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4. MODELAÇÃO DA QAI

4.3. Valores assumidos

O dióxido de carbono gerado pelos ocupantes é sem dúvida um dos poluentes de maior interesse para o estudo da QAI dos edifícios, pois também é aquele que mais certamente está presente devido à ocupação. Nesta dissertação claramente foi dada uma extrema importância a este poluente. Por outro lado, tratou-se a situação relativa às partículas com diâmetro igual ou inferior a 10µm (PM10) e monóxido de carbono (CO) libertados

no caso da existência de fumadores. Quando aos outros poluentes não foram aqui tratados, pois isso tornaria o estudo mais extenso, isto porque seria necessário o tratamento das taxas de emissão dos diversos materiais utilizados nos edifícios.

Para todos os poluentes, as concentrações indicadas pelo RSECE, são concentrações extremas, e os caudais são elaborados para supostamente manter as concentrações nesse nível. Contudo, se num determinado espaço as concentrações são mais baixas que o previsto ou é necessário ter concentrações em níveis mais baixos, no RSECE é utilizado um mesmo caudal para diferentes valores de concentração desejados.

Densidade Área Caudal

(m2/ocupante) (m2) (m3/h) A Escolas 10 20 200 30 B Serviços 15 10 150 35 C Entretenimento 7 20 140 35 D Hospitais 20 6 120 45 E Entretenimento 10 5 50 5 F Comercial 5 5 25 10 G Entretenimento 7 15 105 10 H Serviços de Refeições 5 20 100 35 I Serviços 2 100 200 20

J Serviços Salas de receção 15 5 75 15

Espaços Setor Tipo de atividade Ocupantes

Salas de aula Gabinetes Ginásio Quartos Corredores/Átrios Vestiários Piscinas Cafetarias Salas de conferência

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Assim, para os poluentes de interesse deste trabalho, como se verifica na Tabela 4.3 utilizaram-se também valores de concentrações abaixo do limite imposto, que representam 70% do valor das concentrações extremas, um valor intermédio.

Tabela 4.3 - Concentrações interiores admitidas para os casos de estudo

Quanto às concentrações destes poluentes no exterior, foi necessário recorrer a diferentes fontes de informação. Começando pela concentração de CO2 no exterior,

utilizou-se o valor que é considerado para determinação da variação da concentração no interior (∆CO2 =CextCed), segundo a norma EN1377 tal como se pode ver no Anexo

A. Quanto às partículas no exterior, recorreu-se ao Urban outdoor air pollution

database – 2007 (WHO, 2011b), onde se escolheu valor relativo a Portugal para partículas de tamanho 10µm. Quanto ao valor para o monóxido de carbono, adotou-se o valor contido no Handbook - Fundamentals da ASHRAE. Os valores assumidos (Tabela 4.4) são então:

Tabela 4.4 - Concentrações exteriores admitidas para os casos de estudo

Como referido na secção 3.4.1, a geração de CO2 pelos ocupantes é dependente da

tarefa que esteja a desempenhar, que influencia a sua taxa metabólica. No capitulo anterior, refere-se que os espaços C e G são tratados à parte por se tratarem de casos onde a taxa metabólica é superior aos restantes. Para estes casos foi então considerada,

Concentrações (mg/m3) Poluente

Particulas 0,15 0,105

Monóxido de Carbono 12,5 8,75

Condições extremas Condições normais

Dióxido de Carbono 1800 1260 Concentrações Poluente 720 (400 ppm) 0,028 3 Dióxido de Carbono Particulas Monóxido de Carbono (mg/m3)

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pela Tabela C.1 do Anexo C, uma atividade metabólica de 3,5 met. Quanto aos restantes casos foi considerada pela mesma tabela, uma atividade metabólica sedentária de 1,2 met. Posto isto foi então necessário calcular o CO2 gerado para cada uma das taxas pela aplicação das Equações 3.14, 3.15 e 3.16.

Pela primeira equação, já que a taxa metabólica M é conhecida, bem como a área da superfície corporal (AD=1,82m2),devemos então determinar o consumo de oxigénio por

pessoa (VO2) para os espaços C e G.

2 3,5 1,82 0,0117 l/s 567(0, 23 0,83 0,77) O V = × = × +

Determinamos agora a taxa de libertação de dióxido de carbono:

2

3

0,83 0,01171 0,00971 l/s=0,03495 /

CO

V = × = m h

Por fim, determina-se a geração de CO2:

2 1,98 0,03495 0,069205 / 69205 /

CO

G = × = kg h= mg h

Para os restantes espaços repetiu-se o procedimento, e obtiveram-se os seguintes resultados: 2 1, 2 1,82 0,00401 l/s 567(0, 23 0,83 0,77) O V = × = × + 2 3 0,83 0,00401 0,00333 l/s=0,01198 / CO V = × = m h 2 1,98 0,01198 0,023727 / 23727 / CO G = × = kg h= mg h

Para além da geração de CO2 pelos ocupantes, é importante não esquecer a geração de

partículas e monóxido de carbono pelo consumo de cigarros nos espaços. A Tabela 4.5 demonstra os valores assumidos, retirados do Handbook – HVAC Applications (ASHRAE, 2007):

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Tabela 4.5 - Geração de poluentes pelo tabaco

Nas situações em que se estudou a existência de fumadores, segundo o trabalho desenvolvido por Verdelhos V. (2011), muito pouco se sabe sobre os padrões de consumo de fumadores, mas citando um estudo da Stivoro, refere que um fumador normal consome cerca de 1,4 cigarros/h, e um fumador compulsivo cerca de 2,1 cigarros/h e que num determinado espaço com fumadores, cerca de 75% são normais e os restantes compulsivos.

Partindo desta informação, para a realização deste estudo considerou-se que um fumador normal consome 1 cigarro/h e um fumador compulsivo 2 cigarros/h, aplicando as mesmas percentagens de fumadores. Contudo, para um dado número de fumadores aplicando as percentagens, o numero obtido pode não ser inteiro, e por isso elaborou-se um padrão de fumadores onde foram feitas as aproximações necessárias (Anexo F). Quando a eficiência da filtragem de partículas, segundo a Camfil FARR, uma empresa Americana de prestação de serviços técnicos nesta área, a eficiência aconselhável para edifícios de serviços é de 85% (ou MERV 13), sendo este o valor adotado no estudo. Quanto à filtragem dos gases, o dióxido e o monóxido de carbono, esta pode ser feita por exemplo através de filtros de carvão ativado, porém aqui esta não é considerada. Para as concentrações acima de 10 ppm (18mg/m3 para o CO2 e 11,45 mg/m3 para o

CO) a ASHRAE não dispõe de qualquer formulação que permita a sua contabilização. Por outro lado, considerando os mesmos poluentes, mas agora para concentrações mais baixas, a ASHRAE considera que a utilização de filtros para estes poluentes não é viável (ASHRAE, 2007). Enquanto isso, em Portugal a legislação não menciona também qualquer tipo de filtro a utilizar para estes poluentes.

Aqui, faltam ainda referir três dados técnicos, que são o pé direito, eficiência da ventilação e a taxa de recirculação. Para o primeiro, aleatoriamente, visto que não existem dados concretos sobre este assunto, foi escolhido um pé direito de 3,5m. Para a

Poluente Partículas Geração (mg/cigarro) 55,1 13,7 Monóxido de Carbono

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eficiência de ventilação, observando a secção 2.1.3, escolheu-se o valor de 80%, um valor intermédio. Por fim, quanto à taxa de circulação, escolheu-se 25%, um valor também aleatório mas que ao mesmo tempo se considera razoável.

Na Tabela 4.6, encontram-se o resumo dos valores considerados pelos últimos parágrafos deste Capítulo.

Tabela 4.6 - Restantes valores assumidos

Por fim, relativamente às situações onde existem fumadores e tendo como base o número de ocupantes apresentado na Tabela 4.2, decidiu-se contabilizar para efeitos de estudo, que 50% dos ocupantes são fumadores, sendo que em alguns casos foi também aqui necessário fazer alguns ajustes. A Tabela 4.7, apresenta então o número de fumadores considerados.

Tabela 4.7 - Número de fumadores para os espaços considerados

Saliente-se que para o espaço D, por uma questão de sanidade decidiu-se não fazer estudo para o caso de existência de fumadores, pois trata-se de um espaço localizado num hospital. 1 cigarro/hora 2 cigarros/hora Eficiência da filtragem Pé direito Eficiência da ventilação Taxa de recirculação Valor assumido Parâmetro Normais - 75% Compulsivos - 25% 85% 3,5 m 80% 25% Fumadores A B C D E F G H I J 10 5 10 - 3 3 7 10 50 3 Espaços Nº de fumadores

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