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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.2 VIDA ÚTIL DE PROJETO (VUP)

A avaliação de desempenho dos materiais e componentes presentes nos prédios, nesta pesquisa, diz respeito a verificação da vida útil de projeto (VUP), por meio dos limites mínimos (min) e superiores (sup), conforme determinado pela norma ABNT NBR 15.575-1:2013 (ABNT, 2013), em relação a vida útil de serviço ou utilização que foram definidas para as partes do prédio. As planilhas detalhadas referentes às análises estão no Apêndice C, onde nestas constam os campos relativos à identificação das partes da edificação, aos limites de vida útil estipulados pela referida norma, à vida útil de serviço e à motivação para realização de cada intervenção.

a) Prédio A

A vida útil de serviço ou de utilização foi determinada conforme o estudo realizado no item 3.2.1.1, além de avaliação subjetiva, tátil e visual - por meio da técnica de observação participante (OP) - empregada aos materiais e componentes constantes da edificação.

Por exemplo, as partes do prédio que remetem à época da construção (fundação, estruturas de concreto, alvenaria, estrutura de cobertura, pisos etc.), no caso 1954, foram consideradas como tendo 65 anos (1954 – 2019) para o tempo de serviço destes itens. Já outras partes (janelas, portas, instalações, algumas louças sanitárias, móveis de madeira etc.), foram datadas da época da última reforma documentada em 1975, resultando em 44 anos de utilização. Para algumas partes mais recentes foram estimadas idades, tais como: forros de gesso e PVC, janelas de alumínio, acessórios de banheiro e demais itens para acabamento.

Neste contexto, o Gráfico 10 apresenta os dados compilados, onde neste constam as partes analisadas da edificação (eixo X), a escala em anos na vertical (eixo Y) e linhas traçadas em cores distintas referentes a vida útil. A cor cinza representa a linha relativa à vida útil de serviço (definida no estudo), onde é possível verificar que a mesma se inicia entre os limites da norma, especificamente no intervalo das partes referentes a estrutura e alvenaria.

No entanto, grande parte dos materiais e componentes da edificação encontram-se muito acima do limite superior da vida útil de projeto (linha laranja). Tal constatação indica que a maioria das partes analisadas do prédio, em função da quantidade de itens e não volume, apresentaram tempo de serviço em anos além dos limites previsto na norma ABNT NBR 15.575- 1:2013 (ABNT, 2013).

Gráfico 10 – Vida útil de serviço ou utilização dos materiais e componentes do Prédio A

Fonte: O autor (2020).

Os quantitativos percentuais em termos de frequência (não volumes) dos materiais e componentes foram subdivididos conforme a motivação apurada para cada intervenção realizada, item 2.2.5, sendo classificados em função da constatação de: obsolescência, deterioração e “não houve intervenção”. Nesse sentido, pelo Gráfico 11 verificou-se que a obsolescência foi a motivação mais recorrente para as intervenções (retirada da edificação/substituição) respondendo por 61,67%, sendo que a deterioração representou apenas 11,67%. Não houve intervenção (mantido no prédio) para os 26,67% restantes.

Cabe mencionar que a obsolescência pode ser funcional, tecnológica ou econômica. Porém, para o estudo em questão não foi especificado o tipo de obsolescência, pois foi avaliado que esta informação não faria diferença para os resultados finais, sendo que caso houvesse essa especificidade, a maioria dos materiais e componentes seria atribuído à obsolescência funcional. Assim, a durabilidade que ensejaria em reutilização é resultante dos materiais e componentes que foram mantidos (não houve intervenção) e àqueles obsoletos, porém ainda em condições satisfatórias para o uso, no caso reutilização em outro local.

Em síntese, esta análise constatou que o tempo de serviço/utilização acima dos limites estabelecidos pela norma não é indicativo de durabilidade.

Gráfico 11 – Motivação para realização das intervenções no prédio A

Fonte: O autor (2020). 0 10 20 30 40 50 60 70 80

VUP mín (anos) VUP sup (anos) VU de serviço/utilização (anos)

61,67%

11,67% 26,67%

b) Prédio B

De maneira semelhante ao enquadramento realizado para o Prédio A, porém com a diferença de que o Prédio B foi construído no ano de 1968, as partes remanescentes da época da construção (fundação, estruturas de concreto, alvenaria, estrutura de cobertura, pisos, etc.) foram consideradas com 51 anos (1968 - 2019) de utilização. Outras partes (mezanino, janelas, portas, instalações, algumas louças sanitárias, móveis de madeira etc.) são da época da reforma de 1975. O restante dos materiais e componentes existentes, mais recentes no prédio, tiveram o tempo de utilização estimados de acordo com avaliação empírica, tátil e visual.

Com relação à análise da vida útil de serviço ou utilização, verifica-se por meio do Gráfico 12 que linha cinza se inicia ligeiramente acima do limite da VUP mín, se mantendo para as partes relativas à estrutura de concreto, alvenaria e estrutura de cobertura. As demais partes estão muito acima dos limites de VUP sup, com exceção de poucos materiais e componentes, tais como divisórias, forros de PVC e acessórios.

Desta forma, constatou-se que a maioria das partes do Prédio B apresentaram tempo de serviço em anos além dos limites previsto na norma ABNT NBR 15.575-1:2013 (ABNT, 2013).

Gráfico 12 - Vida útil de serviço ou utilização dos materiais e componentes do Prédio B

Fonte: O autor (2020).

Seguindo a mesma linha de raciocínio empregada para o Prédio A, analisando o Gráfico 13 verificou-se que a obsolescência também foi a motivação mais recorrente para as intervenções (retirada da edificação/substituição) respondendo por 58,49%, a deterioração com 16,98%. Não houve intervenção (mantido no prédio) para os 24,53% restantes.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Ainda, é possível verificar que o Prédio B (16,98%) apresentou mais partes deterioradas em relação ao Prédio A (11,67%). Além disso, houve mais reutilização no próprio local no Prédio A (26,67% contra 24,53%).

Em conclusão, de maneira análoga ao verificado para o Prédio A, esta análise constatou que o tempo de serviço/utilização acima dos limites estabelecidos pela norma não é indicativo de durabilidade, pois a maioria dos materiais e componentes enquadrados nesta situação não apresentaram condições satisfatórias de reutilização para os mesmos fins originais (mesmo uso).

Gráfico 13 - Motivação para realização das intervenções no prédio B

Fonte: O autor (2020).