• Nenhum resultado encontrado

3. Capítulo II – O Bairro de Moema

3.2.8. Verticalização, Urbanização e o “batismo” do bairro como Moema

3.2.8.1. Verticalização e Urbanização

Segundo Rocha (2003, p. 54), nas primeiras décadas do bairro, havia pouco comércio, sendo que somente o básico, como padarias, vendas e farmácias, era oferecido e, assim mesmo, entende-se que era em apenas alguns comércios. Para fazerem compras maiores, os moradores precisavam se deslocar para a Vila Mariana.

Situação bem diversa da que hoje o Bairro de Moema apresenta. Essa evolução, ao longo das décadas, certamente tem a ver com a transformação de um bairro misto, industrial e residencial, com poucos estabelecimentos comerciais, para um bairro misto, residencial de classe média alta, impulsionado pela especulação imobiliária e a verticalização, e comercial, com variedade de comércio, oferecendo desde a gastronomia, concessionárias de veículos e shopping center.

Como marco do início da verticalização de São Paulo, pode ser considerada a edição dos Códigos de Obras de 1920, 1929 e 1934, que, segundo Campos (2004), vinculam “[...]a altura dos edifícios à largura das ruas[...]” o que abriu “[...]caminho para os primeiros ‘arranha-céus’ ” na colina central de São Paulo.

Ao longo das décadas de 1930, 40 e 50, o Código de Obras foi sendo revisto “[...] no sentido de tentar disciplinar[...]” o processo de verticalização, “[...]mas com resultados díspares.” (CAMPOS, 2004)

Em 1957, a Lei nº 5.621, que propunha a limitação do coeficiente de aproveitamento de quatro vezes da área de terreno e que foi ampliado para os edifícios comerciais, para seis vezes, por pressão dos construtores, acabou, assim, impondo limite para a altura máxima dos edifícios.

Embora esse coeficiente de seis vezes fosse para edifícios comerciais, acabou por servir para contornar a limitação de quatro vezes para os edifícios residenciais, já que muitas plantas residenciais eram apresentadas para aprovação na prefeitura como plantas comerciais, sendo construídos depois edifícios residências.

Porém, conforme Rocha (2003, p. 70):

[...] foi estabelecido também uma cota mínima de 35 m², o tipo de população que poderia morar em apartamentos. Esta cota, aliada ao coeficiente de aproveitamento de seis, o praticado na época, resultava em

unidades mínimas de 210m², gerando, assim, apartamentos de médio e alto padrão, excluindo, desta forma, a população de baixa renda.

Isso, aliado ao fato que, na década de 1960, os terrenos de Indianópolis, bairro periférico na época, eram grandes e pouco valorizados; a sua proximidade ao Parque Ibirapuera, atraiu o interesse das construtoras e assim “[...]inicia o processo de alteração de suas características originais, apresentando aumento de atividades terciárias e início de verticalização habitacional[...]” o que leva à administração municipal a retirar a linha de bonde, arborizar e asfaltar a Avenida Ibirapuera, o que impulsionou o desenvolvimento da região. (ANTONUCCI, 2005. p.249).

Já a partir do início da década de 1970, com as modificações ocorridas na Lei de Zoneamento, que favoreceu a ocupação mista residência-comercial na região e a instalação do Shopping Ibirapuera em 1976, há um grande incentivo para a atração de investimentos imobiliários tanto residenciais como comerciais.Isso, aliado ao chamado “milagre econômico” da década de 1970, gerou uma alta valorização do m² e a grande verticalização no Bairro de Indianópolis.

Segundo Rocha (2003, p.77), a verticalização de Indianópolis não ocorreu de forma dispersa e uniforme pelo bairro. Como o bairro é dividido pela Avenida Ibirapuera, sendo que uma parte fica delimitada pela Avenida Santo Amaro e Avenida Ibirapuera, tendo as suas ruas normalmente denominadas com nomes de pássaros e a outra parte localizada entre a Avenida Ibirapuera e o complexo 23 de Maio, Rubem Berta, Moreira Guimarães e Washington Luiz, tendo as suas ruas denominadas com nomes indígenas.

A verticalização se iniciou na parte que tem ruas com nomes de pássaros e, quando os terrenos disponíveis começaram a escassear, as construtoras passaram a construir na parte do bairro que tem ruas com denominações indígenas.

A alteração de zoneamento provocada pela Lei nº 7.805/72, embora reduzisse o coeficiente de aproveitamento, variando entre duas a quatro vezes a área dos terrenos, que segundo Rocha (2003, p. 93), tinha a intenção de “[...]um espraiamento da verticalização[...]", a disponibilidade de terrenos ocupados com casas e sobrados faz com que as construtoras passassem a adquirir mais terrenos que unificados, permitiriam construir o mesmo número de andares que antes.

Em 1986, a Lei nº 10.209, que lançava a chamada “operação interligada”, permitia, ao se construir, que se comprasse exceções ao zoneamento em troca de

construção de habitações populares, ultrapassando o coeficiente de aproveitamento previsto em lei.

A partir dessas mudanças de uso do solo, começou, então, a se instalar um novo e importante setor de serviços no bairro.

Edifícios modernos e geralmente com aspecto “futurista” de flats, empreendimentos que conjugavam “[...] salas comerciais e unidades de hospedagem [...]”, além de grande número de hotéis, alguns dos quais ocupando uma quadra inteira ou cerca de um terço da quadra; isso tudo ocorreu “[...] em função da proximidade do Aeroporto de Congonhas [...]”. (ANTONUCCI, 2005. p.259), sendo que essa proximidade era, inclusive, utilizada por esses empreendimentos em suas propagandas. (Anexo 1).

Hoje, rebatizado por Moema, o bairro é essencialmente comercial e residencial de médio e alto padrão, famoso pela sua vida noturna e serviços e por sua boa infraestrutura e equipamentos públicos.

3.2.8.2. Moema

Devido à antiga estação de Moema, que depois se transformou no Largo de Moema com a sua Igreja, o bairro sempre foi popularmente conhecido por Moema.

Em 15 de Outubro de 1987, o então Prefeito Jânio Quadros define, como já foi mencionado antes, os limites do bairro, com a nova denominação de Moema.

Em 15 de Janeiro de 1991, a ex-Prefeita Luiza Erundina assinou a Lei nº 10.932, que instituiu a divisão geográfica do Município de São Paulo, determinando, com essa mesma lei, a delimitação do Distrito de Moema. Essa norma, porém, foi revogada e substituída pela Lei nº 11.220, de 11 de Maio de 1992, assinada também pela ex-Prefeita Luiza Erundina, que também institui a Divisão Geográfica da cidade de São Paulo em Distritos.

4.

Capítulo III – A relação entre o Aeroporto de Congonhas e a

Documentos relacionados