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CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 VARIÁVEIS DA PESQUISA E TRATAMENTO DOS DADOS

A presente pesquisa contempla a análise das relações entre o fenômeno da expansão urbana e da resiliência socioecológica no contexto urbano com foco no acesso e utilização dos recursos hídricos. Para facilitar o processo de interpretação, serão consideradas as relações sociais e a qualidade do meio ambiente, no que diz respeito ao diagnóstico situacional dando ênfase ao problema do acesso e utilização dos recursos hídricos pela população e da expansão urbana no contexto local, através dos bairros da cidade de Campina Grande, sendo esse o escopo geográfico da pesquisa. Ademais, com a proposição do Framework de Indicadores e seus atributos para a análise da Resiliência Socioecológica Urbana (FIRSU) – adaptados dos trabalhos de Adger (2000; 2007) e demais autores estabelecidos nas fontes do quadro 1, com utilização de análise quantitativa a partir de dados secundários.

Para a análise da expansão urbana, em um primeiro momento, foram utilizadas imagens cartográficas para compreensão e análise visual do território para melhor entendimento do processo de expansão que ocorreu e ocorre na cidade.

Para a análise dos atributos construídos para a resiliência socioecológica urbana utilizar-se-á a proposição do Framework de Indicadores da Resiliência Socioecológica Urbana (FIRSU) – que retratam as condições urbanas com destaque para a sustentabilidade urbana, qualidade de vida urbana, expansão urbana e resiliência e que tem foco na análise do acesso e utilização dos recursos hídricos. Estes indicadores foram construídos a partir dos trabalhos de diversos autores, entre eles, Adger (2000; 2007), e serão utilizadas para analisar a capacidade de resiliência socioecológica dos bairros da cidade com foco nas formas de acesso e utilização dos recursos hídricos. 1ª Etapa - Tratamento dos Dados

Os dados foram tratados através de duas ferramentas, uma de base estatística e a outra através da construção e análise de mapas georreferenciados que especificam as situações ambientais e socioeconômicas da população estudada.

Na análise estatística dos indicadores sociais e econômicos, em todos os modelos serão executados os procedimentos da normalização com base na análise

positiva ou negativa que cada indicador representa em sua contribuição para a resiliência dos aspectos socioeconômicos.

As análises das variáveis ambientais serão feitas baseadas em mapas georreferenciados, que estabelecem as áreas urbanas e que apresentem maiores ou menores capacidades de Resiliência Socioecológica Urbana (RSU) com foco na demanda, disponibilidade e potencialidade dos recursos hídricos.

Dados primários:

O tipo de amostragem utilizada para o levantamento dos dados primários é do tipo não probabilística por intencionalidade. Para a avaliação desses dados, optou-se pela análise dos mesmos através da observação não-participante. Assim a depender das abordagens encontradas e apresentadas pode-se compreender à melhor colaboração do contexto local e da pesquisa.

Através deste tipo de análise, torna-se possível avaliar a premissa básica da pesquisa a qual diz que o fenômeno da expansão urbana e o consequente aumento da utilização dos recursos hídricos diminui a capacidade de resiliência socioecológica urbana da população de baixa renda o que traz a necessidade de melhorar a capacidade de resiliência socioecológica neste local.

Os dados foram extraídos, descritos e interpretados através do diálogo com os participantes gestores em diálogos informais, em momentos distintos conforme os objetivos específicos e através de representantes das entidades organizadas, de cunho governamental. O desafio consiste em perceber o lugar e o momento da interpretação em relação ao da descrição, ao sair da materialidade da fala e perceber os saberes constituídos na memória do dizer, ou seja, saberes que já existem mesmo antes do sujeito e compõem a memória social local, passando a compor o presente pela partilha constituída na memória.

Durante a pesquisa foram utilizados diversos documentos a exemplo de diários, arquivos de imagens, autobiografias que se fizeram importantes elementos para interpretação do contexto. Todos os dados serviram de enriquecimento para o processo da observação não-participante. Assim a análise qualitativa registrou em textos as percepções dos vulneráveis sobre a sua situação, buscando, através da visão deles, a validade dos indicadores utilizados nas etapas quantitativas da pesquisa.

Dados secundários:

A análise dos dados secundários foi contributiva no tocante a reforçar os dados e as análises já encontradas e efetuadas na análise qualitativa. Nesta pesquisa a análise quantitativa deu-se através do framework dos indicadores da resiliência socioecológica urbana (RSU) e das linguagens cartográficas (mapas temáticos).

A análise quantitativa foi quantificada em níveis de resiliência através de uma escala de valor, sobre o índice de resiliência socioecológica urbana; e a cartográfica espacializou os dados quantitativos encontrados no mapa da cidade de Campina Grande, dividida pelos bairros permitindo assim a identificação no território, dos níveis de resiliência da sua população e das áreas de maiores enfrentamentos em detrimento do acesso e utilização dos recursos hídricos e por conseguinte de mais baixa e baixa resiliência socioecológica urbana.

Os dados secundários foram obtidos através das representações existentes no Censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) e no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). O Censo demográfico compreende um levantamento minucioso de todos os domicílios do país. Este se trata de um estudo estatístico referente à população que possibilita colher informações sobre quem somos, quanto somos, onde estamos e como vivemos.

2ª Etapa – Delineamento e escolha das variáveis da pesquisa: Framework de Indicadores para a Resiliência Socioecológica Urbana (FIRSU)

Quanto aos procedimentos metodológicos buscou-se pela revisão bibliográfica sobre o fenômeno da resiliência socioecológica com destaque para a resiliência socioecológica urbana. Por conseguinte, obteve-se o arcabouço teórico centrado em autores com pesquisas a níveis internacional e nacional, aos quais identificam as pespectivas de análise da resiliência socioecológica, do urbano e da água.

O caminho metodológico assim seguido configurou-se no acesso e utilização dos recursos hídricos e no contexto e abordagens da resiliência socioecológica, alinhados ao tripé da Disponibilidade, Demanda e Potencialidade (DDP) dos recursos hídricos, divididos em – Dimensões, Temas, Atributos referenciais e Grupos de indicadores -, e assim subdivididos nos Indicadores e nas suas respectivas características e

relação/função. Obtendo como resultado o Framework de Indicadores com foco no acesso e utilização dos recursos hídricos (FIRSU) – Mapa 1.

A seleção das variáveis de uma pesquisa constitui-se em um momento delicado por se tratar de um divisor de águas definindo-se a partir da seleção delas, o rumo que a pesquisa seguiria. Seguramente foram estas variáveis que também suscitaram a melhor metodologia a ser adotada, pelo simples fato de orientar o que melhor possa ajustar-se aos meios (métodos, técnicas e literatura específica) com o que se propõe como resultado da pesquisa.

Assim, foi necessário utilizar várias linguagens para melhor expressar os dados levantados e melhor comunicá-los. Assim, foram desenvolvidas três linguagens para as análises desta pesquisa: a quantitativa, a cartográfica e a qualitativa. Em que, na quantitativa, irá se trabalhar com uma escala de valores variando de 0 a 1, expressando o nível de resiliência socioecológica da população; a segunda, a cartográfica, para traduzir os dados quantitativos encontrados em mapas cartográficos da cidade, dividido pelos bairros da cidade, permitindo a identificação nos territórios dos níveis de resiliência socioecológica urbana (RSU) da sua população e das áreas de maiores e menores capacidades de resiliência ao acesso e utilização dos recursos hídricos, bem como a avaliação de seu processo de expansão urbana; e a terceira, a qualitativa, sendo registradas as percepções dos gestores das agências de gestão das águas sobre a sua situação, buscando uma análise completa e realista da demanda, disponibilidade e potencialidade da água, para assim obter uma efetiva validação dos indicadores utilizados na etapa quantitativa da pesquisa para a análise da resiliência socioecológica urbana.

Essas três etapas se complementam e trazem como inovação a legitimação da resiliência socioecológica urbana (RSU) levantada pelos indicadores socioeconômicos e ambientais utilizados nesta pesquisa, envolvidos no processo da expansão urbana, encontrada através de seu foco - acesso e utilização da água pela população urbana de Campina Grande.

Nesta perspectiva, foi necessário investigar junto às gestores/executivos e servidores de órgãos e instituições governamentais responsáveis pelos setores de gestão de recursos hídricos as ações resolutivas de forma direta ou indireta e preocupações no

que tange a demanda, potencialidade e disponibilidade de água para a população e dos cuidados com o reservatório de abastecimento.

Para uma conexão entre expansão urbana, vulnerabilidade e resiliência socioecológica urbana e a fim de obter uma melhor avaliação dos bairros com nível muito baixo e baixo de resiliência socioecológica, a pesquisa encaminhou-se para análise das variáveis da resiliência socioecológica urbana (RSU), tidas, aqui, como componentes indispensáveis no processo de análise do urbano, de suas correlações entre a população que vive nas cidades e que utiliza deste espaço e de sua natureza.

Mapa 1 – Mapa Mental do Framework de Indicadores da Resiliência Socioecológica Urbana (FIRSU) para acesso e uso dos Recursos Hídricos

3ª Etapa – Cálculo para o Índice de Resiliência (IR)

Como os indicadores propostos apresentam diferentes unidades de medida, foi necessário transformá-los em índices, para assim possibilitar a junção destes sob os aspectos dos grupos de indicadores e nas respectivas dimensões, a fim de estimar um índice de resiliência socioecológica urbana com foco no acesso e utilização dos recursos hídricos da população residente nos bairros da cidade de Campina Grande.

Cada indicador de resposta tem uma relação com a resiliência socioecológica urbana, podendo ser positiva – na medida em que o resultado daquele indicador cresce, essa relação estará contribuindo para o aumento da Capacidade de Resiliência Socioecológica Urbana. Ou, negativa – quando na medida que o resultado do indicador cresce, essa relação estará contribuindo para a diminuição da Capacidade de Resiliência Socioecológica Urbana. Estabelecendo assim, a relação positiva e negativa.

Onde:

I

R= índice de resiliência calculado para cada bairro da cidade de Campina Grande analisados;

V

x= valor para cada indicador em cada bairro;

V

mín=valor mínimo identificado para todos os bairros;

V

máx= valor máximo identificado para todos os bairros;

Fórmula da relação positiva:

ÍNDICE (0-1) NÍVEL DE RESILIÊNCIA SOCIOECOLÓGICA URBANA CLASSIFICAÇÃO (Coloração) 1,0000-0,8001 Muito alto 0,8000-0,6001 Alto 0,6000-0,4001 Médio 0,4000-0,2001 Baixo 0,2000-0,0000 Muito baixo

Fonte: Elaboração própria.

Ao índice de resiliência (IR) considerou-se uma escala de valores entre 0,0000-

1,0000. Considerando de 0,0000 a 0,2000 o nível de resiliência socioecológica urbana – muito baixo; de 0,2001 a 0,4000 – baixo; de 0,4001 a 0,6000 – médio; 0,6001 a 0,8000 – alto; e, 0,8001 a 1,0000 – muito alto. Quanto mais próximo do numeral 1 estiver o valor do Índice, maior será o nível de resiliência socioecológica urbana e mais resiliente será o Bairro. Quanto mais próximo do numeral 0 estiver o valor do índice, menor será o nível de resiliência socioecológica urbana e menos resiliente será o Bairro.

Para a distribuição espacial dos resultados dos Índices e com a finalidade de diferenciar para reconhecer espacialmente os valores, utilizou-se a técnica da Classificação por coloração (rampa de cores) da cartografia temática.

Em torno da confecção de mapas temáticos a escolha das cores para representar cada classe na espacialização do fenômeno é considerada importante, pois se esta não for feita de forma adequada, pode prejudicar a qualidade do produto final. Nesta pesquisa foi utilizada a ferramenta ColorBrewer 2.0, considerando o esquema básico Sequencial (Sequential) especializado para simbolização de dados que possuem algum tipo de ordenamento numérico e é ideal para dados quantitativos sequenciais.

Para a escolha, alguns elementos/critérios são preponderantes:

1 – O mapa a ser construído deve ser de Distribuição Espacial dos dados; 2 – Utilização de um software de SIG (neste caso utilizou-se o QGIS); 3 - A variável ser numérica.

Assim, em detrimento da pesquisa tratar dos recursos hídricos, utilizou-se para a coloração dos resultados de cada índice, uma rampa de cores na tonalidade azul, para melhor expressar os resultados da pesquisa.