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4. Valores naturais e ambientais

4.1. Fauna

4.2.6. Vegetação aquática

Devido à elevada precipitação que ocorre na área de estudo, existem vários tipos de ambientes aquáticos, que se classificam essencialmente consoante a velocidade da corrente.

49 Os cursos de água com corrente lenta, devido à sedimentação das partículas soltas, proporcionam a instalação de plantas enraizadas. Em águas paradas, águas pouco profundas, charcos e lagoas, as espécies aquáticas predominantes são: os ranúnculos-aquáticos (Ranunculus peltatuse Ranunculus ololeucos), Hypericum elodes, vulgarmente associada a Potamogeton polygonifolius, Juncus heterophyllu. Pode ocorrer também a morugem-de-água (Callitriche stagnalis), a tanchagem-aquática (Alisma plantago-aquatica) e a marujinha (Montia fontana) (POPNA, 2004).

4.2.7. Povoamentos de Coníferas

Estes povoamentos incluem as plantações de Pinus sylvestris (Figura 29), Pinus pinaster, Pinus nigra, associados por vezes a outras coníferas tais como: Pseudotsuga menziezii, Cryptomeriajaponica, Chamaecyparis lawsoniana, Larix x eurolepis. Salienta-se o facto de no estrato herbáceo destas unidades, ocorrerem alguns endemismos tais como: Ornithogalum concinum e Ranunculus bupleoroides (espécie também vulnerável), e no estrato arbustivo, por vezes aparece o Rubus sampaioanus (POPNA, 2004).

50 4.2.8. Plantações de Eucaliptos

As plantações de eucaliptos (Figura 30) ocupam atualmente uma grande área das florestas de Portugal, pois é uma espécie que encontrou no nosso País condições ecológicas excecionais. Na área de estudo estas plantações restringem-se a pequenos núcleos. Em termos de diversidade e interesse florístico, estes povoamentos são muito pobres (POPNA, 2004).

4.3. Rio Olo

4.3.1. Aspetos geomorfológicos

Meandros

Durante o percurso do rio Olo, em zonas com superfícies fluviais bastante aplanadas, é possível encontrar meandros que se vão formando por erosão de uma margem do rio e deposição na margem contrária (Figura 31).

51 As margens externas do meandro, bastante expostas à corrente fluvial, apresentam barrancas progressivamente erodidas, e na margem interna ocorre deposição, principalmente de areia. Este processo leva a acentuar a curvatura do meandro. A meandrização permite reduzir a velocidade de erosão e transporte do rio (Figura 32).

Captura fluvial

A regularização do perfil de um rio faz-se de jusante para montante. A progressão da erosão diz-se regressiva porque ocorre no sentido contrário à corrente do rio. Muitas vezes, em consequência do recuo das cabeceiras, um curso de água intersecta outros, capturando-lhe

Figura 31 - Meandro do rio Olo junto à aldeia de Varzigueto.

Figura 32 - Dinâmica de um meandro.

Deposição Banco de sedimentos

52 as águas, dizendo-se então que houve captura. O troço a jusante do rio capturado permanece marcado por um vale abandonado (Figura 33).

O processo de captura do rio Olo pela ribeira de Fervença será de carater erosivo e o eixo geográfico que separa as bacias hidrográficas dos dois cursos de água é a aldeia de Varzigueto (Fernandes 1994).

Formação de cascatas

As sucessivas cascatas das Fisgas de Ermelo têm origem na fraturação regional e na diferente friabilidade das rochas (Figura 34). Quanto maior for o desnível dos patamares, por onde o curso de água circula, maior é a altura da cascata. Pode ocorrer ainda que o rio consiga erodir a base dos patamares, formando marmitas, provocando pouca sustentação nas rochas da base que acabam por se soltar e formam precipícios.

Varzigueto Rio Olo

Ribeira de Fervença

Figura 33 - Processo de captura de cursos fluviais (corte transversal).

53 B

A

C D

Figura 34 - Vista de perfil da formação de cascatas. A- perfil inicial, B- Formação de patamares e de

54 Perfil do rio Olo

Figura 35 - Perfil longitudinal e litologia do rio Olo (adaptado de Pereira, 1987). Granito de Vila Real

Granito de Lamas de Olo Conglomerado de base Corneanas pelíticas e carbonosas Aluviões atuais e depósitos arenoargilosos fundo de vale Unidade de Canadelo Formação de Campanhó Formação de Pardelhas Formação do Quartzito Armoricano Unidade de Mouquim Granito de Amarante e Celorico de Basto

55 Analisando o perfil longitudinal do rio (Figura 35) conclui-se que o rio já “rasgou” cerca de dois terços da Formação do Quartzito Armoricano. Na atualidade nota-se um grande desnível na Formação do Quartzito Armoricano correspondente à zona do desfiladeiro das Fisgas de Ermelo. O perfil do rio tende a ficar nivelado com o passar do tempo, tornando-se um rio mais maduro em consequência dos fatores erosivos que tendem a suavizar o perfil do rio.

Orientação do rio

O rio Olo durante o seu percurso vai-se deparando com obstáculos, procurando pontos de fraqueza das rochas, quer seja pela diferente friabilidade das rochas ou das diferentes direções de fraturação. Em Varzigueto, sobre formações quartzíticas, o rio circula de E para W segundo a direção N 70°W (ponto A da figura 36).

A seguir à ponte que liga Varzigueto à estrada para o Bilhó (estrada municipal 1206) o rio sofre uma inflexão para SW (ponto B da figura 36).

Mais a frente, e durante cerca de 250m, o rio retoma uma direção muito próxima daquela que trazia antes da ponte de Varzigueto (ponto C da figura 36).

No ponto D da figura 36 o rio sofre uma inflexão de praticamente 90° para S, seguindo uma falha que se estende ao longo de aproximadamente 800m com a direção de fraturação N20°E.

No ponto E o rio abandona a direção N20°E e segue para NW segundo a direção de fraturação N70°W ao longo de cerca de 300m.

A partir do ponto F o rio inicia um conjunto de quedas em que o curso de água se sujeita as direções de fraturação dominantes (N10-20°E, N40-50°E e N60-70°W) no maciço quartzítico. Devido à força erosiva da corrente do rio, vão sendo cavados os patamares formando assim as quedas de água das Fisgas de Ermelo.

No ponto G devido à friabilidade das finas camadas de xisto que se encontram intercaladas com os quartzitos e pelo diaclasamento, o rio praticamente fica escondido, “enfisgando-se” na rocha segundo a direção N40°-50°E, dando origem ao nome “Fisgas de Ermelo”.

No ponto H, conhecido como piocas de baixo, o rio descreve uma curva para S, penetrando as bancadas de xisto ricas em ferro que oferecem menor resistência à erosão

56 fluvial. Ao intercetar uma bancada mais quartzítica o rio Olo cava as marmitas de gigante que são depressões cilíndricas, circulares ou elípticas com dimensões variáveis que têm a sua origem no efeito abrasivo de sedimentos grosseiros, transportados pela corrente e que adquirem movimento rotativo sobre as depressões do substrato. Este material detrítico por sua vez vai adquirindo uma forma arredondada em consequência do efeito abrasivo que ele próprio vai sofrendo. Para que possa ocorrer estas formas, a corrente da linha de água terá de possuir uma elevada energia cinética, constituindo-se assim uma série de piocas. A seguir às piocas de baixo, o rio Olo corre praticamente segundo a direção N60°W até à confluência com a ribeira de Fervença (Ponto I).

57 Figura 36 - Excertos das cartas topográficas 87 Vilar de Ferreiros e 101 Lordelo que retrata as inflexões sofridas pelo rio segundo as duas direções de

fraturação dominantes (a vermelho N10-50ºE e a negro N60-70ºW aproximadamente). De A até I, são os pontos referidos no texto.

A

C

B

E

D

G

F

H

I

58 4.4. Estudo da fraturação

Inicialmente começou-se por projetar a atitude dos 222 planos (n=222) medidos em alguns pontos que estão representados na figura 38, para ter uma ideia de como estão representadas todas as direções (Figura 37).Cerca de 61% das medições apresentam a direção N10°E a N50ºE com inclinações elevadas a subverticais (60° a 90º). Os restantes 39% dividem-se sobretudo entre N60°-70°W com elevadas inclinações a subverticais (60° a 90º) e outras direções menos importantes. A distribuição espacial das atitudes relaciona-se com as falhas regionais descritas na carta geológica 10 A Celorico de basto à escala 1:50000 (Pereira, 1989).

.

Figura 37 - Projeção estereográfica de todas as

59 Figura 38 - Excerto das cartas topográficas 087- Vilar de Feireiros (Mondim De Basto) e 101 Lordelo com a marcação dos locais onde foram medidas todas as

60

 Ponto A

Neste ponto forma medidas 26 fraturas que apresentam direções dominantes N40°- 50°E com inclinações elevadas a subverticais (70°-90°).

Através da análise do diagrama de rosetas e do diagrama de densidades de polos (Figura 39) denota-se o predomínio das fraturas com a direção N40°-50°E e inclinações próximas do subvertical.

 Ponto B

Neste ponto, foram medidas 70 fraturas e apresentam direções dominantes N10°-20°E com inclinações elevadas a subverticais (60-90°).

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 40) indica o predomínio das fraturas com a direção N10°-20°E e inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

A estratificação neste local tem de atitude N85°W;20°NE.

a) b)

Figura 39 - a) Diagrama de rosetas com máximo de 61.5%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas

61

a) b)

Figura 40 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 80%, b) Estereograma de densidades de polos das

fraturas (70 polos) (software GEOrient versão 9.5).

 Ponto C

Neste local, forma medidas 29 fraturas e apresenta direções dominantes N0°-20°E com inclinações grandes a subverticais (60°- 90°).

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 41) comprova-se o predomínio das fraturas com a direção N0°-20°E e inclinações próximas do subvertical(60-90°).

a) b)

Figura 41 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 69%, b) Estereograma de densidades de polos das

62

 Ponto D

Neste local, forma medidas 32 fraturas que apresentam uma ampla gama de direções desde N10°E até N50°E essencialmente, e inclinações elevadas a subverticais (70°- 90°). A estratificação tem de atitude N24°W; 20°SW.

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 42) comprova-se o predomínio das fraturas com a direção N10°-20°E e inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

 Ponto E

Neste local não foram medidas as atitudes das fraturas mas apenas a estratificação. Estratificação – N42°W;18°SW.

 Ponto F

Neste local não foram medidas as atitudes das fraturas mas apenas a estratificação. Estratificação – N75°W;12°NW.

a) b)

Figura 42 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 28.1%, b) Estereograma de densidades de polos das

63

 Ponto G

Neste local, foram efetuadas 28 medições que apresentam direções dominantes N0°- 20°E com inclinações grandes a subverticais (60°-90°).

A estratificação tem de atitude N16°E; 20°NW.

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 43) comprova-se o predomínio das fraturas com a direção N10°-20°E e inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

<

 Ponto H

Neste ponto, foram realizadas 23 medições e apresentam direções dominantes N30°- 50°E com inclinações elevadas a subverticais (60°-90°).

A estratificação tem de atitude N12°W; 12°SW.

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 44) comprova-se o predomínio das fraturas com a direção N40°-50°E e inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

b) a)

Figura 43 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 64.9%, b) Estereograma de densidades de polos das

64

a) b)

 Ponto I

Neste ponto, foram executadas 18 medições de fraturas e apresentam como direção dominante N50°W com inclinações elevadas a subverticais (60°-90°).

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 45) denota-se o predomínio das fraturas com a direção N50°W e inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

a) b)

Figura 44 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 30.4%, b) Estereograma de densidades de polos das

fraturas (23 polos) (software GEOrient versão 9.5).

Figura 45 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 27.8%, b) Estereograma de densidades de polos das

65

a) b)

 Ponto J

Neste ponto, as 27 fraturas medidas apresentam como direção dominante N50°W com inclinações elevadas a subverticais (60°-90°).

A estratificação tem de atitude N6°W; 20°SE.

Através da análise do diagrama de rosas e do diagrama de densidades de polos (Figura 46) denota-se o predomínio das fraturas com a direção N50°W e também importantes medições de direção N10°-20°E com inclinações próximas do subvertical(60°-90°).

Considerando as atitudes das fraturas podemos concluir que existe afinidade entre as fraturas e o percurso do rio Olo. Em geral, podemos estabelecer que a fraturação compreende os seguintes conjuntos de fraturas N10°-20°E, N40°-50°E e N50°-60°W que são importantes na orientação do percurso seguido pelo rio Olo.

Figura 46 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 37%, b) Estereograma de densidades de polos das

Proposta de valorização das Fisgas de Ermelo

Proposta de gestão de visitação

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