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Valor patrimonial

No documento ANEXO 8 ORDENAMENTO E CONDICIONANTES (páginas 72-79)

ANEXO IV: INVENTÁRIO DE FOTOGRAFIAS IMPRESSAS ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

Apresenta 4 interseções de nível do tipo rotunda apenas com as vias de hierarquia superior nomeadamente a EN125 (inicio do projeto), EN2-6, a

N. º Designação Concelho Freguesia M P

4.1.3 Valor patrimonial

O processo de avaliação de impactes começa com a avaliação do Valor Patrimonial de cada sítio localizado exclusivamente nos troços alternativos, sendo importante referir que não se fez a avaliação patrimonial dos sítios que não foram relocalizados ou observados no terreno.

A avaliação do Valor Patrimonial é obtida a partir dos descritores

considerados mais importantes para calcular o valor patrimonial de cada sítio. O seu valor patrimonial é obtido usando as categorias apresentadas no Quadro 10, às quais é atribuída uma valoração quantitativa.

Valor da Inserção Paisagística 2 Valor da Conservação 3 Valor da Monumentalidade 2 Valor da raridade (regional) 4 Valor cientifico 7 Valor histórico 5 Valor Simbólico 5

Quadro 10 – Fatores usados na Avaliação Patrimonial e respetiva ponderação

Por Valor da Inserção Paisagística entende-se a forma como o sítio se relaciona com o espaço envolvente, se esta relação acrescenta ou não valor ao sítio, assim como a avaliação da qualidade desse espaço. Se, por exemplo, a paisagem onde o sítio se encontra se apresentar semelhante à paisagem original, entenda-se a paisagem contemporânea da construção e utilização do sítio, a sua inserção paisagística será considerada “com interesse”.

Se não for possível determinar este valor, o mesmo não contribuirá para o cálculo do Valor Patrimonial.

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 15

Com Interesse 5 Com pouco interesse 2 Sem Interesse 1 Indeterminável Nulo

Quadro 11 - Descritores do Valor da inserção paisagística e respetivo valor numérico

O Valor da Conservação avalia o estado de conservação da incidência

patrimonial em questão. Do valor deste item pode depender uma decisão de conservação e/ou restauro de um sítio, já que é mais profícuo, se todas as outras variáveis forem iguais, investir na conservação de um sítio em bom estado do que num sítio em mau estado.

O nível de conservação de um sítio soterrado é desconhecido, portanto este critério não será tido em conta na determinação do Valor Patrimonial.

Bom 5

Regular 2 Mau 1 Desconhecido Nulo

Quadro 12 - Descritores do Valor da Conservação e respetivo valor numérico

O Valor da Monumentalidade considera o impacto visual da incidência patrimonial no meio envolvente, dadas as suas características arquitetónicas e artísticas. Avalia simultaneamente o impacto que resulta de uma intenção evidente dos construtores do sítio em questão e o impacto que é atualmente observável, que decorre da evolução do sítio e da paisagem onde se insere, assim como da evolução das categorias culturais que reconhecem, ou não, a monumentalidade de um sítio.

É claro que a atribuição deste valor deve ser avaliada regionalmente. A

valorização das suas características arquitetónicas e artísticas será feita tendo em consideração a sua relevância a nível regional.

Também neste caso não será possível determinar o Valor da Monumentalidade de um sítio totalmente enterrado e nesse caso este critério não será tido em conta na determinação do Valor Patrimonial.

Elevado 5 Médio 2 Reduzido 1 Indeterminável Nulo

Quadro 13 - Descritores do Valor da Monumentalidade e respetivo valor numérico

O Valor da Raridade é determinado pela quantidade de ocorrências patrimoniais com as mesmas características daquela que se encontra em avaliação na região em estudo. Haverá situações, por incapacidade de

caracterizar convenientemente o objeto em estudo, em que se desconhecerá a raridade do mesmo. Nesse caso este critério não será tido em conta na determinação do Valor Patrimonial.

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 16 Único 5 Raro 4 Regular 2 Frequente 1 Desconhecido Nulo

Quadro 14 - Descritores do Valor da Raridade e respetivo valor numérico

O Valor científico é o resultado do potencial que se atribui, ao sítio em avaliação, para o conhecimento das sociedades que o construíram e

utilizaram. Este valor é independente da antiguidade atribuída à incidência patrimonial em questão.

Mais uma vez, se este valor for indeterminável, não será tido em conta na determinação do Valor Patrimonial.

Elevado 5 Médio 2 Reduzido 1 Indeterminável Nulo

Quadro 15 - Descritores do Valor científico e respetivo valor numérico

No Valor histórico valoriza-se a importância que a incidência patrimonial tem como objeto representativo de um determinado período histórico na região em questão. Neste caso a antiguidade do objeto já será considerada, visto que, em geral, conservam-se menos vestígios dos períodos históricos mais recuados, o que aumenta a importância de cada vestígio singular.

Também é considerado na atribuição deste valor que para o conhecimento das sociedades pré-históricas, assim como para o conhecimento de muitos aspetos das sociedades históricas e mesmo contemporâneas, os vestígios materiais são a única fonte de informação disponível.

Também neste caso é possível que este valor seja indeterminável e consequentemente não será utilizado no cálculo do valor patrimonial.

Elevado 5 Médio 2 Reduzido 1 Indeterminável Nulo

Quadro 16 - Descritores do Valor histórico e respetivo valor numérico

Com o Valor simbólico pretende-se avaliar a importância que a incidência patrimonial tem para as comunidades que usufruem dela atualmente. A atribuição deste valor depende da perceção do lugar do objeto na identidade comunitária, da relação afetiva que as populações mantêm com ele, da importância na sua vivência social e religiosa. Se não for possível determinar este valor, o mesmo não será usado para calcular o Valor Patrimonial.

Elevado 5 Médio 2 Reduzido 1 Indeterminável Nulo

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 17

O Valor Patrimonial resulta pois da avaliação dos sete fatores anteriormente descritos. Esta avaliação decorre da observação do sítio e análise da

informação existente sobre o mesmo. Classifica-se cada sítio segundo um determinado “valor” (Inserção Paisagística, Conservação, Monumentalidade, etc.), através de uma valoração qualitativa (Elevado, Médio, Reduzido, por exemplo) à qual é atribuído um valor numérico conforme os quadros

anteriores.

Como se considera que os ditos fatores não devem pesar da mesma forma no Valor Patrimonial, são ponderados de forma diferenciada, conforme os valores apresentados no Quadro 9.

Assim, o Valor Patrimonial é um índice que resulta da soma dos produtos dos vários critérios apresentados com o valor de ponderação, dividida pelo

número total de categorias consideradas, ou seja:

(Valor da Inserção Paisagística*2) + (Valor da Conservação*3) + (Valor da Monumentalidade*2) + (Valor da raridade*4) + (Valor cientifico*7) + (Valor histórico*5) + (Valor Simbólico*5) / 7

Se todos os fatores forem considerados, o Valor Patrimonial mais baixo atribuível será igual a 4, enquanto o valor mais alto será igual a 20. Só será obtido um valor patrimonial inferior a 4, o que corresponde à Classe E de Valor Patrimonial, se os únicos fatores considerados no cálculo do Valor

Patrimonial forem aqueles cujo grau de ponderação é o mais baixo, a saber, o Valor da Inserção Paisagística, o Valor da Conservação e o Valor da

Monumentalidade. Num caso destes, o Valor Patrimonial obtido reflete

sobretudo o desconhecimento acerca da incidência patrimonial em questão e portanto deve ser manuseado com muita cautela.

Conforme o Valor Patrimonial cada incidência patrimonial é atribuível a uma Classe de Valor Patrimonial, correspondendo a Classe A às ocorrências patrimoniais de valor mais elevado e a classe E às ocorrências patrimoniais com menor valor.

Significado Classe de Valor Patrimonial Valor Patrimonial

Muito elevado A ≥16 ≤20

Elevado B ≥12 <16

Médio C ≥8 <12

Reduzido D ≥4 <8

Muito reduzido E < 4

Quadro 18 - Relação entre as Classes de Valor Patrimonial e o Valor Patrimonial

4.2 Localização geográfica e administrativa

Este projecto desenvolve-se no Distrito de Faro, concelho de Olhão, freguesias de Pechão e Quelfes.

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 18

4.3 Breve enquadramento histórico

O estudo da ocupação humana no território onde se desenvolve este projeto tem como objetivo, no âmbito deste trabalho, compreender a evolução da ocupação humana neste espaço específico, de forma a melhor enquadrar e avaliar as incidências patrimoniais identificadas e os futuros impactos sobre a paisagem cultural que resultarão desta obra.

O período paleolítico ainda é mal conhecido no sotavento algarvio, sendo a maior parte dos sítios escavados e com estratigrafias fiáveis conhecidos principalmente na região de Vila do Bispo, Lagos, Silves (Bicho, 2006). Nas freguesias em estudo só se conhece um sítio de cronologia paleolítica em Quelfes (Cavacos, CNS 7667), uma estação de ar livre cujos materiais líticos se apresentam em posição secundária e os chamados Terraços de Bela Mandil (n.º 3) em Pechão, uma formação geológica onde apareceram materiais líticos talhados de cronologia indeterminada (Pereira et alli, 2005b), mas que pela aparência poderão ser paleolíticos.

A pré-história recente do concelho de Olhão e desta área em particular é também mal conhecida, pautando-se os sítios conhecidos por serem achados isolados, como um ídolo de calcário na freguesia de Moncarapacho atribuído ao período Calcolítico (sítio de Barria, CNS 8199) e o sítio de Piares (n.º 20, duas mós manuais). Não há referências no Endovélico a nenhum sítio Neolítico no concelho e na Idade do Bronze apenas há sítios de tipologia funerária, três necrópoles na freguesia de Moncarapacho (Foupana, CNS 7503; Canada de Bias, CNS 7670; Serro do Argil, CNS 8049).

A escassez de dados para este concelho continua para o período da Idade do Ferro, onde igualmente não há registos no Endovélico, panorama que se altera para a época romana, onde são vários os vestígios inventariados. Só na freguesia de Quelfes há seis ocorrências, estando três delas relacionadas com a produção industrial de produtos piscícolas: Quelfes e Ria Formosa

(respectivamente CNS 24363 e 2746, que são duas cetárias) e Quinta de Marim 1 (CNS 7061, um complexo industrial que inclui um “conjunto de seis tanques de salga de peixe, armazéns, duas caldeiras e um forno de cal”).

A tipologia das outras ocorrências de Quelfes e as da freguesia de Pechão relacionam-se com a vida e morte das populações que habitavam esta zona da costa algarvia: uma villa (Quinta de Marim 3, CNS 583), uma estrutura que foi

identificada como um balneário (Torrejão Velho, CNS 62518), uma ponte

(Ponte romana de Quelfes, CNS 256) e no âmbito funerário uma necrópole (Bela Mandil, n.º 2) e uma inscrição (Quinta de Marim 2, CNS 2724).

No período medieval islâmico, as ocorrências não são muito abundantes no concelho e até ao estado actual da investigação parecem concentrar-se mais na freguesia de Moncarapacho (6 em 7 ocorrências no concelho, registadas no Endovélico). Nenhuma foi identificada nestas duas freguesias em estudo.

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Embora a cronologia atribuída no Endovélico seja “indeterminada”, a descrição das estruturas e dos materiais apontam para o período romano.

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 19

Já em período cristão, as duas ocorrências registadas em Pechão relacionam- se com aspectos da vivência quotidiana: no sítio designado Paraíso (CNS

18841) identificaram-se vestígios de casas de pedra e cerâmicas à superfície e no sítio Pechão (CNS 8203) igualmente cerâmicas à superfície. Quelfes não regista no Endovélico nenhuma ocorrência medieval, embora a Torre de Quatrim (CNS 8040), dada como de cronologia indeterminada, possa ser de cronologia medieval (Marques, coord., 1995, 67).

A referência mais antiga conhecida para o nome de Olhão é de 1378, numa carta do rei D. Fernando e é no século XVII que a povoação é mencionada como tendo alguma importância. Em 1614 Olhão pertence à freguesia de São Sebastião de Quelfes e as suas habitações eram cabanas e palhotas. O

primeiro edifício de pedra foi a Ermida de nossa Senhora da Soledade, que já existe em 1665 (S.A., 1994, 6-7). Constitui-se como freguesia própria em 1695, após os seus cerca de 800 habitantes o terem assim requerido (CMO, [2011c]).

Ao longo do séc. XVIII assiste-se a um grande crescimento populacional e urbanístico de Olhão, sendo as cabanas substituídas progressivamente por construções de pedra. A frota de pesca era numerosa e os seus cerca de 2500 habitantes viviam somente dessa actividade. Após se refazer dos estragos provocados pelo terramoto de 1755, Olhão seria uma das maiores povoações do Algarve (S.A., 1994, 7).

Tendo tido um papel importante na luta contra os invasores franceses nos inícios do séc. XIX, Olhão foi elevada a vila em 1808 (Vila de Olhão da Restauração) e em 1826 foi constituído o concelho de Olhão.

A freguesia de Pechão constituiu-se por desanexação da de São Pedro de Faro,

em data indeterminada9, embora continuasse a pertencer ao seu termo. Em

1727 tinha 128 fogos e o seu território era no século XIX “(…) em grande parte occupado por montes incultos; mas nos sítios cultivados produz muitos

cereaes, alfarrobas, algum vinho, e grande abundancia de figos.” (Leal, 1875, 515).

A freguesia de Quelfes também foi criada a partir da sua desanexação da freguesia de São Pedro de Faro, cerca do ano de 1614 e também ficou a pertencer ao seu termo (CMO, [2011b]).

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Mas anteriormente a 1680, data em que é referida a Paróquia de Pechão nos Registos Paroquiais de Santa Catarina da Fonte do Bispo (CMO, [2011 a])

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 20

N.º Designação Tipo de Sítio CNS Classificação Legislação Cronologia Bibliografia

1 Bela Mandil 3 Nora --- --- --- Contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 1; Pereira et alli, 2005c, nº 10

2 Bela Mandil/Belamandil Necrópole 955

Sítio com interesse arqueológico

PDM de Olhão, art. 36º, n.º 2 e 3; Plano de Ordenamento do Parque Natural da Ria Formosa, art. 47º e Anexo III

Romano

Alarcão, 1988; Albergaria, 2011a, n.º 14; Cartó, 2008, 4-5, 7-8, 16-18, 21, 26, 28-29, 60-62; Marques et alli, 1995, 91-93; Santos, 1972, 2: 247-248

3 Terraços de Bela Mandil Vestígios de superfície --- --- --- Paleolítico Albergaria, Quelhas, 2011a, n.º 2; Pereira et alli, 2005b, n.º 13

4 Quinta de Bela Mandil Conjunto edificado --- --- --- Contemporâneo Gaspar, 2008, n.º 10

5 Bela Mandil 4 Forno de cal --- --- --- Contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 3; Gaspar, 2008, n.º 8

6 Belo Monte de Cima Necrópole 8045 --- --- Indeterminado Marques et alli, 1995

7 João de Ourém 1 Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 4

8 João de Ourém Silo 2568 --- --- Indeterminado Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 5; Marques et alli, 1995

9 Arrochela 1 Edifício --- --- --- Contemporâneo

10 Arrochela 2 Casa de apoio agrícola --- --- --- Contemporâneo

11 Quinta do Calhau 1 Conjunto edificado --- --- --- Contemporâneo

12 Quinta do Calhau 2 Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo

13 Quinta do Major 2 Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 6

14 Quinta do Major 1 Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 7

15 Quinta do Major 3 Eira --- --- --- Contemporâneo

16 Cemitério de Olhão Cemitério --- --- --- Contemporâneo

17 Casinha da Glória Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo

18 Piares 1 Vestígios de superfície --- --- --- Moderno/contemporâneo Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 8

19 Piares 2 Edifício --- --- --- Contemporâneo

20 Piares Achados Isolados --- --- --- Neo-calcolítico Albergaria e Quelhas, 2011a, n.º 9; Calado, 2000, n.º 21

21 Torrejão Núcleo de povoamento (?) 0 Património

construído

PDM de Olhão, art. 36º, n.º 1, alínea 5 e Planta de Ordenamento -síntese,

Elementos de património construído, n.º 5

Contemporâneo

22 Torrejão Velho 2 Vestígios de superfície --- --- --- Romano/Medieval Islâmico (?) Albergaria, 2011a, n.º 13; Cartó, 2008, 7, 15-16, 19-20, 26-27,

55-57 Quadro 19 - Lista de Ocorrências Patrimoniais identificadas na área de enquadramento histórico

EIA (EP): Variante a Olhão (Olhão) 21

4.4 Fator de Património

No documento ANEXO 8 ORDENAMENTO E CONDICIONANTES (páginas 72-79)

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