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Validação da escala de competências no trabalho

6. RESULTADOS

6.1 VERIFICAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS PARA ANÁLISE FATORIAL EXPLORATÓRIA DAS

6.1.3 Validação da escala de competências no trabalho

Na escala de Competências, para verificar a fatorabilidade da matriz de correlação, foram utilizados os mesmos parâmetros usados na escala de suporte à aprendizagem e estratégias de aprendizagem no trabalho: verificação do determinante da matriz, magnitude das correlações, medida de adequação amostral Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o quadrado das correlações múltiplas (r²).

A inspeção da matriz de correlações item/item revelou correlação positiva em mais de 63% das variáveis com correlações acima de 0,30, algumas chegando a 0,77, o que sugere a fatorabilidade da matriz. A medida de adequação amostral Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) atingiu o índice de 0,90, que indica ótima adequação dos dados à análise fatorial. No exame da matriz de correlação anti-imagem, verificou-se que os quadrados das correlações múltiplas (R²), em sua maioria, eram superiores a 0,90, o que indica suficiente relação entre as variáveis para se proceder a uma análise fatorial exploratória.

Tendo sido verificada a fatorabilidade da matriz, procurou-se identificar quantos fatores essa matriz comportava. Para tanto, foram utilizados como critérios os autovalores (eigenvalues) iguais ou superiores a um (Kaiser citado por Pasquali, 2005), a plotagem dos eigenvalues (scree plot), o percentual da variância explicada individualmente pelos fatores, a variância total explicada, a matriz residual de correlações, a análise paralela e a existência de significado teórico ou semelhança semântica entre as variáveis agrupadas em um mesmo fator.

O exame dos autovalores (eigenvalues) e do percentual da variância explicada individualmente pelos fatores indicou a existência de até sete fatores, no entanto, o exame visual da plotagem dos eigenvalues (Figura 9) indicou a existência de, no máximo, quatro fatores.

Tendo em vista a contradição entre o número de fatores pregados pela instituição, os indicados pela inspeção inicial da matriz deste estudo e os encontrados pela validação realizada por Souza (2009), optou-se por realizar a análise paralela para definir com mais fidedignidade a quantidade de fatores a serem extraídos. Essa análise (Tabela 12) indicou que a estrutura com três fatores seria realmente a mais adequada.

Tabela 12. Eigenvalues empíricos e aleatórios dos componentes da amostra total de respondentes da escala de Competências

Eigenvalues Componentes

1 2 3 4

Aleatório 1,939 1,821 1,732 1,657

Empírico 13,734 4,238 2,652 1,587

Para fatorar a matriz, optou-se por utilizar, inicialmente, os mesmos parâmetros empregados por Souza (2009). Prosseguiu-se então a análise de fatoração dos eixos principais (PAF) com o método de rotação Promax. A exemplo de Souza (2009), optou-se por fixar a carga fatorial em, no mínimo, 0,50 em razão de a organização considerar bom ou excelente o desempenho cuja avaliação esteja posicionada a partir do terceiro quartil no ranqueamento do agrupamento funcional, constituído pelos empregados que atuam na mesma equipe ou grupo de trabalho.

A matriz de dois fatores apresentou 44,6% da variância acumulada da escala de Kaiser- Meyer-Olkin (KMO= 0,902), o que sugere boa fatorabilidade do instrumento. Todos os itens mantiveram-se e apresentaram boas cargas (0,53 a 0,82). O primeiro explicou 34,6% da variância acumulada da escala, e o segundo 9,9%. O Fator 1 agregou 81% dos itens da escala (31 itens) o que inviabilizou uma combinação teoricamente interpretável para o Fator.

Optou-se então por seguir a indicação do resultado da análise paralela e realizar uma análise forçando a solução com três fatores. Para tanto, foram utilizados os mesmos critérios aplicados na solução de dois fatores: fatoração dos eixos principais (PAF) com método de rotação Promax, carga fatorial mínima por item de 0,50.

Com a extração de três fatores, sete itens (48, 49, 50, 51, 52, 60, 67) não se sustentaram por apresentarem cargas fatoriais menores que 0,50. Os demais se dividiram nos três fatores sem que ocorressem casos de compartilhamento de cargas. Os três fatores juntos explicaram quase 51% da variância total dos itens componentes da matriz fatorial e o Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) atingiu a marca de 0,90, o que sugere boa fatorabilidade do instrumento. Os fatores

contaram com boas cargas fatoriais (0,52 a 0,97). O primeiro fator explicou 34,8% variância acumulada da escala, o segundo 9,9% e o terceiro 5,8%.

Para definir a nomenclatura dos fatores e verificar a adequabilidade dos itens em cada um deles, foi realizada análise de conteúdo teórico e semelhança semântica. Como os itens misturaram-se, todos os fatores agruparam certa quantidade de itens referentes às nove dimensões defendidas pela organização; no entanto, o Fator 1 agrupou maior quantidade de itens que se referem a características necessárias ao trabalho gerencial, por isso foi denominado de “Trabalho Gerencial”. O Fator 2 agrupou itens que se referem a características necessárias ao trabalho em equipe, por isso foi chamado de “Trabalho em Equipe”. O Fator 3 agrupou itens que fazem referência a uso de uma visão estratégica com vistas à adaptação às exigências do trabalho, por isso foi chamado de Visão estratégica. A verificação da consistência interna dos fatores foi realizada por meio do cálculo do alfa de Cronbach.

O primeiro fator explicou 34,9% da variância total das respostas obtidas; ficou constituído por 14 itens; apresentou boas cargas fatoriais (0,52 a 0,96) e alta consistência interna. Na Tabela 13, são apresentados os itens comunalidades (h²) e cargas fatoriais dos itens do fator.

Tabela 13. Comunalidades (h²) e cargas fatoriais do Fator 1 – Trabalho Gerencial

Item Fator 1 – Trabalho gerencial Alfa de Cronbach: 0,93 Carga 53 Facilita a superação de conflitos entre os membros da equipe. 0,52 0,51 55 Identifica oportunidades de melhoria a partir das relações que estabelece. 0,53 0,59 66 Realiza atividades fora de sua rotina de trabalho que contribuam para a obtenção de

melhoria dos resultados. 0,54 0,38

40 Avalia o alcance dos resultados propostos no projeto. 0,57 0,44 64 Propõe procedimentos estratégicos visando ao alcance dos objetivos organizacionais. 0,57 0,51 59 Implementa e acompanha a execução de tarefas dentro das condições de prazo e recursos

estabelecidos pela organização.

0,58 0,49 65 Propõe soluções criativas para integração dos processos. 0,59 0,58 45 Coordena a equipe, levando em consideração as competências individuais dos membros. 0,69 0,40 56 Identifica as interseções entre os processos organizacionais nos quais atua. 0,69 0,60 61 Orienta e acompanha o desempenho de pessoas sob sua supervisão para o alcance dos

objetivos organizacionais

0,76 0,50 46 Proporciona o aperfeiçoamento das tarefas da sua área de atuação. 0,77 0,47 57 Identifica tendências e avalia riscos, oportunidades e impactos no ambiente organizacional. 0,77 0,59 54 Identifica necessidades para o desenvolvimento de projetos e programas de trabalhos

transdisciplinares. 0,84 0,62

58 Identifica, busca e negocia fontes de recursos para o desenvolvimento de projetos,

O segundo Fator explicou 9,9% da variância total das respostas obtidas; ficou constituído por 10 itens; apresentou boas cargas fatoriais (0,55 a 0,97) e alta consistência interna. Na Tabela 14, são apresentados os itens comunalidades (h²) e cargas fatoriais dos itens do fator.

Tabela 14.- Comunalidades (h²) e cargas fatoriais do Fator 2 - Trabalho em equipe

Item

Fator 2 - Trabalho em equipe

Alfa de Cronbach: 0,90 Carga

63 Propõe novas formas de realização do trabalho. 0,55 0,43 47 Relaciona-se de forma colaborativa com membros da equipe e parceiros,

contribuindo para um ambiente participativo. 0,58 0,35 39 Avalia e reconhece o mérito do indivíduo nos resultados obtidos pela equipe. 0,60 0,48 44 Contribui para o cumprimento de metas de outra equipe de trabalho. 0,60 0,69 62 Pondera críticas e sugestões de colegas de trabalho. 0,61 0,48 68 Realiza suas metas em conformidade com os critérios de resultado estabelecido. 0,75 0,47 69 Utiliza seus conhecimentos para contribuir com o alcance das metas da equipe. 0,79 0,48 41 Compartilha seus conhecimentos com a equipe de trabalho. 0,88 0,48 43 Contribui para melhoria do alcance dos resultados. 0,92 0,74 42 Compromete-se com os objetivos e desafios da equipe. 0,97 0,54

O terceiro Fator explicou 5,8% da variância total das respostas obtidas; ficou constituído por 7 itens; apresentou boas cargas fatoriais (0,64 a 0,84) e boa consistência interna. Na Tabela 15, são apresentados os itens comunalidades (h²) e cargas fatoriais dos itens do fator.

Tabela 15. Comunalidades (h²) e cargas fatoriais do Fator 3 – Visão estratégica

Item Fator 3 – Visão estratégica Alfa de Cronbach: 0,87

Carga h² 34 Analisa os cenários interno e externo à organização visando à definição de

estratégias organizacionais. 0,63 0,41

38 Atualiza-se sobre os conhecimentos necessários ao desenvolvimento do seu

trabalho. 0,64 0,39

32 Adapta-se a mudanças exigidas pelo trabalho. 0,66 0,43 35 Assume novos papéis na sua equipe de trabalho, quando necessário. ,0,70 0,47 37 Atua observando o impacto de suas ações nos processos relacionados à sua área. 0,81 0,68 33 Age com persistência/determinação para alcançar as metas/objetivos. 0,82 0,67 36 Atua de forma a integrar os diversos processos organizacionais nos quais está