• Nenhum resultado encontrado

Validade da tipologia de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994)

Parte I Enquadramento teórico

Capitulo 3 – Tipologias de agressores conjugais

5. Validade da tipologia de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994)

A tipologia de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994) tem sido alvo de sucessivos testes e comparações com outros estudos e tipologias estabelecidas que suportam, na sua generalidade as conclusões dos autores (Widiger & Mullins-Sweatt, 2004). Alguns dos estudos que a seguir se apresentam testam diretamente a tipologia desses autores, outros, embora não o fazendo deliberadamente, comparam os seus resultados com os resultados encontrados por Holtzworth-Munroe e Stuart (1994).

37

Generalidade da violência em: T1 – M=2.84; T2 – M= 1.44; T3 – M= 1.10.

38

Family-Only (T1 – M= 0.72, SD = .88; T2 M = 0.78, SD=1.02; T3 – M= .89, SD=.71); Low Level Antisocial (T1 – M= 3.00, SD 1.29; T2 M = 2.47, SD 1.36; T3 M = 2.10, SD 1.17); e Generally violent/antisocial (T1 - M= 3.50, SD 1.40; T2 - M= 3.36, SD 1.69; T3 - M= 3.04, SD 1.59).

39

Os autores sugerem que em estudos futuros se verifique até que ponto as alterações verificadas na classificação inicial dos sujeitos, ao longo dos 3 anos de follow-up se devem efetivamente a uma mudança nos níveis de antissocialidade e à melhoria do comportamento dos sujeitos ou se refletem a instabilidade das medidas usadas para medir essa dimensão.

40

Cerca de 50% mantém-se em T2. O que mostra que deve ser dada atenção às medidas usadas para a identificação dos tipos.

48

Segundo Holtzworth-Munroe et al. (2003) pelo menos 23 estudos tipológicos transversais publicados identificaram a tipologias de agressores conjugais similares às teorizadas pelos autores. Também a meta-análise de Dixon e Browne (2003) apresenta uma revisão de estudos publicados desde 1994-2001, sobre tipologias de agressores conjugais, e identifica nove estudos empíricos (Greene et al. 1994; Gottman et al., 1995; Hamberger et al., 1996, cf. in Dixon & Browne, 2003; Holtzworth-Munroe et al., 2000; Langhinrichsen-Rohlin, Huss & Ramsey, 2000; Rothschild, Dimson & Storaasli, 1997; Tweed & Dutton, 1998; Waltz, Babcock, Jacobson & Gottman, 2000; White & Gondolf, 2000) e dois estudos teóricos (Greene et al., 1997; Monson & Langhinnrichsen-Rohling, 1998) consistentes com a tipologia estabelecida por Holtzworth-Munroe e Stuart (1994).

Assim, alguns estudos recentes (e.g. Densol, Margolin & John, 2003; Holtzworth- Munroe et al. 2000; Stoops et al., 2009; Thijssen & Ruite, 2011; Waltz et al. 2000) têm testado a tipologia tripartida de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994) e têm encontrado resultados que vão, na sua generalidade, de encontro ao que os autores teorizaram.

No estudo empírico de Holtzworth-Munroe et al. (2000) além dos 3 subtipos - LF (n= 37), o DB (n = 15) e o GVA (n = 16), foi identificado um quarto grupo de agressores

antissociais de menor nível - AMN (n= 34), que apresenta níveis moderados de

antissocialidade, violência conjugal e violência no geral.

Waltz et al. (2000) utilizou uma amostra recrutada na comunidade (n=75). Genericamente, este estudo suporta o modelo de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994), distinguindo três grupos: generally violent, pathological e family-only. Contudo, os autores concluíram que os grupos generally violent e pathological não eram diferentes um do outro em termos de desordens da personalidade, pois ambos mostram elevados scores nas escalas antissocial e borderline, diferindo apenas do grupo family-only.

Densol, Margolin e John (2003) analisaram até que ponto era generalizável a tipologia de Holtzworth-Munroe numa amostra da comunidade. Usando um outro procedimento estatístico para estabelecer tipologias - latent class analysis os autores replicaram o estudo de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994) com base nas suas três dimensões descritivas e encontram três grupos - family-only, medium-violence, e generally violent/psychologically distressed que, pelas suas características, têm correspondência com os três tipos de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994). Verifica-se que os grupos DB e GVA não aparecem isolados, mas concentrados num só tipo - generally violent/psychologically distressed. As desordens de personalidade borderline e antissocial, neste estudo, não foram diferenciadoras de dois tipos

49

de agressores autónomos. No teste de Holtzworth-Munroe et al. (2000) a diferença entre estes dois grupos também era ténue, justificando-se mais pelos elevados níveis que o grupo DB apresentava no item “medo do abandono”, do que nas escalas da personalidade antissocial ou

borderline. No follow-up destes sujeitos este dado é confirmado (Holtzworth-Munroe,

Meehan, Herron, Rehman & Stuart, 2003). O grupo medium-violence é semelhante ao limitado à família em muitos aspetos, mas apresenta níveis de violência mais severos.

Stoops et al., (2009) realizaram estudo tipológico com homens acompanhados pelo sistema de justiça (n=671), tendo por base as três dimensões descritivas de Holtzworth- Munroe e Stuart (1994) para a formação dos clusters. Os resultados a que chegaram vêm confirmar as previsões de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994). Stoops et al. (2009) designaram os três grupos a que chegaram por: low level criminality (similar ao LF),

dysphoric volatile behavior (similar ao DB) e dysphoric general violence (similar ao GVA).

Thijssen e Ruite (2011), através da análise de processos de agressores conjugais em

probation (n = 146) e com recurso à análise de clusters, identificaram quatro tipos: family- only, generally violent/antisocial, low-level antissocial e psychopathology, semelhantes aos

quatro grupos que o estudo empírico de Holtzworth-Munroe et al. (2000) apresenta.

Note-se que algumas diferenças encontradas, nomeadamente, em termos das proporções dos grupos ou das características que distinguem os tipos estabelecidos estão relacionadas com o tipo de amostra que é utilizada nos estudos. Se são amostras voluntárias com indivíduos da comunidade ou amostras clínicas de sujeitos a frequentar programas de intervenção ou de indivíduos encaminhados pelo sistema de justiça (Dixon & Browne, 2003; Johnson et al., 2006). Segundo a meta-análise de Dixon e Browne (2003), quando se trata de amostras não-voluntárias e de indivíduos enviados pelo sistema de justiça ou a frequentar algum programa encontrámos menos sujeitos no grupo limitado à família (37.7%) e mais sujeitos no grupo antissocial (36.3%), sendo que o grupo disfórico/borderline é o que parece não sofrer grandes alterações (23.7%). Nas amostras voluntárias os resultados são mais próximos (59.3%, 22.9%, 15.5%) para cada um dos três tipos – LF, GVA e DB, respetivamente, por comparação aos valores previstos por Holtzworth-Munroe e Stuart (1994) - 50%, 25%, 25% 41.

41

Note-se que o tipo de agressores e a severidade da violência exercida será diferente de acordo com o tipo de amostra utilizada, o que se refletirá também nas necessidades que deverão ser tidas em conta na intervenção com estes sujeitos. Existem diferenças significativas entre amostras de sujeitos voluntários e encaminhados judicialmente (X2= 9.011, df = 2, P < .02, Browne & Dixon, 2003).

50

Contudo, quando calculada a média global entre os diferentes estudos considerados por Dixon e Browne (2003) as percentagens são de 50%, 30%, 20%, para cada grupo, bastante semelhantes às sugeridas por Holtzworth-Munroe e Stuart (1994).

Em suma, parece haver suporte para a tipologia de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994) na generalidade dos estudos, quer nos que se propuseram a testar a tipologia, quer naqueles que embora não o fizessem, ao estabelecer as suas próprias tipologias acabaram por comparar os seus resultados com os de Holtzworth-Munroe e Stuart (1994), concluindo que os tipos de agressores a que chegam são similares.

Verifica-se ainda que nos estudos que utilizam amostras de sujeitos não voluntários, que estão no sistema de justiça ou a frequentar algum programa a distinção é mais clara entre os grupos geralmente violentos/antissociais e disfórico/borderline do que nos estudos que usam amostras de voluntários, em que o critério psicopatologia não é tão discriminador destes dois grupos.