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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3. Áreas prioritárias à implementação de PSA

5.3.2. Valoração econômica das prioridades à restauração florestal

Para obtenção dos valores de referência de pagamento de PSA na BHRF, tendo por base o custo de oportunidade mínimo ao qual os provedores de serviços ambientais estariam dispostos a aceitar, foi realizado o cruzamento dos planos de informações de áreas prioritárias à restauração florestal, áreas produtivas por proprietário de terra (com restrições de APP e RL) e valor econômico do uso do solo.

Na Figura 28, em (a), é possível observar o uso do solo segundo a classificação de prioridades à restauração florestal enquanto que, em (b), são apresentados os valores de custos de oportunidades, em R$/ha/ano, associados às atividades econômicas. Já na Figura 29 é ilustrada a distribuição espacial dos resultados de valores de referência para PSA, em R$/ano, estratificados tanto em sua totalidade das áreas produtivas para cada propriedade rural, em (a), quanto segundo a prioridade à restauração florestal por proprietário de terra, em (b).

SOUZA, A. R. Identificação de áreas prioritárias à implementação de programas de Pagamento por Serviços Ambientais na Bacia do Ribeirão do Feijão, São Carlos-SP. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Energia) - Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática - NEPA, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2019.

SOUZA, A. R. Identificação de áreas prioritárias à implementação de programas de Pagamento por Serviços Ambientais na Bacia do Ribeirão do Feijão, São Carlos-SP. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Energia) - Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática - NEPA, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2019.

De maneira geral, os resultados de valoração econômica das prioridades à restauração florestal retratam a dimensão dos valores de referência necessários para a remuneração dos produtores rurais caso dispusessem de toda a sua área ou de determinada prioridade para a conversão à floresta.

Apesar de estarem localizadas parcialmente em áreas de prioridade muito alta à restauração florestal, a partir da Figura 28, é possível constatar inicialmente que as propriedades rurais situadas principalmente na região central da bacia possuem as maiores áreas de imóvel e estão associadas aos maiores custos de oportunidade ao produtor, ocupadas predominantemente por áreas de cultivo de laranja e reflorestamento, atividades mais rentáveis da bacia. Consequentemente, como observado na Figura 29, a remuneração de tais produtores rurais poderia alcançar a ordem de mais de R$ 0,50 milhões ao ano, sendo o valor máximo atingido de R$ 2,08 milhões ao ano. Por outro lado, mais da metade das propriedades cadastradas (60,59%) receberiam pagamentos de no máximo R$ 10.000,00 ao ano pela conversão de todas as áreas produtivas. A grande maioria dos imóveis (77,70%), por sua vez, são aptos a receberem valores que atingem até R$ 50.000,00 ao ano.

Ao se analisar os valores de referência sob a ótica dos níveis de prioridade à restauração florestal (Tabela 17), verificou-se que, independentemente do uso do solo a ser convertido, a totalidade das áreas de prioridade muito alta representam o valor de pagamento de R$ 3.822.681,36 por ano aos produtores rurais, correspondente a 34,28% do custo total de implementação de PSA em toda a bacia (R$ 11.149.730,91 ao ano).

Tabela 17 - Valores de referência de PSA segundo prioridade à restauração florestal e uso do solo.

Prioridade Valor de referência (R$/ano)

Eucalipto Pecuária Cana-de-açúcar Citricultura Total

Muito baixa 13.007,55 2.561,15 184.187,71 222,59 199.978,99 Baixa 219.714,49 98.436,52 158.569,06 304.187,96 780.908,03 Média 542.937,79 224.726,89 259.691,25 1.319.900,60 2.347.256,53 Alta 788.415,84 342.556,48 711.357,57 2.156.576,12 3.998.906,01 Muito alta 434.437,37 200.789,80 484.664,33 2.702.789,86 3.822.681,36 Total 1.998.513,03 869.070,83 1.798.469,92 6.483.677,13 11.149.730,91

Fonte: Elaborado pela autora.

Para a classe de prioridade muito alta, destaca-se a pecuária como atividade econômica de menor custo à implementação de esquema de PSA. O valor de referência de pagamento aos produtores é de R$ 200.789,80 ao ano (1,80% do custo total) para a conversão de pastagens em

898,27 ha de áreas com prioridade muito alta, enquanto a conversão de 735,06 ha de áreas ocupadas pela cultura de laranja na mesma classe equivale a R$ 2.702.789,86 ao ano (24,24%). A área total da classe de prioridade muito alta na bacia foi de 3.226,99 ha considerando todas as restrições e os limites das propriedades registradas no CAR.

Para fins de análise de uma possível fonte de captação de recursos financeiros para financiamento de um programa de PSA, os resultados de valores de referência na bacia podem ser comparados com o valor de disposição a pagar (DAP) determinado no estudo conduzido por Machado et al. (2016). Utilizando o Método de Valoração Contingente, os autores estimaram que 56% da população de São Carlos se mostrou disposta a pagar uma quantia mensal média de R$ 5,02 (valor atualizado monetariamente para 01/2019) na conta de água pelos serviços ambientais oferecidos pelo manancial do Ribeirão do Feijão.

Desse modo, considerando a população ocupada de 88.298 habitantes do município de São Carlos (IBGE, 2017a), a DAP média equivaleria a R$ 5.319.071,52 ao ano, recurso equivalente a 47,71% do valor de referência para restauração de toda a área de estudo, porém mais que suficiente para a continuidade dos pagamentos aos produtores nas áreas de prioridade muito alta, por exemplo (Figura 30).

Figura 30 - Valores de referência de PSA segundo prioridade à restauração florestal e disposição a pagar (DAP) da população são carlense à proteção ambiental. Fonte: Elaborado pela autora.

Salienta-se que essa análise, no entanto, refere-se à estimativa da dimensão dos valores de pagamento na hipótese de os proprietários participarem integralmente com suas áreas

SOUZA, A. R. Identificação de áreas prioritárias à implementação de programas de Pagamento por Serviços Ambientais na Bacia do Ribeirão do Feijão, São Carlos-SP. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Energia) - Núcleo de Estudos Ambientais, Planejamento Territorial e Geomática - NEPA, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2019.

produtivas. Na prática, no entanto, destaca-se a flexibilidade dos programas de PSA em permitir ao proprietário rural a conversão de apenas uma parcela da área ocupada pela atividade no imóvel, fator fundamental diante de recursos limitados e de outros desafios como a disposição de proprietários de terra em aderir programas de PSA.