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Proposta de valorização das Fisgas de Ermelo

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Academic year: 2021

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Proposta de Valorização das Fisgas de Ermelo

Dissertação de Mestrado em Gestão dos Recursos Naturais

Nome do candidato

Hugo Luís de Almeida Mourão

Orientador (es)

Prof. Doutor Luís Manuel de Oliveira Sousa

(2)

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Proposta de Valorização das Fisgas de Ermelo

Dissertação de Mestrado em Gestão dos Recursos Naturais

Nome do candidato Hugo Luís de Almeida Mourão

Orientador (es) Prof. Doutor Luís Manuel de Oliveira Sousa

Composição do Júri:

Presidente: Prof. Doutora Edna Carla Janeiro Cabecinha da Câmara Sampaio (Professora auxiliar, Departamento de Biologia e Ambiente da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente – ECVA, UTAD).

Vogais: Prof. Doutor Alcino Sousa Oliveira (Professor auxiliar, Departamento de Geologia da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente – ECVA, UTAD).

Prof. Doutor Luís Manuel de Oliveira Sousa (Professor auxiliar, Departamento de Geologia da Escola de Ciências da Vida e do Ambiente – ECVA, UTAD).

(3)

I Ermelo, Marão, 2 de Outubro de 1959

“Cá me vim debruçar também sobre o despenhadeiro das Fisgas, com os pés seguros pelos companheiros por causa das vertigens. E apreciei devidamente este misto de espanto e terror. A contemplação dos abismos naturais é necessária de vez em quando a quem tem a atracção dos outros. Toma-se consciência, com rigor físico, das asas que nos faltam para estar à altura da máxima de Nietzsche…”

(4)

II

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi desenvolvido mediante apoio financeiro do Município de Mondim de Basto, ao abrigo do protocolo de cooperação com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Gostaria de expressar toda a minha gratidão e apreço a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para que esta tarefa se tornasse uma realidade. A todos quero manifestar os meus sinceros agradecimentos.

Em primeiro lugar, quero agradecer ao meu orientador Prof. Doutor Luís Sousa pela orientação, apoio, confiança, constante acompanhamento, pelo incentivo, pelas críticas e sugestões durante toda esta tarefa.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e à Coordenadora do Mestrado em Gestão dos Recursos Naturais, Prof. Doutora Edna Cabecinha, agradeço a oportunidade e o privilégio que tive em frequentar este mestrado que muito contribuiu para o enriquecimento da minha formação científica e académica.

À Camara Municipal de Mondim de Basto, em especial aos funcionários dos serviços técnicos do município jamais negaram qualquer pedido de ajuda. Um agradecimento especial à Eunice Badim pela grande ajuda com os mapas.

Á Prof. Doutora Ana Alencoão pela cedência de bibliografia.

Aos meus pais e irmã, pelo amor, incentivo, apoio incondicional e por acreditarem sempre em mim e naquilo que faço.

A todos que de forma direta ou indireta fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

(5)

III

RESUMO

Este trabalho incide sobre a área envolvente das Fisgas de Ermelo, no Parque Natural do Alvão e visa apresentar propostas para a valorização do património das Fisgas de Ermelo.

Do ponto de vista dos processos geológicos as Fisgas de Ermelo são um exemplo de grandes períodos da história da Terra que aconteceram desde há 485 milhões de anos. As quedas de água que são o ex-líbris da região resultam sobretudo de dois fatores: das direções de fraturação dominantes que determinam, por vezes, a existência de troços retilíneos com ângulos próximos dos noventa graus e da resistência das formações rochosas, devido à erosão diferencial do substrato, que origina um desnível de 320 metros.

Relativamente à fauna e flora, existem espécies com elevado valor ambiental e ecológico com estatuto de conservação prioritário, endémicas incluídas ou protegidas por várias convenções e/ou diretivas. Algumas espécies são consideradas ameaçadas ou em perigo de extinção que requerem uma proteção mais elevada.

As estratégias de conservação definidas baseiam-se na necessidade de apetrechar a área de meios de interpretação da geologia, que sensibilizem o público e que aumentem o conhecimento científico dos turistas que frequentam a área. Para além disso, podem ser realizadas várias atividades de campo abrangendo todo o tipo de públicos.

A implementação das propostas de valorização apresentadas constituirá uma mais-valia para a região e para o seu desenvolvimento.

(6)

IV ABSTRACT

This report focuses on the surrounding area of “Fisgas de Ermelo”, on the Natural Park of Alvão and aims to present proposals for the enhancement of the heritage of “Fisgas de Ermelo”.

From the point of view of geological processes, “Fisgas de Ermelo” is an example of major stadiums of Earth’s history that happened about 485 million years ago. The waterfalls, that are the major symbol of the region, result mainly from two factors: from the dominant fracture directions that sometimes lead to straight sections with angles close to ninety degrees, and the resistance of the rock formations, due to the differential erosion of the substrate, causing a gap of 320 meters.

Regarding fauna and flora, there are species with high environmental and ecological value with priority conservation status, endemic species included or protected by various conventions and /or directives. Some species are considered endangered or threatened with extinction and require higher protection.

The defined conservation strategies are based on the need of preparing the area with geological interpretation means, to raise public awareness and to increase the scientific knowledge of tourists who frequent the area. In addition, various field activities can be carried out covering all types of audiences.

The implementation of the presented enhancement proposals will add value to the region and its development.

(7)

V

Índice

AGRADECIMENTOS ... II RESUMO ... III ABSTRACT ... IV ÍNDICE DE FIGURAS ... VIII ÍNDICE DE TABELAS ... XIV LISTA DE ABREVIATURAS ... XIV

1. Introdução ... 1

1.1. Enquadramento da Investigação ... 2

1.2. Objetivos ... 4

1.3. Metodologia ... 4

2. Localização e caracterização da área de estudo ... 6

2.1. Localização Geográfica ... 7 2.2. Hipsometria e relevo ... 8 2.3. Clima ... 11 2.3.1. Temperatura ... 11 2.3.2. Precipitação ... 13 2.4. Hidrografia... 14 2.5. Vegetação ... 16 3. Caracterização Geológica ... 17 3.1. O Maciço Ibérico ... 18 3.1.1. Aspetos Gerais ... 18 3.1.2. Zona Centro-Ibérica ... 20

3.1.3. Zona de Galiza Trás-os-Montes ... 22

3.2 Maciço Ibérico na cadeia varisca ... 24

3.3. Evolução geológica das Fisgas de Ermelo ... 26

3.4. Geologia da área de estudo ... 29

3.4.1.Terrenos Autóctones ... 31

3.4.1.1. Formação de desejosa – Câmbrico Superior ... 31

(8)

VI

3.4.2.1. Formação do Quartzito Armoricano (QZ) – Ordovícico Inferior ... 31

3.4.2.2. Formação de Pardelhas – Ordovícico Médio ... 34

3.4.2.3. Corneanas pelíticas e carbonosas ... 34

3.4.3. Silúrico ... 35

3.4.3.1. Formação de Campanhó ... 35

3.4.4. Terrenos parautóctones ... 36

3.4.4.1. Unidade de Canadelo ... 36

3.4.5. Rochas Graníticas ... 36

3.4.5.1. Maciço Compósito de Vila Real ... 36

3.4.5.2. Granito de Lamas de Olo ... 36

4. Valores naturais e ambientais ... 38

4.1. Fauna ... 39 4.1.1. Anfíbios ... 39 4.1.2. Répteis ... 40 4.1.3. Peixes ... 41 4.1.4. Aves ... 42 4.1.5. Mamíferos ... 43 4.2. Flora ... 44

4.2.1. Vegetação Rupícola e/ou Fissurícola ... 44

4.2.2. Vegetação arbustiva (matagais) ... 45

4.2.3. Bosque de folhosas (carvalhais, vidoais) ... 46

4.2.4. Turfeiras e Cervunais ... 47

4.2.5. Vegetação ripícola (galerias ripícolas e herbáceas higrófilas) ... 47

4.2.6. Vegetação aquática ... 48 4.2.7. Povoamentos de Coníferas ... 49 4.2.8. Plantações de Eucaliptos ... 50 4.3. Rio Olo ... 50 4.3.1. Aspetos geomorfológicos ... 50 4.4. Estudo da fraturação ... 58

5. Proposta de gestão da visitação ... 66

5.1. Gestão da Visitação ... 67

(9)

VII

5.3. Trajeto dos visitantes ... 72

5.4. Pontos e aspetos a visitar ... 75

5.4.1. Aldeias ... 75

Lamas de Olo ... 75

Barreiro ... 75

Fervença ... 79

Ermelo ... 80

5.4.2. Aspetos a visitar na envolvência do percurso pedestre ... 81

1ª Paragem ... 83 2ªParagem ... 84 3ªParagem ... 84 4ª Paragem ... 87 5ª Paragem ... 88 6ª Paragem ... 89 7ª Paragem ... 90 8ª Paragem ... 91

5.4.3. Outros pontos a visitar ... 92

5.5. Avaliação do Geopatrimónio ... 119

5.5.1 Avaliação quantitativa do valor científico ... 119

5.5.2. Avaliação da vulnerabilidade ... 125

5.6. Capacidade de Carga turística ... 129

5.6.1. Capacidade de Carga Física ... 129

5.6.2. Capacidade de Carga Real ... 131

5.6.3. Capacidade de Carga Efetiva ... 136

6. Conclusões ... 138

7.Bibliografia ... 141

(10)

VIII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Localização Geográfica da área de estudo e envolvente às Fisgas de Ermelo (cedido pela Câmara Municipal de Mondim de Basto). ... 8 Figura 2 - Mapa de declives da área de estudo (adaptado POPNA, 2004). ... 9 Figura 3 - Carta hipsométrica da área de estudo (cedido pela Câmara Municipal de Mondim de Basto). ... 10 Figura 4 - Variação da temperatura média mensal na estação de Vila Real (dados 1981-2010). Fonte: IPMA (Instituto Português do Mar e Atmosfera. ... 12 Figura 5 - Precipitação anual registada em Lamas de Olo no período de 1967-1997. Fonte: SNIRH (Sistema nacional de informação de recursos hídricos). ... 13 Figura 6 - Precipitação de 2014 e 2015 de Mondim de Basto. ... 14 Figura 7 - Rede hidrográfica da bacia do rio Olo na área de estudo (cedido pela Câmara Municipal de Mondim de Basto). ... 15 Figura 8 - Azevinho, uma espécie em vias de extinção em Portugal. ... 16 Figura 9 - Divisão do Maciço Ibérico (Adaptado de Lotze, 1945). ... 18 Figura 10- Distribuição do Autóctone Centro-Ibérico (Zona Centro-Ibérica) Zona Galiza- Trás-os-Montes (ZGTM), Zona Oeste Astúrico-Leonesa (ZOAL) e Zona Ossa Morena (ZOM) (Adaptado de Diez Balda et al., 1990). ... 22 Figura 11 - Mapa geológico esquemático da Zona de Galiza e Trás-os-Montes (segundo Ribeiro et al., 1990). ... 24 Figura 12 - Evolução geodinâmica do Arco Ibero-Armoricano (adaptado de Burg et al., 1987). ... 26 Figura 13 - Formação de uma depressão marinha onde ocorre deposição de sedimentos (modificado de Pereira et al., 2004). ... 27 Figura 14 - Deposição dos sedimentos do Ordovícico por cima dos sedimentos do Câmbrico depositados anteriormente (modificado de Pereira et al., 2004). ... 27 Figura 15 - Rutura da Crusta Continental e formação de Crusta Oceânica (modificado de Pereira et al., 2004). ... 28 Figura 16 - Deformação das rochas devido a um movimento compressivo que conduz ao fecho do Oceano primitivo (modificado de Pereira et al., 2004). ... 29 Figura 17 - Carta geológica da área de estudo (modificado de POPNA, 2004). ... 30

(11)

IX Figura 18 - Conglomerado de base do Ordovícico com clastos de quartzo. Os clastos variam

de tamanho, desde milimétricos (3) a centimétricos (2) e decimétricos (1)... 32

Figura 19 - Afloramento do membro malhada. É o membro onde é possível observar os níveis de ferro que fornece a coloração acastanhada e onde é provável encontrar granadas nos níveis mais pelíticos. ... 33

Figura 20 - Aspeto da alternância dos níveis de psamitos e filitos. ... 33

Figura 21 - Xistos da Formação Pardelhas. ... 34

Figura 22 - Calcários escuros de Campanhó. ... 35

Figura 23 - Riqueza específica por grupo faunístico para o PNAL (adaptado de POPNA, 2004). ... 39

Figura 24 - Umbilicus rupestris - espécie encontrada em fendas de rochas, troncos e cascas de árvores, muros e telhados. ... 44

Figura 25 - Aspeto típico dos matagais com tojos, sargaços e carqueja. ... 45

Figura 26 - Comunidade de vidoeiros. ... 46

Figura 27- Orvalhinha (Drosera rotundifólia) é rara mas possível de encontrar na área de estudo. Há séculos que as raízes e flores da orvalhinha são usadas em antitússicos, licores e corantes (foto de Paulo V. Araújo). ... 47

Figura 28 - Vegetação ripícola na margem direita no rio Olo. ... 48

Figura 29 - Povoação de Pinus sylvestris. ... 49

Figura 30 - Zona de Eucaliptal. ... 50

Figura 31 - Meandro do rio Olo junto à aldeia de Varzigueto. ... 51

Figura 32 - Dinâmica de um meandro. ... 51

Figura 33 - Processo de captura de cursos fluviais (corte transversal). ... 52

Figura 34 - Vista de perfil da formação de cascatas. A- perfil inicial, B- Formação de patamares e de "pias", C- Erosão de jusante para montante, D - Recuo da linha de perfil das sucessivas cascatas. ... 53

Figura 35 - Perfil longitudinal e litologia do rio Olo (adaptado de Pereira, 1987). ... 54

Figura 36 - Excertos das cartas topográficas 87 Vilar de Ferreiros e 101 Lordelo que retrata as inflexões sofridas pelo rio segundo as duas direções de fraturação dominantes (a vermelho N10-50ºE e a negro N60-70ºW aproximadamente). De A até I, são os pontos referidos no texto. ... 57

(12)

X Figura 37 - Projeção estereográfica de todas as fraturas medidas (n=222) (software Stereonet 8). ... 58 Figura 38 - Excerto das cartas topográficas 087- Vilar de Feireiros (Mondim De Basto) e 101 Lordelo com a marcação dos locais onde foram medidas todas as atitudes das fraturas. ... 59 Figura 39 - a) Diagrama de rosetas com máximo de 61.5%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (26 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 60 Figura 40 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 80%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (70 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 61 Figura 41 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 69%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (29 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 61 Figura 42 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 28.1%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (32 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 62 Figura 43 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 64.9%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (28 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 63 Figura 44 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 30.4%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (23 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 64 Figura 45 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 27.8%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (18 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 64 Figura 46 - a) Diagrama de rosetas com máximo valor de 37%, b) Estereograma de densidades de polos das fraturas (27 polos) (software GEOrient versão 9.5). ... 65 Figura 47 - Percurso desde o local onde deverá ser construído o CIFE até ao Miradouro (cerca de 0,9km) (Fonte: Google earth). ... 73 Figura 48 - Localização dos troços desde o CIFE até aos parques de estacionamento (P). Percurso CIFE a Ermelo a amarelo (5.5km). Percurso CIFE à Toutuça (Varzigueto) a azul (3.7km). ... 74 Figura 49 – Vista panorâmica da aldeia de Lamas de Olo. ... 75 Figura 50 - A - Afloramento do granito em Lajes; B - Erosão diferencial do granito e pegmatito do barreiro. C- Espigueiro de granito com telhado de lousa e ripado de madeira; D - Telhado cobertos de colmo. ... 76 Figura 51 – A - Preenchimento de caulino na falha do Barreiro. B – Preenchimento da caixa de falha sobretudo com quartzo. ... 77

(13)

XI Figura 52 - A-Excerto da carta geológica onde está representado o contacto entre o

Complexo Xisto-Grauváquico e o Ordovícico. B- Esboço da representação do contacto. ... 78

Figura 53 - A- Aldeia de Fervença com os seus verdejantes socalcos agrícolas; B - Ribeira de Fervença atravessando as formações graníticas. ... 79

Figura 54 - Aspetos de dobras. Localização A: 41° 21.566'N, 7° 51.028'W, Localização B: 41° 21.605'N, 7°51.029'W. ... 80

Figura 55 - Falha com preenchimento em quartzo. ... 80

Figura 56 - Aspeto típicos das casas da aldeia de Ermelo. ... 81

Figura 57 - Paragens na envolvência do percurso pedestre (PR3). ... 82

Figura 58 – Edifício da antiga câmara municipal com as ruas em paralelo e pelourinho em granito da aldeia de Ermelo. ... 83

Figura 59 - Sedimentos transportados pela ribeira de Fervença. ... 84

Figura 60 - A- Vista para o santuário da Nossa Senhora da Graça e para o miradouro das Fisgas de Ermelo; B- Líquenes da espécie Dimelaena oreina fixados nas rochas; C- Fraturação muito densa da Fraga Amarela. ... 85

Figura 61 - Vegetação alinhada segundo a fraturação. ... 86

Figura 62 - Dobras próximas do percurso pedestre. ... 86

Figura 63 - Dobras em forma de S. ... 87

Figura 64 – A - Cascata principal e B- Vista do início do desfiladeiro das Fisgas de Ermelo. ... 88

Figura 65 - Ocultação do rio Olo provocado pela friabilidade das rochas e fraturação. ... 89

Figura 66 - Vista das Fisgas de Ermelo desde o miradouro. ... 90

Figura 67 - Piocas de Baixo. ... 90

Figura 68 - Ponte da abelheira. Fonte: http://www.viajarentreviagens.pt/portugal/dicas-trilho-das-fisgas-ermelo/ vista a 30/09/2016. ... 91

Figura 69 - Representação da alteração do granito por exposição aos agentes erosivos (modificado de Galopim de Carvalho, 2014). ... 95

Figura 70 - Poço da exploração. ... 99

Figura 71 – Planos de xistosidade (N44°W;45°SW). ... 103

Figura 72 - A extração era executada segundo as zonas de fraqueza da rocha onde hoje em dia começam a germinar plantas. ... 104

(14)

XII Figura 73 - A – Bloco onde foi realizado um furo de prospeção. B - Aspeto de provetes

extraídos do bloco da figura A. ... 104

Figura 74 - Fraturas com sinais de dissolução do calcário indicado pelas setas. ... 108

Figura 75 - Precipitação de calcite no teto de uma galeria. ... 109

Figura 76 – Interior dos antigos fornos de cozedura do calcário. ... 110

Figura 77 - Marmitas de gigante no rio Olo. ... 114

Figura 78 - Filão pegmatítico. ... 117

(15)

XIII

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de temperatura para Mondim de Basto nos anos de 2014 e 2015. Fonte: https://www.meteoblue.com/pt/tempo/previsao/archive/mondim-de

basto_portugal_2737515?fcstlength=1m&year=2016&month=4 acedido em 20-12-2016. ... 12

Tabela 2 - Critérios e pontuação (0-4) para a avaliação do valor científico dos locais de interesse geológico à escala nacional (adaptado de Pereira et al., 2015). ... 120

Tabela 3 - Pesos para os diferentes critérios utilizados para a avaliação do valor científico dos geossítios (adaptado de Pereira et al., 2015). ... 123

Tabela 4 - Totais do valor científico dos oito locais de interesse geológico considerados. .. 124

Tabela 5 - Critérios e pontuação (1-4) para a avaliação da vulnerabilidade dos geossítios a nível nacional segundo Pereira et al. (2015). ... 125

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XIV

LISTA DE ABREVIATURAS

ASSP – Auxiliary boundary Stratotype Section ans Point CCE – Capacidade de Carga Efetiva

CCF - Capacidade de Carga Física CCR - Capacidade de Carga Real CXG - Complexo Xisto-Grauváquico

GSSP - Global Boundary Stratotype Section and Point IMA - International Mineralogical Association

IUGS - International Union of Geological Sciences LIG - Local de interesse geológico

PNAL - Parque Natural do Alvão

POPNAL - Plano ordenamento Parque natural do Alvão QZ - Quartzito Armoricano

ZCI - Zona Centro Ibérica

ZCTBC - Zona de Cisalhamento Tomar-Badajoz-Córdova ZGTM - Zona Galiza – Trás-os-Montes

ZOAL - Zona Oeste-Astúrico-Leonesa ZOM - Zona de Ossa-Morena

(17)

1

(18)

2

1.1. Enquadramento da Investigação

O património geológico é constituído pelos locais e objetos geológicos que, pelo seu conteúdo, devem ser valorizados e preservados, sendo documentos que testemunham a história da Terra. Englobam vários tipos de locais, de acordo com as áreas científicas da geologia. Este pode ser património mineralógico, paleontológico, geomorfológico, etc. (Pereira et al., 2005). A temática do património geológico tem vindo a surgir nas últimas décadas no seio do movimento de conservação da natureza, mas ainda não se conseguiu impor como uma vertente fundamental dessa conservação. Os investigadores do património geológico, a nível mundial, têm vindo a defender constantemente que a componente geológica tem sido menosprezada em relação à componente biológica do património natural (Gray, 2004). De facto, quando pensamos em áreas protegidas lembramo-nos essencialmente para preservar ecossistemas ou determinados seres vivos, relegando-se para segundo ou mesmo terceiro plano a valorização e proteção de objetos geológicos. Hoje em dia falar em natureza remete o público para componentes do ambiente natural. Por sua vez, o património geológico é um tema que teve origem na comunidade científica ligada às Ciências da Terra, procurando o reconhecimento da conservação e valorização de objetos geológicos, não apenas como um suporte essencial à biodiversidade, mas igualmente enquanto bens coletivos com diversos tipos de valor, como por exemplo científico, cultural, estético ou económico. Existe também pouca sensibilidade da opinião pública para os aspetos geológicos, pelo que se assiste a um esforço para valorizar e conservar o património geológico, tentando colmatar a discrepância existente para a componente biótica do património natural (Gray, 2004).

Os termos associados a esta temática incluem, entre outras, expressões como geoconservação, geomonumento, geossítios, geótopos ou local de interesse geológico (LIG). São termos que dizem respeito a esta nova área disciplinar das Ciências da Terra, direcionada para a preservação e valorização de objetos geológicos enquanto bens naturais patrimoniais, com valor atribuído pelo homem. A designação património geológico enquadra-se nessa valorização e aplica-se ao património natural abiótico (Gray, 2004).

Os termos geodiversidade e geoconservação são utilizados num sentido lato, ao nível das estratégias e da caracterização do património geológico. O termo geodiversidade foi proposto por comparação com o termo biodiversidade, que diz respeito à diversidade biológica do planeta e à necessidade da sua preservação. Geólogos e geomorfólogos começaram a usar este termo na década de 1990 para descrever a diversidade no âmbito da

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3 natureza abiótica, procurando, desde então, compensar a ênfase dada aos aspetos biológicos nas políticas de valorização e proteção da natureza. Geodiversidade, é assim a diversidade dos elementos geológicos (rochas, minerais, fósseis), geomorfológicos (geoformas, processos), incluindo as suas inter-relações, propriedades, interpretações e sistemas (Gray, 2004). Geoconservação, designa as iniciativas de conservação da geodiversidade (Brilha, 2005). Designações como local de interesse geológico, geótopo, geossítio ou geomonumento dizem respeito aos objetos do património geológico. De acordo com Brilha (2005), são termos usados como sinónimos, utilizando-se preferencialmente geossítio. Define-se então geossítio como a “ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes quer em resultado da ação de processos naturais quer devido à intervenção humana), bem delimitado geograficamente e que apresente valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, cultural, turístico, ou outro” (Brilha, 2005). O património geológico é assim definido pelo conjunto destes geossítios.

Nas últimas décadas, a intensificação de visitas aos ambientes naturais protegidos aumentou, devido ao uso indireto dos recursos naturais, quer para fins educacionais quer para fins recreativos. O geoturismo é um segmento do turismo de natureza com notável expansão mas na qual a sua definição constitui ainda matéria de profunda discussão. O geoturismo foi inicialmente definido por Hose (1995) como a provisão de serviços e facilidades interpretativas que possibilitem aos turistas adquirir o conhecimento necessário para compreender a geologia e a geomorfologia de um local além da mera apreciação estética. Mais tarde, o mesmo autor considerou o geoturismo como a disponibilização de serviços e meio interpretativos que promovam o valor e os benefícios sociais de sítios com interesse geológico e geomorfológico, assegurando a sua conservação, para uso de estudantes, turistas e outras pessoas com interesse recreativo ou de lazer (Hose, 2000).

Para López & Salazar (2008), o geoturismo é uma estratégia com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável em comunidades economicamente deprimidas, através da utilização e proteção do seu património.

Na zona envolvente às Fisgas de Ermelo reside num vasto património de cariz cultural, histórico, geológico e arqueológico. A diversidade de aspetos que carateriza a envolvência das Fisgas de Ermelo tem potencial para a promoção de ações educativas, turísticas, recreativas e desportivas. Estas ações devem ser realizadas numa prespetiva de proteção e valorização do local, no sentido de satisfazer as necessidades das populações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras.

(20)

4

1.2. Objetivos

O presente trabalho teve como finalidade valorizar os aspetos naturais da zona das Fisgas de Ermelo no concelho de Mondim de Basto. As Fisgas de Ermelo estiveram na base da criação do Parque Natural do Alvão e constituem o ex-líbris cuja notabilidade tem vindo a crescer.

Assim, o presente trabalho teve como objetivos:

 Caracterizar os aspetos geológicos;

 Caracterizar valores naturais e ambientais;

 Defender os importantes valores naturais da zona, numa lógica de desenvolvimento sustentável;

 Apresentar propostas de percursos e pontos com interesse geológico para a região que promovam a conservação do património;

 Apresentar soluções que melhorem as condições de visitação.

1.3. Metodologia

O processo metodológico para este trabalho consistiu numa exaustiva pesquisa bibliográfica relativa à caraterização geológica da área de estudo, à identificação de outros tipos de património presente, nomeadamente o biológico, bem como, relativamente à concetualização da temática da interpretação/divulgação do património geológico.

Utilizou-se a base cartográfica topográfica das folhas 87 e 101 da Carta Militar de Portugal à escala 1:25000 e cartografia geológica da folha 10-A (Celorico de Basto) da Carta Geológica de Portugal, à escala 1:50000 e respetiva notícia explicativa, para a realização dos diferentes mapas utilizando o software ArcMap 10.3.1 da ESRI e para análise dos dados das medições de fraturas utilizou-se dois softwares: Stereonet 8 e GEOrient 9.5.

O trabalho de campo incluiu a identificação in situ dos diversos elementos de valor patrimonial, procedendo-se à recolha de imagens e pesquisa dos melhores locais de observação dos elementos geomorfológicos, faunísticos e florísticos e recolha de dados dos principais pontos que definem o percurso pedestre que envolve as Fisgas de Ermelo e de outros locais na envolvência com valor patrimonial. Procedeu-se ainda à medição das atitudes

(21)

5 das fraturas em vários pontos e utilizou-se os softwares Stereonet 8 e GEOrient 9.5 para a análise dos dados.

Procedeu-se à aplicação de um método de avaliação do património geológico com avaliação do valor científico na área de estudo e preenchimento de fichas de inventariação do património geológico a qual se sustenta a conservação dos mesmos. Por fim procedeu-se à redação da dissertação aqui apresentada.

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2. Localização e caracterização da área de

estudo

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2.1. Localização Geográfica

Pelas Fisgas de Ermelo serem um conjunto de cascatas alimentadas pelo rio Olo, e Ermelo a aldeia mais importante, considerou-se a área de estudo toda a bacia hidrográfica do rio Olo a montante, e uma parte a jusante das cascatas (Figura 1). A área de estudo localiza-se no Norte de Portugal na província de Trás-os-Montes e Alto Douro, distrito de Vila Real e reparte-se pelos concelhos de Mondim de Basto e Vila Real. O concelho de Mondim de Basto é representado na área de estudo pela União de Freguesias de Ermelo e Pardelhas e Freguesia do Bilhó. O concelho de Vila real é apresentado na área de estudo pela União de Freguesias de Borbela e Lamas de Olo. A região a que nos reportamos faz parte integrante do Parque Natural do Alvão (PNAL) criado pelo Decreto-Lei nº 237/83 de 8 de Junho sendo limitada pela bacia hidrográfica do rio Olo, linhas de água e caminhos florestais. A zona envolvente às Fisgas de Ermelo é delimitada do lado Norte pelo caminho de servidão que inicia o rio Olo até ao caminho florestal que nasce na estrada municipal 1204, por este caminho florestal até ao miradouro das Fisgas, deste ponto pela estrada asfaltada até ao Fojo, seguindo a estrada municipal até à ponte sobre a ribeira das Forcadas. Do lado Sul é delimitada pelo caminho de servidão que inicia no rio Olo e termina no alto do Bolhão. A partir deste ponto, o limite é definido pelo ribeiro que desce pelas Malhadas, ao lado das silhas do Nabal até à ribeira de Fervença e daqui até à foz no rio Olo.

Ocupa uma superfície aproximada de 5884 hectares e enquadra-se na folha 87 (Vilar de Ferreiros) e 101 (Lordelo – Vila Real) da Carta Militar de Portugal, publicada pelo Instituto Geográfico do Exército à escala 1:25000 e insere-se na folha 10-A (Celorico de Basto) da Carta Geológica de Portugal, produzida pelos Serviços Geológicos de Portugal à escala 1:50000.

A região é acessível através do IP4 pela estrada nacional 304 (Campeã – Mondim de Basto) e estradas municipais 1204 e 1206 e através de Vila Real pelas estradas municipais, 313, 1203 e 1223. O acesso rodoviário também pode ser feito por Mondim de Basto seguindo as estradas municipais 1191 e 1200.

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8

2.2. Hipsometria e relevo

Para Baud (1999), o relevo é um dos principais fatores que determina a distribuição da precipitação, exercendo também influência acentuada na revelação de outros fatores climáticos, como a temperatura. O relevo condiciona a distribuição da precipitação, da temperatura e, consequentemente, da evapotranspiração numa bacia hidrográfica (Reis, 2000). As diferenças de dureza das rochas vão desempenhar, também, um papel fundamental no relevo.

A carta de declives do PNAL (Figura 2) evidencia, na área estudada, declives bastante acentuados no lado Ocidente, onde podem chegar a declives superiores a 25% como na zona envolvente das Fisgas de Ermelo e na ribeira de Fervença, sendo mais suaves e moderados do lado Oriente na zona pertencente ao Concelho de Vila Real.

Figura 1 - Localização Geográfica da área de estudo e envolvente às Fisgas de Ermelo (cedido pela Câmara

Municipal de Mondim de Basto).

Envolvente às Fisgas de Ermelo

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9 Para melhor interpretar o relevo da área de estudo recorreu – se à elaboração da carta hipsométrica (Figura 3), tendo – se definido quatro classes de intervalo de curvas de nível, sendo estas 200/400; 400/700; 700/1000; 1000/1300. As classes mais baixas encontram-se, onde estão localizadas as povoações de Ermelo e de Fervença e os vales onde corre o rio Olo, que corresponde a cerca de 1/3 da área de estudo onde as variações de altitude são mais elevadas. As classes mais elevadas encontram-se no planalto de Lamas de Olo e as povoações de Varzigueto e Barreiro e corresponde a cerca de 2/3 da área de estudo onde as variações de altitude são mais baixas.

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10 Figura 3 - Carta hipsométrica da área de estudo (cedido pela Câmara Municipal de Mondim de Basto).

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2.3. Clima

O clima exerce sensíveis influências noutros aspetos do ambiente físico. Para além de comandar os processos erosivos e interferir assim no modelado das formas de relevo, a sua ação faz-se sentir nas características dos cursos de água, dos solos, e da vegetação (Medeiros, 2009). A região apresenta um clima temperado atlântico de características mediterrâneas (POPNA, 2004). Insere-se, fundamentalmente na cabeceira do rio Olo que corre de nascente para poente em direção ao rio Tâmega, determinando uma bacia hidrográfica orientada a poente e exposta às influências das massas de ar marítimo que ascendem à cumieira que limita a área estudada no seu lado oriental (IDAD/ICN
1995). Esta situação contribui, de forma significativa, para os valores de precipitação elevados que se verificam nos meses de Inverno. Os Invernos são frios e chuvosos sendo frequente as ocorrências de neve nas terras altas, contrapondo-se aos Verões muito secos e quentes.

2.3.1. Temperatura

Na figura seguinte são apresentados os valores médios da temperatura do ar, para a estação climatológica de Vila Real no período de 1981 a 2010. As temperaturas médias mínimas registaram-se nos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, por sua vez as temperaturas mais altas registaram-se nos meses de Julho e Agosto.

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12 Tabela 1 - Valores de temperatura para Mondim de Basto nos anos de 2014 e 2015. Fonte:

https://www.meteoblue.com/pt/tempo/previsao/archive/mondim-de

basto_portugal_2737515?fcstlength=1m&year=2016&month=4 acedido em 20-12-2016.

Comparativamente com as temperaturas observadas nos anos de 2014 e 2015, para a estação meteorológica de Mondim de Basto, apresentadas na figura anterior, verifica-se que as temperaturas têm vindo a manter-se com invernos frios, com temperaturas negativas em alguns dias e Verões bastante quentes.

2014 Média máxima (ºC) Média Mínima (ºC) 2015 Média máxima (ºC) Média Mínima (ºC) Janeiro 13.4 8.4 Janeiro 12.9 5.4 Fevereiro 13.3 7.4 Fevereiro 12.7 6.2 Março 16 8 Março 16 8.5 Abril 17.1 12.1 Abril 19.6 11.7 Maio 18.6 12.3 Maio 21.1 13.6 Junho 21.7 15.3 Junho 23.3 15.4 Julho 23 16.4 Julho 23.1 15.5 Agosto 22.2 15.8 Agosto 23.2 15.4 Setembro 23.4 17.4 Setembro 21.5 13.9 Outubro 23.4 15.8 Outubro 20.9 14.3 Novembro 16.5 11.3 Novembro 18.9 10.8 Dezembro 13.8 6 Dezembro 16.9 10.5

Figura 4 - Variação da temperatura média mensal na estação de Vila Real (dados 1981-2010). Fonte: IPMA

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13 2.3.2. Precipitação

Os valores de precipitação, exprimem-se em mm de altura, onde 1 mm de precipitação significa 1 litro de água no estado líquido recebido da atmosfera por m2 de superfície horizontal do globo. Na figura seguinte apresentam-se os valores anuais da precipitação registada na estação de Lamas de Olo, no período de 1967-1997.

A precipitação anual no período de 1967-1997 em Lamas de Olo varia desde os 670 mm até aos 3000 mm. Os valores médios de precipitação ao longo destes anos são de 1400 mm. A figura seguinte da estação de Mondim de Basto nos anos de 2014 e 2015 mostram que a precipitação é maior nos meses de Inverno, atingindo por vezes mais de 50 mm por dia, e menor nos meses de Verão.

Figura 5 - Precipitação anual registada em Lamas de Olo no período de 1967-1997. Fonte: SNIRH (Sistema

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14

2.4. Hidrografia

A bacia hidrográfica do rio Olo (Figura 7) estende-se por uma área aproximada de 143.75 km2. A nascente localiza-se em Meroicinhas, na aldeia de Lamas de Olo, no concelho de Vila Real e alonga-se por 43,7 km até chegar à confluência com o rio Tâmega na freguesia de Fridão, concelho de Amarante.

A bacia hidrográfica do rio Olo é constituída por um conjunto de afluentes com características de pequenos cursos de água. Os afluentes com maior significado encontram-se na margem esquerda deste rio e são eles a ribeira de Fervença e o rio Sião. Este último, embora se localize fora da área de estudo constitui uma parte fundamental do sistema de abastecimento de água, à povoação de Ermelo, através do sistema de levadas. A ribeira do Vale Longo, afluente da margem direita do Olo, é igualmente um contribuinte significativo para a intrincada rede de levadas da área de estudo(POPNA, 2004).

Segundo Oliveira (1996), a bacia hidrográfica do rio Olo é pouco compacta, pelo que apresenta regime torrencial, aspeto típico de cursos de água que fluem em vales encaixados o que confere uma rápida capacidade de escoamento não estando, por isso, sujeita à ocorrência de cheias.

Figura 6 - Precipitação de 2014 e 2015 de Mondim de Basto.

Fonte: https://www.meteoblue.com/pt/tempo/previsao/archive/mondim-de-basto_portugal_2737515) consultado em 20-12-2016.

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15 Figura 7 - Rede hidrográfica da bacia do rio Olo na área de estudo (cedido pela Câmara Municipal de Mondim de Basto).

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2.5. Vegetação

Na área de estudo podem-se encontrar espécies raras, vulneráveis e em perigo de extinção (Figura 8), cuja conservação é condição indispensável para a preservação da biodiversidade. As formações arbóreas são caracterizadas pela presença dos carvalhais galaico-portugueses de carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e Carvalho-roble (Quercus robur), Vidoais (Betula alba) e pequenos núcleos de Sobreirais (Quercus suber). Os matagais são dominados por urzes, giestas, carquejas, sargaços e tojos. Os afloramentos rochosos são os habitats dominantes na área onde, floristicamente, se encontram um conjunto importante de espécies que vegetam, tanto nestes habitats rupestres, como noutros habitats naturais ou seminaturais, com influência humana. Os bosques de folhosas ocorrem junto das principais linhas de água e nas imediações das áreas agrícolas. As principais manchas de áreas agrícolas (lameiros e campos agrícolas) surgem associadas as aldeias de Ermelo, Varzigueto, Barreiro, Fervença.Os povoamentos de coníferas surgem principalmente associados a áreas ardidas e à vegetação arbustiva (POPNA, 2004).

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18

3.1. O Maciço Ibérico

3.1.1. Aspetos Gerais

O substrato da Península Ibérica corresponde essencialmente a um fragmento de soco varisco, parcialmente coberto por formações mesocenozóicas. O soco varisco apresenta idades que vão do Precâmbrico ao Paleozoico Superior e aflora essencialmente na zona ocidental da Península Ibérica, constituindo o Maciço Ibérico, Maciço Antigo ou Maciço Hespérico. Representa essencialmente o sudoeste do soco Varisco Europeu onde não registam reativações significativas durante os eventos tectonometamórficos alpinos (Dallmeyer & Martinez Garcia, 1990). O Maciço Ibérico é limitado a norte pelo mar Cantábrico, a oeste e a sudoeste pelo Oceano Atlântico, pela bacia do baixo Tejo e Sado e Orla Mesocenozóica Ocidental a este pelos depósitos de cobertura pós-variscos e a sudeste pela falha de Guadalquivir.

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19 O Maciço Ibérico foi subdividido por Lotze (1945) em seis zonas tectonoestratigráficas com base em critérios estratigráficos, magmáticos, metamórficos e estruturais. Ao longo do tempo, tem sido alvo de vários estudos que contribuem para o aprofundamento do conhecimento e desenvolvimento de modelos de evolução geodinâmica. Foram designadas de nordeste para sudoeste como: Zona Cantábrica, Zona Oeste-Astúrico-leonesa, Zona Galaico-Castelhana, Zona Oriental-Alcudiana, Zona de Ossa-Morena e Zona Sul-Portuguesa (Figura 9).

Mais tarde, estas zonas tectonoestratigráficas, foram subdivididas e reinterpretadas por outros autores, mas os limites determinados por Lotze mantiveram-se.

Destacando-se as alterações sugeridas por Julivert et al. (1974) que definem a Zona Centro-Ibérica por unificação das Zonas Galaico-Castelhana e Lusitana Oriental-Alcudiana, referindo-se à existência da subzona Galiza Média – Trás-os-Montes, posteriormente considerada como Zona de Galiza-Trás-os-Montes por Farias et al. (1987) e por Arenas et al. (1988). Quesada (1991) refere-se também à unidade de Galiza-Trás-os-Montes como zona e não com subzona.

Ao longo dos tempos, várias alterações foram efetuadas nas divisões do Maciço Ibérico, que refletem a evolução do conhecimento científico permitindo novas formas de abordagem e interpretação da evolução geodinâmica do maciço ibérico, quer da geologia. Um desses conceitos é o de “Terreno Tectonoestratigráfico” (Coney et al., 1980), sendo definido como uma unidade estrutural com continuidade estratigráfica, paleontológica, magmática, metamórfica e metalogénica; distinta dos terrenos circundantes, com fronteiras limitadas por acidentes tectónicos maiores ou “mélanges” tectónicas, que representam suturas desenraizadas, normalmente envolvendo histórias tectónicas complexas. A análise do Maciço Ibérico segundo a perspetiva de terrenos foi efetuada por Ribeiro et al. (1990) e Quesada (1991). Estes autores definem para a Cadeia Varisca Ibérica os seguintes terrenos tectonoestratigráficos:

i) Terreno Ibérico Autóctone, constituído pelas zonas Cantábrica, Oeste-Astúrico-Leonesa e grande parte das zonas Centro-Ibérica e de Ossa-Morena;

ii) Terreno Oceânico Setentrional, constituído pelos Terrenos Ofiolíticos da Galiza e de Trás-os-Montes;

iii) Terreno Alóctone Continental Setentrional, formado pela unidade superior do Complexo Galaico-Transmontano;

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20 iv) Terreno Oceânico Meridional, constituído pelo Complexo Ofiolítico de Beja-Acebuches, definido por Munhá et al. (1986) e Quesada et al. (1994) e por formações de natureza oceânica do Antiforma do Pulo do Lobo;

v) Terreno Sul-Português, que corresponde à Zona Sul-Portuguesa.

Apresentam-se de seguida, algumas características básicas geológicas mais importantes das zonas onde se localiza a área de estudo no Maciço Ibérico.

3.1.2. Zona Centro-Ibérica

A Zona Centro-Ibérica (ZCI) localiza-se na parte central do Maciço Ibérico entre a Zona Oeste-Astúrico-Leonesa e a Zona de Ossa-Morena. Tem como limites a Norte a Zona Oeste-Astúrico-Leonesa, a Este depósitos de cobertura pós-variscos, a Oeste a falha Porto-Tomar e a Sul a Zona de Cisalhamento Porto-Tomar-Badajoz-Córdoba.

Para Ribeiro et al. (1990), a Zona Centro-Ibérica é dividida em duas sequências: autóctone e alóctone. Neste trabalho a Zona Centro-Ibérica corresponde à sequência autóctone (Figura 10) e a Zona Galiza Trás-os-Montes à sequência alóctone.

No que diz respeito à litoestratígrafia paleozoica e à deformação varisca a ZCI subdivide-se em três domínios com algumas particularidades que os distinguem:

 Domínio do olho-de-sapo que corresponde essencialmente a um complexo plutonovulcânico granítico;

 Domínio do Complexo Xisto- Grauváquico que é marcado por uma espessa sequência terrígena;

 Domínio Meridional que corresponde a unidades do Neoproterozóico Superior/Câmbrico Inferior com estreita ligação com as da Zona de Ossa-Morena (Martínez Catalán et al., 2004).

Estratigraficamente a Zona Centro-Ibérica carateriza-se pela presença do Complexo Xisto-Grauváquico, mais tarde nomeado por Supergrupo Dúrico-Beirão por Sousa (1983) pela junção de dois grandes domínios distintos: o Grupo das Beiras e o Grupo do Douro. Representa a sedimentação contínua desde o Precâmbrico Superior até ao câmbrico, uma vez que em Espanha são reconhecidas faunas Câmbricas ou calcários reconhecidos do Câmbrico (Julivert et al., 1974).

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21 De seguida ao Complexo Xisto-Grauváquico depositou-se, em discordância, o Ordovícico. Esta discordância representa uma fase de deformação designada por Lotze por fase Sarda.

No Ordovícico Inferior depositou-se na base um conglomerado que representa a transgressão Ordovícica e de seguida, um quartzito de idade Arenigiana, o Quartzito Armoricano. No Ordovícico Médio é reconhecida a formação de xistos a filitos negros e, na parte superior do Ordovício é composto por arenitos e argilitos. No Ordovícico Superior são possíveis de identificar calcários onde ocorreu um importante vulcanismo associado a uma plataforma carbonatada (Julivert et al., 1974). O Ordovícico está bem representado pelos extensos afloramentos e pelo seu rico conteúdo fossilífero.

O Silúrico depositou-se sobre o Ordovícico composto por unidades de sedimentos finos que deram origem a argilitos negros, liditos e calcários.

O grau metamórfico que afeta os terrenos da Zona Centro-Ibérica é variável, associado a metamorfismo de baixa temperatura e pressão intermédia (tipo Barroviano). O grau mais elevado está concentrado na zona Norte-Centro, sendo cada vez menor para Sul da ZCI (Dias et al., 2013).

Só em 1987, Farias et al., separam e individualizam as duas zonas, passando a Zona Galiza Trás-os-Montes a ser uma zona tectonoestratigráfica distinta da ZCI atendendo às características litológicas e estruturais demonstradas pelo intenso vulcanismo e plutonismo descrito anteriormente por Julivert et al. (1974).

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22 3.1.3. Zona de Galiza Trás-os-Montes

A Zona Galiza Trás-os-Montes (ZGTM) localiza-se no Norte da Península Ibérica a poucos quilómetros a Este de Corunha até à costa da Galiza e estende-se para Sul passando um pouco a Norte de Murça e Torre de Moncorvo (Figura 11).

A Zona Galiza Trás-os-Montes é classicamente constituída por dois domínios:

 Sequência inferior ou parautóctone

 Sequência superior ou alóctone

A sequência inferior ou vulgarmente conhecida por Parautóctone compreende duas unidades: Parautóctone Inferior e Parautóctone superior. Em termos estratigráficos os

Figura 10- Distribuição do Autóctone Centro-Ibérico (Zona Centro-Ibérica)

Zona Galiza- Trás-os-Montes (ZGTM), Zona Oeste Astúrico-Leonesa (ZOAL) e Zona Ossa Morena (ZOM) (Adaptado de Diez Balda et al., 1990).

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23 domínios Parautóctones são muito semelhantes à do Autóctone da Zona centro-Ibérica (Rodrigues et al., 2013).

De acordo com Ribeiro et al. (1990) a ZGTM corresponde a um conjunto de mantos de carreamento que definem quatro grandes unidades: Complexo Parautóctone; Complexo Alóctone Inferior; Complexo Ofiolítico; Complexo Alóctone Superior.

O complexo Parautóctone é constituído por sequências metassedimentares Silúricas. Normalmente o metamorfismo é de baixo grau não ultrapassando as fáceis dos xistos verdes.

O complexo Alóctone Inferior é constituído por formações metassedimentares do Ordovícico Superior ao Devónico Inferior sobrepondo-se ao Complexo Parautóctone (Ribeiro e Pereira, 1997). Quanto ao metamorfismo verifica-se a ocorrência de alta pressão (fáceis dos xistos azuis) ao qual se sobrepõe metamorfismo nas fáceis dos xistos verde e/ou anfibolítica (Munhá et al., 1984).

O Complexo Ofiolítico é constituído da base para o topo por peridotitos, “flasergabros” e anfibolitos (Ribeiro e Pereira, 1997). O metamorfismo é de médio grau posicionando-se nas fáceis dos anfibolitos.

O Complexo Alóctone Superior é constituído do topo para a base por micaxistos, ortognaisses, granulitos máficos e metaperidotitos. O metamorfismo é de alto grau pois é possível observar na zona do Maciço de Morais várias escamas tectónicas constituídas por rochas derivadas de basaltos que sofreram metamorfismo de alto grau, esmagamento e recristalização (gnaisses quartzo-feldspáticos, granulitos máficos blastomiloníticos e peridotitos com granada). Estas últimas rochas ultramáficas, peridotitos de alta pressão (com granada), distinguem-se dos peridotitos de baixa pressão (com feldspato) do Complexo Ofiolítico.

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24

3.2 Maciço Ibérico na cadeia varisca

A megaestrutura Arco Ibero-Armoricano liga o Maciço Ibérico ao Maciço Armoricano, relacionando o Maciço Ibérico com a restante Cadeia Varisca Europeia (Dias e Ribeiro, 1994). A correlação entre estes dois maciços é evidenciada por critérios estruturais, paleogeográficos, magmáticos e metamórficos (Perroud, 1982).

Vários modelos de génese e evolução geodinâmica do Arco Ibero-Armoricano, têm sido propostas por vários autores nas últimas décadas, no entanto, apenas será descrito neste trabalho um modelo. Segundo Brun & Burg (1982) a evolução geodinâmica do Arco

Ibero-Figura 11 - Mapa geológico esquemático da Zona de Galiza e Trás-os-Montes (segundo

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25 Armoricano ocorre em quatro etapas que correspondem a quatro períodos geológicos distintos (Figura 12).

No Ordovícico superior formou-se uma zona de subducção intra-oceânica, com direção aproximadamente, E-W e mergulho para N, limitada a W por uma falha transformante esquerda; é provável que um arco vulcânico e uma bacia (back arc basin) se tenham, também, formado. No Silúrico começou a obdução do arco vulcânico.

No Devónico inferior verificou-se a colisão de dois continentes. É, neste momento, que a interação entre falhas transformantes e os cavalgamentos intra-continentais se torna afetiva. Os movimentos relativos entre os dois continentes, inicialmente transversais, evoluem para movimentos longitudinais sinestrógiros, reativando os planos de cavalgamento primários.

Após o Devónico superior e durante o Carbónico, a deformação é tipicamente intracontinental e a curvatura do Arco fomenta-se até à ocorrência de cavalgamentos na sua parte interna, com desenvolvimento de uma rede de desligamentos conjugados tardios, que são essencialmente dextrógiros na Bretanha e sinestrógiros na Península Ibérica.

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3.3. Evolução geológica das Fisgas de Ermelo

Há cerca de 550 milhões de anos, no Câmbrico, a Península Ibérica ocupava a margem Norte da Extensa placa Gondwanica. Neste período, ocorreu a abertura de um fosso marinho continental (Rifte continental) gerado por estiramento da crusta que contribuíram para o seu adelgaçamento e para a ocorrência de movimentos subsidentes. Este processo permitiu a deposição de uma extensa e espessa sequência de sedimentos turbidíticos pelo abatimento de grandes blocos da crusta dando origem à formação de bacias profundas de sedimentação (Figura13).

Figura 12 - Evolução geodinâmica do Arco Ibero-Armoricano (adaptado de

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27 No final do Câmbrico, o regime extensional que permitiu a deposição de uma coluna de sedimentos, passou a um regime transgressivo dando lugar a uma sedimentação marinha de baixa energia e profundidade no Ordovícico Inferior onde se depositou o Quartzito Armoricano(Figura 14).

Figura 13 - Formação de uma depressão marinha onde ocorre deposição de sedimentos (modificado de Pereira

et al., 2004).

Figura 14 - Deposição dos sedimentos do Ordovícico por cima dos sedimentos do Câmbrico depositados

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28 No Ordovícico Superior, a expansão do oceano primitivo deu origem à alteração da sedimentação, passando de baixa profundidade para maior profundidade, prosseguindo até ao Devónico (Ribeiro, 1984).

Na transição para o Silúrico na região, verifica-se uma lacuna, onde faltam terrenos do topo do Ordovícico. Esta transição faz- se de forma gradual de xistos ardosíferos para xistos negros carbonosos. A instabilidade da litosfera oceânica evolui para uma situação de subducção onde a placa Armórica individualiza-se, deslocando-se no sentido das placas Laurentia e Báltica dando origem à deformação dos materiais até então depositados.

No fecho do Oceano primitivo e formação da Pangeia, a deformação acentuou-se e formaram-se magmas que ascenderam com facilidade através dos núcleos dos anticlinais gerados no processo colisional (Figura 15).

Segundo a Opinião de Shelley & Bossière (2000) a placa Laurentia cisalhou ao longo da margem do Gondwana dando origem à formação do Pangeia. Mais tarde a colisão do Pangeia formou a cadeia montanhosa onde os movimentos alpinos do Cenozoico reativaram fraturas de direção dominante NE-SW e introduziram diferenças no relevo, resultantes da diferente resistência das rochas (Figura 16). Estas ações erosivas resultantes da tectónica de placas permitiram o afloramento das rochas que hoje podemos observar na região.

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3.4. Geologia da área de estudo

Os primeiros trabalhos de cartografia da área de estudo estão integrados na publicação da carta geológica de Portugal à escala 1:50000 - folha 10-A Celorico de Basto (Anexo B). Segundo Pereira (1989) as rochas presentes na área de estudo pertencem sobretudo ao autóctone da Zona Centro-Ibérica. As formações estendem-se desde o Câmbrico até ao Devónico. Na zona envolvente às Fisgas de Ermelo predominam rochas metamórficas de origem sedimenta, enquanto a Oeste predominam rochas essencialmente graníticas. A figura seguinte mostra a geologia simplificada da área de estudo.

Figura 16 - Deformação das rochas devido a um movimento compressivo que conduz ao fecho do Oceano

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30 Figura 17 - Carta geológica da área de estudo (modificado de POPNA, 2004).

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31 3.4.1.Terrenos Autóctones

Na base da sequência do autóctone da área de estudo, que foram inicialmente definidas por Ribeiro (1974), posteriormente modificadas e revistas por Meireles et al. (1995,1997), Ribeiro & Pereira (1997), encontra-se a formação de desejosa.

3.4.1.1. Formação de desejosa – Câmbrico Superior

Trata-se de uma unidade integrada no topo da extensa sequência turbidítica que recebe a dominação de Complexo Xisto-Grauváquico (CXG) e que testemunha uma fase de intensa sedimentogénese no fosso Centro-Ibérico. É caraterizada essencialmente por uma alternância desde as escalas milimétricas até as escalas centimétricas, de xistos de coloração negra com leitos finos de siltitos quartzosos, o que lhes confere um aspeto típico listrado e monótono. Em algumas áreas, podem ocorrer leitos de metagrauvaques e/ou metaquartzograuvaques, por vezes com um componente carbonatado. As rochas calco-silicatadas não são raras e, geralmente, estão associadas aos grauvaques. Tal como nas restantes formações do CXG, reconhece-se na Formação da Desejosa o carater turbidítico da sedimentação, característico de um período de acumulação de grandes massas sedimentares, em regime de extensão. A formação da desejosa constitui a única que, no CXG aflorante em Portugal, permitiu o reconhecimento de fósseis animais, embora raros e mal preservados (Rebelo e Romano, 1986).

3.4.2. Ordovícico

3.4.2.1. Formação do Quartzito Armoricano (QZ) – Ordovícico Inferior

Constitui a litofácies mais característica do Ordovícico inferior e compreende, na base, conglomerados e quartzitos impuros, a que se seguem xistos cinzentos-negros com intercalações de quartzitos e metassiltitos e bancadas mais ou menos espessas de quartzitos imaturos, com intercalações finas de xistos negros, e níveis ferríferos a que se seguem ainda xistos negros (Pereira, 1987).

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32

1 2

3

No domínio considerado, a Formação do Quartzito Armoricano mostra fáceis detríticas, de águas pouco profundas, transgressivas sobre as áreas dobradas ou levantadas do fosso Centro-Ibérico e sobretudo transgressivas sobre a zona emersa referida. Mesmo as Jazidas de Ferro no topo da formação foram necessariamente depositadas em águas pouco profundas e relativamente calmas do bordo continental (Pereira, 1989). Sá et al. (2005) para as unidades litoestratigráficas da serra do Marão descreve a Formação Marão, com características análogas à Formação do Quartzito Armoricano. É possível ainda estabelecer uma correlação entre os membros descritos por Sá et al. (2005) e as observações efetuadas na área de estudo assim da base para o topo:

 Membro Ermida é marcado pela ocorrência de níveis conglomeráticos, constituídos por clastos de quartzo na base (Figura 18) e níveis de quartzito impuro;

 Membro Malhada é marcado pela ocorrência de quartzitos puros maciços, ricos em ferro que confere coloração castanho-escura (Figura 19) intercalados com xisto e filitos de coloração negra;

Figura 18 - Conglomerado de base do Ordovícico com clastos de quartzo. Os clastos variam de tamanho, desde

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33

 Membro Fragas de Ermida é caraterizado pelo aspeto listado da alternância de níveis de psamitos, de cor clara, com níveis de filitos cinzentos- escuros a negros (Figura 20).

Figura 19 - Afloramento do membro malhada. É o membro onde é possível

observar os níveis de ferro que fornece a coloração acastanhada e onde é provável encontrar granadas nos níveis mais pelíticos.

(50)

34 3.4.2.2. Formação de Pardelhas – Ordovícico Médio

Esta formação tem equivalentes litoestratigráficos recentes como a Formação Moncorvo (Sá et al., 2005).

Para Pereira (1989) esta formação é constituída por xistos micáceos e filitos com intercalações centimétricas de metassiltitos, a que se sucedem filitos e xistos cinzento-azulados e, no topo da formação, uma sucessão monótona de xistos ardosíferos (Figura21). Da elevada energia registada na deposição do Quartzito Armoricano passa-se, nesta formação, a uma energia intermédia na deposição de camadas transicionais para dar lugar, por fim, a um ambiente de baixa energia onde se depositam sedimentos argilo - carbonosos de tipo pelágico. Sá et al. (2005) define a litologia da equivalente Formação Moncorvo como uma sequência muito monótona de xistos cinzentos-claros ou escuros. É possível observar pirites oxidadas.

3.4.2.3. Corneanas pelíticas e carbonosas

Segundo Pereira (1989) a presente unidade esta presente na região de Alvadia e Lamas de Olo, representada por cortinas de xistos negros intercalados nos granitos. Contactam inferiormente com o Quartzito Armoricano que também ocorrem no interior da unidade em bancadas desmanteladas e “boudinadas”. O alto grau de metamorfismo e deformação induzida

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35 pela instalação dos granitos, não permite atribuir, com segurança, os xistos negros à Formação de Pardelhas, admitindo-se portanto que também poderá estar representada a Formação de Campanhó.

3.4.3. Silúrico

3.4.3.1. Formação de Campanhó

Esta unidade é constituída sobretudo por xistos negros carbonosos a que se sucedem níveis espessos de liditos, com intercalações de ampelitos que se tornam persistentes para o topo da unidade. Na parte terminal da unidade, um membro com características deposicionais diferentes, da parte inferior da série, composto da base para o topo por um banco de quartzitos claros, ampelitos impregnados de carbonatos, fosfatos, óxidos e sulfuretos de ferro, calcários cinzentos-escuros (Figura 22) e na parte terminal xistos carbonosos e um banco de quartzitos escuros. As fáceis referidas apontam dois ambientes, inicialmente depositam-se sedimentos finos pelágicos ricos em matéria orgânica, representativos do Silúrico inferior e médio. Correspondem a um ambiente pouco oxigenado sem circulação de água e com fraca energia de sedimentação. Quanto aos quartzitos e calcários traduzem um ambiente de águas pouco profundas, talvez do tipo recifal (Pereira, 1989).

(52)

36 3.4.4. Terrenos parautóctones

3.4.4.1. Unidade de Canadelo

Esta unidade pode ser dividida em duas subunidades: subunidade inferior onde constam os xistos carbonosos com intercalações de ampelitos, liditos e quartzitos; subunidade superior que consta de uma parte inferior com pelitos cinzentos e negros finamente laminados, uma parte intermedia com alternância entre pelitos e metassiltitos com intercalações quartzíticas e uma parte superior com metagrés e metagrauvaques culminando com ritmos finos de fáceis televulcânicas ácidas e recorrências pelíticas e grauvacóides (Pereira, 1989).

3.4.5. Rochas Graníticas

3.4.5.1. Maciço Compósito de Vila Real

Insere-se nas Hercínicas de Génese Mesocrustal, Sin-tectónicas relativamente a F3, de onde se podem destacar as manchas de Granito de duas micas, grão médio a grosseiro, com esparsos megacristais (Granito de Vila Real) que é considerado o granito regional. Encontra-se muito deformado por cisalhamentos dextros, de direção N50°W, ao longo de 3-4 km de largura. Esta estrutura admite várias outras paralelas, retomadas nas fases tardias por fracturação frágil. Umas e outras são responsáveis pela foliação em todo o maciço com aquela direção aproximada (Pereira, 1989).

3.4.5.2. Granito de Lamas de Olo

A mancha de granito de duas micas, grão fino, ocorrem em “stocks” de pequeno volume que, assumem a orientação geral da estrutura. Intruem o granito de duas micas, de grão médio a grosseiro, com esparsos megacristais e relevam acentuada foliação definida pelo alinhamento das micas. Biotite e moscovite ocorrem em percentagens equivalentes (Pereira, 1989).

A mancha de granito de duas micas, grão médio a grosseiro, porfiroide, que se trata de um diferenciado do granito regional, enriquecido em feldspato potássico; admite

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37 orientação planar dos megacristais ou deformação da matriz paralela às estruturas de F3 (Pereira, 1989).

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39

4.1. Fauna

Os sucessivos estudos realizados na área de estudo, nos últimos anos, têm vindo a fornecer conhecimento acerca da fauna, no entanto este ainda está longe de ser completo. Existem 177 espécies da fauna de vertebrados das quais 171 são vertebrados terrestres e 6 são peixes dulçaquícolas (POPNA, 2004). Dos grupos faunísticos presentes no Parque Natural do Alvão, as aves são aquele com maior representação (Figura 23).

4.1.1. Anfíbios

Os anfíbios dispõem da maior diversidade de modos reprodutivos. Ocorrem em diversos ambientes de água doce e terrestres, exceto algumas ilhas oceânicas e regiões próximas aos círculos polares (Haddad & Prado, 2005). São um grupo muito vulnerável às variações ambientais como a destruição, alteração e fragmentação dos seus habitats que causam enorme impacto nas populações (Bosch, 2003). Assim, podem ser considerados indicadores ecológicos de qualidade do ambiente uma vez que denunciam a degradação de uma área antes de qualquer outra espécie (Krishnamurthy, 2003).

No POPNA, (2004) considera-se a ocorrência de 10 espécies de anfíbios, 50% das quais constam do anexo II da Convenção de Berna. Destacam-se:

Salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica), que ocorre em habitats com elevada humidade relativa e temperatura amena, em margens de ribeiros de montanha, de água

Figura 23 - Riqueza específica por grupo faunístico para o

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40 límpida e bem oxigenada, com vegetação ripícola, e na proximidade de bosques de caducifólias e lameiros ou outros biótopos. Os adultos alimentam-se de insetos, aracnídeos e moluscos de pequenas dimensões, que apanham projetando a sua língua pedunculada. As larvas alimentam-se de pequenos insetos aquáticos, moluscos e crustáceos (Ferrand et al., 2001).

Sapo-parteiro (Alytes obstetricans) ocupa uma grande diversidade de habitats, desde pinhais, montados, zonas abertas que vão desde zonas rochosas de montanha até campos agrícolas e, áreas urbanas, e alimentam – se de centopeias, besouros, grilos, escaravelhos, moscas, aranhas e lesmas.

Sapo-corredor (Bufo calamita) que ocorre em lugares húmidos e escuros como debaixo de grandes pedras e troncos, fendas, tocas de pequenos roedores, minas e grutas e alimentam-se essencialmente de escaravelhos, moscas, minhocas, larvas de insetos e as larvas são predominantemente herbívoras e detritívoras.

Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi) habita preferencialmente as imediações de massas de água com algum coberto vegetal e terrenos encharcados (Cabral et al., 2005) e alimentam-se de insetos, aranhas, caracóis, e minhocas, enquanto as larvas se alimentam de matéria vegetal e detritos (Oliveira & Crespo, 1989).

Rã-ibérica (Rana ibérica) que habita áreas de montanha junto a ribeiros com abundante vegetação ripícola e na proximidade de bosques de caducifólias ou lameiros, e em lagoas, charcos ou prados húmidos e alimenta-se essencialmente de pequenos invertebrados como aranhas, larvas de insetos, caracóis e escaravelhos.

As espécies são comuns na área de estudo, procurando os charcos, zonas alagadiças, linhas de água, tanques, poços, minas e locais mais húmidos e umbrosos, ou seja, locais onde a água marca presença, havendo casos como o sapo-parteiro, o sapo-comum e o sapo-corredor que, fora da época reprodutora, ocorrem um pouco por todos os biótopos da zona de estudo incluindo os mais afastados dos corpos de água.

4.1.2. Répteis

Os répteis são um grupo de animais que apresentam como principais características a pele coberta por escamas e dependem de fontes externas de calor para regular a temperatura corporal. Tal como os anfíbios são um grupo sensíveis a mudanças ambientais provocadas pelo homem, podendo ser bons indicadores de qualidade ambiental (Faria et al., 2007).

Referências

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