Programa de Humanização no Pré-Natal, Parto e Nascimento - PHPN (SERRUYA et al., 2004). A institucionalização da assistência humanizada à mulher, preconizada pelo Ministério da Saúde, visa a garantir o acesso ao atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério (BRASIL, 2000).

Portanto, o atendimento à mulher exige a atuação de uma equipe multiprofissional especializada, em virtude da sua complexidade. Essa equipe deve considerar algumas complicações que podem ocorrer. Deve observar, sobretudo, as

repercussões sobre a estrutura familiar, estado emocional, enfim, sobre a mulher, seu concepto e sua família, considerando-se os aspectos biopsicossociais, culturais e espirituais (LACAVA; BARROS, 2004).

Nesse contexto, percebe-se que os serviços hospitalares, de forma geral, apresentam escassez de recursos humanos especializados na área de enfermagem obstétrica, dificultando o atendimento qualificado à clientela assistida. Para garantir o atendimento digno e de qualidade, o enfermeiro deve planejar o cuidado e determinar as intervenções, com o intuito de atender as necessidades das mulheres nesse período e avaliar a assistência de enfermagem que está sendo prestada. Para tanto, é necessária a utilização de um método claro, organizado e científico para a prática de enfermagem, que é a sistematização da assistência de enfermagem (BARROS; MARIN; ABRÃO, 2002).

A SAE é de fundamental importância para planejar e direcionar as ações de enfermagem, bem como para organizar o registro dos dados. Além disso, estabelece a priorização dos procedimentos a serem realizados e, se necessário, redimensionamento de recursos humanos e materiais. Essas medidas facilitam a avaliação da assistência prestada, porque permitem verificar se os padrões mínimos estabelecidos foram alcançados (BRASIL, 2000).

Para sistematizar os cuidados de enfermagem direcionados a cada área de atuação, exige-se a elaboração de um instrumento que contemple os aspectos caracterizadores de cada fase do ciclo de vida feminino. Isso proporcionará um conhecimento mais profundo da mulher como ser humano, com suas necessidades básicas, sendo compreendida como um todo durante esse período (BARROS; MARIN; ABRÃO 2002).