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Valorizando a Comunidade Educativa

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 106-109)

Capítulo V – Prática Pedagógica em Contexto Pré-Escolar

5.4. Valorizando a Comunidade Educativa

O desenvolvimento integral das crianças é algo extremamente importante e não compete apenas à escola e às famílias. Nesta perspetiva salienta-se a importância da comunidade, afirmando que as interações com a mesma permite uma educação completa ao indivíduo. No Decreto-Lei n.º 241/2001, de 30 de agosto, evidencia-se a importância de desenvolver atividades e projetos em cooperação com a comunidade educativa. O mesmo autor refere que é fulcral despertar o interesse pelos hábitos e tradições da comunidade, por esse motivo torna-se essencial envolvê-la nas atividades e projetos que se pretende desenvolver. Além disso, destaca-se a relevância de criar um clima e relacionamento positivo com a comunidade, formando assim uma escola com um ambiente de bem-estar afetivo que valorize as aprendizagens (Decreto-Lei n.º 241/2001, de 30 de agosto).

No decorrer do estágio realizou-se diversas atividades em que a comunidade educativa esteve envolvida.

As duas atividades destacadas neste projeto enquadram-se na época Natalícia. A primeira atividade tinha como objetivo fazer as crianças compreenderem as tradições madeirenses, que são muitas vezes desvalorizados em contexto educativo. Esta atividade surgiu após a exploração do livro da Maria Aurora publicado em 2008 e intitulado Uma escadinha

para o Menino Jesus. Importa salientar que durante esta atividade também falámos sobre a escritora do livro, visto que é essencial que as crianças conheçam os escritores da sua comunidade. Após esta atividade, envolveu-se um elemento da comunidade que contou aos meninos as tradições Natalícias, vivenciadas no seu tempo de criança.

Assim, a senhora Maria José partilhou com os petizes como eram os seus presépios antigamente, e fez referência à tradicional escadinha, também ela explorada no livro de Maria Aurora.

Senhora Maria José – Alguém alguma vez fez a escadinha para o menino Jesus?

Todos: Não!

F.C. – Na minha casa não fazemos a escadinha, mas na casa da minha avó ela faz.

Eu gosto de ajudar.

H.M. – Eu ajudei a minha avó a montar a árvore de Natal.

M.M. – Eu fiz na casa da minha avó do Porto da Cruz a escadinha. F.C. – No Natal também matamos os porcos.

(Diário de Bordo, de 7 de dezembro, 2015) 19

Após esse diálogo a senhora Maria José falou com as crianças sobre a comida tradicional do Natal Madeirense. No geral, a maioria das crianças, conhecia as comidas tradicionais, visto que serão das poucas tradições que ainda permanecem muito vivas e presentes no quotidiano das famílias.

Senhora Maria José – O que se come na altura do Natal?

M.M. – Broas de mel.

M.R. – Carne d’ vinha e alhos

(Diário de Bordo, de 7 de dezembro de 2015) 20

Atendendo a que estivemos a falar sobre a comida típica do Natal, as crianças tiveram a oportunidade de provar o bolo de mel. Além disso, as crianças realizaram as suas próprias broas de mel, tendo elas sempre um papel ativo na sua realização. Para que os meninos conseguissem realizar as broas, de uma forma mais autónoma, foi levada uma receita adaptada, que estes conseguissem saber os ingredientes e as quantidades a colocar.

19 Ver Pasta B – Prática Pedagógica PE Apêndice 7 – Diários de Bordo  Apêndice 7.9 – 9ª Semana 20 Ibidem

Durante esta atividade foi notório um espírito de cooperação, uma vez que as crianças mais velhas auxiliavam os mais novos dizendo a quantidade que deveriam deitar. Ao longo de toda esta atividade os adultos eram apenas mediadores, auxiliando somente quando solicitados.

Importa salientar que esta atividade também foi aproveitada para trabalhar conteúdos matemáticos, visto que as crianças tinham de saber os números presentes na receita para deitar as quantidades corretas. Além disso, íamos contando os ingredientes deitados e os que faltavam deitar, fazendo assim uma exploração de conteúdos matemáticos de uma forma simples e integradora. As crianças tiveram ainda a oportunidade de colocar as broas no forno da escola, para que pudessem observá-las a crescer.

Perante isto é possível concluir que esta atividade não foi apenas vista como um momento de brincadeira e de distração, mas também como um momento de grandes aprendizagens e valorização da cultura, tal como se pretende nas OCEPE.

A segunda atividade com a comunidade foi planeada e realizada em cooperação com as outras colegas de estágio, não só com as da Escola da Achada, mas também com colegas que estavam a realizar o estágio em outras escolas. Esta atividade foi realizada por nós e consistia num musical intitulado Opereta: À procura de um pinheiro que narrava uma história de natal e que fazia referência a todos os preparativos para a época natalícia, desde procurar as bolas, as fitas, o pinheiro, entre outros. Para realizar esta atividade foram necessários vários ensaios e preparar vários adereços e gravações.

Figura 34 - Crianças a lerem a receita

Após esta atividade houve um pequeno convívio entre todas as crianças, professores e funcionárias da escola21. Importa frisar que para este convívio ser realizado foi necessário a participação das crianças do PE, na medida em que foram elas próprias a confecionar bolos para partilhar com todos depois do espetáculo. Assim, foi essencial explicar às crianças como seria o espetáculo e qual o seu contributo para esta atividade. Salienta-se ainda que foram as crianças a escolher o bolo que queriam confecionar. Além disso, também foi pedido aos pais que contribuíssem com alguns sumos e aperitivos.

De um modo global, esta atividade foi interessante, as crianças gostaram e estavam envolvidos muitos agentes educativos. Contudo não foi permitida a participação dos pais, uma vez que se tratou de uma decisão da escola.

Importa ainda destacar que esta atividade não se realizou apenas na Escola da Achada, sendo também levada a outras escolas como a Escola da Ajuda e o Infantário Polegarzinho.

No documento RELATÓRIO DE ESTÁGIO DE MESTRADO (páginas 106-109)