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12 vazio, simplesmente destinado a conservar viva a idéia pan-africana".

Mapa de uma África ainda não totalmente independente Restavam as províncias ultramarinas de Portugal, o Saara Espanhol e a Rodésia

12 vazio, simplesmente destinado a conservar viva a idéia pan-africana".

Ora, nesse encontro de Nova Iorque, os delegados negros rei

vindicavam para os africanos ....-

"... 0 direito de fazerem ouvir a sua voz junto aos governos que lhes dirigemm os negócios. Proclamaram

0 direito dos negros à terra da África e aos seus re cursos, 0 direito de uma justiça adaptada âs condi - ções locais e que incluísse juizes africanos» R e c l a ­ mavam a extensão do ensino primário gratuito e 0 desen

volvimento do ensino ténico, a participaçao dos africa nos na valorização da Africa, a associação capital-tra balho, o fim do tráfico dos escravos e do comércio do

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e a supressão da guerra" - Decraene in op. cit. p. 25-

Como se vê, nada que frizasse a necessidade de se liberta­ rem as colônias do jugo europeu. Tudo muito moderado, muito cerebral, a repe tiçao-' sobre 0 já repetido nao apenas por pensadores negros, mas por m i s s i o n á ­ rios e filantropos ingleses e americanos»

Ê, porém, com 0 grupo que se reuniu ao redor do Dr. ííkru - mah, que 0 movimento vai tomar corpo e passará a pregar a independência dos territórios. Até certo ponto, ele vai seguir as pegadas de Garvey, 0 explosi vo, que declarava que mais .importante do que a lei era a força, e 0 poder es ­ tava acima da justiça, e que fala igualmente de um nacionalismo negro, como -forma de libertação. Garvey, sim, é quem fala, da começo ao g r a n d e fim, quan

do morre pobre e esquecido em Londres, de um nacionalismo negro» Voltando-se contra os brancos, mas também contra os negros moderados, Garvey não hesitou atacar descomedidamente a figura veneranda de Du Bois, chamando-o de "inimigo declarado da raça negra" e "mulato vádio e vendido", conseguindo com isso mui ta antipatia, pois aquele lider nao era nada disso. Era, sim, um pensador sereno e menos agressivo' que acreditava no diálogo, nas mesas redondas, nos. encontros entre representantes de brancos e pretos, seguindo, aliás, 0 pensa­ mento igualmente elevado do D r . Price-Mars, o celebrado autor de "Ainsi parla 1'oncle".

As primeiras manifestações dos movimentos pan-africanistas por conseguinte lutavam, diríamos, pela dignidade do homem negro, pela seu re conhecimento enquanto ser humano a quem tudo tiravam. Nao havia 0 firme pro­ pósito de fazer livre a África Negra. . -

Aos poucos vao surgindo aqui e ali pelo continente africa­ no os grandes líderes, que insistiam ainda de falar de pan-africanismo, como

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0 coptrovertido Jomo Kenyatta , anterior a Nkrumah, mas que ficou por algum tempo indeciso entre um pan-africanismo gritante e um nacionalismo exacerbado inclusive por ter sido ele, segundo se diz, um dos chefes do movimento Mau-Mau de extremistas que nao hesitavam chegar ao assassínio, ao roubo, â pilhagem, aos massacres de colonos brancos e seus criqdos negros, aos "colaboracionis - tas", como diziam, com raiva; 0 D r . Hastings Kamuzu Bandà fe, depois, o Dr.

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Kenneth David Kauundá e 0 Mwalimu Julius Rambarage Nyerere.

Esses já pregavam claramente a'independência de seus paí - ses, defendendo a .retirada dos europeus de suas pátrias e seu projjto afasta - mento das coisas africanas.

Muitos deles, de modo curioso, dizendo-se pan-africanistas adotavam medidas contraditórias, falando de um nacionalismo bastante radical. Como veremos em capítulo especial sobre 0 pan-africanismo, essa dicotomia pan- africanismo versus nacionalismo vai ser uma constante na moderna história poli tica d.a Africa Negra independente.

Tentemos urna explicação, como o faz Basil Davidson, sobre o que era nacionalismo para o africano.

Insistimos em qu.e muita nao tem sido por causa dos me lindres fáceis dos africanos e dos que dizem estudar a África Negra. Estes, envergonhados pelos anos de injustiça para com aquela parte do mundo, silenci am fatos e conclusoes que nao deveriam ser jamais silenciados. Escrevera um tanto a medo. Ou com o sentimento de culpa de algo que os seus maiores fize­ ram em'muitos anos, mas esta nao nqs parece ser a forma correta de se analisa rem e escreverem assuntos tao importantes como o do surgimento dos Estados em África.

A primeira coisa a chamar-nos a atençao é que, corri ex ceçao dos afrikaners, essa orgulhosa "white tribe", nao existia, na África ao Sul do Saara, um difundido sentimento nacionalístico. Tribalismo e regaiismo nao se confundem, em qualquer momento, com nacionalismo. 0 E s t a d o - N a ç a o , como levs.ric para a Af rica de hoje, é mais uma contribuição européia â c iv.ili/.açao negra .

0 que desejava em primeiro lugar o líder que, aos rou cos, se impunha à adfniraçao de seus comoanbeiros como um Mkrumah ou um Kenyat

ta? Antes de mais nada, a libertaçao dos africanos do jugo europeu. Dos afri c a n o s , de uma terra onde eles se achavam, para, s6 entao, pensarem em com os vários grupos étnicos existentes formar um Estado. Note-se que, mesmo de pois de livres da adrninistraçao colonial, velhos problemas de fronteiras nao fica­ vam resolvidos e, o que ' e pior, nao .ficarao nunca.

Os clamores de um M a n z i n i , por exemplo, eram diferen­ tes dos de um Nkrumab. Havia entre os italianos que tentavam uma reunifica - çao muitos pontos de encontro, eles eram praticamente o mesmo povo, tinham a mesma religião, as mesmas origens étnicas e falavam todos, como elemento uni­

ficador, a mesma língua, a italiana, se bem que, localmente, usassem as suas línguas regionais e dialetos. - Em um ponto se pareciam: quando queriam esca­ par ao domínio de um outro povo e seguir seus próprios r u m o s , como na delica­ da questão do nan-eslavismo e do nan-germanismo, em que o formar novos Esta - dos era ainda uma forma de se manifestarem com novas"nacionalidades. 0 nacio nalismo grego é uma luta aberta contra o elemento turco, contra as influências culturais e religiosas do então Império Otomano, um domínio que humilhava uma velha nacional idade, oue feria uma velha e outrora brilhantíssima civilizaçao. A Sérvia, o Montenegro, a Bulgária queriam reafirmar a sua condição de povos eslavos, que nada tinham em comum com turcos ismaelitas, da mesma forma que a pequenina Albânia. Entretanto esses povos tinham suas literaturas, tinham as suas identidades culturais marcadas e respeitadas e seus territórios possuíam contornos humanos bem delineados.

E a África wegra?

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africanos ainda mais entregues a um tribalís/no desenfreado. Havia "nacionali­ dades submersas" no caso africano? Não, mil vezes não. Havia, sim, uma divi­ são tribal forte e cada tribal era, antes de mais nada, filho e súdito de sua tribo e nao do vasto território chamado Alto Volta, ou Tchad, ou Níger, ou Da-, omé, ou tivesse ele o nome que tivesse. !

Como escrevemos em outro passo, as diferenças de suas lín­ guas eram muito grandes e somente transponíveis mediante um difundido e bem d i ­ rigido plurilinguismo que nao houve, como nao houve, em nenhum momento, a ação

ificadora de uma lingua franca européia e no momento em que isso acontece,co- no arquipélago de Cabo Verde, ela perde as suas próprias características lin ísticas e assume outras, dando origem a nova língua em forma de créole. Eram animistas os africanos e mesmo uma religião que passa a ter muita significação em Africa, o islamismo, nao consegue, corno no caso fantástico do Paquistão,tra çar os limites, caracs^rísticas e definir o futuro de um Estado.

Assim, aquilo que os primeiros lideres negros a partir de 1 ,950 pensam tratar-se de um movimento nacionalístico, e que vem sendo assim tratado, na verdade era um movimento pró-libertaçao de jugo estrangeiro, como em um todo, dai que se falou antes em pan-africanismo, de modo algo romântico, sem 0 signficado que ter^a mais tarde.

0 que se pretendia, em primeira mao, era baixar as barrei ras do racismo em favor de uma igualdade social completa, determinar ou permi -

tir uma saída para 0 homem africano livre da ingerência que 0 colonialismo dita ra. Ora, se grandes impérios no passado puderam caminhar po.r seus próprios pês cono lembrava Africanus Horton, por que os seus descendentes nao' podiam seguir os próprios passos? Por que tinha 0 homem branco, 0 europeu, de guiar-lhes os passos, de dizer-lhes 0 que fazer e como fazer?

Um outro ponto, algo triste e que mostra as diferenças en tre 0 nacionalismo que brotou na Europa napoleônica, nara só citar essa impor - tante fase da história, e 0 surgido em Africa depois da, década de 50: lá, os grandes pensadores, os guias políticos, os poetas, os filósofos, os sonhadores napionalistas que difundiam as suas idéias em livros, panfletos, jornais e opús culos, em conferências em salSes de intelectuais, tinham u.ma audiência certa e seus livros, artigos, poemas eram lidos e discutidos, eram considerados, eram debatidos e se disseminavam. Havia uma franca receptividade. Em Africa, submer gida na ignorância, 0 trabalho era muito mais difícil, as idéias de Nkrurr.ah, por exemplo, tinham de ser explicadas pessoalmente, em comícios, em encontros nas ruias e praças, com a versão simultânea para várias línguas e dialetos, com evi­ dente d eson farto e dificuldade. Atingiria a mensagem a mesma intensidade? Seria a tradução tão convinte como 0 discurso do orador?

Eram pouco numerosas as êlites letradas e as suas chances portanto de atingirem maiores extensões ficavam ainda mais limitadas.

! Deoois, surge, novamente, 0 sério problema que vai sacudir aiinda por longo tempo a Africa Negra : até onde esta ou aquela tribo vai exercer

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papel predominante?

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Q5.

0 filho de uma pequena tribo contava, muita vez, coo a hos­ tilidade das grandes tribos que, s6 mais tarde, quando ele se tornava mesmo u-

.ma figura exponencial, permitiam que fá.asse em seu nome. Talvez, por isso a rs açao por vezes brutal de muitos novos líderes contra o tribalismo em seus*, nal-v' s e s , agravando, com a repressão, uma situaçao tensa.

Mas se eles divergiam tanto, o nacionalismo europeu e o a -

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fricano, em uma coisa se aproximam, como lembra, inteligentemente, Davidson, e "it was in much the sarae spirit of emancipation, andeven by way of m a n y o f the

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satne modes. of expression", v 1 . ‘ \'"

1 | | Assim, dos movimentos mais tímidos, que na o falavam ainda ■e;mj fprmação dé novos Estados, até aos mais agressivos e radicais, todos q u e r i ­

am!. que fosse respeitada a dignidade do homem'africano, que ele pudesse ver por ■jsiiJ 0' seu próprio amanha como, eloquentemente, dizia um dos líderes mais vibran

ítes daqueles dias, 6 Dr. Banda.

Afora esses problemas-que, em determinadas ocasiões, pareci am:|na0 "ter uma solução, havia o das hesitantes élites políticas afriaanas. Um aspepto muito delicado da questão.

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E por que hesitantes?,

. Se .bera que-'apenas a ’’França fizesse referencia aos "assimila dojs"!, o que tinha a ver mais diretamente cora a cultura européia passada -aos africanos e os portugueses insistissem em que existia uma democracia racial em Í3éías: territ'6rios, havia uma persistente tentativa de assimilação política/ e

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Çvultural, fosse por parte dos belgas, dos franceses, dos espanhóis, d.os italia nos,/ dos portugueses e dos ingleses. Estes, se procuravam preservar algumai coisa do, que encontraraa, mantendo reis e príncipes nativos em sèus tronos : jou ,remanejahdo-os mas nao eliminando a instituições, também queriam, aos poucos ,

fazer com 'que africanos vissem no Parlamento britânico que os regia a todos,eu ropeus e africanos, o sistema político ideal.

; Muito jovem, entre los mais dóceis e os filhos de grandes; po tentados nativos, eram enviados a Londres j na esperança de trazê-los para a sua grei, de mantê-los como aliadoê quando terminassem os estudos formais. ‘ E .isso algumas vezes aconteceu, na o apenas do lado britânico, mas entre os dos outros Estados colohiais. Quando se estuda a conturbada fase dos albores da independência do Congo belga, hoje Saire, costuma-se citar o nome de Tchombé,o arrogante príncipe nativo que, até certo ponto manipulado pelo Governo de B r u ­ xelas, mantinha excelentes relações com os coloniais e seria mais benvindo em

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um novo governo que se instalaria do que os indtóeis líderes como Lumumba que se referiam aos belgas e a seu-rei com misto: de òdio,' ressentimento e rancor.

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Essa era1 realmente a élite mais preparada para assumir ao governo do futuro Estado independente, mas nem sempre essa era a élite mais li

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gada à sua gente. Outras vezes, coincidentemente, como no caso do Kabaka de

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E em que consistia verdadeiramente a "assimilação"?

Nos estudos sobre a África Negra tem-se falado, até mesmo com muita insistência, do significado da assiailaçao e nao sao poucos os que defendem a doutrina, elogiando-a.

Nao é tao fácil falar de um tema assim polêmico como este, cujo alcance parece nao ter sido ainda bastantemente analisado, mesmo porque nao é fácil explic'ar, em poucas linhas, o que seja assimilaçao.

Fazer com q u e (um senegalês se sentisse parte da França i m ­ perial e, por conseguinte, nao sentisse que o império o colonizava; fazer com

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que ele pensasse como um francês, fa]asse a.primor a língua francesa que a ci vilizaçao parisiense lhe emprestava, que lesse e admirasse o que os autores franceses escreviam., era, diz-aim os defensores da doutrina, era trazer para dentro de casa o negro, era eliminar as barreiras do racismo, era torná-lo u- aa parcela do ser francês.

E a respeito Senghor conta, cora fina ironia, a anedota do Principe Aniaba que, tendo ido fazer uma visita ao Rei Luís XIV, tendo que re greséar aos seus territórios, pediu uma audiência aó monarca para despedir-se ei, no final,1 ouviu estas palavras:

" P r í n c i p e ,• de vòs a.mim, nao há mais diferença que a do bran

co para o negro". -- . 1

i A liçao que se tira. destas, palavras, em certo ponto elogio­ sas, pode ser variada': que pela educaçao o príncipe negro se tornava tão poli do e fidalgo quanto o R e i Sol; que ambos, pêlos seus sangues reais e pela edu cação aprimorada recebida, se pareciam; mas também que o africano.se tornara,' pela assimilaçao, um francês de pele negra. ; *

( E o restò? Onde ficava a cultura africana do príncipe? Onde paravam as suas tradições, 'os sèus costumes, o orgulho da sua história, a sua genealogia? Ele pensava em francês e pensava como francês. 0 R e i , . comenta,i- r.ônico, Senghor, quisera dizer que "après l ’éducation que nous vous avons fait

1« donner à notre cour, vous voilà devenu un Français à peau, noire".

0 que havia de cruel p o r ’detrás dêssa doutrina nao foi ainda. b.em avaliado, repetimos. Ela queria o desenraizamento pela persuasao, ela pre

tendia a negaçao daquilo que fazia a alma do negro d i f e r e n t e ,,daquilo que toca va mais de perto as suas emoçoes estéticas, a sua cultura trad.icional, a sua maneira de conceber a vida, a sua maneira de ver o homem. Queria antes torná- lo um europeu- de pele negra (para usar da expressão do autor de Negritude et Humanisme^ ) e não existe forma de opressão mais forte do que essa, que vem sutilmentèj, sob cor de a j u d a . desinter e s s a d a , de compreensão, de solidariedade.

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■Com isso, pensava-se, era mais fácil manter submissa essa élite nascente, espé cie de cabeça de ponte entre.as massas iletradas e genuinamente africanas e as

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autoridades coloniais. |

I ’ ■ • i Era, se assim iodemos chamar, de a fase do colonialismo ;espi ritual e.'cultural, mais duro do que aquele que exigia o suor e o trabalho dos

africanos nas fazendas e campos. ' 1

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Qual a reaçao dos assimilados face às administrações co loniais? Aqueles que se tornariam, mais tarde, grandes lideres africanos como o Presidente Senghor do Senegal ou o Presidente Houphouet-Boigny da Costa do Marfim, uma vez instalados no Poder realizariam uraa obra política de mütua co-' laboraçao com a antiga potência colonial, no caso a França. Antes, no período preparatório da independência rnantiveram-se em uma posição que, para muitos,po deria parecer ambivalente, mas, na realidade adotavam uma postura de equili brio, o que faltou a muitos. Senghor sentia-se culturalmente preso á França intelectual, onde tinha os seus melhores amigos e colegas de estudos e isso fez com que ele não rejeitasse a ajuda que os franceses lhe ofereciam« Estava preso, por e u a v e z , a idéias altamente cerebrais, que se ligavam aos protodefen •„sores do pan-africanisrao utópico de Du Bois e Price-Mars, Ele nao prega o na - cionalismo quando amadurece a idéia da independência senegalesa, mas pensa em uma federação de grandes proprçoes com o Máli. Houphouet-Boigny, dividia-se entre um afrancesamento adquirido e o tradicionalismo que o mantinha como chefe tribal, senhor mais ou menos absoluto de um cantao, pertencente à burguesia n e ­ gra dos plantadores da Costa do Marfim e homem prático ao mesmo tempo. Nao des­ denha da contribuição francesa como o fizera Sêkou Tourê e lidera a campanha pjs la independência de modo sereno e pacifico.

Isso com referência aos mais importantes, àqueles que, fi guravam de há muito entre prováveis dirigentes do país onde viviam. Mas os ou­ tros, aqueles que nao chegavam a essa projeção nos territórios, mas simplesmen­ te procuravam europeizar-se, tinham uma postura diferente, permaneciam m a i s ’ou menos leais às metrópoles ou quando nao acontecia de caírem em indiferença* per dendo-se, ao depois, no anonimato quando seus países s'e separaram'«.'- Os mestiços eram, por exemplo, os que menos se preocupavam com uma separaçao e o autor des­ ta tese teve oportunidade de conversar com muitos angolanos e moçambicanos m e s ­ tiços que falavam de Portugal como sua pátria e não sabiam sequer as línguas de seus pais africanos. H o u v e ,contudo, mestiços que se mostraram fortemente anti- coloniais como no caso de Grunitzki do Togo e, já era uma outra geração de l i d e ­ res, muito mais jovem, Rawlings de Gana.

A reação dos assimilados foi sempre de extrema complexi­ dade nas transformações políticas de seus países e nao têm sido ainda o sufici­ entemente estudada. 0 Kabaka d.e Buganda, por exemplo, tido e tratado como um verdadeiro fidalgo inglês, educado nas melhores universidades inglesas, a p a r e n ­ temente um assimilado, pois até o seu inglês tinha a mais londrina das pronún - cias, muito apegado ao regalismo do seu kabakado, viria ser um dos que se mo vimentara contra Londres.

Em outros, uma assimilaçao imperfeita ou superficial, fa ria desses pseudos-assímilados lideres oscilantes entre a admiraçao e o ódio pe

la antiga metrópole, até mesmo em uma segunda geração de lideres, como no caso de Idi Amin Dada de Uganda.

fpal ve7 o mais curioso tipo de llder africano é, durante as lutas pela independênci.a do Continente > também nao muito raro, o daquele que

tido e havido por um assimilado enquanto fora da Africa nativa, mas que al fim, voltando à pátria, passa por urna fase de nacionalismo xenófobo, reencontrando c.otir o passar do tempo ura salutar equilíbrio, como no caso do Mzee Jomo Kenyatta db Q u ê n i a e o Mwalimu Julius Kambarage Nyerere de Tanganhica, depois Tanzânia.

[ A teoria da assimilaijao, ou doutrina, como a chama Sen - gíhor, era uma forma sutil de coopt'açao que, era alguns casos, funcionou muito

Si

'bem, falhando em outros e tendo até .mesmo resultando oposto ao esperado..

Na maioria dos casos, porém, os movimentos pela indepen- jdericia dos territórios coloniais, tinham como chefes ou assessores principais , iafricanos q u e 1 haviam estudado em boas universidades na. Europa ou nos Estados Ti­

nidos, ajudados ou nao por entidades governamentais ou por missões evangélicas, ou,jem outros casos, frutos da própria tenacidade. •

• ’ 1 Quando a Africa Neg-ra dá o primeiro grito de independên­ cia 'e Qs movimentos políticos se expandem por toda parte, alguns irao caracteri

zar-se 'por uma moderaçao sem par como os liderados pelos já citados Senghor e .Houphouet-Boigny que se sobre poem a outros, nos mesmos países, liderados por po liti.cos.de linha radical. Outros, pelo contrário, se caracterizarao, cujas pro claraações ressoam como verdadeiros coups de foudre no comodismo e na imprevidên cia ;cjíoloniais .

. I j. j !' | , 0 significado que uns e outros teriam para o futüro de -

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isénvolvimento1 político de seus países, tornando-os Estados independentes está -