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4 ANÁLISE DE DADOS

4.3 Variação de proficiência nas escolas convencionais e profissionais

A abordagem desse tópico refere-se às médias de proficiência encontradas em cada um dos grupos de escola. De todo o explicitado neste capítulo, é sabido que a escola profissional possuía, no ano de 2011, um resultado de 36 pontos acima da média de proficiência da escola convencional em números absolutos. Esse resultado aproxima as escolas profissionais da amostra ao nível intermediário da escala. Diante disso, surgiram alguns questionamentos:

a) pode-se inferir que o efeito escola possibilita explicar essa diferença de proficiência?

b) existem diferenças na entrada dos alunos da escola convencional e da profissional?

c) existem diferenças na saída dos alunos da escola convencional e da profissional?

Neste estudo, apenas o questionamento sobre a diferença de entrada e saída, considerando as médias de proficiências das escolas, será testado e apresentado.

O Gráfico 17 disponibiliza as informações sobre as médias de entrada e saída dos alunos pesquisados nas escolas convencionais.

Gráfico 17 – Variação da proficiência em Matemática dos alunos das escolas convencionais

Fonte: elaborado pela autora, baseada na pesquisa direta (2016).

A média de proficiências desses alunos no ano de 2009, quando estavam matriculados na 1ª série do ensino médio, foi de 249,3, alcançando um valor de 260,3 na saída, na 3ª série do ensino médio. Em valor absoluto, o crescimento é de 11 pontos. Contudo, se considerado que esses alunos mudam do nível muito crítico para o crítico, de acordo com os intervalos da escala, constata-se uma diferença qualitativa considerável.

O Gráfico 18 apresenta o comportamento da variação das médias de proficiência dos alunos das escolas profissionais.

Gráfico 18 – Variação da proficiência em Matemática dos alunos das escolas profissionais

Fonte: elaborado pela autora, baseada na pesquisa direta (2016).

A média de proficiências desses alunos no ano de 2009, quando estavam matriculados na 1ª série do ensino médio, foi de 281,6, alcançando um valor de 296,5 na

240 245 250 255 260 265 Variação da proficiência 249,3 260,3 2009 2011 270 280 290 300 Variação da proficiência 281,6 296,5 2009 2011

saída, na 3ª série do ensino médio. Em valor absoluto, o crescimento é de 15 pontos. Contudo, eles permanecem no nível crítico da escala.

De modo a se averiguar a significância quanto à diferença entre as médias de proficiência de entrada dos alunos das escolas profissionais e convencionais, efetivou-se o Teste de Análise de Variância (ANOVA).

Conforme a Tabela 2, o valor empírico de F, que resultou em 146,262, foi significativo a um nível inferior a 1% (p 0,001), portanto, a diferença de 32,3 pontos entre as médias de proficiências de entrada de alunos de escolas profissionais e convencionais revelou-se contundente, isto é, os alunos das escolas profissionais demonstram ter melhor desempenho em Matemática que os alunos das escolas profissionais no início do processo de formação no ensino médio.

Tabela 2 – Resultado da ANOVA para verificar diferenças entre as médias de proficiência dos alunos das escolas profissionais e convencionais na entrada do processo formativo

Testes Soma dos

quadrados gl

Quadrados

médios F Sig (p)

Entre os grupos 351508,049 1 351508,049 146,262 0.000

Dentro dos grupos 3280475,646 1365 2403,279

Total 3631983,695 1366 351508,049

Fonte: elaborada pela autora, baseada na pesquisa direta (2016).

Por fim, com o intuito de averiguar a significância quanto à diferença entre as médias de proficiência de saída dos alunos das escolas profissionais e convencionais, efetivou-se, também, o teste ANOVA. Conforme a Tabela 3, o valor empírico de F, que resultou em 286,504, foi significativo a um nível inferior a 1% (p 0,001), portanto, a diferença de 36,3 pontos entre as médias de proficiências de saída de alunos de escolas profissionais (X =296,5; dp = 54,53) e convencionais (X =260,3 ; dp = 50,10) revelou-se contundente, isto é, os alunos das escolas profissionais demonstram ter melhor desempenho em Matemática que os alunos das escolas profissionais também no final do processo de formação no ensino médio.

Tabela 3 – Resultado da ANOVA para verificar diferenças entre as médias de proficiência dos alunos das escolas profissionais e convencionais na saída do processo formativo

Testes Soma dos

quadrados gl

Quadrados

médios F Sig (p)

Entre os grupos 785657,911 1 785657,911 286,504 ,000 Dentro dos grupos 6575844,843 2398 2742,221

Total 7361502,753 2399

Fonte: elaborada pela autora, baseada na pesquisa direta (2016).

Sobre a diferença nas notas de entrada dos alunos das escolas convencionais e profissionais, há que se considerar a existência de um processo seletivo para o acesso à escola profissional. De maneira simplificada, os alunos que tiverem interesse em ingressar na escola profissional para cursar o ensino médio são submetidos a uma análise dos seus rendimentos no ensino fundamental. Dessa forma, ao serem avaliados ao final da 1ª série do ensino médio, é justificável esse resultado. Ademais, a diferença se mantém na saída quando comparados os dois grupos de escolas. Acredita-se que a diferença continua sendo justificável, uma vez que a carga horária é ampliada, a estrutura física é padronizada, seguindo um padrão de excelência definido pelo MEC, e o currículo é integrado.

No tocante à carga horária e à estrutura das escolas profissionais, elas funcionam em tempo integral, das 7 às 17 horas. Os alunos recebem gratuitamente fardamento, material didático, transporte (em parceria com os municípios) e três refeições diárias — um almoço e dois lanches. No último ano do curso, que tem duração de três anos, os estudantes são contemplados também com a concessão de uma bolsa estágio para cumprirem a carga horária da disciplina de estágio curricular (CEARÁ, c2018). Sobre a estrutura física, a partir de 2010, todas as Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEP) inauguradas no Ceará foram construídas segundo os padrões arquitetônicos definidos pelo MEC.

São unidades com 5,5 mil metros quadrados de estrutura, 12 salas de aulas, auditório, bloco administrativo, refeitório e laboratórios de Línguas, Informática, Química, Física, Biologia e Matemática. Os laboratórios técnicos são equipados de acordo com a especificidade de cada curso. A capacidade máxima dessas escolas é de 540 alunos. As instalações também possuem bibliotecas, que permitem a integração e ampliação dos conteúdos aprendidos em sala de aula, além de ginásio esportivo e teatro de arena, para estimular os estudantes a praticarem esporte e desenvolverem atividades culturais (CEARÁ, c2018, p. 1).

Existe, ainda, nas escolas profissionais, um processo seletivo para docentes e para gestores diferenciado do processo de entrada desses atores nas escolas convencionais. Assim, a escolha dos profissionais das EEEP:

[…] é feita mediante processo seletivo. O objetivo é possibilitar a estruturação de um corpo docente apto a integrar os conteúdos desenvolvidos na formação geral e na formação técnica e acompanhar os alunos em seu desenvolvimento social e educacional. Os professores da formação geral fazem parte do quadro de servidores do Estado, que se constituem de profissionais efetivos ou com contrato temporário. As etapas do processo seletivo são as seguintes: 1) participação de seminário para conhecer o modelo de gestão das escolas de educação profissional; 2) análise de currículo e 3) entrevista (CEARÁ, c2018, p. 1).

As escolas convencionais, por sua vez, funcionam para os alunos em um turno, que pode ser manhã, tarde ou noite. Não possuem uma padronização na estrutura física de seus prédios, tampouco é registrada a existência de outro processo seletivo para os docentes e gestores das escolas.

Assim, não é injustificável essa diferença ampliada encontrada, em especial no momento em que esses alunos estão para sair da escola. Contudo, há que se considerar que essas diferenças poderiam ser até maiores do que os valores achados nesta tese.

Esta pesquisa trabalha com dados do ano de 2011. Na verdade, esses foram os primeiros alunos que saíram das primeiras turmas das escolas profissionais, uma vez que essa modalidade só se iniciou em 2008. O recorte temporal desta pesquisa é um limitador para, de fato, validar essa premissa.

Os próximos tópicos apresentam as decomposições bilinear e trilinear, mais precisamente a PCA e o PARAFAC. O intuito é identificar componentes associados ao desempenho acadêmico desses sujeitos.

4.4 Análises de Componentes Principais (PCA) referentes às respostas dos alunos